Passado este tempo - 25% de todo o mandato - a sensação daquilo que não era bom ficou bem pior.
O governo além de não ter capacidade de gestão para enfrentar as dificuldades já conhecidas e verbalizadas pelo próprio candidato eleito, que dizia possuir condições para enfrentar, deixou clara sua insensibilidade social, inoperância e ainda o pouco apetite e interesse para fazer mais com menos. Este era o desafio conhecido, assumido e hoje completamente abandonado.
Por isso, não adianta ficar diariamente chorando os bilhões derramados. Foi isso que deu ao prefeito a eleição e a oportunidade de fazer melhor e não diferente. Se o quadro econômico-político fosse outro não teria sido eleito. O resultado: cortes nos projetos sociais de forma indiscriminada. Ou seja, rasgos e emendas sem resultados.
A pressão das classes e pessoas atingidas vai aumentar. É pueril e desnecessário pretender manter a polarização da disputa com o grupo político que derrotou, quando o descontentamento é muito mais amplo, embora incorpore estes que hoje fazem parte da oposição, fato que é da natureza da política.
Ao contrário do que alguns estimavam e desejavam antes das eleições, o governo eleito, ao invés do lado bom que poderia ter absorvido dos dois lados, da herança política que teria herdado - relativamente opostos entre pai e avô -, hoje, o que se diz é que a prevalência seria sobre a pior parte de ambos.
Enfim, o quadro é muito ruim. Um governo elitista, tecnocrático e sem projetos. De dentro do próprio governo e apoiadores eleitorais soam várias vozes que apontam suas decepções.
Passado um ano de gestão pode-se perguntar: este governo serve a quê e a quem? Qual(is) o(s) seu(s) principal(is) projeto(s)? Quais os projetos de desenvolvimento econômico? Da área da saúde? Educação? Falta mais que dinheiro, criatividade e vontade de desenvolver Políticas Públicas.
A inanição e inoperância é tão grande que se torna desnecessário atualizar aquilo que escrevi neste espaço em maio, ainda com alguma - mesmo que pouca - expectativa, sobre a atual gestão da Prefeitura de Campos.
Desta forma, após um ano, eu replico abaixo o que escrevi neste texto, apenas mudando o último parágrafo, porque ficou difícil acreditar em inflexões e mudanças.
Um desgoverno como este necessita ser pressionado pela população que precisa de uma gestão que tenha coragem para gerir de forma participativa uma transição com Políticas Públicas, especialmente para aqueles cidadãos que mais dependem dos governos.
As primeiras sinalizações indicam que Campos estaria diante de um grupo político que continua apenas com projeto de poder e não de gestão
Depois de conceder e aguardar quatro meses (120 dias), já é hora de falar da atual gestão da Prefeitura de Campos. Além de estar com as observações menos voltadas para as questões locais, já há algum tempo, eu considerava até então, um período curto para uma avaliação com maior base ou densidade.
Ainda assim as sinalizações que já não eram positivas levam agora a mais algumas interpretações.
Governo nenhum indica adversários para sua gestão e sim aliados. Desta forma, o maior problema no caso da gestão que acaba de assumir é a mudança de discurso, tão recente, de que seria possível governar com menos assessores e DAS e agora deixa o dito de lado.
Além disso, a parentocracia resultante de dezenas de indicações sugere algo pior do que o evidente patrimonialismo decorrente deste fenômenos: a constatação da ausência de propostas de políticas públicas, cujo corpo diretivo deveria estar sendo nomeado para executar. Assim, nomeia-se os próximos por falta de opção, ideias e projetos.
Esta talvez seja a pior sinalização que a gestão do novo governo no município de Campos dos Goytacazes. Quais são as Políticas Públicas prioritárias para atender aos eleitores que decidiram não apenas por uma renovação, mas especialmente, por políticas públicas mais eficientes? É preciso ser melhor e não diferente.
Não me refiro aos chavões do debate eleitoral e sim de políticas públicas para as várias áreas. Quais serão as marcas, os carros-chefes que o governo quer implementar? O que foi delineado aos indicados para os principais cargos?
Observa-se ainda no conjunto das indicações das assessorias, a ausência de lideranças das classes de mais baixa renda, no escopo do novo desenho do corpo gestor da prefeitura, o que pode sugerir preconceito ou elitismo. Isso é perigoso porque ajuda a distanciar a gestão das demandas mais reais e mais urgentes dos grupos das pessoas que mais necessitam do governo, especialmente, o local.
