Em períodos de baixos preços do barril (fase de colapso do ciclo do petróleo) as operadoras (petroleiras) pressionam as empresas prestadoras de serviços a reduzirem seus contratos, sob pena de corte dos projetos de perfuração e/ou produção. (Sobre fusões e aquisições a nível mundial em empresas para-petroleiras veja aqui postagem do blog em 21 mar. 2017).
O resultado disto é uma enorme redução de custos. Segundo relatório da consultoria norueguesa do setor, a Rystad Energy, os contratos de projetos iniciados entre 2012 e 2014 fizeram com os custos médio de extração a nível mundial tenham para US$11/boe para projetos em águas profundas, US$7/boe para a outros em águas rasas (plataforma continental) e de US$4/boe para desenvolvimentos da produção em terra (onshore).*
A maior redução ficou para os projetos que são mais caros: 42%, 31% e 26% para águas profundas, águas rasas e onshore, respectivamente.
Só para se ter uma ideia sobre esta redução de custos para as diferentes fase do que chamo de ciclo petro-econômico, em 2014, os custos eram de aproximadamente US$17/boe em águas profundas, US$11/boe para águas rasas e US$4/boe para projetos onshore.
Em 2017, estes custos são aproximadamente 30% mais baixo para águas profundas e 20% mais baixo para a águas rasas e campos terrestres.
Em 2012, mais de 650 novos projetos de exploração de petróleo e gás saíram do papel para serem implantados. Porém, desde a crise (fase de colapso do ciclo petro-econômico), este número caiu em um terço e chegou ao patamar mínimo em 2016 com menos de 200 novos projetos.
Em 2012, mais de 650 novos projetos de exploração de petróleo e gás saíram do papel para serem implantados. Porém, desde a crise (fase de colapso do ciclo petro-econômico), este número caiu em um terço e chegou ao patamar mínimo em 2016 com menos de 200 novos projetos.
O fato demonstra que todas as petroleiras a nível mundial convivem com as mesmas questões decorrentes da diferentes fases do ciclo petro-econômico.
Assim, o caso da Petrobras, não é diferente como quer fazer crer boa parte da mídia comercial brasileira. Inclusive o título e boa parte da matéria do site Terceira Via (aqui) que me ouviu como especialista e não compreendeu (especialmente no título) o que tentei explicar.
Enfim, as duas fases do ciclo petro-econômico (boom e colapso) produzem reações em diferentes dimensões (econômica, espacial, ambiental, geopolítica, etc.) para todo o setor de petróleo e gás, desde as petroleiras às fornecedoras de bens, equipamentos e prestadoras de serviços.
Na fase de colapso de preços do ciclo do petróleo, elas são obrigadas a reduzir seus contratos sob pena de não ter contratante. As consequências disto são diversas, em especial para a parte de menor poder que são os trabalhadores.
Por tudo isto, não é possível compreender o movimento desta cadeia produtiva observando apenas as questões nacionais num setor que é completamente globalizado.
*Bom lembrar que se tratam de custos líquidos, sem o custo do dinheiro de investimentos, impostos e royalties.
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