No Brasil, enquanto o dólar dispara e o capitão pede votos para que o país abandone as eleições, Moreira Franco - o gato angorá - continua vendendo, às pressas, na Bacia das Almas, as distribuidoras de energia elétrica.
O Temerário vai ao Rio ver Pezão e saber do malogro da intervenção militar no Rio, no encontro dos campeões de reprovação de governo e má avaliação.
O STF legaliza a terceirização irrestrita e sem limites.
O poço parece cada vez mais sem fundo, mas ainda depende do cidadão-eleitor.
65 anos, professor titular "sênior" do IFF (ex-CEFET-Campos, RJ) e engenheiro. Pesquisador atuante nos temas: Capitalismo de Plataformas; Espaço-Economia e Financeirização no Capitalismo Contemporâneo; Circuito Econômico Petróleo-Porto; Geopolítica da Energia. Membro da Rede Latinoamericana de Investigadores em Espaço-Economia: Geografia Econômica e Economia Política (ReLAEE). Espaço para apresentar e debater questões e opiniões sobre política e economia. Blog criado em 10 agosto de 2004.
quinta-feira, agosto 30, 2018
sábado, agosto 25, 2018
Os fundos financeiros são os principais instrumentos da mobilidade do capital e da estratégia de reprodução do capitalismo global no mundo contemporâneo
Quando se fala em ampliar a taxação dos mais ricos e as
grandes fortunas no Brasil é comum ver um sujeito que tem um carro novo - e muitas vezes parcelado
– pensar que se está falando dele. Um processo que parece decorrente de uma lógica construída pela mídia comercial.
Esta faz propaganda de carros e casas, onde o sujeito começa a sonhar e trabalhar para tornar os desejos materiais em realidade. Ao chegar a este patamar, simbolicamente, o sujeito se vê no lugar que sonhou até ser atraído para outros consumos, onde, já se enxerga com parte e no meio da riqueza. Assim, alguns destes bens seriam na verdade, apenas um ou mais confortos, típicos da classe média, mas nunca fortuna no meio do sistema. A riqueza está num patamar acima e muito vinculado aos esquemas das finanças.
As finanças, de outro lado, é que quase sempre fazem a intermediação destas aquisições de bens de maior valor, através de créditos ofertados pelos bancos. Para entender um pouco da lógica dos bancos e num início de conversa, vale saber que hoje no Brasil, a banca começa a te considerar como alguém a ser abordado como rico - e com ativos especiais - se a quantidade de dinheiro que o sujeito possui for de pelos menos R$ 4 milhões (US$ 1 milhão).
Referências:
[1] Matéria do Valor em 24 ago. 2018. Caderno Finanças, P. C3. MOREIRA, Assis e COTIAS, Adriana. Private bank do Itaú quer ter fatia maior no exterior. Disponível em:
https://www.valor.com.br/financas/5765915/private-bank-do-itau-quer-ter-fatia-maior-no-exterior
[2] Postagem no blog em 23 abr. 2018. Os movimentos das frações do capital, a função e a mobilidade dos fundos financeiros na economia global contemporânea. Disponível em: http://www.robertomoraes.com.br/2018/04/os-movimentos-das-fracoes-do-capital.html
[3] Matéria da Folha de São Paulo em 23 set. 2016. PAMPLONA, Nicola. Petrobras aprova venda de gasodutos à Brookfield por R$ 5,2 bilhões. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2016/09/1816100-brookfield-paga-us-52-bilhoes-para-ter-90-de-gasoduto-da-petrobras.shtml
[4] Postagem do blog em 27 jun. 2018. Fundo americano EIG - dono do Porto do Açu - fez oferta para compra do polo de Enchova da Petrobras na Bacia de Campos. Disponível em: http://www.robertomoraes.com.br/2018/06/fundo-americano-eig-dono-do-porto-do.html
[5] Matéria do Valor em 6 nov. 2017. Chineses criam fundo de US$ 3 bi para financiar projetos no Brasil. Disponível em: https://www.valor.com.br/brasil/5182739/chineses-criam-fundo-de-us-3-bi-para-financiar-projetos-no-brasil
[6] Matéria do Valor em 13 abr. 2018. Receita multa fundos de private equity e setor entra em alerta. Disponível em: https://www.valor.com.br/financas/5449581/receita-multa-fundos-de-private-equity-e-setor-entra-em-alerta
[7] Matéria do Valor em 16 ago. 2018. Caderno Finanças. P.C10. Private banking supera marca de R$ 1 trilhão e previdência é destaque. Disponível em: https://www.valor.com.br/financas/5737911/private-banking-supera-marca-de-r-1-trilhao-e-previdencia-e-destaque
[8] Postagem do blog em 7 ago. 2018 sobre o tema do comércio de varejo de farmácias. Para ajudar a entender a explosão do comércio das farmácias. Disponível em: http://www.robertomoraes.com.br/2018/08/para-ajudar-entender-explosao-do.html
[9] Postagem do blog em 23 set. 2017 sobre o tema do comércio de varejo de farmácias. O setor de farmácias repete processo vivido pelo comércio de eletrodomésticos há duas décadas: ameaças e alternativas para a economia regional. Disponível em: http://www.robertomoraes.com.br/2017/09/o-setor-de-farmacias-repete-processo.html
[10] Postagem no blog em 19 set. 2017. Fundos já possuem patrimônio de 66% do PIB do Brasil. Disponível em: http://www.robertomoraes.com.br/2017/09/fundos-ja-possuem-patrimonio-de-66-do.html
[11] Apresentação do autor (PESSANHA, R.M) no 2º Colóquio Espaço-Economia: Repercussões do Capitalismo Contemporâneo e das Redes Globais sobre as Dinâmicas Regionais no ERJ. Mesa Redonda: Os Movimentos das Frações de Capitais e os Circuitos Espaciais: Metropolização e Regiões Produtivas no Estado. Slide 22/31. 9 e 10 out. 2017, UERJ.
PS.: Atualização às 17:10 de 26/08/2018: Para breve acréscimo no texto original.
Esta faz propaganda de carros e casas, onde o sujeito começa a sonhar e trabalhar para tornar os desejos materiais em realidade. Ao chegar a este patamar, simbolicamente, o sujeito se vê no lugar que sonhou até ser atraído para outros consumos, onde, já se enxerga com parte e no meio da riqueza. Assim, alguns destes bens seriam na verdade, apenas um ou mais confortos, típicos da classe média, mas nunca fortuna no meio do sistema. A riqueza está num patamar acima e muito vinculado aos esquemas das finanças.
As finanças, de outro lado, é que quase sempre fazem a intermediação destas aquisições de bens de maior valor, através de créditos ofertados pelos bancos. Para entender um pouco da lógica dos bancos e num início de conversa, vale saber que hoje no Brasil, a banca começa a te considerar como alguém a ser abordado como rico - e com ativos especiais - se a quantidade de dinheiro que o sujeito possui for de pelos menos R$ 4 milhões (US$ 1 milhão).
No Brasil, entre a quantidade de endinheirados com dinheiro
no exterior – só os oficialmente declarados entre pessoas físicas e jurídicas –
possuem R$ 2 trilhões (US$ 500 bilhões) mais que as receitas anuais do Brasil.
Dinheiro que é de 55 mil brasileiros e 4,5 mil empresas segundo dados do Banco Central. [1]
Um colosso oriundo de heranças e, principalmente dos
dividendos recebidos por acionistas, que no Brasil não são tributados pela
Receita Federal - em função da isenção concedida pelo governo brasileiro - e ainda em sua maioria pelo rentismo. Os
bancos agradecem e assim vão construindo formas de movimentar o dinheiro das fortunas pessoais, em operações
mundo afora.
Bancos descobriram os fundos financeiros como instrumentos de altíssima mobilidade e baixa regulamentação para o capital
Os que acompanham o meu blog sabem que eu tenho dedicado uma
parte do tempo de minhas atuais pesquisas, a investigar o papel dos fundos
financeiros no Brasil e na economia global.
Para auxiliar e dar seguimento à compreensão deste assunto, eu sugiro a atenção para um texto anterior, publicado aqui neste espaço, em 23 abr. de 2018 com o título "Os movimentos das frações do capital, a função e a mobilidade dos fundos financeiros na economia global contemporânea". Ele traz alguns dos fundamentos teóricos que sustentam esta hipótese a respeito do papel de mobilidade e de estratégica de acumulação do fundos financeiros no atual estágio do capitalismo contemporâneo. [2]
Para auxiliar e dar seguimento à compreensão deste assunto, eu sugiro a atenção para um texto anterior, publicado aqui neste espaço, em 23 abr. de 2018 com o título "Os movimentos das frações do capital, a função e a mobilidade dos fundos financeiros na economia global contemporânea". Ele traz alguns dos fundamentos teóricos que sustentam esta hipótese a respeito do papel de mobilidade e de estratégica de acumulação do fundos financeiros no atual estágio do capitalismo contemporâneo. [2]
Mais do que falar abstratamente em financeirização – que se
tornou comum - , eu logo compreendi que os fundos eram os principais
instrumentos para dar mobilidade transfronteiriça e transsetorial - em sua
movimentação vertical e horizontal - em busca de melhores remunerações do dinheiro,
lucros e acumulações.
Pois bem, nestas investigações, entre várias informações
coletadas, me chamava a atenção que os bancos brasileiros (três privados em
especial) movimentam a parte trivial de seus negócios entre depósitos e empréstimos, grosso modo, de forma tradicional.
Outra parte substancial das aplicações segue cada vez mais para os vários fundos que
administram no país e no estrangeiro. As razões ainda estão sendo aprofundadas, mas não
foi difícil descobrir que a regulação do Banco Central para este movimento via
os fundos financeiros são muito menores, quase liberados, em termos de controle
sobre a origem do dinheiro e seus rendimentos.
