65 anos, professor titular "sênior" do IFF (ex-CEFET-Campos, RJ) e engenheiro. Pesquisador atuante nos temas: Capitalismo de Plataformas; Espaço-Economia e Financeirização no Capitalismo Contemporâneo; Circuito Econômico Petróleo-Porto; Geopolítica da Energia. Membro da Rede Latinoamericana de Investigadores em Espaço-Economia: Geografia Econômica e Economia Política (ReLAEE). Espaço para apresentar e debater questões e opiniões sobre política e economia. Blog criado em 10 agosto de 2004.
segunda-feira, março 27, 2017
Já volto!
O blogueiro esqueceu de informar aos seus leitores que tirou 15 dias de descanso. Assim, desde a última postagem, em 21/03 até o dia 4 de abril, o blog estará sem postagens e atualizações. Saudações e até a volta!
terça-feira, março 21, 2017
As fusões entre as para-petroleiras no mundo e sua relação com a reestruturação produtiva, a geopolítica, os EUA (Trump) e o Brasil
Para ampliar o conhecimento sobre o setor de petróleo é preciso separar as petroleiras (nacionais-estatais ou privadas) das empresas que fornecem bens e serviços ao setor.
Conceitualmente, as corporações que atuam fornecendo bens (máquinas, equipamentos e materiais), tecnologia e serviços ao setor de petróleo são chamadas de para-petroleiras.
Conceitualmente, as corporações que atuam fornecendo bens (máquinas, equipamentos e materiais), tecnologia e serviços ao setor de petróleo são chamadas de para-petroleiras.
Assim, se distingue suas funções. Elas existem em função das primeiras que detém as reservas, ou operam a exploração/produção e as contratam.
Com a exploração para busca de novos reservatórios em condições cada vez mais especiais (águas profundas, areia betuminosas e rochas de xisto), as para-petroleiras passaram a ser cada vez mais importantes e a se apropriarem de fatia maior da renda do petróleo que é repartida por uma extensa cadeia produtiva.
Cada vez mais, as para-petroleiras se apropriam de parcelas maiores da renda petroleira, obtida na extensa cadeia produtiva, desde a exploração, beneficiamento até a distribuição para o consumo, considerando que o petróleo é uma mercadoria que nunca é consumido in natura.
Em alguns casos, as grandes corporações para-petroleiras (Halliburton, Schulumberger, FMC, etc.), hoje são mais importantes – e fortes economicamente - até do que as próprias petroleiras.
O caso ajuda a explicar porque na fase de colapso do ciclo petro-econômico (2014-2016), as fusões entre elas – mais de 3 mil no mundo segundo consultorias especializadas – são enormes e continuam ocorrendo. Fenômeno que não é observado na mesma proporção entre as petroleiras.
No Brasil a atuação das para-petroleiras cresceu enormemente na última década. Elas somam várias centenas de empresas dos mais diversos tipos e têm origem em mais de duas dezenas de países.
A sua atuação das para-petroleiras no país cresceu com as exigências de "Conteúdo-local" feitas pelo governo Lula e agora, praticamente, suprimidas. Várias delas montaram bases no país e algumas até centro de pesquisa para o desenvolvimento de novas tecnologias, materiais e equipamentos.
A fusão entre as para-petroleiras no mundo têm reflexos imediatos no país e significam redução de bases operacionais, número de empregos e do aumento de força do poder econômico, sobre o poder político, para reduzir exigências regulatórias feitas pelos governos, em suas diferentes escalas.
No plano global, é possível identificar na atuação das para-petroleiras, estratégias que unem interesses corporativos e geopolíticos das nações.
Sobre esta questão se observa que estas corporações dos EUA estão avançando sobre as players do setor na Europa. Trata-se de uma forma que é conhecida entre as empresas como "especialização vertical no setor.
Observando o movimento entre as grandes corporações para-petroleiras pode-se citar:
a) A Halliburton tentou adquirir a Baker e foi proibida, porque foi considerado cartel.
b) Logo após a Baker se uniu à GE fortalecendo ainda mais a corporação americana conhecida no setor.
c) A seguir, a americana FMC se fundiu à francesa Technip ampliando a especialização vertical das corporações americanas do setor óleo & gás.
d) Na semana passada (16/03/2017), o mercado divulgou que a gigante para-petroleira americana Halliburton estaria comprando a grande para-petroleira, norueguesa, Aker Solutions.
Mais uma vez se vê uma hierarquização (verticalização) setorial com o centro deste hub nos EUA, buscando atrair para a América parte deste setor para-petroleiro que até aqui era forte na Europa.
É certo que este movimento não é espontâneo e nem se trata apenas de interesses comerciais.
Não é difícil identificar a relação entre as corporações e poder político (Estado) como objetivo estratégico, centrado em interesses geopolíticos e de hegemonia.
Neste sentido, ele parece estar ainda sustentado na profunda relação do governo Trump com o setor petróleo e com o compromisso que assumiu internamente de fortalecer setores da indústria e dos serviços de alto valor americanos.
A liberação de exigências ambientais para atuação do setor petróleo nos EUA, para exploração e construção de oleodutos são exemplos da forte relação de Trump com o setor, que aliás sempre foi muito forte, em especial, nas últimas cinco décadas.
O assunto tem relação com o Brasil, ao recordarmos que a indústria do petróleo – independente do ciclo – é forte como um dos pilares do desenvolvimento econômico brasileiro. Todas estas players - para-petroleiras – possuem instalações e equipes no Brasil.
Este movimento mexe nos empregos no país e também na localização espacial destas bases, na medida em que estas fusões tendem a unificar as bases operacionais nos vários países, como forma de reduzir os custos, obtidos com a oligopolização do setor, em todo o mundo – de forma transescalar - com reflexos espaciais também no território brasileiro.
Cada vez é mais fácil, identificar o golpe, com mudança de governo Brasil, como parte deste movimento e não como uma pura teoria conspiratória. Os fatos são reais.
Com a exploração para busca de novos reservatórios em condições cada vez mais especiais (águas profundas, areia betuminosas e rochas de xisto), as para-petroleiras passaram a ser cada vez mais importantes e a se apropriarem de fatia maior da renda do petróleo que é repartida por uma extensa cadeia produtiva.
Cada vez mais, as para-petroleiras se apropriam de parcelas maiores da renda petroleira, obtida na extensa cadeia produtiva, desde a exploração, beneficiamento até a distribuição para o consumo, considerando que o petróleo é uma mercadoria que nunca é consumido in natura.
Em alguns casos, as grandes corporações para-petroleiras (Halliburton, Schulumberger, FMC, etc.), hoje são mais importantes – e fortes economicamente - até do que as próprias petroleiras.
O caso ajuda a explicar porque na fase de colapso do ciclo petro-econômico (2014-2016), as fusões entre elas – mais de 3 mil no mundo segundo consultorias especializadas – são enormes e continuam ocorrendo. Fenômeno que não é observado na mesma proporção entre as petroleiras.
No Brasil a atuação das para-petroleiras cresceu enormemente na última década. Elas somam várias centenas de empresas dos mais diversos tipos e têm origem em mais de duas dezenas de países.
A sua atuação das para-petroleiras no país cresceu com as exigências de "Conteúdo-local" feitas pelo governo Lula e agora, praticamente, suprimidas. Várias delas montaram bases no país e algumas até centro de pesquisa para o desenvolvimento de novas tecnologias, materiais e equipamentos.
A fusão entre as para-petroleiras no mundo têm reflexos imediatos no país e significam redução de bases operacionais, número de empregos e do aumento de força do poder econômico, sobre o poder político, para reduzir exigências regulatórias feitas pelos governos, em suas diferentes escalas.
