O desmonte da área de logística (dutos e transportes), de negócios e refino (com venda de óleo cru e importação de produtos refinados - veja postagem aqui) entre outros, pode ser também observado, em detalhes, sobre uma parte estratégica de uma empresa de petróleo: a área de pessoal. O desmonte na área de pessoal atinge todas as áreas do sistema Petrobras.
No último dia 15 de maio já comentávamos sobre este assinto e postagem aqui no blog. Hoje, porém vamos ampliar um pouco mais esta análise.
Tanto as IOCs (corporações internacionais de óleo) quanto as NOCs (empresas estatais de óleo), ou ainda as chamadas para-petroleiras (empresas de tecnologia, equipamentos e serviços que atuam no setor de óleo e gás) sabem, o quanto é estratégico, a montagem (seleção, contratação, treinamento e retenção) de um quadro de pessoal qualificado e especializado no setor. Trabalho de décadas.
Mesmo que se tenha capital (e muito) nada vai adiante sem este pessoal qualificado que não se consegue montar da noite para o dia.
Na realidade das corporações do setor de petróleo é prática corriqueira, as estatais (NOCs) formarem, abrirem espaços para experiência e know-how aos seus melhores técnicos e gerentes e, depois, verem as gigantes IOCs tomarem – a dedo, um a um – os quadros mais qualificados e dos setores estratégicos desta companhia.
Tanto as IOCs (corporações internacionais de óleo) quanto as NOCs (empresas estatais de óleo), ou ainda as chamadas para-petroleiras (empresas de tecnologia, equipamentos e serviços que atuam no setor de óleo e gás) sabem, o quanto é estratégico, a montagem (seleção, contratação, treinamento e retenção) de um quadro de pessoal qualificado e especializado no setor. Trabalho de décadas.
Mesmo que se tenha capital (e muito) nada vai adiante sem este pessoal qualificado que não se consegue montar da noite para o dia.
Na realidade das corporações do setor de petróleo é prática corriqueira, as estatais (NOCs) formarem, abrirem espaços para experiência e know-how aos seus melhores técnicos e gerentes e, depois, verem as gigantes IOCs tomarem – a dedo, um a um – os quadros mais qualificados e dos setores estratégicos desta companhia.
É neste contexto que a nova direção da Petrobras (Temer/Parente) talvez esteja fazendo o maior - e mais definitivo - desmonte na empresa, logo, no exato momento, em que o país passa a participar da geopolítica do petróleo - de forma ativa - após a extraordinária descoberta e exploração – com enorme sucesso - das reservas do pré-sal.
O desmonte em algumas das outras áreas pode até ser revista, numa nova direção de governo da Nação. Na área de pessoal este recrutamento e retorno dificilmente poderão ser recompostos, pois as pessoas qualificadas não o são apenas, individualmente, mas em suas equipes.
Nesta linha de raciocínio, não é difícil intuir que, talvez, o pré-sal não fosse descoberto sem a equipe de geólogos, físicos e especialistas em tecnologia e equipamentos de sondagens, perfuração, análises e interpretações dos potenciais poços e campos de petróleo que atuavam em conjunção e articulação.
Este mesmo movimento se viu acontecer na área de produção, onde hoje se conseguiu viabilizar nas reservas do pré-sal uma produtividade antes sequer imaginada, nem pelos mais otimistas.
É certo que a atual fase de colapso do ciclo do petróleo (que prefiro chamar com características em diferentes dimensões como ciclo petro-econômico) exige ajustes e contenções de dinheiro e pessoal. Porém, isto sempre deve ser feito de olho na nova fase de expansão do ciclo que virá a seguir, mas esta visão minimamente prospectiva (sem os chavões do marketing) sequer é considerada.
O que se está vendo na área de pessoal é um desmonte criminoso. Basta observar, mesmo que por alto, o que vem sendo desenvolvido sobre contenção de custos em todas as corporações privadas do setor de petróleo no mundo (as IOCs como Esso, Shell, Chevron e outras).
Em nenhuma – repito, nenhuma – o desmonte é desta ordem e de forma tão ardilosa, sob o falso argumento das consequências dos desvios e da preparação do ambiente que entrega o “filé” do setor ao mercado.
A redução total de pessoal que atua no sistema Petrobras nos últimos anos foi, de praticamente metade. Saiu (em números aproximados) de 370 mil trabalhadores para 185 mil petroleiros.
