Duas empresas diversas (uma corporação privada e a outra estatal) com produções quase idênticas, mas com direções opostas que provam que o interesse de uma significa o prejuízo da outra.
A Shell idolatrada como grande corporação e player mundial do setor, valoriza a integração de toda a cadeia produtiva do poço ao posto. como comentamos aqui, sobre posição do seu diretor de refino e abastecimento, John Abbott que afirmou com todas as letras que "uma empresa petrolífera integrada o valor pode deslocar-se para cima e para baixo da cadeia" e assim melhor se colocar.
De outro lado, a nossa Petrobras, nas mãos da turma do mercado a partir do governo Temerário, se desintegra e tende a ser apenas, uma petroleira gerando lucros e empregos no exterior.
Não por outro motivo há um ano (fevereiro de 2016) o presidente (CEO) global da Shell, Van Beurden, disse em entrevista que este blog repercutiu aqui que "o Brasil será um país-chave na nossa estratégia", afirmou. "Está seguramente no top 3 de nosso portfólio e, se considerarmos apenas a produção em águas profundas, é o maior".
Juntando as pontas das informações desencontradas que são divulgadas superficialmente e embaralhadas propositalmente, é possível ter uma leitura mais próxima e real do que está em curso. Só usando a totalidade como método de investigação e análise é possível entender e interpretar os fatos e os fenômenos em curso.
Assim, infelizmente, é possível enxergar com clareza a entrega da joia da coroa e o crime de lesa pátria que o golpe político em curso no Brasil tem propiciado.
Junto disto, vem a suspensão das exigências de conteúdo local que atende às petroleiras estrangeiras privadas que assim levam os empregos dos estaleiros e de uma imensa cadeia de produção e de serviços do setor que já foi responsável por 13% do PIB brasileiro e gerou milhões de empregos.
Capa do caderno especial da TnPetróleo sobre a disputa pelo conteúdo local |
Na próxima segunda-feira (06/02), o governo definirá as regras de conteúdo local para a 14ª rodada de licitações de blocos exploratórios da ANP. A maioria do governo já decidiu pela pela redução destas regras com o argumento de "criar ambiente atrativo para investimentos nos próximos leilões de petróleo", como se as áreas ofertadas já não fossem por demais atrativas como confirma o CEO da Shell, Statoil, Total e outras grandes petrolíferas do mundo. Hoje, a exigência de conteúdo local fica entre 55% e 70% e é medida por itens e subitens.
O argumento para suspender as exigência de conteúdo local de que há atrasos na construção em estaleiros no país não se sustenta, como provou até a conhecida consultoria internacional Ernest Young (EY) que afirmou que no mundo todo, 78% das plataformas encomendadas acabam atrasando e 53% têm mudanças em seus orçamentos originais. (Valor, 03/02/17, P.A3).
O outro argumento de que atrasos na exploração de petróleo inibe as receitas pelos royalties é também frágil demais, para não dizer, um argumento no mínimo falacioso.
Primeiro, porque a produção não deixará de existir - e portanto as receitas dos royalties e participações especias - mesmo que alongada no tempo. O que pode ser ainda interessante, quando o valor do barril tiver subido em novo "ciclo petro-econômico", previsto para a partir de 2020.
Além disso, a movimentação financeira gerada pela produção industrial (tríade: petróleo-porto-indústria naval - veja postagem aqui), em termos de articulação de várias cadeias produtivas que chegaram a movimentar 13% do PIB, produzirá empregos, renda e um ambiente econômico e social melhor.
O contrário disto é voltarmos à compra de plataformas no exterior da época de FHC (quando não havia exigência de conteúdo local) e a Petrobras ser uma petroleira desintegrada e no caminho do que acontece com a Nigéria, Angola e outras nações apenas produtoras de petróleo.
PS.: Atualizado às 14:12 para breves ajustes e acréscimos no texto.
PS.: Atualizado às 14:12 para breves ajustes e acréscimos no texto.
Nenhum comentário:
Postar um comentário