No plano global, é possível identificar na atuação das para-petroleiras, estratégias que unem interesses corporativos e geopolíticos das nações.
Sobre esta questão se observa que estas corporações dos EUA estão avançando sobre as players do setor na Europa. Trata-se de uma forma que é conhecida entre as empresas como "especialização vertical no setor.
Observando o movimento entre as grandes corporações para-petroleiras pode-se citar:
a) A Halliburton tentou adquirir a Baker e foi proibida, porque foi considerado cartel.
b) Logo após a Baker se uniu à GE fortalecendo ainda mais a corporação americana conhecida no setor.
c) A seguir, a americana FMC se fundiu à francesa Technip ampliando a especialização vertical das corporações americanas do setor óleo & gás.
d) Na semana passada (16/03/2017), o mercado divulgou que a gigante para-petroleira americana Halliburton estaria comprando a grande para-petroleira, norueguesa, Aker Solutions.
Mais uma vez se vê uma hierarquização (verticalização) setorial com o centro deste hub nos EUA, buscando atrair para a América parte deste setor para-petroleiro que até aqui era forte na Europa.
É certo que este movimento não é espontâneo e nem se trata apenas de interesses comerciais.
Não é difícil identificar a relação entre as corporações e poder político (Estado) como objetivo estratégico, centrado em interesses geopolíticos e de hegemonia.
Neste sentido, ele parece estar ainda sustentado na profunda relação do governo Trump com o setor petróleo e com o compromisso que assumiu internamente de fortalecer setores da indústria e dos serviços de alto valor americanos.
A liberação de exigências ambientais para atuação do setor petróleo nos EUA, para exploração e construção de oleodutos são exemplos da forte relação de Trump com o setor, que aliás sempre foi muito forte, em especial, nas últimas cinco décadas.
O assunto tem relação com o Brasil, ao recordarmos que a indústria do petróleo – independente do ciclo – é forte como um dos pilares do desenvolvimento econômico brasileiro. Todas estas players - para-petroleiras – possuem instalações e equipes no Brasil.
Este movimento mexe nos empregos no país e também na localização espacial destas bases, na medida em que estas fusões tendem a unificar as bases operacionais nos vários países, como forma de reduzir os custos, obtidos com a oligopolização do setor, em todo o mundo – de forma transescalar - com reflexos espaciais também no território brasileiro.
Cada vez é mais fácil, identificar o golpe, com mudança de governo Brasil, como parte deste movimento e não como uma pura teoria conspiratória. Os fatos são reais.
A interpretação global delas, e não de forma fragmentada, sustentada no que se conhece da geopolítica do petróleo e nos processos de mundialização das grandes corporações - e de sua profunda e crescente vinculação ao sistema financeiro (e fundos) - nos oferecem as pistas para compreender a realidade que está em curso.
Desde 2008, se entendia que o Brasil, depois do pré-sal, querendo ou não, tinha passado a ser parte importante deste circuito. Como autonomia e soberania sobre usas riquezas minerais, ou dependente, capturado e controlado pela hegemonia americana que luta contra a decadência.
Muitos ainda não entenderam que para o capital americano, na atualidade, as para-petroleiras da mesma origem, podem ter um papel mais importante para os EUA do que as próprias petroleiras como a Chevron e a Esso.
Isto não quer dizer que estas corporações petroleiras tenham aberto mão dos seus interesses sobre o Brasil que atualmente estariam sendo negociados. As petroleiras americanas entrarão no Brasil de forma cruzada, entre negócios com petroleiras europeias que aqui já atuam com certa influência.
No meio destes negócios feitos com ativos brasileiros estão as grandes para-petroleiras. E os movimentos delas são muito pouco observadas, mesmo por quem atua no setor.
Desde 2008, se entendia que o Brasil, depois do pré-sal, querendo ou não, tinha passado a ser parte importante deste circuito. Como autonomia e soberania sobre usas riquezas minerais, ou dependente, capturado e controlado pela hegemonia americana que luta contra a decadência.
Muitos ainda não entenderam que para o capital americano, na atualidade, as para-petroleiras da mesma origem, podem ter um papel mais importante para os EUA do que as próprias petroleiras como a Chevron e a Esso.
Isto não quer dizer que estas corporações petroleiras tenham aberto mão dos seus interesses sobre o Brasil que atualmente estariam sendo negociados. As petroleiras americanas entrarão no Brasil de forma cruzada, entre negócios com petroleiras europeias que aqui já atuam com certa influência.
No meio destes negócios feitos com ativos brasileiros estão as grandes para-petroleiras. E os movimentos delas são muito pouco observadas, mesmo por quem atua no setor.
domingo, março 19, 2017
Mais sobre o caso: “carne fraca e colonialismo forte”
Na sexta-feira, ainda no auge da divulgação do caso das carnes e dos frigoríficos nos Brasil, eu escrevi aqui, neste espaço, um texto com o título “Carne fraca” e colonialismo forte”.
Logo depois, li diversas outras interessantes análises sobre a questão. Numa delas, eu disse que o assunto demanda abordagens amplas e em diferentes dimensões entre elas: os interesses de classe; a questão do Estado-nação, soberania e dependência; observação sobre as frações do capital em seus movimentos - incluindo a articulação com o poder político (Estado) - nas diversas escalas.
Entendo assim, que o caso suscita a necessidade de interpretações teóricas, sem que isto, signifique deixar de lado, o objetivo em formular propostas de uma ação política que é sempre local (nacional). São análises teóricas que exigem estudos, ou releituras, mas sempre com o outro pé fincado na observação sobre a realidade.
As questões remetem a um debate antigo sobre universalismo, diante da luta de classes, se nacional, ou mundializada. Como se vê o caso, que origina este debate, oferece grande e forte materialidade para boas interpretações teóricas. E, também, pistas para as direções das ações políticas de resistência e de construção de alternativas.
No meio de tudo isto, a categoria totalidade parece indispensável. Nesta linha vale relembrar uma estrofe do verso do Gregório de Matos de forma a tentar trabalhar não apenas as diferentes dimensões e escalas da questão, mas também a observação sobre as interseções e ligações entre elas:
"O todo sem a parte não é todo,
A parte sem o todo não é parte,
Mas, se a parte faz o todo, sendo parte,
Não se diga que é parte, sendo todo".
Logo depois, li diversas outras interessantes análises sobre a questão. Numa delas, eu disse que o assunto demanda abordagens amplas e em diferentes dimensões entre elas: os interesses de classe; a questão do Estado-nação, soberania e dependência; observação sobre as frações do capital em seus movimentos - incluindo a articulação com o poder político (Estado) - nas diversas escalas.
Entendo assim, que o caso suscita a necessidade de interpretações teóricas, sem que isto, signifique deixar de lado, o objetivo em formular propostas de uma ação política que é sempre local (nacional). São análises teóricas que exigem estudos, ou releituras, mas sempre com o outro pé fincado na observação sobre a realidade.
As questões remetem a um debate antigo sobre universalismo, diante da luta de classes, se nacional, ou mundializada. Como se vê o caso, que origina este debate, oferece grande e forte materialidade para boas interpretações teóricas. E, também, pistas para as direções das ações políticas de resistência e de construção de alternativas.
No meio de tudo isto, a categoria totalidade parece indispensável. Nesta linha vale relembrar uma estrofe do verso do Gregório de Matos de forma a tentar trabalhar não apenas as diferentes dimensões e escalas da questão, mas também a observação sobre as interseções e ligações entre elas:
"O todo sem a parte não é todo,
A parte sem o todo não é parte,
Mas, se a parte faz o todo, sendo parte,
Não se diga que é parte, sendo todo".
sábado, março 18, 2017
Quem diria?
