domingo, junho 24, 2018

Dúvidas de investidores sobre quando haverá o pico da demanda mundial de petróleo pode estar aumentando os riscos de abastecimento e de explosão do preço do barril já na década de 20. O que o pré-sal tem a ver com isto?

Fundos de investimentos que bancam o setor econômico do petróleo no mundo avaliam, junto com as operadoras-petroleiras, os riscos e as preocupações com o futuro do setor. Em resumo é isto que nos traz a matéria do Financial Times reproduzida pelo Valor Online neste sábado (ver aqui) que tem o título: "Grandes petroleiras enfrentam questão de “vida ou morte”.

O pico da demanda de petróleo (e combustíveis) estaria próximo? Se estiver próximo, o melhor seria não investir mais em projetos de exploração caros e de longo prazo.

Porém, de outro lado, a demanda mundial nunca esteve tão grande, se aproximando rapidamente dos 100 milhões de barris por dia. Cresce na razão de 1,7 milhão de barris por dia desde 2014, que é o dobro do ritmo do início da década, quando o barril do petróleo estava a US$ 100.

Essa preocupação com a redução da demanda e com o pico do maior consumo mundial já levam a uma redução dos investimentos e no abandono de projetos complexos e de longa duração.

O resultado óbvios disso é o aumento exponencial dos riscos da escassez, que assim poderia ocorrer já nesta próxima década, com menos projetos de produção e redução das descobertas de campos petrolíferos de grande potencial assim como das reservas de petróleo mais viáveis.

Atualmente há queda mundial de mais de 40% nas perfurações convencionais em terra entre 2014 e 2016. Entre 2010 e 2015, os investimentos totais em bens de capital dos grandes grupos de petróleo e gás, na fase de expansão do ciclo do petróleo, chegaram a 875 bilhões. Abaixo infográfico publicado junto da matéria do FT.

























Já na segunda metade desta década, conforme se vê no infográfico acima, os investimentos caíram para quase a metade, US$ 443 bilhões, embora a redução de custos desta indústria, tenha levado ao aumento da produção das grandes petrolíferas, estimado em média, em 3,5% por ano entre 2017 e 2020.

A importância do Pré-sal
Em resumo, o cenário tratado pelo experiente especialista do setor Anjli Raval do Financial Times é de que os riscos de investir nas petroleiras pode levar a estoques de reservas que podem ficar sem uso e produção. Já os riscos em não se investir pode, levar à escassez o que levaria o preço do barril de petróleo - em novo ciclo petro-econômico - a um patamar que tumultuará a economia mundial e desarranjará o consumo (demanda) pelo alto preço do combustível.

A reportagem cita entre outros especialistas, Tony Hayward, ex-executivo-chefe da BP e hoje presidente do conselho de administração do grupo de mineração e comercialização de commodities Glencore que coloca em dúvida a estratégia das grandes petrolíferas e disse ao Financial Times que “observando a trajetória, mais provavelmente o que teremos no início dos anos 20 é uma escassez de oferta".

Observando este quadro, em resumo, eu fico cada vez mais convencido que, a despeito das dúvidas sobre investimentos de bilhões de dólares e sobre quando ocorrerá, de fato, o pico de demanda por petróleo - que será seguindo de aumento do consumo das energia não convencionais – é de como as reservas do pré-sal são estratégicas para todo o mundo.

Diante desta realidade exposta pela análise feita pela matéria do Financial Times (que aconselho que seja lida na íntegra) se vê que as reservas do pré-sal são ainda muito mais valiosas do que até aqui se poderia imaginar.

Tratam-se de áreas conhecidas, campos com potencial avaliados e projetos já desenhados e em andamento. Áreas com potencial e custos já identificados e possíveis de serem rapidamente explorados, ao contrário de outras áreas pelo mundo. Entregar toda essa joia da coroa a preço vil é muito mais que um equívoco: é um crime de lesa-pátria.

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