Os últimos balanços contábeis da estatal estão recebendo seguidos efeitos referentes a abatimentos contábeis que são provisórios (não recorrentes), que possuem diversas origens. Tudo isso nos obriga a observar os balanços para além dos primeiros números. É preciso ter um olha abrangente e de visão mais geral e integrada da realidade do setor e da empresa.
Assim, no balanço que a Petrobras divulgou na última quinta-feira, foram feitos alguns provisionamentos financeiramente importantes como: as perdas com o processo judicial referente às despesas da repactuação do Plano Petros de R$ 6,5 bilhões; a adesão ao Programa Especial de Regularização Tributária (PERT) que teve efeito negativo de R$ 4,3 bilhões e ainda a adesão aos programas de regularização de tributos federais (PRT) onde teve que bancar R$ 3,9 bilhões.
Mesmo que os valores efetivamente utilizados para o provisionamento decorrente do plano Petros não possam ser considerados como absolutos (e sim aproximados), é possível, com os débitos, estimar em cerca de R$ 14 bilhões (US$ 4,6 bilhões) todos os provisionamentos que acabam saindo do que seriam os lucros da empresa, neste segundo trimestre de 2017.
O trabalho de apuração e comparação dos resultados das petroleiras, ainda nesta fase de colapso de preços do ciclo do petróleo (que se iniciou no segundo semestre de 2014) poderá ainda ser ampliado com os dados de outras dezesseis importantes petroleiras.
Russas: Gazprom; Lukoil; Rosneft. Chinesas: PetroChina; Sinopec; CNOOC; CNPC. Oriente Médio: Saudi Aramco; National Iranian Oil Company; Kuwait Petroleum Company; Qatar Petroleum; Iraqi Oil Ministry; América: Pemex e PDVSA; África: Sonatrach e Sonangol.
Como pode ser visto na tabela acima, organizada por ordem do volume de produção em milhões de barris de óleo equivalentes por dia (miboed), com cerca de US 2 bilhões (ou US$ 2.000 milhões) de lucro, a Petrobras estaria no grupo das três maiores, considerando as gigantes.
A tabela mostra ainda, que a receita da Petrobras no período somou a quantia de R$ 66,9 bilhões (em US$ 21 bilhões de dólares). Este valor é ligeiramente inferior (6%) em relação à receita de R$ 71,320 bilhões do mesmo intervalo de 2016 e sofre as consequências da redução das atividades de refino (hoje mais de 1/4 de capacidade ociosa), com a exportação de óleo cru pela estatal.
Vale ainda observar que a área de exploração e produção da Petrobras fechou o segundo trimestre com alta do lucro de 125% maior que o mesmo período do ano passado. Este resultado é importante considerando ainda que desde 2015, a estatal vem sofrendo cortes em seu Plano de Negócios e Gestão (Veja postagem aqui do blog em 18 jul. sobre redução de investimentos e do porte da empresa), que em 2016 definiu investimentos de US$ 74,1 bilhões par ao período entre 2017 e 2021.
Com a enorme e produtiva reserva do pré-sal e seus baixíssimos custos de produção, além dos planos e projetos de extração/produção deixados pelas gestões anteriores, montadas pelo eficiente corpo técnico, da estatal teria excelentes perspectivas de desenvolvimento, se não estivesse sendo desmontada e desintegrada e vendida em partes com enorme perda de valor.
Assim, ao contrário do que se pretendeu passar com a divulgação destes resultados dos dois trimestres de 2017, com a desvalorização dos balanços para melhor poder executar a venda da empresa, a Petrobras continua com enorme potencialidade.
Assim, vê-se mais uma vez e de forma detalhada o imperdoável crime que se comete contra a Petrobras, que como patrimônio da nossa população está sendo dilapidada diante de tantas demandas a serem atendidas.
PS.: Atualizado às 23:36: Para acrescentar que a Petrobras dispôs de fluxo de caixa livre no semestre de extraordinários R$ 22,7 bilhões (US$ 7,15 bilhões). A despeito de tudo e todos.
PS.: Atualizado às 23:36: Para acrescentar que a Petrobras dispôs de fluxo de caixa livre no semestre de extraordinários R$ 22,7 bilhões (US$ 7,15 bilhões). A despeito de tudo e todos.
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