Quem diria que diante do Trump, a China passasse a ser o equilíbrio neste mundo complexo, em que os EUA, antes se considerava o xerife de todos os povos?
Enquanto Merkel e todo o mundo veem que o Trump é imprevisível e perigoso, Xi Jinping parece ir se tornando também para o Ocidente, um líder, com um mínimo de razão, em meio às grandes e colossais confusões mundiais.
Evidente que em termos geopolíticos, a questão é muito mais ampla. Porém, se vê que ela vai além da dimensão econômica que, normalmente, tende a dirigir este debate.
Enquanto Merkel e todo o mundo veem que o Trump é imprevisível e perigoso, Xi Jinping parece ir se tornando também para o Ocidente, um líder, com um mínimo de razão, em meio às grandes e colossais confusões mundiais.
Evidente que em termos geopolíticos, a questão é muito mais ampla. Porém, se vê que ela vai além da dimensão econômica que, normalmente, tende a dirigir este debate.
sexta-feira, março 17, 2017
"Carne fraca" e colonialismo forte!
O "caso do dia" que trata da operação da PF contras as grandes corporações do setor de "agronegócio-carne", suscita, ainda de forma inicial, algumas questões a serem mais observadas e debatidas.
Preliminarmente, se deve deixar claro que, independente da necessidade de investigar e punir as irregularidades na relação entre poder econômico e político, o caso que agora vem à tona (com grande atuação daquilo que os procuradores federais chamam de cooperação internacional) levantam outras questões interessantes.
O mesmo parece apontar que aquilo que foi feito com as empreiteiras e a indústria naval brasileira, deve se repetir com o forte setor exportador de carnes do Brasil. Tudo aquilo em que o Brasil se fortaleceu é agora objeto de desejos e de capturas.
Este setor é há muito tempo desejado pelas grandes corporações internacionais. Mesmo que não se perceba, ou até que seja intencional, a visão colonizada parece orgulhar a turma do MPF brasileiro, ao escancarar interesses nacionais para as autoridades estrangeiras.
Para isso, desde a manhã, em transmissão ao vivo pela Globo News, eles chamam a atenção para a cooperação internacional.
A citação repetida aos ingleses, americanos e suíços, como se em suas hostes o movimento fosse diverso.Aliás, a Suíça, a despeito do seus discursos continua a ser um grande paraíso fiscal, mesmo que agora, tenha o colonizado Panamá como uma espécie de filial.
Às vezes penso que o MPF avalia que vai "consertar" não apenas o Brasil, mas o mundo, mesmo que ao final os interesses do colonizador tenha prevalecido, em troca de orgulhosos procuradores nacionais. Tem horas que eles parecem se bastar em elogios a si próprios.
Repito punir os responsáveis por ilegalidades e crimes é necessários. Já criar as condições e permitir a captura destes setores é crime ainda muito maior. É crime de lesa pátria.
A seguir esta toada, ao final, sobrará pouco ao Brasil, além da cesta de banana na cabeça da Carmem Miranda. A república das bananas vendidas nas xepas do golpismo.
A nós brasileiros restará o direito de nos auto-açoitarmos publicamente, imaginando que a corrupção é prática apenas das empresas das nossas colônias.
De resto ainda falaremos mal da política no geral, sem enfrentar os seus problemas, como se houvesse algo diferente disto, como mediação, para o desenvolvimento de uma civilização que possa ser denominada como tal.
Este breve texto é como se eu estivesse pensando alto. Estou assim chamando a atenção para as entrelinhas da realidade contemporânea que surge diante de nós.
Muitos poderão tratar com muito mais propriedade que eu, deste assunto, que agora está sendo chamado de "colonialidade".
Preliminarmente, se deve deixar claro que, independente da necessidade de investigar e punir as irregularidades na relação entre poder econômico e político, o caso que agora vem à tona (com grande atuação daquilo que os procuradores federais chamam de cooperação internacional) levantam outras questões interessantes.
O mesmo parece apontar que aquilo que foi feito com as empreiteiras e a indústria naval brasileira, deve se repetir com o forte setor exportador de carnes do Brasil. Tudo aquilo em que o Brasil se fortaleceu é agora objeto de desejos e de capturas.
Este setor é há muito tempo desejado pelas grandes corporações internacionais. Mesmo que não se perceba, ou até que seja intencional, a visão colonizada parece orgulhar a turma do MPF brasileiro, ao escancarar interesses nacionais para as autoridades estrangeiras.
Para isso, desde a manhã, em transmissão ao vivo pela Globo News, eles chamam a atenção para a cooperação internacional.
A citação repetida aos ingleses, americanos e suíços, como se em suas hostes o movimento fosse diverso.Aliás, a Suíça, a despeito do seus discursos continua a ser um grande paraíso fiscal, mesmo que agora, tenha o colonizado Panamá como uma espécie de filial.
Às vezes penso que o MPF avalia que vai "consertar" não apenas o Brasil, mas o mundo, mesmo que ao final os interesses do colonizador tenha prevalecido, em troca de orgulhosos procuradores nacionais. Tem horas que eles parecem se bastar em elogios a si próprios.
Repito punir os responsáveis por ilegalidades e crimes é necessários. Já criar as condições e permitir a captura destes setores é crime ainda muito maior. É crime de lesa pátria.
A seguir esta toada, ao final, sobrará pouco ao Brasil, além da cesta de banana na cabeça da Carmem Miranda. A república das bananas vendidas nas xepas do golpismo.
A nós brasileiros restará o direito de nos auto-açoitarmos publicamente, imaginando que a corrupção é prática apenas das empresas das nossas colônias.
De resto ainda falaremos mal da política no geral, sem enfrentar os seus problemas, como se houvesse algo diferente disto, como mediação, para o desenvolvimento de uma civilização que possa ser denominada como tal.
Este breve texto é como se eu estivesse pensando alto. Estou assim chamando a atenção para as entrelinhas da realidade contemporânea que surge diante de nós.
Muitos poderão tratar com muito mais propriedade que eu, deste assunto, que agora está sendo chamado de "colonialidade".
A pós-verdade presente na tríplice relação: mídia-judiciário-parlamento desnuda "o rei"
As manifestações contra a reforma da previdência foram encaixotadas e escondidas em rápidos cantos de tela e rodapés dos jornais.
Porém, o mais incrível agora, é que um ministro do Supremo (STF), é o maior articulador com os "seus delatados-réus", para mudar a lei e as interpretações de forma a ajudá-los, e nada disso é encarado como aberração e como algo surreal.
Tomaram o governo sem voto, com argumentos que não são apenas parciais.
Considerando o rito que foram seguidos por todos os partidos, a justiça, nas mãos do ministro do STF, em "lauto jantar" se junta ao presidente da república e a dezenas de "seus delatados-réus" para salvá-los.
A pós-verdade é definida pela tríplice articulação e o seu andamento é divulgada para consumo geral no diário-oficial, também conhecido como jornal nacional.
Agora entendo, mais que nunca, a rejeição que um amigo tem com os prefixos pré, pró, neo...
Eles escondem a verdade. Em outras casos constroem novas verdades, tornando as primeiras, mentira que goebbelsmente repetidas tentam se transformar na verdade.
Uma pós-verdade.
