domingo, fevereiro 18, 2018

Redução da produção de petróleo não para de cair e agrava quadro da Venezuela

Impressiona muito ver o gráfico que mostra a redução dos níveis de produção de petróleo na Venezuela nos últimos dois anos. De forma especial, no período desde a virada dos anos de 2015 para 2016, quando a produção caiu de cerca de 2,3 milhões de barris por dia (bpd), para cerca de 1,6 milhão de bpd, agora em janeiro de 2018.

Produção de petróleo da Venezuela, período 2005-2018. Fonte: OPEP. 






















A queda da produção de petróleo na Venezuela só do mês de dezembro para janeiro, foi de 98.000 barris por dia e de 273.000 bpd só nos últimos três meses, apesar da recuperação do preço do barril de petróleo no mercado internacional.

Só para efeito de comparação , segundo a ANP, o Brasil produziu em dezembro de 2017, 2,612 milhões de barris por dia de óleo, mais 113 milhões de m³ por dia de gás, totalizando o volume de 3,325 milhões de m³ de barris de óleo equivalente (boe) por dia. Só a produção de óleo e gás do pré-sal que totaliza 1,685 milhões de boepd já é maior que a produção da Venezuela.

Não é difícil entender esta situação, ao observar que a redução da produção de petróleo leva à diminuição das rendas das exportações. Estas por sua vez, precisam cada vez mais serem usadas para sanar as condições básicas da população, o que leva à redução dos investimentos necessários para manter a própria produção de petróleo.

Desta forma a produção de petróleo não para de cair e vai apontando para um grave colapso. Este quadro só terá a sua gravidade reduzida se a China se dispuser a fazer novos aportes (empréstimos), com maiores prazos maiores para que a Venezuela possa sair do quadro mais agudo.

Este processo não é algo simples na medida que a pressão dos EUA cresce sobre o país aumentando os riscos de que os chineses possam não receber este dinheiro de volta. A China já emprestou mais de US$ 20 bilhões à Venezuela tendo como garantia, barris de petróleo. Além da China o Banco Mundial e o BID emprestaram juntos quase outros US$ 20 bilhões à Venezuela. 

O fato da Venezuela, assim como os demais países membros da Opep, terem sofrido da doença holandesa (maldição mineral) e ter ficado extremamente dependente das rendas desta atividade extrativista amplia a gravidade e o atual estrangulamento que começou com variação brusca do ciclo petroeconômico e redução do preço do barril no mercado internacional, a partir do ano de 2015.

O certo é que os interesses sobre o petróleo da Venezuela que possui a maior reserva do mundo são muito grandes e, em termos geopolíticos, estarão sempre acima das preocupações sobre o dia a dia da população deste belo país sul-americano.

PS.: Atualizado às 11:48 e 12:00: Para ligeiros acréscimos no texto original.

2 comentários:

Anônimo disse...

E qual é a SUA opinião sobre isto? A culpa é do Imperialismo Americano?

Roberto Moraes disse...

Este assunto já foi tratado aqui no blog por dezenas de vezes e em profundidade ao analisar sobre o ciclo petroeconômico em diversas dimensões, em especial a geopolítica. Com estas palavras-chaves é possível localizar as postagens. Ou ainda no resultado da pesquisa deste blogueiro em sua tese de doutoramento, também, já bastante divulgada.