sexta-feira, março 30, 2018

Brasil triplica importações de etanol nos dois últimos anos e repete aumento das importações de derivados de petróleo, consequência da política de combustíveis de Parente. Também neste caso ganham as tradings e importadoras e perdem a população, a Petrobras e os produtores nacionais

A política de combustíveis adotada por Parente na Petrobras fez com que a importação de etanol - basicamente dos EUA - mais que dobrasse em 2017, depois de ter aumentado em 60% em 2016, em relação a 2015.

O resultado disto é que novamente ganham as tradings e as importadoras que fazem estas operações no Brasil. É um processo similar ao que o blog comentou aqui, em artigo no dia 22 março, com o petróleo e seus derivados, onde as tradings ganham duplamente com a maior importação de combustíveis e derivados e exportação simultânea de óleo cru.

O blog buscou a informação sobre os dados de importação de etanol neste novo cenário de altos preços praticados pelo mercado para o consumidor e se espantou com o que viu. Nada, ou muito pouco sobre este fato, vem sendo comentado pela mídia comercial e nem mesmo pelos produtores nacionais de álcool.

Os números são espantosos. E mostram de forma clara, a virada a partir de 2016, a partir do impeachment, quando a nova diretoria da Petrobras, comandada por Parente, assumiu e introduziu a atual política de preços dos combustíveis no Brasil que leva a várias consequências, ainda não observadas em sua totalidade, para além do aumento dos preços dos combustíveis para a população.








Em 2015, as importações brasileiras de etanol estavam na faixa, já alta, de meio milhão de litros de álcool. Em 2016, tinha subido em cerca de 60%, quando atingiu 832 milhões de litros de etanol. Porém, em 2017, o aumento das importações disparou em 120%, em relação ao volume já muito alto de 2016, alcançando o recorde de 1,8 bilhão de litros. Em 2018, apenas nos dois primeiros meses (janeiro e fevereiro) as importações de etanol do Brasil atingiu o volume de 323,5 milhões de litros de etanol.

É verdade que o Brasil também exporta etanol ao mesmo tempo que importa. Porém, segundo a ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis), o Brasil fechou 2017 com um déficit na balança comercial de etanol, com importações superando as exportações do combustível pela primeira vez desde o início da série histórica divulgada pela ANP, em 2004.

Em 2017, o Brasil importou 445 milhões de litros de etanol a mais do que exportou. Também em  2017, as compras externas de etanol somaram US$ 897,79 milhões. Valor 127,47% maior que os US$ 394,68 milhões de 2016, segundo o MDIC (Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços).

Este quadro de tão gritante, levou em agosto do ano passado, a Secretaria Executiva da Câmara de Comércio Exterior (Camex) a taxar em 20% o volume de etanol acima de uma cota de 150 milhões de litros importados a cada trimestre. Porém, pelo que se vê com os volumes importados, esta medida tem sido inócua para conter o aumento das importações de etanol pelo Brasil.

Os EUA tem tando interesse nestas exportações de etanol para o Brasil que nesta última semana. sinalizou trocar as tarifas recém impostas ao aço brasileiro, pelo corte desta tarifa de importação de seu etanol.

É fato que as decisões da Petrobras, pegou o setor produtor de álcool nacional num contrapé, em termos de competitividade com o etanol americano. Assim se está criando uma absurda e nova dependência externa do etanol dos EUA, resultado do pouco caso com a produção nacional.

Vale ainda lembrar que tudo isto tem ligações com o avanço da participação das tradings e das corporações do agronegócio na produção nacional de álcool, além do avanço das empresas estrangeiras de combustíveis em nosso mercado interno.

Entre outros se pode destacar, que a Biosev, uma unidade da tradding Louis Dreyfus. A Raizen, que é uma joint venture da Shell com a Cosan. E a ainda a relação da Copersucar, que hoje está junto da empresa americana de comércio de biocombustíveis, a Eco-Energy.

Juntando os resultados sobre as importações de combustíveis e derivados mais álcool (etanol) e exportações de óleo cru pelo Brasil, nestes últimos dois anos, se pode perceber de forma clara e inequívoca, como o Brasil regrediu e se tornou dependente das tradings - de onde veio Parente - que assim ampliam os seus lucros no país.

Enquanto isto perde, a população que paga mais pelos combustíveis nos postos de abastecimento, perde a Petrobras em mercado interno, perdem os produtores nacionais e ganham as tradings e os exportadores americanos. Nos dois casos as importações são feitas basicamente dos EUA. No caso do etanol praticamente toda a importação, ou cerca de 99%.

O aprofundamento das investigações sobre a relação entre gestores que veem tomando decisões que redundam no quadro descrito acima e os interesses comerciais das corporações beneficiadas,  operadores e diretores dos fundos financeiros e bancos, que controlam estas empresas no Brasil e no exterior. Estas pesquisas apontarão mais dados e indicadores a respeito dos movimentos deste setor econômico que envolve a relação entre os gestão e interesses públicos e privados. A conferir!

PS.: Atualizado às 21:54: Para corrigir a digitação das importações de etanol em 2017 pelo Brasil. A o invés de 1,8 milhões de litros, o correto é 1,8 bilhão de litros. E também para incluir a informação de que apenas nos dois primeiros meses de 2018 (janeiro e fevereiro) as importações de etanol do Brasil atingiram 323,5 milhões de litros de etanol.

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