O rei tá nu!
quinta-feira, março 16, 2017
Opep se espanta com volume de exportação de petróleo do Brasil em fevereiro: 1,63 milhão de barris por dia (b/d)
Em relatório que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) divulgou hoje o Brasil exportou em fevereiro o espantoso volume de 1,63 milhão de barris por dia (b/d). A quantidade é recorde na história da produção e comércio de petróleo no Brasil e suplanta o recorde do mês anterior de janeiro que havia sido de 1,32 milhão b/d.
Em 2016, exportações médias de 2016 ficaram pouco abaixo em cerca da metade do volume exportado em fevereiro. Grande parte desta exportação foi comercializado para a Ásia. Segundo a Opep, duas empresas estatais chinesas teriam comprado 5 milhões de barris ou mais de petróleo bruto brasileiro em março.
Contribui para este volume de exportações tanto a extraordinária produção de petróleo nas reservas do pré-sal, assim como a redução das demandas internas no mercado brasileiro.
Em 2016, exportações médias de 2016 ficaram pouco abaixo em cerca da metade do volume exportado em fevereiro. Grande parte desta exportação foi comercializado para a Ásia. Segundo a Opep, duas empresas estatais chinesas teriam comprado 5 milhões de barris ou mais de petróleo bruto brasileiro em março.
Contribui para este volume de exportações tanto a extraordinária produção de petróleo nas reservas do pré-sal, assim como a redução das demandas internas no mercado brasileiro.
A Opep já espera que a produção brasileira continue aumentando e estima que o aumento nos próximos anos possa chegar 260 mil b/d, em relação bem melhor que outros países produtores da América Latina.
A avaliação da Opep pode parecer muito boa no atual cenário, mas tem um outro lado. O aumento da produção num momento ainda da fase de colapso de preço do ciclo petro-econômico, pode, estrategicamente, apontar a produção e venda num momento de baixos preços e de esgotamento das reservas mais rapidamente, sem levar em conta o futuro.
Uma nova fase de expansão de um novo ciclo é esperado para depois de 2020. Assim, estrategicamente, se o Brasil tiver o domínio das suas reservas através da sua petroleira estatal (NOC-National Oil Company), a Petrobras pode tomar decisões nas diversas partes da cadeia em que atua levando em consideração o ciclo do petróleo e os interesses estratégicos da nação.
Porém, com a venda de ativos de campos de petróleo, companhias e instalações, esta capacidade da Petrobras e do país, está sendo cada vez mais diminuída.
As petroleiras estrangeiras (IOCs-International Oil Company) que passarem a ter posse destes ativos agirão conforme seus interesses comerciais e corporativos, alinhados às articulações dos governos dos países onde possuem suas sedes, ou a maior parte de suas instalações.
Assim, o Brasil ficará cada vez mais parecido com os países apenas exportadores de petróleo, como Angola e Nigéria. Com a redução (quase o fim) decretada das exigências da Política de Conteúdo Local (PCL) do setor, não avançaremos em tecnologia, em fornecimento de equipamentos e nem serviços para o setor.
Assim, ficaremos apenas com uma parte menor da renda petrolífera produzida aqui em nossas reservas. Esta renda, desta forma, será melhor repartida com os outros agentes que atuam na extensa cadeia do petróleo. As grandes players do setor.
Evidente que para entender estas relações há um debate que é próximo dele e que se vincula à geopolítica do petróleo e à questão de dependência e hegemonia.
A avaliação da Opep pode parecer muito boa no atual cenário, mas tem um outro lado. O aumento da produção num momento ainda da fase de colapso de preço do ciclo petro-econômico, pode, estrategicamente, apontar a produção e venda num momento de baixos preços e de esgotamento das reservas mais rapidamente, sem levar em conta o futuro.
Uma nova fase de expansão de um novo ciclo é esperado para depois de 2020. Assim, estrategicamente, se o Brasil tiver o domínio das suas reservas através da sua petroleira estatal (NOC-National Oil Company), a Petrobras pode tomar decisões nas diversas partes da cadeia em que atua levando em consideração o ciclo do petróleo e os interesses estratégicos da nação.
Porém, com a venda de ativos de campos de petróleo, companhias e instalações, esta capacidade da Petrobras e do país, está sendo cada vez mais diminuída.
As petroleiras estrangeiras (IOCs-International Oil Company) que passarem a ter posse destes ativos agirão conforme seus interesses comerciais e corporativos, alinhados às articulações dos governos dos países onde possuem suas sedes, ou a maior parte de suas instalações.
Assim, o Brasil ficará cada vez mais parecido com os países apenas exportadores de petróleo, como Angola e Nigéria. Com a redução (quase o fim) decretada das exigências da Política de Conteúdo Local (PCL) do setor, não avançaremos em tecnologia, em fornecimento de equipamentos e nem serviços para o setor.
Assim, ficaremos apenas com uma parte menor da renda petrolífera produzida aqui em nossas reservas. Esta renda, desta forma, será melhor repartida com os outros agentes que atuam na extensa cadeia do petróleo. As grandes players do setor.
Evidente que para entender estas relações há um debate que é próximo dele e que se vincula à geopolítica do petróleo e à questão de dependência e hegemonia.
quarta-feira, março 15, 2017
Movimentos sociais fecham acesso Porto do Açu (BR-356) e Aeroporto contra a reforma da Previdência em Campos
Movimentos sociais (MST, CPT, Sindipetro-NF, CUT, Movimento estudantil: UNE, UJS e UJR) fecharam, agora pela manhã, o acesso ao Aeroporto Bartolomeu Lysandro e a BR-356, na altura da localidade de Martins Lages, dando início ao dia de luta contra a Reforma da Previdência Social, no município de Campos dos Goytacazes. Os movimentos gritam: "Fora Temer!".
terça-feira, março 14, 2017
Atualizando algumas informações sobre o Porto do Açu
Depois de um tempo mais concentrado em questões mais macro da relação "petróleo-porto", o blog volta o seu olhar sobre os acontecimentos que envolvem o Porto do Açu:
1) Continua quente a disputa entre os acionistas minoritários e o Fundo EIG que controla a holding Prumo Logística Global. Os minoritários estão se organizando para solicitar à BMF&Bovespa e à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) uma câmara de arbitragem. Eles questionam mais um laudo de avaliação da companhia através do qual a Prumo pretende arrematar, os 25% que não são de sua propriedade. A questão é o valor a ser pago pelas ações. Fala-se numa diferença de até R$ 14 reais no valor da ação, que seria um valor bem maior do que os R$ 11 que a ação já chegou a ser avaliada. Os minoritários agora também questionam o fundo árabe de Abu Dhabi, Mubadala que apesar de possuir 6,9% da Prumo, está estranhamente tomando posição ao lado do fundo americano EIG o controlador que possui 74,7% das ações. Por conta desta disputa pode haver explicação para Prumo estar transferindo para a empresa subsidiária Porto do Açu a maioria dos seus funcionários que até aqui estava registrada na holding, Prumo. Também pode estar vinculado a esta disputa, o fato da Prumo praticamente estar calada sobre tudo que acontece no porto nestes últimos meses.
2) Segundo informações obtidas pelo blog, a Prumo (Porto do Açu) recebeu 3 carregamentos de coque, vindos dos EUA. Eles teriam como clientes, cimenteiras do ERJ e ES (que seriam a Votorantim e a Gerdau). A Prumo está tendo muita dificuldades para movimentar este tipo de carga no terminal TMult sem a utilização de esteiras. Consta que a Prumo estaria tentando trazer esta carga que até então era recebida por um terminal portuário do Espírito Santo, ao oferecer menores tarifas. Assim, a movimentação das cargas está sendo feita de forma quase artesanal, com o uso de caminhões para curtas movimentações.
