quinta-feira, abril 12, 2018

Players estrangeiras sobem percentual na produção nacional de óleo e gás, no momento em que as reservas mundiais caem e a demanda cresce

Segundo dados da ANP, as petroleiras estrangeiras já ultrapassam 25% da produção nacional através de concessões. A produção de óleo + gás natural em fevereiro, segundo a Agência Nacional de Petróleo (ANP) atingiu 3,3 milhões de boepd. A Petrobras produziu 2,5 milhões de boepd deste total. (boepd, significa: barris de óleo equivalente - óleo + gás - por dia)

Percentual quatro vezes maior do que a produção de apenas 5 anos atrás. Além do acesso aos campos através dos leilões da ANP, a Petrobras, segue entregando parte de seus ativos. 

Enquanto operadora dos campos a Petrobras continua com controle de 93,8% da produção. Isto se dá porque as players estrangeiras não são bobas. As petroleiras estrangeiras desejam apenas contar com a expertise da estatal brasileira, na em exploração e produção em águas profundas e ultraprofundas. 

As players estrangeiras que avançam na produção nacional de óleo e gás são lideradas pela anglo-holandesa Shell que já chegou a 414 mil boepd, depois que adquiriu a petroleira inglesa BG, por quase US$ 60 bilhões, por conta dos ativos que esta possuía no Brasil, na fusão que representou o maior negócio do setor de petróleo no mundo nesta última década. 

Em seguida vem a portuguesa Petrogal (109 mil boepd); a espanhola Repsol (98 mil boepd); a norueguesa Statoil (42 milboepd); a chinesa Sinochen (28 mil boepd); a francesa Total (23 mil boepd), etc.

Abaixo o blog publica a relação das 20 maiores produções de óleo e gás natural no Brasil por concessionária:

Boletim da Produção de Petróleo e Gás Natural no Brasil. Fevereiro 2018. P.16/32.  




























A tendência é que este percentual das petroleiras estrangeiras se eleve bastante até 2040. Só a Shell estará produzindo entre o ano que vem e 2020 mais de meio bilhão de boepd. 

A Total, Statoil e a Esso avançaram também de forma significativa com o acesso a ativos que eram da Petrobras nos campos maduros da bacia de Campos e nos ativos vendidos (entregues) e os obtidos nas áreas leiloadas do Pré-Sal.

O pior disso tudo é que as players (petroleiras estrangeiras) fazem o que querem com a sua produção aqui no país. Podem exportar o óleo para ser beneficiado (refinado fora). Se quiserem podem parar ou acelerar a produção de acordo com os seus interesses e não aqueles do país.


Enquanto isto no plano global...

Enquanto no Brasil, os defensores do mercado hoje no governo e à frente das estatais dizem que é preciso queimar todas as nossas reservas de petróleo, por conta do avanço das demais formas de energia, os EUA volta a agir para controlar o Oriente Médio, por razões ligadas - como se sabe - à geopolítica do petróleo.

O consumo global de petróleo subiu apenas este ano 1,5 milhão de barris por dia (bpd) vinculados ao aumento do consumo de óleo nos setores petroquímico, industrial e nos transportes, em especial na aviação.

Há um declínio considerável das reservas ligadas ao campos de petróleo com mais baixo custo de produção. Além disso, se constata uma redução na produção nos campos mais antigos e maduros em todo o mundo.

A Agência Internacional de Energia (AIE) que monitora as reservas e produção em todo o mundo diz que “por ano se está perdendo (o equivalente a um Mar do Norte em produção), cerca de 3 milhões de barris por dia”.

Por conta da fase de baixos preços do petróleo (fase de colapso do ciclo petro-econômico), os investimentos em exploração de petróleo e gás seguem baixos, apesar da recente recuperação dos preços globais do petróleo para os níveis do final de 2014. 

Ainda segundo a AIE, os investimentos no setor em 2018 deverá atingir a apenas 40% do que eram feitos até o ano de 2014, antes da virada da fase para colapso nos preços do ciclo petro-econômico.

Enquanto isso, aqui no Brasil vai-se entregando tudo a preço vil (campos, ativos como gasodutos, setor petroquímico, distribuição de derivados), desintegra-se a cadeia produtiva; rebaixam-se os níveis regulatórios no setor de óleo e gás, assim como as exigências de conteúdo local (que adensaria a nossa cadeia produtiva ligada à indústria do setor), ao mesmo tempo em que se ampliam as isenções fiscais com o Repetro (da União e dos estados), etc.

Um quadro terrível para qualquer lado que se olhe. Quanto mais se observamos os indicadores nacionais e globais do setor mais duro é encarar a realidade.

Um comentário:

xacal disse...

Roberto, um fora de tópico, já que o assunto ainda não chegou aqui:

Lembra o que falávamos sobre os fundos de pensão dos servidores?

Pois é, agora é de morrer de rir (ou de chorar) o cinismo de boa parta da mídia que sempre cotejou esse pessoal (aliás, como sempre fazem) como "jênios" das finanças e agora, como seu merda, fingem que não é com eles.

As quadrilhas de SP que migraram para Campos dos Goytacazes fizeram um estrago, e enquanto isso, um dos principais artífices era "colonista" de jornal daqui.

E como se trata do "mercado", pode crer que não vamos ler nem ouvir nem um pentelhésimo da verdade.

Muito menos a PF vai aprofundar nada, já fez a "propaganda" e ficará por aí mesmo.

As corretoras deitaram e rolaram, e o RioPrevi (do servidores estaduais do Rio) afundou o fundo e agora pagamos o pato, com aumento da alíquota e essa mentirada de crise fiscal!

Cada vez mais só creio da saída violenta para reformulação...Não há mais como a política institucional resolver esses conflitos!