São fundos de diversos tipos: multimercados, imobiliários,
agronegócios, private equity, etc. No meio disso, os bancos criaram estruturas
à parte para estas operações “private bank”. Assim, passaram a criar outros negócios (com CNPJ próprios), como se fossem empresas ligadas ao grupo (holding) com diretorias, gerências e funcionários próprios no Brasil e, especialmente no
exterior.
Um caso específico a ser analisado é do Private Bank Itaú. Possui sede na cidade de Zurique, Suíça, além de bases de operações em Miami, Chile e nas Bahamas. Nesta estrutura detém um
quadro de quase três centenas de funcionários que opera uma carteira de cerca de
R$ 100 bilhões (US$ 23 bilhões), em sua quase sua totalidade oriunda de capitais brasileiros. Em Zurique 98% são de brasileiros.
Já há um bom tempo, o Itaú
Unibanco lidera o ranking de private banking entre os bancos brasileiros, com recursos neste fundos girando em torno de R$ 400 bilhões, sendo 25% do total no exterior
e 30% de tudo oriundo de grandes fortunas de brasileiros.
Aliás, a gestão de grandes fortunas virou um dos negócios
mais rentáveis dos bancos brasileiros. Um país que concentra renda e deixa que no andar das altas finanças (Braudel e Arrighi) a tributação seja proporcionalmente muito mais baixa, do que para aqueles
que estão no topo da pirâmide do capital, onde se paga mais impostos sobre o que é consumido para sobreviver. A alegação é que a tributação maior afugenta o capital, assim
continua-se tributando poucos sobre muitos e não muito sobre os poucos
endinheirados.
É com este dinheiro dos fundos financeiros (controlados
pelos bancos) que estão sendo comprandas empresas, negócios ou ampliando participações nos diversos
empreendimentos. Considerando que há um quase um consenso de que o setor de infraestrutura
é a bola da vez no país, os fundos private equity estão organizando e buscando
projetos para novas aplicações no setor.
Assim, os bancos é que indicam os gestores dos projetos e a
quem eles prestam contas, como executivos que para subir na carreira querem
mostrar resultados e espremer custos para baixo. Desta forma, os fundos financeiros vão gerindo os
empreendimentos e as corporações e conforme suas rentabilidades vão trocando os
donos, dentro e fora do país.
Os controladores dos negócios buscam sinergias de projetos e participações
em cadeias e oligopólios. Assim, praticamente eliminam as chances de empreendedores
locais e regionais participarem dos negócios de construção, serviços e outros nos grandes empreendimentos.
Estas contratações são feitas dentro da sua cadeia de
portfólios de negócios. Quando muito um comércio ou um serviço local é
subcontratado para evitar pressões e conflitos regionais e, desta forma, agradar os agentes
políticos que atuam na região, onde estão as instalações (capital fixo) das
empresas que produzem a riqueza.
Nesta atual etapa de colapso da economia brasileira, onde nossos ativos ficaram "baratinhos", estamos assistindo enorme quantidade de aquisições de empresas no Brasil. Ainda mais com as privatizações e facilitações regulatórias implementadas pelo governo pós-impeachment, que cumpre programa elaborado pelo mercado e seus agentes no poder político: "Ponte para o futuro".
Os fundos canadense Brookfield, o árabe Mubadala, os americanos Pimco, BlackRock e EIG e o chinês Huayang, entre outros estão criando e/ou ampliando seus portfólios de negócios neste momento no Brasil. [3] [4] [5]
Além disso, brasileiros estão também aportando recursos (de forma escamoteada) nestes fundos estrangeiros que investem no Brasil para se aproveitarem da legislação nacional que isenta de impostos os investimentos oriundos do exterior, sob o argumento da atração dos mesmos.
A Receita Federal já levantou a questão e executou duas grandes operações e outras estão previstas para identificar os investidores nos fundos na medida que os mesmos não são obrigados a identificá-los o que facilita esta mobilidade do capital. Assim, a Receita já aplicou multas e identifica enorme sonegação da alíquota de 15% sobre investidores brasileiros. [6]
Os fundos canadense Brookfield, o árabe Mubadala, os americanos Pimco, BlackRock e EIG e o chinês Huayang, entre outros estão criando e/ou ampliando seus portfólios de negócios neste momento no Brasil. [3] [4] [5]
Além disso, brasileiros estão também aportando recursos (de forma escamoteada) nestes fundos estrangeiros que investem no Brasil para se aproveitarem da legislação nacional que isenta de impostos os investimentos oriundos do exterior, sob o argumento da atração dos mesmos.
A Receita Federal já levantou a questão e executou duas grandes operações e outras estão previstas para identificar os investidores nos fundos na medida que os mesmos não são obrigados a identificá-los o que facilita esta mobilidade do capital. Assim, a Receita já aplicou multas e identifica enorme sonegação da alíquota de 15% sobre investidores brasileiros. [6]
O papel crescente dos fundos financeiros na mobilidade setorial e no recolhimento dos excedentes das economias regionais em favor financeirização nacional e global
Compreender este processo no circuito superior da economia onde estão as
finanças, a gestão dos negócios e a relação com o poder político (Estado), é uma tarefa árdua, complexa, mas necessária.
A economia da nações vivem em esquemas e articulações globais, transfronteiriças e de forma contemporânea organizada em redes, com vários enlaces e nós. Investigar, analisar e interpretar estes movimentos para entender o fenômeno real, os esquemas fraudulentos e de sonegação assim como as possibilidades de políticas públicas e o tipo de negociação viável a se ter com os agentes é tarefa também urgente no tempo.
Lendo o que está escrito acima parece que se está descrevendo uma questão muito
distante da vida cotidiana da pessoas, mas não é a situação real. É fácil perceber a a hierarquizado no forte
setor de petróleo e relação direta entre os
investidores e as empresas em toda a cadeia de negócios que ela arrasta.
Mas, sugiro dizer que também não é tão difícil observar como os fundos financeiros - com seus negócios e suas empresas - foram entrando no varejo de alta e baixa renda nas capitais, depois nos municípios polos e nas chamadas cidades médias (ou de porte médio) e daí em diante. Veja infográfico ao lado o movimento crescente de investimentos destes fundos na implantação de redes nacionais que atuam no comércio varejista em diferentes setores e regiões do país [7].
A economia da nações vivem em esquemas e articulações globais, transfronteiriças e de forma contemporânea organizada em redes, com vários enlaces e nós. Investigar, analisar e interpretar estes movimentos para entender o fenômeno real, os esquemas fraudulentos e de sonegação assim como as possibilidades de políticas públicas e o tipo de negociação viável a se ter com os agentes é tarefa também urgente no tempo.
Infográfico mostra os investimentos crescentes dos fundos no varejo. [7] |
Mas, sugiro dizer que também não é tão difícil observar como os fundos financeiros - com seus negócios e suas empresas - foram entrando no varejo de alta e baixa renda nas capitais, depois nos municípios polos e nas chamadas cidades médias (ou de porte médio) e daí em diante. Veja infográfico ao lado o movimento crescente de investimentos destes fundos na implantação de redes nacionais que atuam no comércio varejista em diferentes setores e regiões do país [7].
Há pouco tempo tratei aqui do caso das redes de farmácia que vem aniquilando o comércio farmacêutico local, como já foi feito, anteriormente com o comércio do setor de eletrodomésticos. [8] [9]
Outras áreas do varejo estão também sendo cada vez mais controlada pelos fundos, através das franquias, que acabam com outros setores de comércio e também dos serviços. Assim estas redes abocanham parcelas maiores dos excedentes da economias locais, ao atender à demanda com lojas de redes nacionais e franquias. A percepção deste fenômeno ainda é muito baixa.
Outras áreas do varejo estão também sendo cada vez mais controlada pelos fundos, através das franquias, que acabam com outros setores de comércio e também dos serviços. Assim estas redes abocanham parcelas maiores dos excedentes da economias locais, ao atender à demanda com lojas de redes nacionais e franquias. A percepção deste fenômeno ainda é muito baixa.
Se for observado o setor de construção civil, também se verá
cada vez mais construtoras nacionais tomando conta do mercado com implantação de condomínios e edificação de conjuntos e prédios de apartamentos. Sabendo que a maioria destas grandes construtoras possuem ações em bolsas e recebem aportes e ficam sob o julgo dos fundos
financeiros e imobiliários que alijam as empresas locais/regionais, ou quando muito terceirizam ou quarteirizam sua atuação em partes dos projetos.
Como se vê, o movimento do capital sobre as regiões e o país,
de forma transfronteiriça é cada vez mais intenso, ágil e com consequências
predadoras e oligopolizantes, em termos de controle do mercado, que adiante segue também controlando os preços praticados regionalmente até no varejo, levando a carestias antes inexistentes, pela baixa vinculação à economia central. [9]
Assim, o capital tem ampliado o seu controle sobre as
atividades produtivas desde a produção, passando pelo comércio e circulação das
mercadorias e indo até o andar das finanças, de onde o processo econômico é verticalmente controlado.
Contribui de forma significativa para esse movimento transfronteiriço do capital, o volume estimado de US$ 8,2 trilhões, derivado da fortuna global offshore que é gerida fora do país de origem e hoje sem sua maior parte aplicada nos fundos de investimentos globais. [1]
Contribui de forma significativa para esse movimento transfronteiriço do capital, o volume estimado de US$ 8,2 trilhões, derivado da fortuna global offshore que é gerida fora do país de origem e hoje sem sua maior parte aplicada nos fundos de investimentos globais. [1]
As regiões ficam impotentes diante da força centralizadora do capital
A capacidade dos estados e suas infra-regiões e municípios responderem a esta realidade é muito baixa. Enquanto as forças políticas locais e regionais se
engalfinham pelo controle das prefeituras e até dos estados, os representantes
deste capital (fundos) faz negócios, dá apoio econômico e político e a quem lhe oferece
facilidade, reduz exigências de regulação e segue produzindo o território por interesses basicamente econômicos.
