Em 2016, a produção da indústria de transformação cresceu mundialmente 2,6%, tendo sido 2,8% em 2015 e 2,3% em 2014.Hoje, a China tem praticamente 1/4 (24,4%) de toda a produção industrial do mundo. A posição da China reforça a compreensão de que há uma mudança em curso na economia global e na geopolítica mundial.
No geral se observa a enorme concentração da produção mundial da produção industrial. Apenas 3 países China, EUA e Japão possuem cerca de metade da produção industrial mundial.
No ranking da industrialização, depois da China vem os EUA com 16%, Japão com 8,7% e Alemanha com 7,7%. A Índia sem mantém em 5º lugar, mas ampliou (e quase dobrou, com + 70%) a sua participação de 2% para 3,4% em relação à toda a produção mundial.
A partir destes dados se pode interpretar que há uma integração internacional assimétrica, entre as nações que vendem seus recursos minerais e importam os produtos industriais (de maior valor agregado), num prosseguimento da colonização, onde as nações periféricas têm uma semi-
industrialização ou quase nada.
Dentro da integração econômica dependente será difícil sair desta sina. A teoria econômica da globalização empurra para a alternativa da industrialização como a principal forma de uma nação ampliar sua participação no mundo e auferir vantagens internas desta lógica aumentando a renda da população.
Porém, o grande risco é seguir o que Reinnert [2] descreve em seu livro "Como os países ricos ficaram mais ricos... e por que os países pobres continuam pobres", com um enorme risco de que as nações médias rendas como o Brasil desaparecerem, enquanto os dois polos, tendem a se convergir entre si.
Além disso, é ainda preocupante, o fato que boa parte da riqueza gerada pela produção industrial (e material) acaba em todo o mundo cada vez apropriada pelos sistemas financeiros, via os grandes fundos que trabalham com os excedentes da área industrial.
Segundo Dowbor (2017), no plano global estima-se que o setor financeiro contribua com 10% do valor agregado da economia, mas hoje, o sistema bancário fica com 42% dos lucros corporativos. Em 1947 os bancos ficavam com apenas 11%. Na prática, o setor financeiro captura os lucros do sistema produtivo, aspirando os lucros e recursos do setor produtivo, segundo Dowbor (2017). [3]
Sobre o Brasil
O Brasil se manteve como 9ª maior nação industrializada, mas perdeu participação na industrialização mundial caindo de 2,9% para 1,8%. Perdas de participação na indústria nacional também ocorreram com a França que é a 8ª e o Reino Unido que em 10º tem a mesma participação do Brasil e também perdeu muito na década entre 2005 e 2015. Porém, o Reino Unido junto com a Alemanha e Holanda concentra boa parte dos recursos financeiros com os bancos, fundos e seguros.
Na China, o valor adicionado da indústria atingiu a média de 21% do PIB em 2016. No Brasil, o Brasil, o valor adicionado das manufaturas em 2016 representou apenas 10% do PIB. Segundo o estudo, entre 2005 a 2016, em termos constantes, o valor da transformação industrial per capita brasileiro se reduziu de US$ 1.415 para US$ 1.081.
Analisando um pouco mais a trajetória da indústria brasileira em alguns setores o país conseguiu preservar sua posição. O Brasil encontrava-se entre os 15 maiores produtores de todas os ramos da indústria de transformação, exceto em equipamentos de escritório, computadores e contabilidade e farmacêuticos.
As melhores posições do Brasil no ranking mundial por setores foram em couro, produtos do couro e calçados (4ª posição), coque, refino do petróleo e combustíveis nuclear (4ª posição), alimentos (5ª posição), bebidas (6ª posição) e papel e produtos do papel (6ª posição). Apesar das colocações de destaque, em 2010, em todos esses ramos industriais o país estava em posições iguais ou melhores.
Em relação ao total do grupo de países emergentes, exceto China, o Brasil chega a ser líder em dois ramos industriais, segundo dados de 2015: papel e petróleo refinado. Em 2010, o país ocupava o 1º lugar no ranking em outros 9 ramos: alimentos, couro, madeira, impressão e publicação, borracha e plástico, produtos fabricados de metal, maquinas e equipamentos, veículos automotores, moveis e outras manufaturas.
