O grupo Bolognesi desenvolveu projetos de usinas termelétricas junto a dois outros portos brasileiros (Suape em Pernambuco e Rio Grande no Rio Grande do Sul). Chegou também a assinar termo de compromisso de parceria e aluguel de área, em outubro de 2015, para outro projeto no Porto do Açu. (Veja aqui). Menos de seis meses depois, a gaúcha Bolognesi anunciou a desistência do projeto. (Aqui).
A Bolognesi começou comprando projetos de geração de energia elétrica do grupo Bertin que não conseguia avançar nos mesmos. O grupo gaúcho tinha expectativa de angariar investidores para garantir recursos para: acesso a gás natural, através de gasodutos ou unidade de gaseificação do GNL (Gás Natural Liquefeito) que seria importado por navios especializados; construção das usinas geradoras de energia elétrica; além de contratos com futuros interessados em compra desta energia.
Tratam-se de projetos caros, atualemnte com custos entre R$ 3 bilhões e R$ 4 bilhões cada UTE, como a que foi projetada para o Porto do Rio Grande, ES, que tinha esta mesma capacidade de geração imaginada para a unidade do Açu com 1,2 GW (1.200MW). Com o país em recessão-estagnação, menor consumo de energia e os riscos políticos e econômicos atuais, o projeto continuará tendo dificuldades em ser viabilizado.
A geração de energia elétrica a partir do gás natural é uma boa alternativa em termos ambientais. Porém o custo de geração nas UTEs é maior do que na usinas hidrelétricas (UHEs) o que faz com que as primeiras só sejam usadas na falta de energia das primeiras ou nos picos de consumo. No restante do tempo elas são remuneradas por ficarem em stand-by para situações de emergências.
No caso do Açu o projeto ainda teria que ser decidido se trabalharia com gás viabilizado por gasodutos, numa interligação com o ramal Gascav que sai de Cabiúnas para Vitória e passa por Campos, ou por novo duto para transporte do gás.
Terminal GNL Pecém, CE. Agência Petrobras. |
Outra alternativa seria um terminal e uma unidade pra regaseificação de LNG importado como o existente da Petrobras no Rio Baía da Guanabara e no Ceará, no Porto doe Pecém. Hoje, o Brasil importa GNL do Qatar, Nigéria e Trinidad e Tobago.
Assim, há muitas questões a serem resolvidas antes da decisão sobre a construção e implantação de uma UTE junto ao Porto do Açu. A sua possível construção gera um pouco mais de empregos na construção do que na operação, em grande parte automatizada, sendo parte de ex-alunos do IFF (ex-Cefet Campos).
Quanto a área a ser utilizada para a construção da UTE no Porto do Açu, ela seria pequena diante dos 20 km² que a Prumo possui junto ao porto, sem ter necessidade de utilização de área da imensa área de 72 Km² do Distrito Industrial de São João da Barra (DISJB) que está atualmente sendo questionada pelos agricultores atingidos , porque depois de quase uma década quase nada está sendo utilizada.
Para se ter uma ideia da demanda de área para implantação da usina termelétrica (UTE) à gás vejamos o caso das duas instaladas no município de Macaé, a Norte Fluminense e a Mário Lago. Junto elas possuem capacidade de geração de cerca de 1.800 MW, quase 50% acima deste projeto da Bolognesi de 1.200 GW e ocupam uma área total de menos de 1 km², incluindo as áreas das subestações junto a cada uma delas, além da área de proteção vizinha. Veja no mapa abaixo (Wikimapia do Google) a área e a régua da escala na parte inferior.
O projeto de uma UTE à gás junto ao Porto do Açu pode ser um projeto interessante mais para gerar receita de ICMS para o estado e quota-arte para o município, do que necessariamente para geração de empregos. Menos ainda, se o objetivo do anúncio tenha sido a tentativa de propagandear projetos para justificar manutenção das áreas desapropriadas.
Volto a afirmar - e vou depois trazer outros dados - que a área desapropriada para o DISJB de 72 km² é na verdade um despropósito, por isso permanece sem utilização. 72 Km² para este distrito industrial é 5 vezes menor do que a soma de todos os outros 9 distritos industriais que a Codin possui atualmente em nosso estado.
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