Nos contratos futuros de minério de ferro da China, na sexta-feira, o valor na bolsa de Dailan, atingiram a cotação de 694 yuan ou US$ 101 por tonelada. Só em janeiro agora, as importações da China cresceram 12% e atingiram o enorme volumem de 92 milhões de toneladas.
A alta futura do minério de ferro seria sustentada, segundo analistas chineses, por conta da demanda de aço para uso no setor de infraestrutura imobiliária (construção civil).
Este movimento de compra da China é um tanto sazonal, porque ela possui imensa capacidade de estoques que faz com que ao longo do ano, os preços oscilem conforme sua disposição de compra, considerando que os chineses consomem mais de metade de todo o minério de ferro comercializado no mundo.
Há ainda quem também atribua este aumento dos estoques chineses à preocupação com a valorização desta commodity com os possíveis investimentos internos mos EUA (de Trump) com infraestruturas. Estes podem vir a ampliar a demanda do minério de ferro pelo mundo.
Esta valorização traz vantagens ao Brasil que é um grande exportador e possui a Vale a maior mineradora de ferro do mundo. Assim, em janeiro deste ano o Brasil exportou US$ 1,62 bilhão em minério de ferro, mais que o dobro dos 656 milhões de toneladas de janeiro do ano passado.
O fato pode vir a contribuir para o aumento do superávit da balança comercial brasileira que tem no minério de ferro um de seus mais importantes componentes, com exportações feitas especialmente pelos portos dos estados do Espírito Santo (Tubarão) e Rio de Janeiro (Itaguaí-Vale-Sudeste-Açu) que movimentam a produção de Minas Gerais. E ainda e cada vez mais pelo Porto de Itaqui, no Maranhão, por onde sai a produção das minas de Carajás no Pará.
Área de estoque do Porto Sudeste em Itaguaí, RJ |
Na esteira desta expectativa algumas minas no Brasil que estavam com projetos paralisados estão sendo retomados e ampliações de outros estão sendo estudadas. Porém, a entrada em produção do projeto SD-11 da Vale em Carajá, Pará, que possui altíssima capacidade de produção, a baixo custo (com alta produtividade) limitam as chances de outros projetos.
Mesmo que a tendência de aumento do valor do minério de ferro não se sustente no tempo, ele confirma o que temos abordado aqui neste espaço com frequência, sobre a condição cíclica com as fases de boom e de colapso de preços das commodities.
Estes ciclos não são naturais e nem decorrentes do livre mercado - como pensam aqueles que só enxergam o deus-Mercado - e sim produzidos pela força da intervenção dos maiores mercados e corporações. Estas ganham tanto na fase de boom, como todos, quanto na fase de colapso.
Na fase de expansão ampliam seus lucros e na fase de depressão, se reorganizam, reduzem custos, compram e incorporam as empresas menores e periféricas que não sustentam o baque. Assim, seguem com seus lucros, mesmo que menores temporariamente, mas se organizam para nova ampliação dos lucros com a chegada da nova fase de boom, em novo ciclo da commodity.
Os países exportadores - como o Brasil - ganham na alta, mas nem tanto como grandes tradings - mas sofrem muito na baixa e, o pior, vive como joguete das grandes players, numa economia dependente diante de um processo global do qual participa de forma subordinada.
As tradings têm papeis atuantes e relevantes no controle da circulação e na formação de valor no comércio dos recursos minerais e também no agronegócio no mundo. O processo é similar - com pequenas e peculiares diferenças - ao movimento cíclico de outras commoditys na economia global.
2 comentários:
"Estes ciclos não são naturais e nem decorrentes do livre mercado"
São "produzidos pela força da intervenção dos maiores mercados e corporações. Estas ganham tanto na fase de boom, como todos, quanto na fase de colapso".
Putz, e eu que pensei que fosse o Lula o responsável por nossa melhora e o Temer pela derrocada...
Esta turma do deus-Mercado ainda diz que prefere um debate mais profundo, com argumentos, mas não sai do lero-lero.
Deveriam ter coragem de defender o impoluto Temerário como defensor do livre mercado.
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