Os gasodutos são ainda mais estratégicos no caso do gás do que do óleo. O gás precisa dos dutos ou teriam que ter unidades de liquefação offshore, porque se elas forem instaladas onshore (no continente) precisariam dos gasodutos.
A unidade de liquefação ou transformação do gás natural (GN) em Gás Natural Liquefeito (GNL ou LNG) resfria o gás a menos 240º C. Sob esta forma, o gás ganha mobilidade sem o duto e pode ser transportado por navios até o destino, onde é aquecido, em unidades de regaseificação que são mais baratas e ficarão próximas ao seu consumo, normalmente junto aos portos e a usinas de geração elétrica que é o uso mais comum de quem o adquire. [1]
Assim, se vê o tamanho dos crimes de lesa-pátria que se cometem, sem que que se questione estes desvios de gestão, bem maiores que os praticados anteriormente.
Desta forma, é terrível identificar a Petrobras vendendo toa a sua rede de gás. Desde a malha do Sudeste entregue para um fundo financeiro canadense, até a malha de gasodutos do Nordeste que está sendo quase doada para outro fundo financeiro, um americano.
Pior ainda é saber que a tarifa que se paga aos novos donos é sempre pela capacidade total de uso do mesmo, mesmo que isso não aconteça, por algum motivo. Mais, que o valor da tarifa de uso que a Petrobras já está pagando é tão alta que em cerca de 18 meses a estatal terá pago todo o valor que recebeu com a venda desta estratégica instalação. E ainda que a Transpetro, outra subsidiária da estatal, continua sendo a responsável pela manutenção destas redes de gasodutos. Ou seja a estatal repassa ao setor privado, uma enorme e garantidíssima renda de monopólio. [2]
Aqui é possível ver mais algumas informações sobre os gasodutos no ERJ numa postagem do blog, feita em 15 de maio de 2016, com o título "Gasoduto que interliga Pré-sal da Bacia de Santos ao Terminal de Cabiúnas em Macaé é simbólico e inverte relação que havia com o óleo entre o RJ e SP". [3]
Nesta postagem também se recordou como houve uma mudança espacial entre a extração na Bacia de Campos, com gasodutos para a região metropolitana fluminense e para São Paulo, com o ramal Rota-2 levando o gás natural da Bacia de Santos para ser processado em Macaé, onde está o maior polo de processamento de GN do país.
E agora, com a instalação do Rota-3 levará o gás também explorado na Bacia de Santos para ser processado e utilizado no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) que está sendo concluído no município fluminense de Itaboraí
Abaixo publicamos um quadro que consta da tese do blogueiro [4] com as características dos gasodutos instalados no ERJ com dados sobre ano de instalação, percurso (origem-destino), extensão, dimensão e capacidade de escoamento.
Tese do autor. P.426/560 [4] |
É ainda fundamental comentar que simultaneamente à venda dos ramais, a empresa volta a construir mais um gasoduto. E para isto, a empresa não procura parceiros. Banca sozinha a implantação e instalação.
Interessante, os fundos não se interessam em construir nada. Apenas apanhar a preço vil o que já está construído, funcionado perfeitamente, com garantia de uso e de tarifas absurdas.
Tudo isso é cretino demais. Difícil até de acreditar. Vejamos então o anúncio que a estatal faz da construção do ramal de gasodutos Rota 3. Ele viabilizará o escoamento e processamento de cerca de 21 milhões de metros cúbicos de gás natural associado à produção de petróleo do Pré-Sal da Bacia de Santos.
Em apresentação feita para os representantes do Conleste (Consórcio Intermunicipal de Desenvolvimento do Leste Fluminense), que compreende 15 cidades no estado do Rio de Janeiro, a gerente executiva Marina Fachetti, de Projetos de Refino, Gás e Energia, destacou que o início de operação do Rota 3 está previsto para 2020.
Além de um sistema de dutos, que inclui um gasoduto de aproximadamente 307 quilômetros em seu trecho marítimo, estão entre as principais obras do Rota 3 uma unidade de processamento de gás natural e estruturas administrativas e operacionais necessárias para a operação.
