O caso faz lembrar o argumento central do coreano Ha-Joon Chang em seu livro “Chutando a Escada”, quando ele descreve como as nações centrais e o mundo desenvolvido exercem a pressão sobre os países em desenvolvimento, impedindo que eles façam o que eles fizeram.
A Maria da Conceição Tavares gosta de lembrar que quem primeiro fez algum protecionismo foram os alemães para saírem de baixo do sapato dos ingleses.
O caso serve para mostrar que o processo que vivemos no atual “tempo estrutural” vai para além do controle das reservas de bens naturais e minerais como o pré-sal, mas contra qualquer política industrial, como o conteúdo local e outros.
Reagem a mais investimentos em educação, infraestrutura e articulação políticas com os Brics e acesso a outros financiamentos com menos controles hegemônicos como do Banco Mundial, BID, etc.
O capitalismo contemporâneo continua pressionado contra aquelas nações, que mesmo tardiamente - na periferia - tentam fazer o mínimo para adentrar, mesmo que pelas beiradas, ao sistema. Olha que não se está nem falando das cadeias globais de valor, como o caso da Embraer.
Atiram contra o Estado brasileiro, rejeitando qualquer hipótese de inclusão social, de socialização mesmo que pelo consumo das mercadorias, do aumento da importância e do peso do trabalho, numa lógica do mínimo do welfare state tupiniquim que estava, aos trancos e barrancos, incorporando massas, numa perspectiva de democracia que centralmente alvejada, mais uma vez, pelo discurso moralista.
O “case” serve também para observar que não é possível compreender "a nossa tragédia" desgarrada da análise numa escala superior, do sistema capitalista contemporâneo.
O império vaticina o retorno à condição de colônia e assim, atiraram contra a breve ruptura, mesmo que por dentro do sistema.
Aí não há nada de mercado, porque eles continuam resistindo ao capitalismo concorrencial e apostando no capitalismo monopolista, imperialista.
Presidir a OMC é como ter alguém brincando de controlar o comércio do mundo, porque na verdade o cerne dele continua com donos bem definidos.
A pressão pela continuidade nos levará à ruptura em algum momento, porque nunca será assimilável que se continue a tocar um mundo (e nações) para poucos, com a maioria sendo controlada pelas forças armadas, ou sob a forma dos controles cibernéticos da modernidade que continua tentando conservar os impérios.
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