Na China, o valor adicionado da indústria atingiu a média de 21% do PIB em 2016. No Brasil, o Brasil, o valor adicionado das manufaturas em 2016 representou apenas 10% do PIB. Segundo o estudo, entre 2005 a 2016, em termos constantes, o valor da transformação industrial per capita brasileiro se reduziu de US$ 1.415 para US$ 1.081.
Analisando um pouco mais a trajetória da indústria brasileira em alguns setores o país conseguiu preservar sua posição. O Brasil encontrava-se entre os 15 maiores produtores de todas os ramos da indústria de transformação, exceto em equipamentos de escritório, computadores e contabilidade e farmacêuticos.
As melhores posições do Brasil no ranking mundial por setores foram em couro, produtos do couro e calçados (4ª posição), coque, refino do petróleo e combustíveis nuclear (4ª posição), alimentos (5ª posição), bebidas (6ª posição) e papel e produtos do papel (6ª posição). Apesar das colocações de destaque, em 2010, em todos esses ramos industriais o país estava em posições iguais ou melhores.
Em relação ao total do grupo de países emergentes, exceto China, o Brasil chega a ser líder em dois ramos industriais, segundo dados de 2015: papel e petróleo refinado. Em 2010, o país ocupava o 1º lugar no ranking em outros 9 ramos: alimentos, couro, madeira, impressão e publicação, borracha e plástico, produtos fabricados de metal, maquinas e equipamentos, veículos automotores, moveis e outras manufaturas.
Não é difícil dizer que o Brasil carece de um projeto de nação que rompa o atual desmonte. Neste esforço há que se ampliar o conhecimento da nossa real situação com a elaboração de críticas que ajudem a pensar a nação num prazo um pouco mais longo.
Referências:
[1] Relatório anual da UNIDO de 2017. Carta IEDI nº 809 – Indústria Mundial. Disponível no link: http://www.iedi.org.br/pdf/carta_iedi_809_anexo.pdf
[2] REINERT, Erik S. Como os países ricos ficaram ricos... e por que os países pobres continuam pobres. Editora Contraponto e Centro Internacional Celso Furtado, 2008. Rio de Janeiro.
[3] DOWBOR, Ladislau. Livro "A era do capital improdutivo". Outras Palavras & Autonomia Literária, 2017, São Paulo.
2 comentários:
Boas considerações sobre a apropriação da produção pelo capital financeiro, mas não entendi o que significa "que rompa o atual desmonte". Se consideramos um período de 11 anos como recente, e podemos fazê-lo, sim, o desmonte é "atual". Até porque o estudo mostra uma queda do valor adicionado na indústria durante TODO o período. Em 2005 era 2,88%; em 2010 caiu para 2,71% e em 2016 chegamos a 1,84%.
Sim, o processo de paralisia (deixou de crescer e até reduziu em alguns setores) da industrialização no geral faz com que o Brasil perca posição relativa na industrialização a nível mundial.
Quanto ao atual desmonte, eu me refiro à radicalização de um processo de dependência externa, entregando importantes setores, ou frações, para o controle de corporações externas, que de forma centralizada, reduzem a produção material no Brasil.
Cito como exemplo, a redução das exigências de conteúdo local no setor de exploração de petróleo que possui uma gigantesca capacidade de arrasto sobre outras atividades produtiva, onde se gera emprego mais qualificado, de maior salário, além de ampliar a competitividade de setores como máquinas, equipamentos, projetos, tecnologias que possuem sinergias com outras áreas.
O potencial do país, em função de seu tamanho - e enorme mercado como gostam de se referir os economistas - demonstra como um projeto de nação não dependente e soberana poderia avançar. Observe que com todos estes problemas, a participação brasileira dentro da industrialização mundial está na frente do Reino Unido, Holanda e outras nações do chamado capitalismo central.
O avanço na exportação de commodities, aproveitando a onda da demanda chinesa, só teria importância para além dos ganhos dos donos destas rendas extrativistas, se pudesse compor fundos para o Brasil dar um salto como fizeram outras nações, até mesmo os EUA.
Neste período há equívocos e não são poucos em termos de planos ou projetos, mas o desmonte atual e a assunção de um projeto liberal-dependente, após o golpe de 2016, coloca o Brasil na direção dos países de menor renda do que numa perspectiva de alavancagem (de novo como gostam os economistas nos seus jargões).
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