O corte que foi e continua sendo feito é indiscriminado. Milhares de técnicos, que mesmo não sendo do quadro direto da empresa, era de gente que há muito tempo atuava e tinha se especializado em operação, gestão e apoio às atividades petrolíferas.
No quadro dos empregados diretos da empresa, o corte já atinge 13 mil e a previsão é de 17 mil. Este descarte de mão de obra altamente qualificada fez com que o total de empregados diretos da empresa tivesse sido reduzido - no final de 2016 - a 68,8 mil petroleiros. Dois PIDVs foram responsáveis por este “empurrão” para fora da empresa de gente muito competente.
As petroleiras privadas que atuam no Brasil - e que hoje produzem pouco mais de 6% do petróleo nacional - agradecem, por esta graciosa colaboração. Assim, elas podem com menos custos e maior facilidade atingir a meta de, em 2020-2022, estarem produzindo cerca de 40% de toda a produção nacional de óleo e gás. E assim, discursarem sobre modernidade e eficiência.
Aliás, este é um dos motivos que se deve compreender a lógica deste desmonte de pessoal no sistema Petrobras. Não se deve seguir a linha de observar, como pretende o mercado, a lógica financeira da dívida da estatal, ou da necessidade de redução de custos.
Deve-se recordar e deixar registrado que a produtividade total da empresa, antes desta expulsão generalizada destes técnicos, sempre esteve bem acima da média mundial, com enorme reconhecimento e a conquista de vários prêmios internacionais.
Para fechar vale ainda chamar a atenção para os riscos de segurança sobre as instalações e sobre os petroleiros.
Foi num contexto similar a este de enxugamento, quando da tentativa de privatização da estatal que a gestão do FHC, na década de 90, com o Reitschul na presidência da Petrobras, produziu em 2000-2001, vários acidentes. Entre eles os vazamentos de óleo na Baía da Guanabara e no rio Iguaçu no Paraná; e o mais grave com a explosão e afundamento da plataforma P-36, matando 11 petroleiros na Bacia de Campos.
O contexto atual é semelhante. Dentro desta mesma visão administrativa-tecnocrática de quem não conhece o dia-a-dia da exploração offshore e desdenha a complexidade do desenvolvimento dos processos com petróleo e gás.
Um comunicado interno da direção da Petrobras aos petroleiros da empresa enviado esta semana atesta esta visão. Ele fala da “revisão organizacional das UOs (Unidades de Operação) do setor de E&P (Exploração e Produção) e também da área de RGN (Refino e Gás Natural)”.
O texto fala em “revisão do modelo de governança e gestão organizacional”, mas deixa claro o foco na economicidade, eficiência e segurança”. Sim, segurança em último lugar dentro desta trilogia. Lembrando que se trata de um setor em que se trabalha em ambientes, processos, equipamento e produtos que oferecem mesmo com muita gestão, enormes riscos.
O comunicado da direção da empresa detalha ainda, de forma mais clara, outras indicações de seus principais objetivos: “rever conceito atual das UOs para maximizar a geração de valor”; “capturar ganhos financeiros com implementação de estruturas mais enxutas”.
O documento estipula o prazo de agosto para esta revisão com apresentação de diagnóstico/consolidação de mudanças nas áreas de E&P e RGN, com implementação a partir de outubro, após avaliações das diretorias executivas e Conselho de Administração (CA).
É neste contexto, ambiente e direção de enxugar tudo que os riscos se ampliam. Os ajustes e as necessidade de enfrentar pontos críticos e melhoria da performance, deve fazer parte de uma boa administração, e nunca de uma direção como esta.
Comunicados como estes fazem com que as gerências inferiores queiram ser mais realistas que o rei, para mostrar resultados e assim se apresentar como maior performance num ambiente estimulado de ascensão funcional nas carreiras.
Tudo isto cria o “molho perfeito” para ampliação dos riscos que a seguir tende a gerar efeito inverso, com perda de produtividade, planos de contingência, perda de prestígio institucional, etc.
O quadro geral - de certa forma resumido apresentado aqui - mostra a natureza destrutiva e criminosa que o enxugamento generalizado de pessoas representa para o Sistema Petrobras e para o Brasil. Certamente, este é o maior dos desmontes que Parente/Temer se propuseram a fazer no sistema Petrobras por aqueles do mercado que o sustentam.
A nação, trabalhadores, pesquisadores e a população em geral seguirão observando todos estes movimentos, como forma de ampliar as resistências e a reconstrução de um país para todos.
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