Eles decidem investimentos e desinvestimentos e cada vez mais interferem também nos movimentos no interior do circuito inferior das economias locais/regionais. Faz parte deste movimento o pagamento à mídia comercial e o lobby e influência sobre o sistema legislativo e judiciário para elaboração e também para julgamento das legislações, quando da ocorrência de conflitos. [10]
Infográfico divulgado na postagem do blog [10]. |
Na prática, em resumo o que se está observando é que há é um
recolhimento dos excedentes econômicos gerados pela riqueza material, durante a fase de
expansão do ciclo da economia nas regiões. Durante a crise os excedentes locais sobem para compor os lucros das altas finanças. Este setor ganha sempre e atua como se fosse um serrote. Fatura na alta e fase de expansão da economia e também ganha na fase de colapso quando recolhe estes excedentes deixando os prejuízos e desvalorizações no âmbito das economias locais/regionais. É só olhar ao redor e entender este processo. O patrimônio e os ativos perdem valor na base perde valor, menos os preços das mercadorias do varejo. Estas continuam a alimentar os lucros sob a
forma-dinheiro que garante perpetuidade da circulação e do movimento do capital.
No caso dos municípios petrorrenistas os excedentes da renda
petroleira, presentes nas receitas dos royalties do petróleo, são o chamariz de
forma especial na fase de boom da economia do petróleo, mas continuam em ritmo mais lento e margens mais estreitas a alimentar as economias dependentes locais/regionais.
Enfim, com as investigações ainda em curso, já é possível
afirmar que os fundos financeiros têm sido no capitalismo contemporâneo, o instrumento e/ou "locus" ideal que oferece a tão sonhada mobilidade do capital. Com esta capacidade o capital se movimenta tanto de forma espacial, por diferentes territórios, quanto escolhendo os setores mais dinâmicos, entre as várias regiões do mundo.
Desta forma, se vê como facilidade a ação dos empreendedores ligados a estes fundos chantagearem os agentes políticos com pressões por isenções ficais e tributárias, mesmo quando a relação custo-benefício do empreendimento dispensaria esta discussão locacional.
A mobilidade do capital por ser assim tão grande, passou a oferecer ao seu detentor maior capacidade de pressão pela desregulação ambiental e tributária, quando não vão além e conseguem ainda, obter, complementarmente aportes de recursos para implantação dos empreendimentos, apara além da infraestrutura de cessão de terrenos, rodovias, fornecimento de saneamento e outros, dentro daquilo que se convencionou chamar de Condições Gerais de Produção. Sobre o movimento das frações do capital por setor veja a representação no infográfico abaixo [11]
Com esta investigação sobre o papel dos fundos financeiros no capitalismo contemporâneo e em redes, se observa como as economias nacionais e global estão se centralizando cada vez mais e concentrando as suas operações.
Desta forma, novas e mais potentes hierarquias estão se formando. Também se amplia a captura das produções e excedentes locais por parte das altas finanças. Tudo isso faz com que o território seja socialmente produzido de forma diversa e mais agressiva que antes. Esta produção social do território se desdobra num tipo de urbanização mais precária e resulta num modus de vida conflituoso, predador, competitivo e de baixa sociabilidade.
Ambientes de conflitos que são vistos como casos de segurança pública, de polícia e ordem. É um processo que age nas várias escalas e com efeitos sobre as atribuições e incapacidade das gestões públicas, em seus três níveis atenderem. As nações periféricas que não conseguiram chegar na redução das desigualdades e se mantiveram longe do almejado estado de bem-estar-social agonizam conforme as etapas dos ciclos longos da economia.
Os conflitos e a disputa de poder para o controle das nações entram também nesta lógica do capital e dos fundos financeiros. Em síntese pode ser explicitada como sendo a posição dos mercados. Assim, o esgarçamento se amplia.
Há limites para este nível de apropriação das pessoas, lugares e modus de vida. O welfare-state, no pós guerra, surgiu da ideia de evita o esgarçamento e a barbárie. Sete década depois, os limites parecem tão esgarçados quanto antes. A não ser que se compreenda que não há limites sociais para o capital.
Neste sentido, venho insistindo na necessidade em se compreender com maior profundidade e extensão o papel dos fundos financeiros no capitalismo contemporâneo. Sigamos em frente observando e tentando incluir as pessoas e suas vidas num projeto de nação, para superar as suas condições passivas neste processo do capitalismo contemporâneo em redes.
Desta forma, se vê como facilidade a ação dos empreendedores ligados a estes fundos chantagearem os agentes políticos com pressões por isenções ficais e tributárias, mesmo quando a relação custo-benefício do empreendimento dispensaria esta discussão locacional.
A mobilidade do capital por ser assim tão grande, passou a oferecer ao seu detentor maior capacidade de pressão pela desregulação ambiental e tributária, quando não vão além e conseguem ainda, obter, complementarmente aportes de recursos para implantação dos empreendimentos, apara além da infraestrutura de cessão de terrenos, rodovias, fornecimento de saneamento e outros, dentro daquilo que se convencionou chamar de Condições Gerais de Produção. Sobre o movimento das frações do capital por setor veja a representação no infográfico abaixo [11]
Apresentação do autor no 2º Colóquio Espaço-Economia: Repercussões do
Capitalismo Contemporâneo e das Redes Globais sobre as Dinâmicas
Regionais no ERJ. 9 e 10 out. 2017, UERJ. Slide 22/31. [10]
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Com esta investigação sobre o papel dos fundos financeiros no capitalismo contemporâneo e em redes, se observa como as economias nacionais e global estão se centralizando cada vez mais e concentrando as suas operações.
Desta forma, novas e mais potentes hierarquias estão se formando. Também se amplia a captura das produções e excedentes locais por parte das altas finanças. Tudo isso faz com que o território seja socialmente produzido de forma diversa e mais agressiva que antes. Esta produção social do território se desdobra num tipo de urbanização mais precária e resulta num modus de vida conflituoso, predador, competitivo e de baixa sociabilidade.
Ambientes de conflitos que são vistos como casos de segurança pública, de polícia e ordem. É um processo que age nas várias escalas e com efeitos sobre as atribuições e incapacidade das gestões públicas, em seus três níveis atenderem. As nações periféricas que não conseguiram chegar na redução das desigualdades e se mantiveram longe do almejado estado de bem-estar-social agonizam conforme as etapas dos ciclos longos da economia.
Os conflitos e a disputa de poder para o controle das nações entram também nesta lógica do capital e dos fundos financeiros. Em síntese pode ser explicitada como sendo a posição dos mercados. Assim, o esgarçamento se amplia.
Há limites para este nível de apropriação das pessoas, lugares e modus de vida. O welfare-state, no pós guerra, surgiu da ideia de evita o esgarçamento e a barbárie. Sete década depois, os limites parecem tão esgarçados quanto antes. A não ser que se compreenda que não há limites sociais para o capital.
Neste sentido, venho insistindo na necessidade em se compreender com maior profundidade e extensão o papel dos fundos financeiros no capitalismo contemporâneo. Sigamos em frente observando e tentando incluir as pessoas e suas vidas num projeto de nação, para superar as suas condições passivas neste processo do capitalismo contemporâneo em redes.
Referências:
[1] Matéria do Valor em 24 ago. 2018. Caderno Finanças, P. C3. MOREIRA, Assis e COTIAS, Adriana. Private bank do Itaú quer ter fatia maior no exterior. Disponível em:
[3] Matéria da Folha de São Paulo em 23 set. 2016. PAMPLONA, Nicola. Petrobras aprova venda de gasodutos à Brookfield por R$ 5,2 bilhões. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2016/09/1816100-brookfield-paga-us-52-bilhoes-para-ter-90-de-gasoduto-da-petrobras.shtml
[4] Postagem do blog em 27 jun. 2018. Fundo americano EIG - dono do Porto do Açu - fez oferta para compra do polo de Enchova da Petrobras na Bacia de Campos. Disponível em: http://www.robertomoraes.com.br/2018/06/fundo-americano-eig-dono-do-porto-do.html
[5] Matéria do Valor em 6 nov. 2017. Chineses criam fundo de US$ 3 bi para financiar projetos no Brasil. Disponível em: https://www.valor.com.br/brasil/5182739/chineses-criam-fundo-de-us-3-bi-para-financiar-projetos-no-brasil
[6] Matéria do Valor em 13 abr. 2018. Receita multa fundos de private equity e setor entra em alerta. Disponível em: https://www.valor.com.br/financas/5449581/receita-multa-fundos-de-private-equity-e-setor-entra-em-alerta
[8] Postagem do blog em 7 ago. 2018 sobre o tema do comércio de varejo de farmácias. Para ajudar a entender a explosão do comércio das farmácias. Disponível em: http://www.robertomoraes.com.br/2018/08/para-ajudar-entender-explosao-do.html
[9] Postagem do blog em 23 set. 2017 sobre o tema do comércio de varejo de farmácias. O setor de farmácias repete processo vivido pelo comércio de eletrodomésticos há duas décadas: ameaças e alternativas para a economia regional. Disponível em: http://www.robertomoraes.com.br/2017/09/o-setor-de-farmacias-repete-processo.html
[10] Postagem no blog em 19 set. 2017. Fundos já possuem patrimônio de 66% do PIB do Brasil. Disponível em: http://www.robertomoraes.com.br/2017/09/fundos-ja-possuem-patrimonio-de-66-do.html
[11] Apresentação do autor (PESSANHA, R.M) no 2º Colóquio Espaço-Economia: Repercussões do Capitalismo Contemporâneo e das Redes Globais sobre as Dinâmicas Regionais no ERJ. Mesa Redonda: Os Movimentos das Frações de Capitais e os Circuitos Espaciais: Metropolização e Regiões Produtivas no Estado. Slide 22/31. 9 e 10 out. 2017, UERJ.
