E você aí achando que o problema da corrupção é caso quase que exclusiva dos políticos, segundo diariamente a mídia comercial lhe diz. E mais, “colonialmente” você comprando a ideia de que o caso seria apenas brasileiro e de fácil resolução num mundo da “coerção concorrencial” do sistema.
Então veja os casos. Depois dos escândalos graves das montadoras com a alemã Volks falsificando emissões de poluentes, e a japonesa Mitsubishi sobre economia de combustíveis, além dos casos institucionalizados de caixa 2 para fugir de impostos também da alemã Siemens entre vários outros, agora chega o caso da terceira maior siderúrgica japonesa, a Kobe.
A siderúrgica Kobe acaba de admitir que vendeu aço e alumínio com certificações falsificadas de inspeções sobre a resistência destes dois materiais que são as bases de segurança de vários produtos como aviões, satélites e automóveis. Veja a gravidade com as grandes corporações atingidas: Boeing, Toyota, Honda Nissan, Mitsubishi, Kawasaki e Mazda.
Todas estas grandes marcas apavoradas garantem que você não morrerá nos voos e nas viagens de carro. Dizem que estão fazendo “inspeções e análises abrangentes”.
Veja o tamanho do problema e da irresponsabilidade desta turma que agora defende quase que como reza a tal rede de “compliance” que virou moda e demanda uma enorme rede de consultorias faturando milhões e bilhões com oferta de tecnologia e redes que garantiriam de forma matricial imunidade à corrupção.
Nesta toada oferecem ainda “avaliações externas” de indicados a cargos no Estado de forma a garantir aptidão para os indicados pelo mercados. A Caixa Econômica Federal está passando a exigir isto de seus próximos vice-presidentes.
É certo que a corrupção precisa ser enfrentada, mas também é importante que se compreenda que ela é parte de um sistema que transforma tudo em mercadoria e tem na “coerção concorrencial” a qualquer custo, a orientação em busca de produtividade e capacidade de enfrentar o “deus mercado”.
Enquanto isto, muitos seguem com seu moralismo seletivo que, ao mesmo tempo, ataca uns e endeusa outros, entre eles estas marcas dos grandes oligopólios, revitalizadas, diariamente, pela mídia comercial que chega até você para aumentar a credibilidade de seus produtos, apenas com a construção mental de discursos de modernidade e eficiência questionáveis. Para dizer o mínimo.
Para fechar, o caso serve ainda para você repensar esta ideia colonizada, de que há nações mais sérias que outras, sem fazer uma análise crítica e do processo histórico dos Estados-nações. Segundo definição do professor Bruno Leandro da UFF-Campos na postagem deste texto no perfil do Facebook, a corrupção é o azeite do capitalismo
PS.: A fonte da informação é uma matéria sobre o caso da fraude (corrupção) dos jornalistas Peter Wells Emilio Terazono do Financial Times, republicada e traduzida no Valor, 11/10/2017, P. B4 com título e subtítulos: “Fraude da Kobe afeta Boeing, Toyota e Nissan – Siderúrgica japonesa admitiu ter enviado a seus clientes, durante um ano, produtos fora das especificações”.
65 anos, professor titular "sênior" do IFF (ex-CEFET-Campos, RJ) e engenheiro. Pesquisador atuante nos temas: Capitalismo de Plataformas; Espaço-Economia e Financeirização no Capitalismo Contemporâneo; Circuito Econômico Petróleo-Porto; Geopolítica da Energia. Membro da Rede Latinoamericana de Investigadores em Espaço-Economia: Geografia Econômica e Economia Política (ReLAEE). Espaço para apresentar e debater questões e opiniões sobre política e economia. Blog criado em 10 agosto de 2004.
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