Este é um risco ainda maior na medida que tende a ajudar a aprisionar a máquina nas mãos das elites, sempre interessadas naquilo que máquina pública tem para saciar quem suga mais e precisa menos.
O que será feito para superar a dependência da petrorrenda dos royalties do petróleo? Como gerar emprego? Como melhorar a eficiência da área de saúde com tantos programas pendurados na pasta com poderes e gastos que parecem dispersar o essencial? Quais serão os projetos para a área de agricultura? Como resolver os gargalos do transporte público entre oficial e “alternativo”? Etc., etc...
É certo que os programas de governo durante as eleições servem apenas de escopo para o debate, mas como este foi frágil e por demais superficial, as propostas de políticas públicas precisam ser gestadas.
Com uma rapidez até surpreendente a gestão parece ter fechado em si próprio. Não há sinalizações de interesse em auscultação aos setores da sociedade que possam falar para além dos interesses específicos de grupos e que rechaçam a cooptação política, como princípio.
Plano de metas sem orçamento participativo é um mero exercício de intenções em que se listam centenas de ideias, sem prioridades e sem o debate sobre a alocação de recursos para a efetiva implantação das propostas.
Diante deste vazio muito pior do que o clientelismo surgido das indicações para a gestão, continua-se esperando que as mudanças de rumo sejam efetivamente tomadas. Caso contrário poderemos assim interpretar que o município foi colocado diante de mais um grupo político com projeto de poder e não de gestão.
Neste sentido, o grupo trata das eleições de 2018 e das decisões de quem será o candidato da máquina a deputado federal e deputado estadual. Já o feijão com arroz da administração a inapetência continua a tônica.
O quadro político e econômico nacional é assustador e o governo golpista é um péssimo conselheiro. O município é a escala de governo onde a proximidade com as pessoas é maior. É onde se poderia ter aproveitado o cacife eleitoral para uma conversa sincera com a população.
Não adianta ficar diariamente chorando os bilhões derramados. Foi isso que deu ao prefeito a eleição e a oportunidade de fazer melhor e não diferente. Se o quadro econômico-político fosse outro não teria sido eleito.
Será preciso usar não apenas, melhor, mas muito melhor e criteriosamente o dinheiro. Em 10 anos, o orçamento será menor que o de hoje, os royalties cairão paulatinamente até o valor de dezenas de milhões anualmente, quando já forma R$ 1,5 bilhão por ano. Não é simples, mas é preciso começar e já se passaram quase 10% do mandato e as sinalizações são ruins.
Não sou ingênuo e sei que faz parte do script da política a organização para chegar e depois ampliar seu poder político. Mas é indispensável que isto seja feito a partir de uma boa gestão e da formulação de Políticas Públicas consistentes e eficientes.
Com 58 anos, eu já superei as fases de exigir milagres e de bater palmas para alvoroços midiáticos. Porém, de outro lado, a experiência já permite que se possa ler com um pouco mais de clareza as direções das coisas e das gestões no setor público.
A decisão por produzir este breve texto tem a intenção de alerta e de boa provocação – mesmo em meio à repulsa que o mesmo venha gerar – para que se possa, assim, de forma crítica, ajudar a mudar o rumo das coisas, mais até do que delinear uma nova fase crítica (sempre propositiva) que já vinha fazendo às seguidas e últimas administrações do município de Campos. No início de governo absorver e aproveitar mesmo que parte das críticas é sempre mais indicado que os cochichos dos colaboradores acríticos de gabinete.
Torço por inflexão e mudanças, mas já um tanto incrédulo. A conferir!
Ainda assim as sinalizações que já não eram positivas levam agora a mais algumas interpretações.
Governo nenhum indica adversários para sua gestão e sim aliados. Desta forma, o maior problema no caso da gestão que acaba de assumir é a mudança de discurso, tão recente, de que seria possível governar com menos assessores e DAS e agora deixa o dito de lado.
Além disso, a parentocracia resultante de dezenas de indicações sugere algo pior do que o evidente patrimonialismo decorrente deste fenômenos: a constatação da ausência de propostas de políticas públicas, cujo corpo diretivo deveria estar sendo nomeado para executar. Assim, nomeia-se os próximos por falta de opção, ideias e projetos.
