No dia 11 de novembro publicamos aqui, os números de matrículas no ensino superior no município de Campos dos Goytacazes, a partir dos dados do Censo 2016 do Inep/MEC. A publicação também mostrou uma série histórica com dados sobre as estatísticas por instituição nos anos de 2003; 2008; 2013; 2014; 2015 e 2016 (este último divulgado no início deste mês).
O Censo de 2016 mostrou que Campos possuía um total de 19.850 alunos matriculados no ensino presencial em divididos em 12 diferentes instituições e em 60 diferentes tipos de graduação.
Aprofundando os dados um pouco mais, o professor José Carlos Salomão que já havia feito a tabulação anterior, a pedido do blog, levantou também quais são os cursos com mais matrículas no município de Campos dos Goytacazes.
Cursos superiores com mais matrículas em Campos dos Goytacazes no ano de 2016
Pela tabela publicada abaixo, o curso com mais matrículas no município continua sendo o de Direito com 1.829 estudantes, quase 10% do total, que estão distribuídos em 5 instituições. A seguir vem o curso de Pedagogia com 1.360 matrículas distribuídas em 6 instituições. Em terceiro lugar, Engenharia Civil co 1.227 matrículas distribuídas em 4 instituições. Em quarto lugar Psicologia com 1.073 matrículas distribuídas em 3 instituições.
De certa forma, um surpresa é o aumento das matrículas no curso de Nutrição que é o quinto com maior quantidade de matrículas alcançando 1.010 estudantes distribuídos em 3 instituições.
Seguem as matrículas nos cursos de:
6- Engenharia Mecânica com 996 matrículas em 3 instituições;
7- Arquitetura e Urbanismo com 820 matrículas em 3 instituições;
8 - Engenharia de Produção com 800 matrículas em 6 instituições. Curso já foi um dos mais
procurados em Campos em passado recente.
9 - Administração com 788 matrículas em 5 instituições. Outro curso que já foi bem mais procurado.
10 - Educação Física com 716 matrículas em 5 instituições.
11 - Enfermagem com 696 matrículas em 4 instituições.
12 - Medicina com 612 matrículas numa instituição.
13 - Serviço Social com 595 matrículas em 2 instituições;
14 - Geografia (licenciatura) com 439 matrículas em 2 instituições;
15 - Fisioterapia com 408 matrículas em 3 instituições. Outro curso que já foi muito procurado.
Algumas questões
Mais do que as estatísticas destas matrículas e sua evolução ao longo do tempo, eu me pergunto, que relação os tipos de graduação podem ter com o desenvolvimento regional e às perspectivas de geração de emprego, mesmo sabendo, que não necessariamente, todas as formações (50) precisam seguir esta premissa, mas podem também, considerar os interesses de saber individual das pessoas.
Porém, observando os dados deste Censo 2016, sobre as matrículas na graduação presencial no município de Campos dos Goytacazes, e considerando que 60% delas estão nas instituições privadas, uma pergunta surge quase naturalmente.
Será que estas opções de cursos ofertadas pelas instituições de ensino e demandados pelos alunos (na maioria jovens) - e mesmo considerando a diversidade das ofertas de graduação (60) - e também analisando as quantidades de vagas ofertadas por tipo de curso, não estariam olhando mais o passado que o presente e o cenário futuro?
A qualidade da formação é outro fator que deveria interessar não apenas às instituições, mas aos alunos e à comunidade local/regional. Ter uma boa formação na graduação é muitas vezes mais importante do que até a escolha da área e/ou curso.
Neste campo de análise se observa que os ex-alunos que mais se interessam pela boa formação, para além da certificação, estão sendo obrigados a procurar logo após a conclusão da graduação, os cursos de pós-graduação, tipo especialização (lato-sensu), ou mestrado e doutorado (stricto-sensu).
Os cursos de mestrado e doutorado no município estão se ampliando, mas ainda são poucos diante da imensidão de ofertas dos cursos de especialização. Estes muitas vezes, antes de especializar, acabam por tentar suprir lacunas da formação durante a graduação.
Fato que nem sempre é atendido pela maioria das especializações. Boa parte das ofertas de cursos de especialização visa mais os ganhos financeiros que, novamente, os resultados e qualidade da formação.
Todos sabemos que a razão disto está ligada à quase total falta de atuação das instituições privadas nas áreas de pesquisas e extensão, que em tese alimentariam não apenas os mestrados e doutorados, mas também a boa qualidade nos cursos de graduação e especialização.
Enfim, este é um debate que deveria interessar ao município e à região, para além da relação direta entre instituições (universidades, institutos, centros e faculdades) e os alunos que buscam a formação. Porém, parece que também neste campo, a lógica tem sido a de liberal de deixar o mercado se auto-ajustar.
PS.: Atualizado às 13:45 para justes no texto.
65 anos, professor titular "sênior" do IFF (ex-CEFET-Campos, RJ) e engenheiro. Pesquisador atuante nos temas: Capitalismo de Plataformas; Espaço-Economia e Financeirização no Capitalismo Contemporâneo; Circuito Econômico Petróleo-Porto; Geopolítica da Energia. Membro da Rede Latinoamericana de Investigadores em Espaço-Economia: Geografia Econômica e Economia Política (ReLAEE). Espaço para apresentar e debater questões e opiniões sobre política e economia. Blog criado em 10 agosto de 2004.
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