O Gasoduto possui aproximadamente 355 km de extensão total, sendo 307 km no trecho marítimo e 48 km referentes ao trecho terrestre escoando o gás natural do Polo Pré-Sal da Bacia de Santos até o Complexo Petroquímico do Estado do Rio de Janeiro (Comperj), em Itaboraí.
A vazão de escoamento do gasoduto é de aproximadamente 18 milhões de m³ por dia. O Gasoduto já recebeu as licenças do IBAMA, em julho de 2016, compreendido entre as lâminas d’água de 58 m e 2.190 m de profundidade. As atividades para instalação deste trecho foram iniciadas em outubro de 2016.
O Gasoduto possui aproximadamente 355 km de extensão total, sendo 307 km no trecho marítimo e 48 km referentes ao trecho terrestre escoando o gás natural do Polo Pré-Sal da Bacia de Santos até o Complexo Petroquímico do Estado do Rio de Janeiro (Comperj), em Itaboraí.
A vazão de escoamento do gasoduto é de aproximadamente 18 milhões de m³ por dia. O Gasoduto já recebeu as licenças do IBAMA, em julho de 2016, compreendido entre as lâminas d’água de 58 m e 2.190 m de profundidade. As atividades para instalação deste trecho foram iniciadas em outubro de 2016.
A instalação do Gasoduto Rota 3, em seu percurso utilizará áreas dos municípios de Niterói, Maricá, Saquarema e Itaboraí onde chegará após o início da parte terrestre no município litorâneo de Maricá, na praia de Jaconé. O gasoduto terrestre passará pelos municípios de Maricá e Itaboraí. Abaixo publicamos o mapa divulgado pela Petrobras sobre origem e destino dos gasodutos Rota 3 e 2 desde a bacia de Santos aos pontos de recebimento no ERJ, em Macaé e Maricá/Itaboraí.
[4] Tese do autor defendida em mar. 2017, no PPFH-UERJ: “A relação transescalar e multidimensional “Petróleo-porto” como produtora de novas territorialidades”. Disponível na Rede de Pesquisa em Políticas Públicas (RPP)-UFRJ: http://www.rpp.ufrj.br/library/view/a-relacao-transescalar-e-multidimensional-petroleo-porto-como-produtora-de-novas-territorialidades
Referências:
[1] Mais detalhes sobre o aumento do papel estratégico do uso do LGN no mundo pode ser visto aqui na postagem do blog feita em 11 de jul de 2016, com o título: A ampliação do poder estratégico e geopolítico do Gás Natural (GNL) na matriz energética mundial. No texto que é um artigo há várias referências e outras postagens que falam do aumento do poder estratégico do gás natural na matriz energética mundial e na geopolítica.
Disponível em: http://www.robertomoraes.com.br/2016/07/a-ampliacao-do-poder-estrategico-e.html
[2] Postagem do blog sobre a venda da malha de gasodutos do Nordeste em 3 dez. 2017, com o título
"Outro fundo financeiro (Blackstone) deve levar a rede de gasodutos da Petrobras no Nordeste, em mais um escárnio!" Disponível em: http://www.robertomoraes.com.br/2017/12/outro-fundo-financeiro-blackstone-deve.html
[3] Postagem do blog em 15 de maio de 2016, com o título "Gasoduto que interliga Pré-sal da Bacia de Santos ao Terminal de Cabiúnas em Macaé é simbólico e inverte relação que havia com o óleo entre o RJ e SP". Disponível em: http://www.robertomoraes.com.br/2016/05/gasoduto-que-interliga-
pre-sal-da-bacia.html[4] Tese do autor defendida em mar. 2017, no PPFH-UERJ: “A relação transescalar e multidimensional “Petróleo-porto” como produtora de novas territorialidades”. Disponível na Rede de Pesquisa em Políticas Públicas (RPP)-UFRJ: http://www.rpp.ufrj.br/library/view/a-relacao-transescalar-e-multidimensional-petroleo-porto-como-produtora-de-novas-territorialidades
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