3) Na última semana, um navio panamenho de nome, Fairchem, com tripulação indiana, chegou dos EUA carregado de diesel marítimo e ficou atracado durante uma semana no Terminal NFX que é um empreendimento entre a BP Marine e a Prumo. Até aqui, a NFX estava comprando diesel da Ultracargo no Porto de Santos. O carregamento teria sido suficiente para completar todo o reservatório da Brasil Port (Edison Chouest), onde por ora, a NFX está estocando o diesel marítimo, tudo junto ao T2 no Porto do Açu. O diesel que foi importado foram para os tanques da Brasil Port.
1) Continua quente a disputa entre os acionistas minoritários e o Fundo EIG que controla a holding Prumo Logística Global. Os minoritários estão se organizando para solicitar à BMF&Bovespa e à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) uma câmara de arbitragem. Eles questionam mais um laudo de avaliação da companhia através do qual a Prumo pretende arrematar, os 25% que não são de sua propriedade. A questão é o valor a ser pago pelas ações. Fala-se numa diferença de até R$ 14 reais no valor da ação, que seria um valor bem maior do que os R$ 11 que a ação já chegou a ser avaliada. Os minoritários agora também questionam o fundo árabe de Abu Dhabi, Mubadala que apesar de possuir 6,9% da Prumo, está estranhamente tomando posição ao lado do fundo americano EIG o controlador que possui 74,7% das ações. Por conta desta disputa pode haver explicação para Prumo estar transferindo para a empresa subsidiária Porto do Açu a maioria dos seus funcionários que até aqui estava registrada na holding, Prumo. Também pode estar vinculado a esta disputa, o fato da Prumo praticamente estar calada sobre tudo que acontece no porto nestes últimos meses.
2) Segundo informações obtidas pelo blog, a Prumo (Porto do Açu) recebeu 3 carregamentos de coque, vindos dos EUA. Eles teriam como clientes, cimenteiras do ERJ e ES (que seriam a Votorantim e a Gerdau). A Prumo está tendo muita dificuldades para movimentar este tipo de carga no terminal TMult sem a utilização de esteiras. Consta que a Prumo estaria tentando trazer esta carga que até então era recebida por um terminal portuário do Espírito Santo, ao oferecer menores tarifas. Assim, a movimentação das cargas está sendo feita de forma quase artesanal, com o uso de caminhões para curtas movimentações.
3) Na última semana, um navio panamenho de nome, Fairchem, com tripulação indiana, chegou dos EUA carregado de diesel marítimo e ficou atracado durante uma semana no Terminal NFX que é um empreendimento entre a BP Marine e a Prumo. Até aqui, a NFX estava comprando diesel da Ultracargo no Porto de Santos. O carregamento teria sido suficiente para completar todo o reservatório da Brasil Port (Edison Chouest), onde por ora, a NFX está estocando o diesel marítimo, tudo junto ao T2 no Porto do Açu. O diesel que foi importado foram para os tanques da Brasil Port.
O terminal da Brasil Port (Edison Chouest) com os tanques |
A embarcação Bram Buzios tem feito movimentação de combustíveis da NFX entre os reservatórios da da BrasilPort e algumas embarcações. Nesta semana, duas plataformas da empresa Bambu Petróleo que estão já há algum tempo nas águas abrigadas do canal do T2, Pantanal e Amazonas estão sendo abastecidas. Ainda sobre o tema, o empreendimento da NFX prevê o início, ainda este ano, da construção de 14 tanques para estocagem e abastecimento de embarcações que usam o porto ou passam pela região. O licenciamento para a implantação dos reservatórios da NFX já foi obtida.
4) A Receita Federal instalou uma base de alfândega junto ao terminal 2 (T2) do Porto do Açu, onde acompanha e fiscaliza as importações e as exportações de cargas que passam pelo Porto do Açu.
5) Uma última informação que carece de ser confirmada, mas já corre a região do Açu, no entorno do porto. Tratam-se de problemas da Prumo (ex-LLX) com a posse e os direitos dos antigos proprietários da Fazenda Palacete que pertencia à Usina Barcelos (Grupo Othon), onde foi feito o assentamento pela LLX que ganhou a denominação de Vila da Terra. No local foi realizado a construção de casas que atendeu a 53 pequenos agricultores que tiveram suas terras desapropriadas, para ceder espaço ao empreendimento do porto e do distrito industrial. Os agricultores estão inquietos porque até hoje, eles não possuem documentos de posse destas áreas. A Prumo até hoje não se manifesta sobre o termo de posse para estes pequenos agricultores que já fizeram benfeitorias nas casas e fizeram plantações. É ainda oportuno relembrar que as desapropriações das terras que atenderam ao DISJB feitas através da Codin já começaram a ser questionadas por conta das apurações de facilidades concedidas por Sérgio Cabral ao empreendedor na época Eike Batista.
5) Uma última informação que carece de ser confirmada, mas já corre a região do Açu, no entorno do porto. Tratam-se de problemas da Prumo (ex-LLX) com a posse e os direitos dos antigos proprietários da Fazenda Palacete que pertencia à Usina Barcelos (Grupo Othon), onde foi feito o assentamento pela LLX que ganhou a denominação de Vila da Terra. No local foi realizado a construção de casas que atendeu a 53 pequenos agricultores que tiveram suas terras desapropriadas, para ceder espaço ao empreendimento do porto e do distrito industrial. Os agricultores estão inquietos porque até hoje, eles não possuem documentos de posse destas áreas. A Prumo até hoje não se manifesta sobre o termo de posse para estes pequenos agricultores que já fizeram benfeitorias nas casas e fizeram plantações. É ainda oportuno relembrar que as desapropriações das terras que atenderam ao DISJB feitas através da Codin já começaram a ser questionadas por conta das apurações de facilidades concedidas por Sérgio Cabral ao empreendedor na época Eike Batista.
Retornaremos adiante aprofundando estes assuntos e trazendo ainda outras questões.
domingo, março 12, 2017
O recuo do preço do barril de petróleo
O petróleo (brent) que desde dezembro passado tinha subido para o patamar acima de US$ 54, tendo chegado até US$ 57, desde a virada para o mês de março, não para de cair.
Vale lembrar que mesmo assim, os EUA hoje importa praticamente metade do que consome, ou seja, em torno de 9 milhões de barris por dia.
Na cotação do mercado futuro que já abriu na Ásia (segunda-feira 13/03/2017) a cotação segue caindo e se encontra em US$ 50,95.
É um setor onde há muita especulação e as grandes tradings (desta commodity) ganham sempre com este jogo, porque faturam com a diferença entre preço de compra e de venda.
Aliás as maiores tradings de petróleo (entre elas a Vitol e a Trafigura) tiveram em 2015 e 2016, os maiores lucros de suas histórias mesmo com o petróleo tendo descido o preço do barril abaixo de US$ 30.
As informações dão conta que mesmo com o acordo da Opep com a Rússia para limitar a produção, os estoques nos EUA - maior consumidor mundial com cerca de 18 milhões de barris por dia - segue crescendo e alto.
O fato poderia estar ligado ao aumento da produção interna dos EUA com mais investimentos no setor.
O quadro parece apontar que esta variação entre US$ 50 e US$ 60 poderá permanecer por cerca de mais 5 anos.
A demanda mundial está segura com os problemas políticos em muitos lugares do mundo.
Além disso, a produção dos EUA cada vez fica mais claro tende a a atuar como um regulador.
Com preço abaixo dos U$ 50, ela tende a cair, como aconteceu no período de grande parte de 2015 e 2016. Com o preço de US$ 55 para cima, a extração nos EUA volta ser competitiva.