PS.: Atualização às 17:10 de 26/08/2018: Para breve acréscimo no texto original.
quinta-feira, agosto 23, 2018
A crescente receita dos royalties da União e a necessidade de um projeto industrial para a nação
Não são apenas os municípios e estados petrorrentistas que estão faturando com as crescentes receitas dos royalties decorrentes do aumento do valor do barril e do dólar.
A União (governo federal) recebeu neste 1º semestre de 2018, 40% a mais com as receitas do direitos de exploração de petróleo do que no ano passado, enquanto as demais receitas da União, neste mesmo período cresceu apenas 6%.
Isto significou R$ 22,8 bilhões de receitas com os royalties do petróleo entrando nas contas do governo federal. O maior valor para um primeiro semestre, mesmo com o barril no valor médio de US$ 75. Confira abaixo no infográfico do Valor (22 ago. 2018, P. A3), Mais especificamente no 1º gráfico em azul.
Com o aumento de produção previsto nestes próximos dois anos, um maior valor do barril (que entre 2010 e 2014 pela 1ª vez na história da humanidade oscilou sempre acima dos US$ 100) e com o dólar alto como se encontra hoje, esta receita e a sua participação no orçamento da União tendem a crescer ainda mais, mostrando uma maior dependência do país para esta indústria.
É oportuno lembrar que entre 2010 e 2013, esta indústria chegou a ter uma participação total (a cadeia produtiva e não apenas os royalties) de 13% no PIB brasileiro e 33% do PIB do ERJ.
Ao recordar esta realidade há que se lamentar a redução, próximo do fim das exigências de conteúdo local para os projetos de exploração e produção de petróleo. Eram estas encomendas que tinham capacidade de arrastar a indústria de máquinas e equipamentos, setor naval e tecnologia e serviços gerando bilhões em impostos e centenas de milhares de empregos no país e não no exterior.
O outro lamento desta política do Temer - e que pretende ser seguida por Alckmin e Bolsonaro entregando nossas reservas e reduzindo a capacidade de gerar empregos e tributos no país, com as centenas de isenções de até R$ 1 trilhão é a do fim do fundo soberano que financiaria com este enorme quantidade de dinheiro a nossa edução e saúde. Numa época em que os neoliberais vivem falando do déficit fiscal no país, enquanto concedem seguidos incentivos e desonerações às corporações estrangeiras, em detrimento do presente e do futuro de nossa população.
Os cerca de 50 bilhões que a União receberá este anos com os royalties do petróleo é ainda muito pouco pelo potencial que poderia estar sendo feito com o encadeamento e com a participação da indústria nacional gerando emprego e renda a partir desta que é uma dos eixos de crescimento econômico do pais e desenvolvimento com empregos e inclusão social.
No caso do Brasil com o Pré-sal, a maior fronteira petrolífera descoberta na última década no mundo, a transição para novos tempos com uma economia com menos carbono e fossilizada, numa economia capitalista e ainda lubrificada pelo petróleo, não há como trabalhar contra o mesmo e sim com o petróleo e para além dele, avançando na geração de outras energias renováveis.
Insisto que é preciso ler nas entrelinhas e articular as informações soltas da mídia comercial e corporativa para extrair delas a interpretação sobre as alternativas que podem interessar à Nação brasileira. Sigamos em frente!
PS.: Atualizado às 00:38 de 25/08/2018: Num dado divulgado hoje, ao incluir as receitas de royalties do petróleo (e Participações Especiais - PE) também do mês de julho de 2018, o valor total recebido pela União em 2018 sobe de R$ 22,9 bilhões (janeiro a junho de 2018) para R$ 33,4 bilhões, um valor que é 56,8% maior que esta receita no ano anterior de 2017. Um valos muito expressivo e que deve se ampliar em agosto considerando a manutenção do valor do barril num patamar em torno de US$ 75 e o aumento do valor do dólar.
A União (governo federal) recebeu neste 1º semestre de 2018, 40% a mais com as receitas do direitos de exploração de petróleo do que no ano passado, enquanto as demais receitas da União, neste mesmo período cresceu apenas 6%.
Isto significou R$ 22,8 bilhões de receitas com os royalties do petróleo entrando nas contas do governo federal. O maior valor para um primeiro semestre, mesmo com o barril no valor médio de US$ 75. Confira abaixo no infográfico do Valor (22 ago. 2018, P. A3), Mais especificamente no 1º gráfico em azul.
Infográfico evolução receita royalties da União 1º Semestre: 2010-2018. Valor em 22-08-28. P.A3 |
Os royalties do petróleo, incluídas as participações especiais (PE) em função da grande produção dos maiores campos, representam hoje para o país, 3,4% de suas receitas, um percentual que é o dobro de dois anos arás e o maior desde 2010. De forma específica veja o 2º gráfico em amarelo. o 3º gráfico e roxo mostra o valor do barril de petróleo par ao mesmo período.
Com o aumento de produção previsto nestes próximos dois anos, um maior valor do barril (que entre 2010 e 2014 pela 1ª vez na história da humanidade oscilou sempre acima dos US$ 100) e com o dólar alto como se encontra hoje, esta receita e a sua participação no orçamento da União tendem a crescer ainda mais, mostrando uma maior dependência do país para esta indústria.
É oportuno lembrar que entre 2010 e 2013, esta indústria chegou a ter uma participação total (a cadeia produtiva e não apenas os royalties) de 13% no PIB brasileiro e 33% do PIB do ERJ.
Ao recordar esta realidade há que se lamentar a redução, próximo do fim das exigências de conteúdo local para os projetos de exploração e produção de petróleo. Eram estas encomendas que tinham capacidade de arrastar a indústria de máquinas e equipamentos, setor naval e tecnologia e serviços gerando bilhões em impostos e centenas de milhares de empregos no país e não no exterior.
O outro lamento desta política do Temer - e que pretende ser seguida por Alckmin e Bolsonaro entregando nossas reservas e reduzindo a capacidade de gerar empregos e tributos no país, com as centenas de isenções de até R$ 1 trilhão é a do fim do fundo soberano que financiaria com este enorme quantidade de dinheiro a nossa edução e saúde. Numa época em que os neoliberais vivem falando do déficit fiscal no país, enquanto concedem seguidos incentivos e desonerações às corporações estrangeiras, em detrimento do presente e do futuro de nossa população.
Os cerca de 50 bilhões que a União receberá este anos com os royalties do petróleo é ainda muito pouco pelo potencial que poderia estar sendo feito com o encadeamento e com a participação da indústria nacional gerando emprego e renda a partir desta que é uma dos eixos de crescimento econômico do pais e desenvolvimento com empregos e inclusão social.
No caso do Brasil com o Pré-sal, a maior fronteira petrolífera descoberta na última década no mundo, a transição para novos tempos com uma economia com menos carbono e fossilizada, numa economia capitalista e ainda lubrificada pelo petróleo, não há como trabalhar contra o mesmo e sim com o petróleo e para além dele, avançando na geração de outras energias renováveis.
Insisto que é preciso ler nas entrelinhas e articular as informações soltas da mídia comercial e corporativa para extrair delas a interpretação sobre as alternativas que podem interessar à Nação brasileira. Sigamos em frente!
PS.: Atualizado às 00:38 de 25/08/2018: Num dado divulgado hoje, ao incluir as receitas de royalties do petróleo (e Participações Especiais - PE) também do mês de julho de 2018, o valor total recebido pela União em 2018 sobe de R$ 22,9 bilhões (janeiro a junho de 2018) para R$ 33,4 bilhões, um valor que é 56,8% maior que esta receita no ano anterior de 2017. Um valos muito expressivo e que deve se ampliar em agosto considerando a manutenção do valor do barril num patamar em torno de US$ 75 e o aumento do valor do dólar.