Esta talvez seja a pior sinalização que a gestão do novo governo no município de Campos dos Goytacazes. Quais são as Políticas Públicas prioritárias para atender aos eleitores que decidiram não apenas por uma renovação, mas especialmente, por políticas públicas mais eficientes? É preciso ser melhor e não diferente.
Não me refiro aos chavões do debate eleitoral e sim de políticas públicas para as várias áreas. Quais serão as marcas, os carros-chefes que o governo quer implementar? O que foi delineado aos indicados para os principais cargos?
Observa-se ainda no conjunto das indicações das assessorias, a ausência de lideranças das classes de mais baixa renda, no escopo do novo desenho do corpo gestor da prefeitura, o que pode sugerir preconceito ou elitismo. Isso é perigoso porque ajuda a distanciar a gestão das demandas mais reais e mais urgentes dos grupos das pessoas que mais necessitam do governo, especialmente, o local.
Este é um risco ainda maior na medida que tende a ajudar a aprisionar a máquina nas mãos das elites, sempre interessadas naquilo que máquina pública tem para saciar quem suga mais e precisa menos.
O que será feito para superar a dependência da petrorrenda dos royalties do petróleo? Como gerar emprego? Como melhorar a eficiência da área de saúde com tantos programas pendurados na pasta com poderes e gastos que parecem dispersar o essencial? Quais serão os projetos para a área de agricultura? Como resolver os gargalos do transporte público entre oficial e “alternativo”? Etc., etc...
É certo que os programas de governo durante as eleições servem apenas de escopo para o debate, mas como este foi frágil e por demais superficial, as propostas de políticas públicas precisam ser gestadas.
Com uma rapidez até surpreendente a gestão parece ter fechado em si próprio. Não há sinalizações de interesse em auscultação aos setores da sociedade que possam falar para além dos interesses específicos de grupos e que rechaçam a cooptação política, como princípio.
Plano de metas sem orçamento participativo é um mero exercício de intenções em que se listam centenas de ideias, sem prioridades e sem o debate sobre a alocação de recursos para a efetiva implantação das propostas.
Diante deste vazio muito pior do que o clientelismo surgido das indicações para a gestão, continua-se esperando que as mudanças de rumo sejam efetivamente tomadas. Caso contrário poderemos assim interpretar que o município foi colocado diante de mais um grupo político com projeto de poder e não de gestão.
Neste sentido, o grupo trata das eleições de 2018 e das decisões de quem será o candidato da máquina a deputado federal e deputado estadual. Já o feijão com arroz da administração a inapetência continua a tônica.
O quadro político e econômico nacional é assustador e o governo golpista é um péssimo conselheiro. O município é a escala de governo onde a proximidade com as pessoas é maior. É onde se poderia ter aproveitado o cacife eleitoral para uma conversa sincera com a população.
Não adianta ficar diariamente chorando os bilhões derramados. Foi isso que deu ao prefeito a eleição e a oportunidade de fazer melhor e não diferente. Se o quadro econômico-político fosse outro não teria sido eleito.
Será preciso usar não apenas, melhor, mas muito melhor e criteriosamente o dinheiro. Em 10 anos, o orçamento será menor que o de hoje, os royalties cairão paulatinamente até o valor de dezenas de milhões anualmente, quando já forma R$ 1,5 bilhão por ano. Não é simples, mas é preciso começar e já se passaram quase 10% do mandato e as sinalizações são ruins.
Não sou ingênuo e sei que faz parte do script da política a organização para chegar e depois ampliar seu poder político. Mas é indispensável que isto seja feito a partir de uma boa gestão e da formulação de Políticas Públicas consistentes e eficientes.
Com 58 anos, eu já superei as fases de exigir milagres e de bater palmas para alvoroços midiáticos. Porém, de outro lado, a experiência já permite que se possa ler com um pouco mais de clareza as direções das coisas e das gestões no setor público.
A decisão por produzir este breve texto tem a intenção de alerta e de boa provocação – mesmo em meio à repulsa que o mesmo venha gerar – para que se possa, assim, de forma crítica, ajudar a mudar o rumo das coisas, mais até do que delinear uma nova fase crítica (sempre propositiva) que já vinha fazendo às seguidas e últimas administrações do município de Campos. No início de governo absorver e aproveitar mesmo que parte das críticas é sempre mais indicado que os cochichos dos colaboradores acríticos de gabinete.
Torço por inflexão e mudanças, mas já um tanto incrédulo. A conferir!
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