Ao realizar uma pesquisa sobre alguns indicadores desta fase de colapso do ciclo do petróleo no Brasil - que está duplamente impactado, pelo preço do barril no mercado mundial e pelos desdobramentos da Operação Lava Jato -, eu cheguei a um dado que espanta. Mesmo sabendo da redução das atividades, desde o segundo semestre de 2014.
Os dados são do Departamento de Portos e Costas do Ministério da Marinha, atualizado em 23 de fevereiro de 2016 e divulgado na última sexta-feira (03/03/2017). Eles fazem parte das declarações de conformidades que constam do Relatório das Plataformas, Navios Sonda, FPSO e FSO em atuação no Brasil.
As sondas são embarcações que realizam perfurações e preparação de poços de petróleo para a produção que a seguir será feita com interligação de equipamentos desde a cabeça dos poços às plataformas de produção.
Encontram-se no país um total de 200 unidades chamadas genericamente e todas de plataformas. Porém, apenas 161 estão em operação. As outras 39 não estão em atividade. Deste total, apenas 15 são navios-sonda em 23/02/2017.
Em 2012, este número de sondas em atuação no Brasil chegou a 92 e hoje caiu para a sexta-parte disto com a informação do Ministério da Marinha de que apenas 6 navios-sondas estão vistoriados e com a declaração de conformidade válido.
É uma redução muito significativa, apesar de ser praxe no mundo, a redução de investimentos na fase de colapso do ciclo petro-econômico em atividades de exploração/perfuração. A redução dos contratos de sonda se reduziu em todo o mundo, sejam os navios para perfuração offshore, ou no continente.
É bom lembrar que isto faz com que que as reservas sejam reduzidas, o que ajudará a valorizar as reservas e levar a uma nova fase de expansão dos preços, em novo ciclo petro-econômico.
Dos 15 navios-sonda, apenas dois não são fretados pela Petrobras que afreta 13 destas sondas. Uma pela Total e outro pela Oceanpart. O fato reforça a ideia que a procura por novas reservas é quase sempre feita pelas petroleiras estatais que no mundo possuem cerca de 90% das reservas.
Um total de 10 corporações são as donas destes 15 navios-sonda. A Odebrech Drilling possui três fretadas sendo duas para a Petrobras e uma para a francesa Total. A Transocean; Seadril; ODN GMBH e Queiroz Galvão possuem cada um duas sondas fretadas. As outras cinco proprietárias de navios-sonda operando no Brasil são: Caroline Marine; Etesco; Drilling Hydra; Drilling Skopelose Schain Engenharia.
No período de boom da exploração de petróleo no mundo o custo médio de afretamento deste navios-sondas custavam em torno de US$ 500 mil por dia. Na fase de baixa do ciclo do petróleo com a baixa do valor do barril, o custo médio de afretamento caiu pela metade, entre US$ 250 mil/US$ 300 mil.
Se considerarmos o custo médio de US$ 250 mil de aluguel das sondas, só a Petrobras deve estar pagando diariamente US$ 3,25 milhões por dia, ou US$ 97,5 milhões mensais, equivalentes a R$ 302 milhões mensais, só com o aluguel das sondas, sem considerar as plataformas e as centenas de embarcações de apoio.
São valores extraordinários e ajudam a comprovar que o setor petróleo exige investimentos muito alto em diferentes pontos da cadeia, desde a exploração/produção, a circulação, o refino e a distribuição para consumo.
PS.: Atualizado às 23:44 e 23:54: para acrescentar o penúltimo parágrafo e corrigir a concordância verbal do título da postagem.
65 anos, professor titular "sênior" do IFF (ex-CEFET-Campos, RJ) e engenheiro. Pesquisador atuante nos temas: Capitalismo de Plataformas; Espaço-Economia e Financeirização no Capitalismo Contemporâneo; Circuito Econômico Petróleo-Porto; Geopolítica da Energia. Membro da Rede Latinoamericana de Investigadores em Espaço-Economia: Geografia Econômica e Economia Política (ReLAEE). Espaço para apresentar e debater questões e opiniões sobre política e economia. Blog criado em 10 agosto de 2004.
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