Preliminarmente, se deve deixar claro que, independente da necessidade de investigar e punir as irregularidades na relação entre poder econômico e político, o caso que agora vem à tona (com grande atuação daquilo que os procuradores federais chamam de cooperação internacional) levantam outras questões interessantes.
O mesmo parece apontar que aquilo que foi feito com as empreiteiras e a indústria naval brasileira, deve se repetir com o forte setor exportador de carnes do Brasil. Tudo aquilo em que o Brasil se fortaleceu é agora objeto de desejos e de capturas.
Este setor é há muito tempo desejado pelas grandes corporações internacionais. Mesmo que não se perceba, ou até que seja intencional, a visão colonizada parece orgulhar a turma do MPF brasileiro, ao escancarar interesses nacionais para as autoridades estrangeiras.
Para isso, desde a manhã, em transmissão ao vivo pela Globo News, eles chamam a atenção para a cooperação internacional.
A citação repetida aos ingleses, americanos e suíços, como se em suas hostes o movimento fosse diverso.Aliás, a Suíça, a despeito do seus discursos continua a ser um grande paraíso fiscal, mesmo que agora, tenha o colonizado Panamá como uma espécie de filial.
Às vezes penso que o MPF avalia que vai "consertar" não apenas o Brasil, mas o mundo, mesmo que ao final os interesses do colonizador tenha prevalecido, em troca de orgulhosos procuradores nacionais. Tem horas que eles parecem se bastar em elogios a si próprios.
Repito punir os responsáveis por ilegalidades e crimes é necessários. Já criar as condições e permitir a captura destes setores é crime ainda muito maior. É crime de lesa pátria.
A seguir esta toada, ao final, sobrará pouco ao Brasil, além da cesta de banana na cabeça da Carmem Miranda. A república das bananas vendidas nas xepas do golpismo.
A nós brasileiros restará o direito de nos auto-açoitarmos publicamente, imaginando que a corrupção é prática apenas das empresas das nossas colônias.
De resto ainda falaremos mal da política no geral, sem enfrentar os seus problemas, como se houvesse algo diferente disto, como mediação, para o desenvolvimento de uma civilização que possa ser denominada como tal.
Este breve texto é como se eu estivesse pensando alto. Estou assim chamando a atenção para as entrelinhas da realidade contemporânea que surge diante de nós.
Muitos poderão tratar com muito mais propriedade que eu, deste assunto, que agora está sendo chamado de "colonialidade".
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