Duas opiniões dos bastidores do poder e da economia liberal sobre eleição presidencial no Brasil
Lendo o que circula em termos de informações para entender os bastidores da disputa eleitoral para a Presidência da República, para além das pesquisas de intenções de voto, eu encontrei duas informações que a meu juízo valem registro. Ambas aparecem publicadas no Valor, o jornal da mídia corporativa e do mundo das finanças no Brasil:
1) Na coluna da página P. A2 na edição de 22 ago., o repórter especial Daniel Ritter diz que a cúpula do governo Temer já desanimou das chances de Alckmin. Ritter informa que os auxiliares mais próximos de Temer reclamam das dificuldades do ex-governador paulista em transformar apoio político em votos e que isto reduziu a crença de que ele possa chegar ao 2º turno. Os mesmos interlocutores do desgastado Temer afirmaram ao jornalista que não creem na viabilidade da sugestão de FHC de união contra Bolsonaro para repetir o cenário francês de Macron contra a direitista Le Pen. Para eles, TSE no início de setembro retirará Lula da disputa e oPT fará a substituição por Haddad que teria assim facilidade em chegar ao 2º turno. Observem que a coluna foi escrita ontem, antes da divulgação hoje da pesquisa do Datafolha. Neste horizonte visto pela cúpula do Planalto e descrito pelo jornalista, a decisão seria entre o PT e Bolsonaro e assim preveem uma transição de governo difícil, “onde pode haver fricções na passagem de bastão que geram preocupações com o diálogo entre as equipes atuais e as indicadas pelo presidente eleito em outubro”. (Veja aqui o artigo do Rittner na íntegra)
2) O segundo registro é de um artigo publicado na 2ª feira (20 ago. 2018, P.A11) do tucano Luiz Carlos Mendonça de Barros, que foi presidente do BNDES de onde coordenou as privatizações do governo FHC, de quem depois foi também ministro das Comunicações. Mendonça de Barros disse: “o cenário eleitoral visto de hoje, é muito incerto e a previsão de quem vencerá é impossível de ser feita seguindo critérios racionais”. Por isso, ele afirmou que iria refletir sobre o que deveria fazer “seja quem for o vencedor a comandar o Palácio do Planalto”. Diz que a partir de sua experiência com a classe política e as reações da maioria dos brasileiros “governar o Brasil com sucesso, depende de uma combinação equilibrada entre racionalidade e sensibilidade social. Em outras palavras, as aspirações de curto prazo da sociedade têm que ser atendidas para que o governante consiga realizar uma agenda de longo prazo”. Evidente que ele fala das mesmas reformas de Temer e Alckmin, mas diz que só podem ser feitas adiante e não como os colunistas econômicos da mídia comercial repetem todo o santo dia. Assim, ele sugere crescimento econômico com racionalidade técnica, considerando que estamos em um ponto do ciclo econômico em que a recuperação cíclica forte pode ser buscada rapidamente por meio da gestão de curto prazo correta de algumas variáveis econômicas, deixando as reformas estruturais sonhadas pelo mercado para ser implementada mais adiante no mandato”. Mendonça diz “para andar devagar com o andor pois o santo é de barro e que a difícil negociação com a sociedade para as reformas precisa de uma difícil negociação com a sociedade e o Congresso”. Mendonça de Barros afirma que “é preciso trazer a população – principalmente os mais pobres e a classe média – par ao lado do governo, apoiando o presidente da República e aumentando seu poder de negociação no Congresso”. Diz ainda que “é preciso unir novamente uma parte relevante da sociedade e que para isso é necessário a voltado crescimento econômico”. Exatamente o que falam os candidatos da centro-esquerda e esquerda e contrário ao que faz Temer e propõe continuar Alckmin e Bolsonaro. Afirma que a agenda de governo deverá ser para reduzir o desemprego e a falta de confiança dos brasileiros no país que seria a seu ver uma combinação explosiva. Neste ponto, Mendonça de barros critica literalmente a “liderança dos economistas de direita, entre eles os de origem na PUC do Rio e Insper em São Paulo que defendem que a marca dos primeiros cem dias de governo deva ser o lançamento de um abrangente programa de reformas estruturais e privatizações. Questiona ainda que esses “a volta do crescimento econômico seria uma decorrência natural do compromisso do governo com a racionalidade econômica e com o ajuste fiscal”. Mesmo que Mendonça de Barros também critique os riscos das propostas da esquerda que chama da Unicamp, com o que chama de “um certo keynesianismo de pé quebrado”, ele diz que o próximo mandato presidencial será difícil e com muitas pedras no caminho, mas defende que o vencedor deve aceitar e entender as razões da revolta da grande parte da sociedade”. O artigo na íntegra pode ser lido aqui no Valor.
O leitor que chegou até aqui, neste já “textão”, pode intuir o que está se passando nas hostes daqueles que apoiaram o golpe e o mandato de Temer.
Estas análises, de certa forma, refletem de forma complementar e mais estruturada, as pesquisas eleitorais divulgadas nestes últimos dias no Brasil.
Estas análises são de quem está do lado da centro-direita e de dentro do governo Temer e seus aliados e não de quem faz oposição.
Por elas se pode identificar que, de certa forma, elas confirmam aquilo que os números da pesquisa de intenções de voto estão indicando sobre as posições dos candidatos ao cargo de presidente da República, assim como as expectativas e as aspirações da população.
Para melhor ler a conjuntura é preciso tentar ouvir os diversos lados deste processo. Sigamos em frente!
1) Na coluna da página P. A2 na edição de 22 ago., o repórter especial Daniel Ritter diz que a cúpula do governo Temer já desanimou das chances de Alckmin. Ritter informa que os auxiliares mais próximos de Temer reclamam das dificuldades do ex-governador paulista em transformar apoio político em votos e que isto reduziu a crença de que ele possa chegar ao 2º turno. Os mesmos interlocutores do desgastado Temer afirmaram ao jornalista que não creem na viabilidade da sugestão de FHC de união contra Bolsonaro para repetir o cenário francês de Macron contra a direitista Le Pen. Para eles, TSE no início de setembro retirará Lula da disputa e oPT fará a substituição por Haddad que teria assim facilidade em chegar ao 2º turno. Observem que a coluna foi escrita ontem, antes da divulgação hoje da pesquisa do Datafolha. Neste horizonte visto pela cúpula do Planalto e descrito pelo jornalista, a decisão seria entre o PT e Bolsonaro e assim preveem uma transição de governo difícil, “onde pode haver fricções na passagem de bastão que geram preocupações com o diálogo entre as equipes atuais e as indicadas pelo presidente eleito em outubro”. (Veja aqui o artigo do Rittner na íntegra)
2) O segundo registro é de um artigo publicado na 2ª feira (20 ago. 2018, P.A11) do tucano Luiz Carlos Mendonça de Barros, que foi presidente do BNDES de onde coordenou as privatizações do governo FHC, de quem depois foi também ministro das Comunicações. Mendonça de Barros disse: “o cenário eleitoral visto de hoje, é muito incerto e a previsão de quem vencerá é impossível de ser feita seguindo critérios racionais”. Por isso, ele afirmou que iria refletir sobre o que deveria fazer “seja quem for o vencedor a comandar o Palácio do Planalto”. Diz que a partir de sua experiência com a classe política e as reações da maioria dos brasileiros “governar o Brasil com sucesso, depende de uma combinação equilibrada entre racionalidade e sensibilidade social. Em outras palavras, as aspirações de curto prazo da sociedade têm que ser atendidas para que o governante consiga realizar uma agenda de longo prazo”. Evidente que ele fala das mesmas reformas de Temer e Alckmin, mas diz que só podem ser feitas adiante e não como os colunistas econômicos da mídia comercial repetem todo o santo dia. Assim, ele sugere crescimento econômico com racionalidade técnica, considerando que estamos em um ponto do ciclo econômico em que a recuperação cíclica forte pode ser buscada rapidamente por meio da gestão de curto prazo correta de algumas variáveis econômicas, deixando as reformas estruturais sonhadas pelo mercado para ser implementada mais adiante no mandato”. Mendonça diz “para andar devagar com o andor pois o santo é de barro e que a difícil negociação com a sociedade para as reformas precisa de uma difícil negociação com a sociedade e o Congresso”. Mendonça de Barros afirma que “é preciso trazer a população – principalmente os mais pobres e a classe média – par ao lado do governo, apoiando o presidente da República e aumentando seu poder de negociação no Congresso”. Diz ainda que “é preciso unir novamente uma parte relevante da sociedade e que para isso é necessário a voltado crescimento econômico”. Exatamente o que falam os candidatos da centro-esquerda e esquerda e contrário ao que faz Temer e propõe continuar Alckmin e Bolsonaro. Afirma que a agenda de governo deverá ser para reduzir o desemprego e a falta de confiança dos brasileiros no país que seria a seu ver uma combinação explosiva. Neste ponto, Mendonça de barros critica literalmente a “liderança dos economistas de direita, entre eles os de origem na PUC do Rio e Insper em São Paulo que defendem que a marca dos primeiros cem dias de governo deva ser o lançamento de um abrangente programa de reformas estruturais e privatizações. Questiona ainda que esses “a volta do crescimento econômico seria uma decorrência natural do compromisso do governo com a racionalidade econômica e com o ajuste fiscal”. Mesmo que Mendonça de Barros também critique os riscos das propostas da esquerda que chama da Unicamp, com o que chama de “um certo keynesianismo de pé quebrado”, ele diz que o próximo mandato presidencial será difícil e com muitas pedras no caminho, mas defende que o vencedor deve aceitar e entender as razões da revolta da grande parte da sociedade”. O artigo na íntegra pode ser lido aqui no Valor.
O leitor que chegou até aqui, neste já “textão”, pode intuir o que está se passando nas hostes daqueles que apoiaram o golpe e o mandato de Temer.
Estas análises, de certa forma, refletem de forma complementar e mais estruturada, as pesquisas eleitorais divulgadas nestes últimos dias no Brasil.
Estas análises são de quem está do lado da centro-direita e de dentro do governo Temer e seus aliados e não de quem faz oposição.
Por elas se pode identificar que, de certa forma, elas confirmam aquilo que os números da pesquisa de intenções de voto estão indicando sobre as posições dos candidatos ao cargo de presidente da República, assim como as expectativas e as aspirações da população.
Para melhor ler a conjuntura é preciso tentar ouvir os diversos lados deste processo. Sigamos em frente!
quarta-feira, agosto 22, 2018
Datafolha surpreende com avaliação recorde da transferência de votos. Resultado deverá provocar movimentos em outras candidaturas, na justiça e/ou nos eventuais apoiadores
A pesquisa do Datafolha divulgada hoje mostra que o potencial de transferência de votos de Lula para Haddad (Andrade como estão chamando os baianos) ficaria, hoje, entre 31% e 49% do total de eleitores e não apenas naqueles que votariam em Lula.
