A desestruturação, desmonte e o repasse das nossas bases industriais e de infraestrutura vão muito para além dos leilões de privatizações e entrega do controle de nossas empresas para os fundos financeiros internacionais.
Há dois meses, o blog informou aqui sobre a redução da participação da indústria química nacional no atendimento à demanda interna destes produtos.
Na ocasião informamos com dados da Abiquim (Associação Brasileira da Indústria Química) que no 2º trimestre de 2017, a produção nacional de químicos de uso industrial tinha caído 2,3%, enquanto as importações tinham crescido 30,5%. Isto era até então, o recorde dos últimos 28 anos, quando a taxa média de utilização da capacidade instalada destas indústrias no Brasil tinham descido a 77%.
Pois bem, agora analisando o acumulado do ano de janeiro até agosto, novamente com dados da Abiquim, se observa que para um crescimento de 8,3% do mercado brasileiro de químico de uso industrial, as importações avançaram 38,2% batendo um novo recorde. Só em agosto o Brasil gastou US$ 4,4 bilhões com a importação de produtos químicos.
Ou seja, cada vez mais o país depende da importação de produtos químicos que no geral possuem valores agregados maiores que os insumos e as matérias primas.
O país não cuida de sua industrialização. Deixa de lado as cadeias produtivas e assim vai retroagindo a uma condição cada vez mais colonizada, no que diz respeito à integração econômica com outras nações do mundo.
O quadro tende a piorar na medida em que o país repassa às corporações e fundos globais, o controle sobre a produção de matérias-primas e também os estratégicos setores de infraestrutura de logística e de energia que têm enorme peso sobre nossas cadeias produtivas e nossa produtividade.
As corporações e fundos globais pensam seus negócios como se o mundo fosse único, diversificando espacialmente as suas bases produtivas, pouco se importando com os projetos das nações.
Pior ainda, para aquelas nações como o Brasil que abandonou seus projetos e o interesse em regular a atuação dos capitais globais em nosso território de maneira a gerar emprego e renda para a nossa população.
Repito, o Brasil pós-golpe reassumiu a colonização como uma forma de integração mundial.
O pior dos mundos, cedendo espaço ao mercado livre que é muito pior que o sistema capitalista como modo de produção que nos devolverá à absoluta condição subordinada e dependente para o qual a nação estava lutando para sair.
Avança-se assim para uma civilização excludente e periférica que ampliará as tensões e ao risco da barbárie. Há que se resistir e de forma unificada lutar pela retomada de um projeto de Nação!
65 anos, professor titular "sênior" do IFF (ex-CEFET-Campos, RJ) e engenheiro. Pesquisador atuante nos temas: Capitalismo de Plataformas; Espaço-Economia e Financeirização no Capitalismo Contemporâneo; Circuito Econômico Petróleo-Porto; Geopolítica da Energia. Membro da Rede Latinoamericana de Investigadores em Espaço-Economia: Geografia Econômica e Economia Política (ReLAEE). Espaço para apresentar e debater questões e opiniões sobre política e economia. Blog criado em 10 agosto de 2004.
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