López Obrador ainda não tomou posse, mas já anunciou que retomará o protagonismo estatal no setor de petróleo na economia mexicana, mesmo sabendo das dificuldades sobre endividamento e redução das reservas.
Até perto de 2004, o México tinha mais do dobro da produção do Brasil na época com 3,4 milhões de barris por dia e era o oitavo maior produtor do mundo.
Em 2015, já tinha passado para 12º lugar, atrás do Brasil que produzia 2,5 milhões, enquanto o México tinha caído para 2,4 milhões de barris por dia. No segundo semestre deste ano, a produção do México já tinha caído para 1,88 milhão de barris por dia.
Pois bem, o presidente neoliberal Enrique Peña Nieto, reduziu o tamanho da estatal Pemex, quebrou o monopólio estatal abriu o setor com leilões de áreas para outras petroleiras. Decisões que até hoje, em nada tinha mudado o quadro de dependência da importação de combustíveis dos EUA, apesar de todo o histórico mexicano da produção de petróleo.
Assim, com a redução da produção de petróleo tanto no mar (Golfo do México), quanto em terra e a diminuição das receitas, mesmo no auge do preço do barril entre 2010 e 2014, fez a estatal Pemex viu aumentar sua dívida líquida para U$ 106 bilhões, cerca de 30% maior do que a da Petrobras.
Pois bem, o presidente eleito no início de julho no México, López Obrador, anunciou na semana passada que a retomada do protagonismo estatal no setor de petróleo é considerado estratégico em seu plano de governo. Assim, Obrador definiu o investimento de US$ 9,4 bilhões no setor de petróleo já para o ano que vem.
O plano vai ainda impulsionar a exploração de petróleo estatal para alcançar uma produção cerca de 600 mil barris por dia a mais. Com isso, o presidente eleito diz que o projeto é voltar ao patamar de produção próximo aos 2,5 milhões por dia, num prazo de dois anos.
Além disso, o novo presidente planeja construir uma nova refinaria de petróleo para o país e também decidiu investir na modernização das seis refinarias da Pemex.
O governo atual foi reduzindo os investimentos nas refinarias deixando as mesmas abandonadas para serem vendidas. O objetivo agora é o de tentar melhorar a produtividade que teria caído à metade, desde o ano de 2013.
Obrador já enfrenta ameaças de todos os tipos, vinculadas ao discurso único do mercado, mas segue firme, em cumprir os compromissos firmados no processo eleitoral com a população.
O caso brasileiro e da nossa estatal Petrobras é bem melhor do que a da Pemex e do México.
O governo pós-golpe apesar de todo o entreguismo, não conseguiu interromper o planejamento para aumento da produção que não parou e se ampliará com as novas unidades de produção que entrarão em funcionamento nos próximos meses.
Além disso, ao contrário do México, as perspectivas nacionais do setor, diante na nossa colossal reservas do pré-sal (que está aí para ser explorada), gerando demandas da indústria se houver política de conteúdo local, são colossais.
Mesmo que partes fatiadas da Petrobras tenham sido vendidas, junto com outros ativos e campos de petróleo, as perspectivas, nas mesmas linhas anunciadas por Obrador no México, são muito boas na linha da autossuficiência, da soberania energética e da geração de empregos em toda a cadeia produtiva com uma empresa integrada do poço ao posto.
Para isso, será necessário, como no México, uma nova condução política ao país. Os desafios serão imensos, mas antes será preciso retomar o controle político do país retirado após o golpe.
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