A informação é muito significativa na medida em que a pesquisa divulgada nesta madrugada identificou que Lula teria 39% das intenções de voto na simulação em que participa: Lula - 39%: Bolsonaro - 19%; Marina -8%; Alckmin 6% e Ciro-5%.
Assim, se vê que a forma de divulgação da pesquisa do Datafolha pela mídia contratante repetiu o esquema já visto na divulgação da pesquisa do Ibope, que divulgava dois cenários com Lula e outro com Haddad simplesmente, sem dizer que ele poderia ser o substituto de Lula.
Porém, na mesma pesquisa em outra pergunta ao dizer que Haddad seria o candidato de Lula, caso ele não possa ser candidato, 31% disseram que votam com certeza em quem Lula indicar. E 18% dizem que pode vir a votar na indicação de Lula.
Esta resposta mostra que o potencial da transferência de votos é muito maior e poderia até identificar chances não mais e apenas de Haddad ir ao segundo turno, como se aproximar de uma vitória no 1º turno.
Como se vê há intenções disfarçadas no método. Ao mesmo tempo que auferem o potencial de transferência de votos que pode chegar a 49% (do total de eleitores e não apenas do percentual do Lula).
Assim, este resultado mostra o potencial final de votos de Lula ainda no 1º turno de 39% (indicado e mais 10% que podem votar) e que a transferência de votos pode se aproximar do total e não mais aqueles 30% que se falava antes.
É bom lembrar que esta transferência de votos é diferente daquela já conhecida em que um líder político recomenda o voto numa eleição que ele não participa.
O caso atual é sui-generis. Porque Lula participa do processo desde do início como candidato e continuará a participar, em qualquer situação, por conta de tudo que já se sabe e que faz com que ele tenha aumentado em 9% as intenções de voto no Datafolha em relação à pesquisa anterior, no exato momento em que outras candidaturas eram definidas no plano nacional.
Um resultado como este muda a conjuntura e deve estar mexendo nos bastidores. Vou insistir e arriscar dizer. A análise desta pesquisa em sua integralidade tende a criar novos fatos seja nas outras candidaturas, na justiça e/ou nos eventuais apoiadores. Valerá acompanhar os fatos.
Assim, se vê que a forma de divulgação da pesquisa do Datafolha pela mídia contratante repetiu o esquema já visto na divulgação da pesquisa do Ibope, que divulgava dois cenários com Lula e outro com Haddad simplesmente, sem dizer que ele poderia ser o substituto de Lula.
Porém, na mesma pesquisa em outra pergunta ao dizer que Haddad seria o candidato de Lula, caso ele não possa ser candidato, 31% disseram que votam com certeza em quem Lula indicar. E 18% dizem que pode vir a votar na indicação de Lula.
Esta resposta mostra que o potencial da transferência de votos é muito maior e poderia até identificar chances não mais e apenas de Haddad ir ao segundo turno, como se aproximar de uma vitória no 1º turno.
Como se vê há intenções disfarçadas no método. Ao mesmo tempo que auferem o potencial de transferência de votos que pode chegar a 49% (do total de eleitores e não apenas do percentual do Lula).
Assim, este resultado mostra o potencial final de votos de Lula ainda no 1º turno de 39% (indicado e mais 10% que podem votar) e que a transferência de votos pode se aproximar do total e não mais aqueles 30% que se falava antes.
É bom lembrar que esta transferência de votos é diferente daquela já conhecida em que um líder político recomenda o voto numa eleição que ele não participa.
O caso atual é sui-generis. Porque Lula participa do processo desde do início como candidato e continuará a participar, em qualquer situação, por conta de tudo que já se sabe e que faz com que ele tenha aumentado em 9% as intenções de voto no Datafolha em relação à pesquisa anterior, no exato momento em que outras candidaturas eram definidas no plano nacional.
Um resultado como este muda a conjuntura e deve estar mexendo nos bastidores. Vou insistir e arriscar dizer. A análise desta pesquisa em sua integralidade tende a criar novos fatos seja nas outras candidaturas, na justiça e/ou nos eventuais apoiadores. Valerá acompanhar os fatos.
Excesso de produção de aço no mundo e a realidade do Brasil no setor
O excesso de capacidade instalada (25%) para produzir aço em relação à demanda mundial segue alta: 2.268 milhões de toneladas x 1.723 milhões de toneladas de consumo.
A China segue produzindo aproximadamente metade de todo o aço do mundo apesar de ter fechado muitas siderúrgicas por imposições da Organização Mundial de Comércio (OMC) e para reduzir o nível de poluição nas cidades.
O Brasil segue produzindo cerca de 2% de toda a produção mundial estando na 9º posição do ranking entre produtores.
A pressão por menores custos e maior produtividade, além da força dos oligopólios controlando o mercado, assim como a recente taxação tarifária extra dos EUA limitam a criação de novos projetos em todo o mundo.
No curto e médio prazo não há razões para acreditar em mudanças neste cenário mundial.
Há quase dois anos insisti nesta interpretação em audiência Púbica na Alerj ao questionar o não uso de imensa área desapropriadas no Distrito Industrial junto ao Porto do Açu no Norte do ERJ para projeto siderúrgico que é extensivo em área.
Nesta linha a pressão continuará a ser do Brasil continuar como grande exportador de minério de ferro (como commodity), através da Vale e outras mineradoras instaladas, especialmente, nos estados do Pará e em Minas Gerais.
Infográfico publicado no Valor 21/08/2018. P. F1 |
Os dados são da World Steel Association e Instituto Aço Brasil e estão no infográfico ao lado publicado num cadernos especial sobre a Indústria de aço publicado hoje pelo Valor.
Este percentual entre capacidade instalada e consumo já foi maior e ficou entre 40% e 50% em passado recente.
A China segue produzindo aproximadamente metade de todo o aço do mundo apesar de ter fechado muitas siderúrgicas por imposições da Organização Mundial de Comércio (OMC) e para reduzir o nível de poluição nas cidades.
O Brasil segue produzindo cerca de 2% de toda a produção mundial estando na 9º posição do ranking entre produtores.
A pressão por menores custos e maior produtividade, além da força dos oligopólios controlando o mercado, assim como a recente taxação tarifária extra dos EUA limitam a criação de novos projetos em todo o mundo.
No curto e médio prazo não há razões para acreditar em mudanças neste cenário mundial.
Há quase dois anos insisti nesta interpretação em audiência Púbica na Alerj ao questionar o não uso de imensa área desapropriadas no Distrito Industrial junto ao Porto do Açu no Norte do ERJ para projeto siderúrgico que é extensivo em área.
Nesta linha a pressão continuará a ser do Brasil continuar como grande exportador de minério de ferro (como commodity), através da Vale e outras mineradoras instaladas, especialmente, nos estados do Pará e em Minas Gerais.
terça-feira, agosto 21, 2018
Gás natural é parte da guerra comercial EUA x China
O Gás Natural é talvez uma das maiores vulnerabilidades
americanas na disputa comercial com a China. O gigante país asiático decidiu retaliar
os EUA com taxa de 25% sobre o GNL (Gás Natural Liquefeito) por conta das
iguais pressões de Trump.
Os EUA está entupido de Gás Natural com a produção atual do
xisto (shale gas). A Ásia é quem controla este mercado pelo lado da demanda. A
China caminha para se tornar ano que vem o maior importador mundial de LNG.
Em 2015, o GN (vista hoje mundialmente como matriz de
transição energética) tinha 6% de participação na matriz energética chinesa. A
previsão é que chegue a 15% até 2030. Hoje é o segundo. Os EUA com a atual crescente
produção caminha para em 2022 ser o maior exportador do mundo que hoje está
entre o Irã, Rússia e Catar. [1]
A pressão dos EUA já levou a China a acelerar o projeto do
gasoduto até a China e Turquemenistão, outro país com grande reserva e
produção, além de retomar os seus projetos de extração de gás natural em seu
próprio território.
Enquanto Trump fomenta a guerra comercial com a China, investidores
dos projetos em gás natural nos EUA começam a repensar suas iniciativas. A
Cheniere Energy em Houston - Golfo do México – [2] ver aqui postagem do blog
sobre estas instalações de Gás Natural junto ao porto na Louisiana) e a Dominion
Energy Richmond Virgínia começam a se preocupar com os investimentos de US$ 44
bilhões em unidade de liquefação de gás natural, gasodutos e terminais portuários
para exportação de GNL. [1]
Terminal de GNL Sabrine Pass. Louisiana, EUA |
Até a petroleira francesa Total tem preocupações com estas
posições dos EUA porque é sócia, mesmo que minoritária, num projeto de US$ 10
bilhões de exportação de LNG no Circuito Espacial do Petróleo e Gás na região
de Houston e Louisiana. [2]
O gráfico abaixo da Agência Internacional de Energia (EIA ou AIE) mostra a estimativa de evolução exportação EUA para o período 2016-2019 que envolve o desenvolvimento dos projetos citados acima [3]
Ainda sobre os projetos de exploração de Gás Natural é interessante registrar a potencialidade desta fonte energética no litoral brasileiro com as reservas do pré-sal na bacia de Santos podem também ganhar ainda mais importância. Vale ainda lembrar ainda que além da Petrobras, a Shell só comprou a petroleira britânica BG por US$ 60 bilhões, mesmo no início da fase de colapso de preços do petróleo e do gás, por conta do potencial em gás natural.
A produção de gás natural é hoje considerada em todo o mundo como o combustível de transição mais importante dentro da matriz energética mundial. Outro dado que vale ser realçado é que a Shell é sócia do projeto do produção do campo gigante de Libra no Pré-sal.
