O blog com apoio do professor José Carlos Salomão que tabula anualmente os micro-dados do Inep/MEC, vem acompanhando a evolução das matrículas nas graduações nas diversas instituições de ensino superior em Campos dos Goytacazes e demais municípios fluminenses, desde o ano 2000.
Assim, apresentamos abaixo uma tabela com os dados do número de matrículas das 12 instituições que atuam no município de Campos dos Goytacazes, sendo 4 públicas (IFF; UFF; ISEPAM e UENF) e oito particulares (Isecensa; Uniflu; FMC; Estácio; Universo; FACRedentor e FABERJ). Eles mostram a evolução do ano 2003 até o ano de 2016, quando o município atingiu o número de 19.850 matrículas no ensino superior. Os dados deste último Censo (2016) foram há poucos dias disponibilizados pelo Inep/MEC.
A instituição com a maior quantidade de matrículas em Campos dos Goytacazes é a Universidade Estácio de Sá com 3.568 matrículas (4,8% a mais que no a o anterior de 2015). O Instituto Federal Fluminense (IFF) vem em segundo lugar com 3.172 alunos matriculados, com o percentual de 21,7% a mais do que no ano anterior, em função da criação de novos cursos e turmas.
Em 2016, a soma das matrículas nas quatro instituições públicas equivalem a 40% do total 60% das matrículas nas oito instituições particulares. Assim, continuam crescendo em relação as matrículas nas instituições particulares, embora em proporção menor, já quem 2015, estes percentuais foram de 39% de matrículas nas instituições públicas x 61% nas instituições particulares. [1]
Abaixo apresentamos a tabela montada para o blog, pelo professor José Carlos Salomão com dados dos anos 2003; 2008; 2013; 2014; 2015 e 2016. Vale observar que o ano que o município de Campos teve a maior quantidade de alunos matriculados na graduação foi em 2008 com 21.244 universitários na graduação.
Em 2013, tinha caído para 17 mil e depois vem se mantendo próximo dos 20 mil universitários, fora as matrículas no ensino à distância (EaD) e na pós-graduação, tipo lato-sensu (especialização e sctricto-sensu: mestrado e doutorado) onde se estima um número anual em trono de 5 mil matrículas.
É possível ainda identificar uma regularidade no número de matrículas da maioria das instituições, o que parece interessante, em função da crise econômica e da superação de uma situação, onde uma importante parcela das matrículas nas instituições privadas eram bancadas por bolsas pagas pelas prefeituras.
Entre 2004 e 2006, só a Prefeitura de Campos chegou a bancar mais de 9 mil bolsistas, a maioria com valor integral. Hoje, a quantidade de bolsas é relativamente pequeno, em relação ao total de quase 12 mil universitários nas instituições privadas. É certo também que uma boa parte deste público passou a ser atendida pela enorme expansão do programa FIES criado e ampliado nos governos Lula e Dilma.
Dois outros dados são ainda importantes de serem ressaltados:
1) A demanda por cursos universitários agora parece atender a um fluxo de quem já vem estudando nos níveis anteriores. Nos primeiros anos da ampliação das vagas, muitas delas eram preenchidas pela demanda reprimida de quem não pode ir estudar fora e já estava no mercado de trabalho e com um pouco mais de idade.
2) Também nos últimos anos, foi possível observar que o atendimento de universitários que moram de outros municípios, pelas vagas ofertadas em Campos se reduziu. Uma boa parte desta demanda passou a ser atendida pela expansão de outros polos de ensino regionais em Itaperuna, Macaé e cabo Frio. Com isso cresceu o atendimento a alunos dos municípios mais próximos do Norte Fluminense (São Fidélis, Cardoso Moreira, SJB, SFI) e ainda de uma parte do sul do estado do Espírito Santo. Sobre este assunto o blog voltará a comentar e detalhar em outra postagem.
Para fechar esta postagem vale ainda observar que a concorrência entre as instituições privadas pela oferta de matrículas no ensino superior tem sido mantida, até aqui, sem fusão, aquisição e incorporação.
Há um atendimento até certo ponto diversificado, em termo de ofertas de curso e ainda com a criação e manutenção de cursos de especialização. Estes possuem duração de apenas um ano e garantem bom retorno financeiro para as instituições que mantém relação com seus ex-alunos. Porém, é possível ainda observar ações de algumas instituições visando ocupar espaços da concorrência, com a incorporação de alunos das concorrentes.
Um outro importante tópico sobre o ensino superior a ser observado também em Campos dos Goytacazes, é sobre a qualidade do ensino. Tema que merece ser abordado e aprofundado na medida em que, praticamente, apenas as instituições públicas desenvolvem projetos robustos e amplos de pesquisa e extensão, enquanto a maior parte das instituições privadas mantêm apenas aulas para os seus alunos.
Além disso, as instituições privadas praticamente não possuem em seus quadros professores com dedicação exclusiva à instituição. Fato que dificulta ainda mais, ou quase impede, o desenvolvimento de programas e projetos de pesquisa e extensão que qualificam e enriquecem o processo de ensino e aprendizagem, no conhecido e virtuoso tripé da academia.
Referências:
[1] Postagem do blog sobre o Censo no anos anteriores. Em 23 nov. 2016.
Campos aumenta nº estudantes no Ensino Superior para 19,3 mil matrículas. Disponível em: http://www.robertomoraes.com.br/2016/11/campos-aumenta-n-estudantes-no-ensino.html
Em 1 de mar. 2016. Campos possui 18 mil alunos no Ensino Superior. Disponível em: http://www.robertomoraes.com.br/2016/03/campos-possui-18-mil-alunos-no-ensino.html
Em 18 de ago. de 2015. Ensino superior em Campos perde 4 mil matrículas em 5 anos. Disponível em: http://www.robertomoraes.com.br/2015/08/ensino-superior-em-campos-perde-4-mil.html?m=1
Em 31 jul 2015. Campos tem 17,1 mil alunos matriculados no Ensino Superior. Disponível em: http://www.robertomoraes.com.br/2015/07/campos-tem-171-mil-alunos-matriculados.html
65 anos, professor titular "sênior" do IFF (ex-CEFET-Campos, RJ) e engenheiro. Pesquisador atuante nos temas: Capitalismo de Plataformas; Espaço-Economia e Financeirização no Capitalismo Contemporâneo; Circuito Econômico Petróleo-Porto; Geopolítica da Energia. Membro da Rede Latinoamericana de Investigadores em Espaço-Economia: Geografia Econômica e Economia Política (ReLAEE). Espaço para apresentar e debater questões e opiniões sobre política e economia. Blog criado em 10 agosto de 2004.
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