Vale lembrar que mesmo assim, os EUA hoje importa praticamente metade do que consome, ou seja, em torno de 9 milhões de barris por dia.
Acordo entre a ANTT e a Vale pode interligar com ferrovia o Porto de Tubarão ao projeto do Porto Central, em Presidente Kennedy no ES
A Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT) informou que as negociações com a empresa Vale estão adiantadas, para que em troca da renovação da concessão da Ferrovia Vitória-Minas que interliga as minas da empresa ao Porto de Tubarão, a empresa implante um trecho de outros 160 km de ferrovia ligando este terminal ao outro previsto em projeto (Porto Central) no município sul capixaba de Presidente Kennedy.
Este trecho é parte do ferrovia EF-118 que interligaria Vitória ao Rio com 570 km pelo litoral capixaba e fluminense, passando pelo Porto do Açu e indo até a região metropolitana do Rio de Janeiro. Em julho de 2015, este projeto foi objeto de várias audiências públicas realizadas no Rio, Campos, Vitória e Brasília (Veja aqui). Na imagem abaixo está o mapa previsto para toda a EF-118.
As previsões são de que o contrato de renovação com o compromisso de instalação deste trecho de ferrovia possa ser assinado no primeiro semestre do ano que vem. No desenho do trecho está prevista a passagem da ferrovia por pelo menos 10 municípios capixabas e teria um custo estimado entre R$ 1 bilhão e R$ 1,5 bilhão.
Também é possível que o anúncio seja apenas uma forma de tentar ajudar a viabilizar a implantação do Porto Central que já possui autorização da Antaq, mas ainda não possui a licença ambiental que está sendo analisada pelo Ibama.
PS.: Atualizado às 11:20 de 13/03/2017:
De certa forma, o esforço do ES mostra a sua disposição em lutar pela condição de centro logístico relacionado e vinculado às exportações do grande estado de Minas Gerais. É uma competição com o ERJ que havia avançado nos últimos anos em termos de infraestrutura portuária, mas não de ferrovias. A conferir!
Este trecho é parte do ferrovia EF-118 que interligaria Vitória ao Rio com 570 km pelo litoral capixaba e fluminense, passando pelo Porto do Açu e indo até a região metropolitana do Rio de Janeiro. Em julho de 2015, este projeto foi objeto de várias audiências públicas realizadas no Rio, Campos, Vitória e Brasília (Veja aqui). Na imagem abaixo está o mapa previsto para toda a EF-118.
As previsões são de que o contrato de renovação com o compromisso de instalação deste trecho de ferrovia possa ser assinado no primeiro semestre do ano que vem. No desenho do trecho está prevista a passagem da ferrovia por pelo menos 10 municípios capixabas e teria um custo estimado entre R$ 1 bilhão e R$ 1,5 bilhão.
Também é possível que o anúncio seja apenas uma forma de tentar ajudar a viabilizar a implantação do Porto Central que já possui autorização da Antaq, mas ainda não possui a licença ambiental que está sendo analisada pelo Ibama.
PS.: Atualizado às 11:20 de 13/03/2017:
De certa forma, o esforço do ES mostra a sua disposição em lutar pela condição de centro logístico relacionado e vinculado às exportações do grande estado de Minas Gerais. É uma competição com o ERJ que havia avançado nos últimos anos em termos de infraestrutura portuária, mas não de ferrovias. A conferir!
sábado, março 11, 2017
Mundo à flor da pele
A tensão no mundo parece cada vez maior.
A Europa em ebulição com os riscos de desmoronamento da Comunidade Européia e do euro com as temidas e próximas eleições na Holanda, França e Alemanha.
O inesperado conflito diplomático entre a Holanda e a Turquia apenas mostra o nível de tensionamento em várias pontas.
A Europa em ebulição com os riscos de desmoronamento da Comunidade Européia e do euro com as temidas e próximas eleições na Holanda, França e Alemanha.
O inesperado conflito diplomático entre a Holanda e a Turquia apenas mostra o nível de tensionamento em várias pontas.
O impeachment na Coreia do Sul possuem marcas instigantes e similares mundo afora.
Os solavancos provocados pelo Trump e a energia em ebulição nos EUA não cessarão tão cedo.
Até Wall Street teme os efeitos da decisão de romper com o plano de saúde Obamacare e derrubam as bolsas.
A economia mundial sob freio gera sobreprodução e sobreacumulação, derrubam os preços das commodities, gera perda de valor nos investimentos em capital fixo e a corrida para o capital fictício.
As tensões no entorno da Rússia não parecem menores.
A China continua se organizando para se proteger.
A questão parece circular, mas em tensão contínua e crescente.
Falta razão, diálogo, na essência falta Política.
Sem esta mediação os riscos e as tensões aumentarão.
quarta-feira, março 08, 2017
Hoje, poucos se lembram, mas a Shell devolveu o campo de Libra dizendo não ter petróleo
Hoje é difícil de alguém acreditar, mas é fato.
Os registros da ANP podem confirmar para os incrédulos.
Os registros da ANP podem confirmar para os incrédulos.
A petroleira Shell que tinha obtido direito de ser operadora da área onde está o campo de Libra, no festejado pré-sal - antes de sua descoberta, com toda a eficiência propalada por aqueles que veneram o deus-mercado e o setor privado, devolveu à ANP o campo e abdicou de sua condição de operadora.
A Shell alegou que o campo não era comercialmente viável.
Pois bem, a nossa Petrobras com sua modelagem dos sistemas geológicas e tecnologia de perfuração ao explorar o campo descobriu que o mesmo era um mega-campo.
Libra tem reservas de petróleo de pelo menos 10 bilhões de barris de petróleo e gás (boe - barris de óleo equivalentes).
Mapa do Pré-sal - Campos de Libra: círculo vermelho |
Hoje Libra é o mais festejado dos campo e vai exigir a instalação de 4 plataformas para dar conta do seu potencial de produção de óleo e gás.
Mas, este esse fato vive esquecido.
Ou propositalmente escondido, no mesmo momento, em que a Petrobras, depois de gastar bilhões de dólares com aluguel de sondas de perfuração, para descobrir estas reservas - 6 dos 10 maiores campos de petróleo no mundo na última década - está aí entregando tudo isso como banana, nas barracas de final da xepa.
Vou repetir a Petrobras descobriu um dos maiores campos de petróleo do mundo, onde a Shell disse que não havia petróleo.
É bom que se possa ir aos poucos detalhando estes casos para quem vive no sofá acreditando apenas na mídia comercial brasileira.
domingo, março 05, 2017
Contratos de sondas de petróleo no Brasil caem de 92 em 2012, para apenas 15, em 2017
Ao realizar uma pesquisa sobre alguns indicadores desta fase de colapso do ciclo do petróleo no Brasil - que está duplamente impactado, pelo preço do barril no mercado mundial e pelos desdobramentos da Operação Lava Jato -, eu cheguei a um dado que espanta. Mesmo sabendo da redução das atividades, desde o segundo semestre de 2014.
Os dados são do Departamento de Portos e Costas do Ministério da Marinha, atualizado em 23 de fevereiro de 2016 e divulgado na última sexta-feira (03/03/2017). Eles fazem parte das declarações de conformidades que constam do Relatório das Plataformas, Navios Sonda, FPSO e FSO em atuação no Brasil.
As sondas são embarcações que realizam perfurações e preparação de poços de petróleo para a produção que a seguir será feita com interligação de equipamentos desde a cabeça dos poços às plataformas de produção.
Encontram-se no país um total de 200 unidades chamadas genericamente e todas de plataformas. Porém, apenas 161 estão em operação. As outras 39 não estão em atividade. Deste total, apenas 15 são navios-sonda em 23/02/2017.