O gráfico abaixo da Agência Internacional de Energia (EIA ou AIE) mostra a estimativa de evolução exportação EUA para o período 2016-2019 que envolve o desenvolvimento dos projetos citados acima [3]
Ainda sobre os projetos de exploração de Gás Natural é interessante registrar a potencialidade desta fonte energética no litoral brasileiro com as reservas do pré-sal na bacia de Santos podem também ganhar ainda mais importância. Vale ainda lembrar ainda que além da Petrobras, a Shell só comprou a petroleira britânica BG por US$ 60 bilhões, mesmo no início da fase de colapso de preços do petróleo e do gás, por conta do potencial em gás natural.
A produção de gás natural é hoje considerada em todo o mundo como o combustível de transição mais importante dentro da matriz energética mundial. Outro dado que vale ser realçado é que a Shell é sócia do projeto do produção do campo gigante de Libra no Pré-sal.
O Gás Natural sob a forma liquefeita (LNG) que dá mobilidade ao combustível ou sob a forma gasosa transportada por gasodutos deve ser cada vez mais observada junto do setor petróleo, na medida que o uso de uma tende a limitar o uso da outra, sendo menos poluente.
O relativo barateamento da unidades de liquefação é que propiciaram esta mobilidade ao gás natural que passaram a pode ser transportado não apenas por gasodutos. Por isso, o seu uso se ampliará na matriz energética das nações.
Referências:
[1] Agência Internacional de Energia cita em matéria dos
jornalistas Stephanine Yang e Timothy Puko da Agência Dom Jones Newswires,
publicada pelo The Wall Street Journal em 17 ago. 2018 e Valor em 20 ago. 2018.
Disponível em: https://www.wsj.com/articles/trade-fears-throw-future-of-u-s-natural-gas-into-question-1534503600
[2] Artigo deste autor publicado aqui neste blog em 11 jul.
2016. A ampliação do poder estratégico e geopolítico do Gás Natural (GNL) na
matriz energética mundial. Disponível em:
http://www.robertomoraes.com.br/2016/07/a-ampliacao-do-poder-estrategico-e.html
[3] Gráfico da Agência Internacional de Energia (EIA ou AIE) com a estimativa de evolução exportação EUA para o período 2016-2019. The US prepares to export more Liquefied Natural Gas. 8 dez. 2017. Disponível em: https://www.lapatilla.com
PS.: Atualizada às 16:58: para alguns acréscimos no texto.
[3] Gráfico da Agência Internacional de Energia (EIA ou AIE) com a estimativa de evolução exportação EUA para o período 2016-2019. The US prepares to export more Liquefied Natural Gas. 8 dez. 2017. Disponível em: https://www.lapatilla.com
PS.: Atualizada às 16:58: para alguns acréscimos no texto.
segunda-feira, agosto 20, 2018
Royalties de agosto repetem, aproximadamente, os valores de julho
Será depositada amanhã a parcela de agosto da quota mensal dos royalties do petróleo decorrente da produção dos grandes campos de petróleo aos municípios fluminenses. Os dados são da ANP e foram tabulados e enviados ao blog pelo Wellington Abreu, superintendente de Petróleo e Gás da Prefeitura de São João da Barra.
Os valores a serem recebidos pelos municípios petrorrentistas são muito próximos, um pouco acima ou abaixo daqueles recebidos no mês de julho, referente à produção dos poços e campos de petróleo em junho de 2018, sempre dois meses antes do depósito que é feito pela ANP.
Abaixo a tabela com os valores pagos das quotas mensais dos royalties nos últimos doze meses, no período entre agosto de 2017 e agosto de 2018. O maior valor pago mais uma vez - no caso das quotas mensais é de Macaé com R$ 52 milhões. Depois vem Maricá com R$ 46 milhões e Campos dos Goytacazes com R$ 42 milhões. Para ver a imagem da tabela em tamanho maior clique sobre ela.
Infelizmente o conturbado processo eleitoral nacional deixa de lado o importante debate sobre um governo estadual mais integrado e regional
É compreensível que num processo eleitoral tão conturbado e repleto de ingerências que colocam em risco a democracia no plano nacional, o debate sobre as escolhas dos gestores estaduais fiquem em segundo plano.
Isto é ainda mais lamentável no ERJ, onde se vive uma de suas maiores crises com o governante omisso, desgastado e praticamente sem ação.
Entre as três escalas de governo a dos estados é a que parece mais ser desvalorizada pela população. Não tem a proximidade do gestor municipal e nem o simbolismo da Presidência da República.
Os governos estaduais não têm ingerência direta sobre o território, jurisdição sobre a administração autárquica do município e nem o controle do cofre e da emissão da moeda do plano federal.
Ainda assim, o governo estadual é o braço de entrada de uma série de políticas. Tem ou deveria ter papel importante na gestão supramunicipal e regional em termos de consórcios e programas para atender às populações que vivem cada vez mais numa região e não apenas em seus municípios.
Outra questão é que o governador é o gestor procurado pela maior parte das corporações interessadas na implantação de grandes projetos de investimentos (GPI). Normalmente é o governador que recebe o projeto, inicia as negociações, define e abre as portas para o município que será sede dos mesmos e que articula com o governo federal processos de licenciamentos, financiamento, isenções e estímulos tributários. No caso do ERJ isto redundou em isenções de mais de R$ 130 bilhões nos últimos anos.
Já tratei deste assunto recentemente aqui no em dois artigos: "A importância de pensar a região quando se faz escolhas sobre a gestão estadual" (30 jul. 2018). "As eleições estaduais e o protagonismo pouco conhecido dos governadores" (29 jun. 2018). Eles chamam a atenção para o papel de articulação federativa entre os municípios numa concepção supramunicipal e regional.
O ERJ vive uma completa ausência deste tipo de política, com os municípios sendo tratados de forma pontual, quando muito. Este momento cíclico de crise econômica e fiscal do ERJ poderia ser um importante ensejo, para se começar a corrigir estas deficiências de gestão territorial regional e com governança mais eficiente que poderia promover também um adensamento produtivo.
Infelizmente, em meio às anormalidades democráticas que vivemos e estando a cerca de 50 dias para o pleito eleitoral, observa-se que será difícil superar estas dificuldades. Ainda assim, eu insisto na temática e na necessidade de um debate mais efetivo.
O desenvolvimento não pode ser apenas econômico se não for também integrado socialmente. Ele precisa ainda considerar os vários setores para além daqueles mais dinâmicos em termos de arrasto das atividades econômicas.
As corporações tentam usar o território conforme seus interesses, enquanto as gestões têm o papel de incluir as populações nestes processos, tornando-as partes ativas. Mitigando impactos socioambientais e construindo possibilidades de vida num espaço em que a convivência inter-urbes seja menos desigual, mais humana em termos civilizatórios.
Na fase de boom e expansão da economia do petróleo e economia dos royalties, o protagonismo esteve com as corporações que produziram o território e agora, no período de colapso, a população é a que perde mais com o desemprego e com asfixia dos programas socais.
Por tudo isso, é necessário debater o ERJ em seus problemas e na construção de oportunidades. Pensar o ERJ em suas várias regiões, não para aplacar o bairrismo comum questionado pelos "espaços esquecidos", mas pela compreensão que as saídas regionais são as mais eficientes, diante de tantos desafios e de algumas boas potencialidades.
Costumo dizer e insistir na interpretação de que a despeito de todos os problemas, o ERJ nunca foi tão estado como agora. Mesmo que a região metropolitana continue muito grande e agora incorporando mais municípios o ERJ nunca foi potencialmente tão regional como hoje.
O fluxo de pessoas e materiais é hoje imensamente maior que antes, o que permite avaliar que se vive hoje tanto no estado quanto nos municípios. Porém, parece que as gestões públicas ainda não conseguiram avançar diante de uma realidade em que nossa urbanização é menos local e mais regional e integrada de forma supramunicipal.
Não gosto da conceito de arranjos produtivos para entender as regiões do estado. Prefiro a interpretação dos eixos de desenvolvimento. Eles têm muito a mostrar num estado com espaço geográfico que é mais retilíneo e ao longo de um litoral com 636 km de extensão, o 3º maior do país, atrás apenas da Bahia (932 km) e Maranhão (640 km). O que ajuda a explicar a atração do mesmo sobre a relativamente curta área em direção ao interior que é menos que um terço do litoral.
Novas metropolizações estão se formando no espaço do estado e se integrando às outras, tanto ao norte quanto ao sul fluminense, em direção aos outros estados da federação.
As regiões menos conhecidas e de aparente menor dinâmica econômica, vivem realidades interessantes de integração entre o rural e o urbano, onde os municípios talvez tenham muito a ensinar aos municípios-polos em termos de execução orçamentária.
Enfim, o país carece de uma reforma política que, entre outras coisas, pudessem levar a eleição estadual e parlamentar, para após o pleito de presidente da República.
Há muito a ser aperfeiçoado em nosso capenga federalismo no Brasil. Porém, existe muito que pode ser feito, desde que tenhamos uma maior clareza por onde caminhar diante do sistema-mundo contemporâneo e do capitalismo global em que estamos envolvidos.
Até por conta desta realidade e desta interpretação, eu tomei a opção de escolher candidatos a deputado, não apenas pela escolha ideológica, mas que pensem uma atuação mais regional e menos localista.
PS.: Atualizado às 12:15 de 21/08/2018: para breves correções no texto.
Isto é ainda mais lamentável no ERJ, onde se vive uma de suas maiores crises com o governante omisso, desgastado e praticamente sem ação.
Entre as três escalas de governo a dos estados é a que parece mais ser desvalorizada pela população. Não tem a proximidade do gestor municipal e nem o simbolismo da Presidência da República.
