sábado, junho 02, 2018

O day-after de Parente fora da Petrobras: continua a disputa dentro do golpe, mas a resistência mudou a conjuntura

Ao contrário do que alguns afirmam, a saída de Parente é uma pressão maior do mercado sobre o seu próprio governo, o de Temer.

O bloco monolítico do governo da pinguela está se rompendo. Há interesses conflitantes que agora ficaram expostos.

A saída de Parente se insere neste campo de disputa.

A posição exposta por Parente em sua saída, quer fazer crer que se trata de uma posição individual.
Nada.

O mercado a quem o Parente representava no governo pós-golpe sabe que a redução dos R$ 46 centavos no litro do diesel não vai funcionar.

O congelamento que é negado em discurso, mas na prática realizado até com a implantação de um sistema de fiscalização, é uma contradição num governo racionalmente neoliberal que prega um mercado livre.

Ao contrário dos mesmos que têm esta concepção de mundo, a economia nunca estará deslocada da política, como gostariam.

Assim, a saída do Parente representa uma pressão desta parte do mercado sobre o poder político, para ainda tentar manter as regras implantadas pela “pinguela para o passado”, até que as privatizações de parte do parque de refino e de mais uma parte da malha de dutos da Petrobras, tenham sido efetivadas nestes meses que restam.

A diferença é que no mundo real da política, hoje, em relação a ontem é que o novo apagão do Parente deixou a Globo quase que falando sozinha com os seus repetitivos “colonistas” econômicos e políticos.

A disputa sobre os rumos da base golpista ficou exposta com o movimento dos caminhoneiros.

A luta contra o preço do diesel colocou uma cunha que antes havia sumido entre a parte rentista e a produtiva do mercado.

Isso fica claro no campo político, e é expresso na pulverização de candidatos sem votos na base golpista o que pode ter permitir a retomada de opções antes descartadas.

Quem tem mais a perder com a crise que namora a barbárie, parece que pode ter voltado a entender que só a política pode mediar caminhos menos inseguros e que incorpore e não isole a maioria da população brasileira.

Se essa hipótese interpretativa se sustentar, é possível que a nação possa se reencontrar consigo mesmo em eleições livres e democráticas daqui a quatro meses - que mesmo sendo um tempo por demais curto – seria a única forma da maioria da população voltar a ter representação institucional dentro do sistema político brasileiro.

Os tempos líquidos e velozes atuais também valem para os movimentos na sociedade e na política.

Há menos de duas semanas o quadro era outro. Ou não?

Se essa leitura da conjuntura faz algum sentido, será preciso agir e operar as saídas e alternativas.

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