Em 2012, este número de sondas em atuação no Brasil chegou a 92 e hoje caiu para a sexta-parte disto com a informação do Ministério da Marinha de que apenas 6 navios-sondas estão vistoriados e com a declaração de conformidade válido.
É uma redução muito significativa, apesar de ser praxe no mundo, a redução de investimentos na fase de colapso do ciclo petro-econômico em atividades de exploração/perfuração. A redução dos contratos de sonda se reduziu em todo o mundo, sejam os navios para perfuração offshore, ou no continente.
É bom lembrar que isto faz com que que as reservas sejam reduzidas, o que ajudará a valorizar as reservas e levar a uma nova fase de expansão dos preços, em novo ciclo petro-econômico.
Dos 15 navios-sonda, apenas dois não são fretados pela Petrobras que afreta 13 destas sondas. Uma pela Total e outro pela Oceanpart. O fato reforça a ideia que a procura por novas reservas é quase sempre feita pelas petroleiras estatais que no mundo possuem cerca de 90% das reservas.
Um total de 10 corporações são as donas destes 15 navios-sonda. A Odebrech Drilling possui três fretadas sendo duas para a Petrobras e uma para a francesa Total. A Transocean; Seadril; ODN GMBH e Queiroz Galvão possuem cada um duas sondas fretadas. As outras cinco proprietárias de navios-sonda operando no Brasil são: Caroline Marine; Etesco; Drilling Hydra; Drilling Skopelose Schain Engenharia.
No período de boom da exploração de petróleo no mundo o custo médio de afretamento deste navios-sondas custavam em torno de US$ 500 mil por dia. Na fase de baixa do ciclo do petróleo com a baixa do valor do barril, o custo médio de afretamento caiu pela metade, entre US$ 250 mil/US$ 300 mil.
Se considerarmos o custo médio de US$ 250 mil de aluguel das sondas, só a Petrobras deve estar pagando diariamente US$ 3,25 milhões por dia, ou US$ 97,5 milhões mensais, equivalentes a R$ 302 milhões mensais, só com o aluguel das sondas, sem considerar as plataformas e as centenas de embarcações de apoio.
São valores extraordinários e ajudam a comprovar que o setor petróleo exige investimentos muito alto em diferentes pontos da cadeia, desde a exploração/produção, a circulação, o refino e a distribuição para consumo.
PS.: Atualizado às 23:44 e 23:54: para acrescentar o penúltimo parágrafo e corrigir a concordância verbal do título da postagem.
Os dados são do Departamento de Portos e Costas do Ministério da Marinha, atualizado em 23 de fevereiro de 2016 e divulgado na última sexta-feira (03/03/2017). Eles fazem parte das declarações de conformidades que constam do Relatório das Plataformas, Navios Sonda, FPSO e FSO em atuação no Brasil.
As sondas são embarcações que realizam perfurações e preparação de poços de petróleo para a produção que a seguir será feita com interligação de equipamentos desde a cabeça dos poços às plataformas de produção.
Encontram-se no país um total de 200 unidades chamadas genericamente e todas de plataformas. Porém, apenas 161 estão em operação. As outras 39 não estão em atividade. Deste total, apenas 15 são navios-sonda em 23/02/2017.
Em 2012, este número de sondas em atuação no Brasil chegou a 92 e hoje caiu para a sexta-parte disto com a informação do Ministério da Marinha de que apenas 6 navios-sondas estão vistoriados e com a declaração de conformidade válido.
É uma redução muito significativa, apesar de ser praxe no mundo, a redução de investimentos na fase de colapso do ciclo petro-econômico em atividades de exploração/perfuração. A redução dos contratos de sonda se reduziu em todo o mundo, sejam os navios para perfuração offshore, ou no continente.
É bom lembrar que isto faz com que que as reservas sejam reduzidas, o que ajudará a valorizar as reservas e levar a uma nova fase de expansão dos preços, em novo ciclo petro-econômico.
Dos 15 navios-sonda, apenas dois não são fretados pela Petrobras que afreta 13 destas sondas. Uma pela Total e outro pela Oceanpart. O fato reforça a ideia que a procura por novas reservas é quase sempre feita pelas petroleiras estatais que no mundo possuem cerca de 90% das reservas.
Um total de 10 corporações são as donas destes 15 navios-sonda. A Odebrech Drilling possui três fretadas sendo duas para a Petrobras e uma para a francesa Total. A Transocean; Seadril; ODN GMBH e Queiroz Galvão possuem cada um duas sondas fretadas. As outras cinco proprietárias de navios-sonda operando no Brasil são: Caroline Marine; Etesco; Drilling Hydra; Drilling Skopelose Schain Engenharia.
No período de boom da exploração de petróleo no mundo o custo médio de afretamento deste navios-sondas custavam em torno de US$ 500 mil por dia. Na fase de baixa do ciclo do petróleo com a baixa do valor do barril, o custo médio de afretamento caiu pela metade, entre US$ 250 mil/US$ 300 mil.
Se considerarmos o custo médio de US$ 250 mil de aluguel das sondas, só a Petrobras deve estar pagando diariamente US$ 3,25 milhões por dia, ou US$ 97,5 milhões mensais, equivalentes a R$ 302 milhões mensais, só com o aluguel das sondas, sem considerar as plataformas e as centenas de embarcações de apoio.
São valores extraordinários e ajudam a comprovar que o setor petróleo exige investimentos muito alto em diferentes pontos da cadeia, desde a exploração/produção, a circulação, o refino e a distribuição para consumo.
PS.: Atualizado às 23:44 e 23:54: para acrescentar o penúltimo parágrafo e corrigir a concordância verbal do título da postagem.
sábado, março 04, 2017
Pedaços baratos da Petrobras são disputados a tapa, como produto na xepa, em final de feira
O fundo americano BlackRock passou nesta semana a ser um acionista de peso da Petrobrás, detendo agora com um pouco de mais de 5% da ações preferenciais da estatal.
O leilão segue o curso tocado por Parente, o estripador.
Todo mundo quer um dos pedaços da empresa colocado em leilão, sem controle e nenhuma transparência.
Outro fundo financeiro, Brookfiled, canadense ficou a malha de gasodutos.
Entre as petroleiras os olhos também estão voltados para o nosso pré-sal. Assim, a norueguesa já pegou mais 66% do campo de Carcará no Pré-sal por US$ 2,5 bilhões.
A francesa Total está ficando com parte do campo de Iara também no Pré-sal e mais termelétricas pouco cerca de US$ 2,2 bilhões.
A Shell está gritando no meio da rua porque diz que tem direito de preferência porque a BG (que foi comprada por ela tem 25% no bloco).
Além disso, a Shell também reclama direito sobre o pedaço de 35% que a Petrobras também colocou na xepa do campo de Lapa.
Ou seja, parece até aquela briga em final da feira, na xepa.
Cada um puxando para o seu lado os pedaços jogados ao alto pelo governo entreguista.
E todo dia tem xepa.
Nem no carnaval o entreguismo deu trégua.
O que Parente faz na xepa equivale a algumas "lava-jatos" em termos de perdas para o país.
A esperteza hoje é maior do que na década de 90.
A privatização está sendo feita hoje com a entrega do filé mignon do pré-sal e dos ativos mais valiosos.
As petroleiras estrangeiras não precisam gastar com sondas para procurar novas reservas. É só arrematar no final da xepa.
Vão entregar agora parte do refino e a BR-Distribuidora. Deixarão o osso.
De República nos transformamos numa barraca de bananas.
