segunda-feira, setembro 25, 2017

Começa a surgir a “Opep do Gás”

As confusões dos EUA no plano internacional que foram ampliadas após a ascensão de Trump está em vias de possibilitar, como uma das reações, o surgimento da “Opep do Gás”. Ela poderá vir através de acordo que envolveria num primeiro momento o Qatar, Rússia e Irã. Esta organização poderá ter relação com outras articulações também a Turquia e a China.

Como se sabe o Gás Natural (LGN) é visto cada vez mais com a energia estratégica no mundo. [1] [2] Assim, a "Opep do Gás" [3] poderá trazer grandes embaraços relacionados ao controle dos mercados globais de gás natural.

Os EUA, Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos se mexem no xadrez da geopolítica da energia e gostariam de evitar esta articulação que visa ter controle sobre o mercado mundial do gás natural.

Como se sabe, o Gás Natural ganhou enorme poder por duas principais razões:

1) Por ser menos poluente que o petróleo; 
2) Pelo desenvolvimento das novas tecnologias que reduziram os custos para liquefazer o Gás Natural (LGN) e assim dar-lhe mobilidade para transporte pela via marítima, sem necessitar da instalação dos gasodutos. Esta mobilidade logística também confere possibilidade de variar os mercados a serem atendidos ao redor do mundo.

No caso do petróleo, a Opep, desde que foi criada e fez surgir o primeiro choque de petróleo na década de 70, perdeu força com o aumento da produção em outros países que não são membros da organização.

Hoje, apenas 1/3 da produção de petróleo mundial sai dos países membros da Opep, que assim, passou a ter um papel menor de controlador de preços. No caso da possível "Opep do Gás" (LGN) [3] uma articulação mesmo que de apenas 3 produtores pode ultrapassar ultrapassar metade da produção mundial.   

No meio de tudo isto, não esqueçamos o fato de que as reservas do pré-sal no Brasil, possuem muito gás natural. Fato que motiva a atração de uma grande quantidade de petroleiras interessadas em acessar nossos campos de gás e petróleo, como é o caso da norueguesa Statoil e da francesa Total. Além disso, a Shell nunca escondeu esta sua estratégia. Aliás, foi basicamente por conta disto que a Shell comprou a BG por quase US$ 60 bilhões.

Notas, fontes e referências:

[1] Nota no blog em 11 jul. 2016. A ampliação do poder estratégico e geopolítico do Gás Natural (GNL) na matriz energética mundial. Link: http://www.robertomoraes.com.br/2016/07/a-ampliacao-do-poder-estrategico-e.html

[2] Site Agência de Notícia Sputink. Disponível em:http://br.sputniknews.com/portuguese.ruvr.ru/2013_10_11/Mercado-mundial-de-GNL-forte-crescimento-5391/.

[3] Artigo, ENGDAHL, F. William. New Eastern Outlook in 19 sep. 2017.
Russia’s Interesting New Oil Geopolitics. Link: https://journal-neo.org/2017/09/19/russia-s-interesting-new-oil-geopolitics/. Traduzido e republicado no Blog do Alok. Link:  http://blogdoalok.blogspot.com.br/2017/09/a-interessante-nova-geopolitica-russa.html

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