Um basta é necessário não apenas para conter o entreguismo, mas para pegar tudo isto de volta.
sexta-feira, março 03, 2017
A estrada, os portos, a soja, as traders e os "patos" da mídia
Os problemas da rodovia que liga o "Arco Norte" para exportação de soja pelos portos do norte, em alternativa às duas saídas do produto do agronegócio pelos portos de Paranaguá e Santos, são antigos.
Estas cargas de soja transitam entre o Mato Grosso - com base na cidade de Sinop - e a hidrovia em Santarém que levará ao porto de Vila do Conde no Pará.
É assim que funciona o processo em que as corporações usam (compram) a mídia para pressão sobre o poder político, para que ele seja obrigado a fazer aquilo que, por algum motivo - incluindo as chantagens (do estilo do Cunha).
Você, em casa, sem ligar as pontas lamenta e também critica o poder político, sem saber, que a verba que será ali usada, é a mesma que deixa de ir para atender a sua saúde e a educação dos seus filhos. A imagem ao lado é a que você tem visto em casa desde antes do carnaval.
As traders atuam na intermediação e são donos destas cargas extraídas há tempo, dos produtores, em contratos chamados de "futuros".
O que querem comprando com verba, o verbo desta pauta é que o Estado construa parte do empreendimento que atendem aos seus negócios.
Em economia política chamamos a isto de Condições Gerais de Produção. Uma espécie de consumo coletivo que permitirá que as instalações que atenderão as traders para que elas reduzam seus custos.
Como? Produzindo uma disputa tarifária contra os portos de Santos,SP e Paranaguá, PR.
Poderia ser apenas uma disputa inter-capitalista, natural no sistema. Porém, é mais que isto, porque tira recursos do Estado, para seus interesses na medida que os dividendos da redução de custos serão apenas particulares, por parte destas traders, que atuam em todo o mundo, controlando os fluxos destas commodities - especulando mais ou menos - e auferindo os seus ganhos na economia global.
Sabemos que é difícil para a maioria sentada no sofá há dez dias vendo os caminhões entalados - mesmo que seja em alguns pontos - entender o que está por trás desta repetida notícia.
É ainda mais difícil não falar mal do poder político que não cuida daquilo.
Assim, seria demais entender que a solução daquele problema que atenderá as grandes corporações estrangeiras (Bungue, ADM, Cargil) que assim aumentará seus lucros, estará ao mesmo tempo, impedindo que o seu problema, mais simples, objetivo e direto seja resolvido, pelo mesmo poder político.
A compreensão deste processo que aqui tento resumir foi possível ao passar a investigar (pesquisar) mais intensamente, desde 2012, a movimentação e os interesses dos operadores portuários e do sistema de logística no Brasil.
Assim, seguimos remandando contra a maré investigando e tentando ligar as pontas dos fatos, para uma análise crítica sobre aquilo que pretendem fazer você acreditar.
PS.: Atualizado às 17:58:
Informações mais recentes sobre o tema conforma a análise acima ao dizer que "representantes das tradings agrícolas ADM, Cargill, Bubge, Cofco e Amaggi se reuniram com representantes do Exército, Defesa Civil e Polícia Rodoviária Federal e o ministro dos Transportes informou que "o trecho de 2000 quilômetros" não asfaltados da BR-163 que liga Santarém a Cuiabá já começou a ser liberado para caminhões grandes". O trecho estava parcialmente interditado e as obras de pavimentação será retomada pelo DNIT depois das chuvas". As notícias assim confirmam quem são os participantes e como funciona o jogo da intermediação global de uma commodity controlada por fortes tradings. Quando se quer entender, um pingo é sempre mais que uma letra. No inverso nem desenho é. Apenas um rabisco.
Estas cargas de soja transitam entre o Mato Grosso - com base na cidade de Sinop - e a hidrovia em Santarém que levará ao porto de Vila do Conde no Pará.
Estes problemas da estrada são do interesse das traders do setor como a Bunge, ADM, Cargil e também a Louis Dreyfusse que ainda não instalou terminais de hidrovias e portuárias, mas já comprou terrenos e cuida de licenciamento para igual fim.
É daí que sai o dinheiro que paga as seguidas matérias de pressão na mídia comercial, já há quase 15 dias.
É assim que funciona o processo em que as corporações usam (compram) a mídia para pressão sobre o poder político, para que ele seja obrigado a fazer aquilo que, por algum motivo - incluindo as chantagens (do estilo do Cunha).
Você, em casa, sem ligar as pontas lamenta e também critica o poder político, sem saber, que a verba que será ali usada, é a mesma que deixa de ir para atender a sua saúde e a educação dos seus filhos. A imagem ao lado é a que você tem visto em casa desde antes do carnaval.
Iludem-se os que pensam que os produtores são penalizados. Quem está no jogo aí são estas traders e seus parceiros no território nacional.
As traders atuam na intermediação e são donos destas cargas extraídas há tempo, dos produtores, em contratos chamados de "futuros".
O que querem comprando com verba, o verbo desta pauta é que o Estado construa parte do empreendimento que atendem aos seus negócios.
Evidentemente dizem que esta infraestrutura é do interesse de todos. É pública. Mas, os seus estratosféricos ganhos são privados.
Em economia política chamamos a isto de Condições Gerais de Produção. Uma espécie de consumo coletivo que permitirá que as instalações que atenderão as traders para que elas reduzam seus custos.
Como? Produzindo uma disputa tarifária contra os portos de Santos,SP e Paranaguá, PR.
Poderia ser apenas uma disputa inter-capitalista, natural no sistema. Porém, é mais que isto, porque tira recursos do Estado, para seus interesses na medida que os dividendos da redução de custos serão apenas particulares, por parte destas traders, que atuam em todo o mundo, controlando os fluxos destas commodities - especulando mais ou menos - e auferindo os seus ganhos na economia global.
Sabemos que é difícil para a maioria sentada no sofá há dez dias vendo os caminhões entalados - mesmo que seja em alguns pontos - entender o que está por trás desta repetida notícia.
É ainda mais difícil não falar mal do poder político que não cuida daquilo.
Assim, seria demais entender que a solução daquele problema que atenderá as grandes corporações estrangeiras (Bungue, ADM, Cargil) que assim aumentará seus lucros, estará ao mesmo tempo, impedindo que o seu problema, mais simples, objetivo e direto seja resolvido, pelo mesmo poder político.
A compreensão deste processo que aqui tento resumir foi possível ao passar a investigar (pesquisar) mais intensamente, desde 2012, a movimentação e os interesses dos operadores portuários e do sistema de logística no Brasil.
Assim, seguimos remandando contra a maré investigando e tentando ligar as pontas dos fatos, para uma análise crítica sobre aquilo que pretendem fazer você acreditar.
PS.: Atualizado às 17:58:
Informações mais recentes sobre o tema conforma a análise acima ao dizer que "representantes das tradings agrícolas ADM, Cargill, Bubge, Cofco e Amaggi se reuniram com representantes do Exército, Defesa Civil e Polícia Rodoviária Federal e o ministro dos Transportes informou que "o trecho de 2000 quilômetros" não asfaltados da BR-163 que liga Santarém a Cuiabá já começou a ser liberado para caminhões grandes". O trecho estava parcialmente interditado e as obras de pavimentação será retomada pelo DNIT depois das chuvas". As notícias assim confirmam quem são os participantes e como funciona o jogo da intermediação global de uma commodity controlada por fortes tradings. Quando se quer entender, um pingo é sempre mais que uma letra. No inverso nem desenho é. Apenas um rabisco.
Assinar:
Postagens (Atom)