Os governos estaduais não têm ingerência direta sobre o território, jurisdição sobre a administração autárquica do município e nem o controle do cofre e da emissão da moeda do plano federal.
Ainda assim, o governo estadual é o braço de entrada de uma série de políticas. Tem ou deveria ter papel importante na gestão supramunicipal e regional em termos de consórcios e programas para atender às populações que vivem cada vez mais numa região e não apenas em seus municípios.
Outra questão é que o governador é o gestor procurado pela maior parte das corporações interessadas na implantação de grandes projetos de investimentos (GPI). Normalmente é o governador que recebe o projeto, inicia as negociações, define e abre as portas para o município que será sede dos mesmos e que articula com o governo federal processos de licenciamentos, financiamento, isenções e estímulos tributários. No caso do ERJ isto redundou em isenções de mais de R$ 130 bilhões nos últimos anos.
Já tratei deste assunto recentemente aqui no em dois artigos: "A importância de pensar a região quando se faz escolhas sobre a gestão estadual" (30 jul. 2018). "As eleições estaduais e o protagonismo pouco conhecido dos governadores" (29 jun. 2018). Eles chamam a atenção para o papel de articulação federativa entre os municípios numa concepção supramunicipal e regional.
O ERJ vive uma completa ausência deste tipo de política, com os municípios sendo tratados de forma pontual, quando muito. Este momento cíclico de crise econômica e fiscal do ERJ poderia ser um importante ensejo, para se começar a corrigir estas deficiências de gestão territorial regional e com governança mais eficiente que poderia promover também um adensamento produtivo.
Mapa ERJ por regiões após Lei Complementar nº 158, 26/12/2013-CEPERJ |
O desenvolvimento não pode ser apenas econômico se não for também integrado socialmente. Ele precisa ainda considerar os vários setores para além daqueles mais dinâmicos em termos de arrasto das atividades econômicas.
As corporações tentam usar o território conforme seus interesses, enquanto as gestões têm o papel de incluir as populações nestes processos, tornando-as partes ativas. Mitigando impactos socioambientais e construindo possibilidades de vida num espaço em que a convivência inter-urbes seja menos desigual, mais humana em termos civilizatórios.
Na fase de boom e expansão da economia do petróleo e economia dos royalties, o protagonismo esteve com as corporações que produziram o território e agora, no período de colapso, a população é a que perde mais com o desemprego e com asfixia dos programas socais.
Por tudo isso, é necessário debater o ERJ em seus problemas e na construção de oportunidades. Pensar o ERJ em suas várias regiões, não para aplacar o bairrismo comum questionado pelos "espaços esquecidos", mas pela compreensão que as saídas regionais são as mais eficientes, diante de tantos desafios e de algumas boas potencialidades.
Costumo dizer e insistir na interpretação de que a despeito de todos os problemas, o ERJ nunca foi tão estado como agora. Mesmo que a região metropolitana continue muito grande e agora incorporando mais municípios o ERJ nunca foi potencialmente tão regional como hoje.
O fluxo de pessoas e materiais é hoje imensamente maior que antes, o que permite avaliar que se vive hoje tanto no estado quanto nos municípios. Porém, parece que as gestões públicas ainda não conseguiram avançar diante de uma realidade em que nossa urbanização é menos local e mais regional e integrada de forma supramunicipal.
Não gosto da conceito de arranjos produtivos para entender as regiões do estado. Prefiro a interpretação dos eixos de desenvolvimento. Eles têm muito a mostrar num estado com espaço geográfico que é mais retilíneo e ao longo de um litoral com 636 km de extensão, o 3º maior do país, atrás apenas da Bahia (932 km) e Maranhão (640 km). O que ajuda a explicar a atração do mesmo sobre a relativamente curta área em direção ao interior que é menos que um terço do litoral.
Novas metropolizações estão se formando no espaço do estado e se integrando às outras, tanto ao norte quanto ao sul fluminense, em direção aos outros estados da federação.
As regiões menos conhecidas e de aparente menor dinâmica econômica, vivem realidades interessantes de integração entre o rural e o urbano, onde os municípios talvez tenham muito a ensinar aos municípios-polos em termos de execução orçamentária.
Enfim, o país carece de uma reforma política que, entre outras coisas, pudessem levar a eleição estadual e parlamentar, para após o pleito de presidente da República.
Há muito a ser aperfeiçoado em nosso capenga federalismo no Brasil. Porém, existe muito que pode ser feito, desde que tenhamos uma maior clareza por onde caminhar diante do sistema-mundo contemporâneo e do capitalismo global em que estamos envolvidos.
Até por conta desta realidade e desta interpretação, eu tomei a opção de escolher candidatos a deputado, não apenas pela escolha ideológica, mas que pensem uma atuação mais regional e menos localista.
PS.: Atualizado às 12:15 de 21/08/2018: para breves correções no texto.
sexta-feira, agosto 17, 2018
OSX segue dando prejuízos e com terras no T2 do Porto do Açu
A OSX empresa criada em 2009 pelo grupo EBX do empresário Eike Batista e que se encontra em recuperação judicial desde 2013, anunciou um prejuízo líquido de R$ 501.27 milhões nos últimos doze meses, período entre o 3º trimestre de 2017 e o 2º trimestre de 2018.
A OSX possui uma área 3,2 milhões de m² alugada à Prumo Logística Global (ex-LLX) no canal do Terminal 2 do Porto do Açu, onde funcionou o estaleiro em consórcio com a Mendes Junior (Consórcio Integra), que chegou a realizar montagem de módulos de plataformas (Tipo FPSO).
A OSX possui uma área 3,2 milhões de m² alugada à Prumo Logística Global (ex-LLX) no canal do Terminal 2 do Porto do Açu, onde funcionou o estaleiro em consórcio com a Mendes Junior (Consórcio Integra), que chegou a realizar montagem de módulos de plataformas (Tipo FPSO).
Área que hoje está sem nenhuma utilização e onde se encontram os escombros dos galpões do estaleiro que teve sua montagem interrompida com o desmoronamento do grupo EBX.
As atividades do Consórcio Integra fizeram parte do boom da indústria naval no país que chegou levou o setor de 2 mil trabalhadores em 2003 a mais de 80 mil em 2013, antes do desmonte do setor que foi puxado pela cise de preços do barril de petróleo e da pressão contras as empreiteiras nacionais.
Abaixo foto publicada no blog em 2014 e 2015 mostrava a montagem do superguindade Mammoet na área da OSX no Terminal 2 (T2) do Porto Açu. O guindaste logo depois foi devolvido ao fabricante coreano em função da falta de pagamento. Mais detalhes sobre a desintegração do Consórcio Integra leia aqui na postagem do blog "
quinta-feira, agosto 16, 2018
Alemã Siemens enxerga "o pré-sal como uma riqueza e uma janela de negócios”, fala em “reindustrialização do ERJ - capital da transição energética do Brasil" por conta da disponibilidade energia que inclui gás e eletricidade
Aqueles que frequentam este o blog sabem que por conta dos
interesses e pesquisa do autor, ele acompanha os movimentos das corporações e
dos capitais dos fundos financeiros sobre os setores de petróleo, energia e
infraestrutura e indústria de apoio offshore e naval.
Nesta linha o blog vem reafirmado que as reservas do pré-sal
potencializam uma nova fase de expansão do setor que mobilizam as players
petroleiras e para-petroleiras que prestam serviços e apoio ao setor.
Desta forma, o blog descreve abaixo, destaca e comenta baixo trechos da entrevista do CEO da empresa alemã Siemens
no Brasil, André Clark, concedeu hoje ao portal PetroNotícias.
As estratégias e objetivos expostos pela Siemens são demonstrações do que venho afirmando sobre o grande interesse de capitais e corporações que atuam no segmentos de energia, diante das oportunidades geradas pelo Brasil, a partir do pré-sal que inclui o gás-natural como energia de transição entre o petróleo e a eletrificação.
A alemã Siemens está há mais de um século no Brasil, onde atua em diversos setores - hoje com 5,5 trabalhadores - que atuam nas áreas de equipamentos de saúde, digitalização e infraestrutura onde a corporação ganha destaque na área de óleo e gás, se apresentando assim, como a "maior empresa de tecnologia integrada do Brasil".
A alemã Siemens está há mais de um século no Brasil, onde atua em diversos setores - hoje com 5,5 trabalhadores - que atuam nas áreas de equipamentos de saúde, digitalização e infraestrutura onde a corporação ganha destaque na área de óleo e gás, se apresentando assim, como a "maior empresa de tecnologia integrada do Brasil".
No setor de energia, óleo e gás, a Siemens possui uma fábrica em Santa Bárbara (SP), uma
unidade no bairro de Santa Cruz, Rio de Janeiro, onde produz e monta alguns
equipamentos como turbinas, compressores e outros equipamentos offshore e também
serve de bases para serviços preparação de montagens e manutenções da empresa.
Para viabilizar mais espaços para sua atuação no Brasil como uso de suas tecnologias e equipamentos, a Siemens
decidiu, ainda em 2014, participar - com um terço do negócio - da empresa Gás Natural
do Açu junto com a Prumo com a instalação de duas termelétricas no Porto do
Açu. O negócio visou garantir o fornecimento das turbinas para as duas termelétricas.
Segundo a Siemens o investimento será da ordem de 80 milhões de euros em cada
térmica.
O presidente da Siemens no Brasil, André Clarck diz estar muito
otimista com as atividades de exploração offshore no Brasil e revelou “o desejo
de ampliar a capacidade industrial da companhia neste setor, ganhar projetos para com o Repetro produzir e montar uma parte grande de
equipamentos no Brasil, e assim reativar e, eventualmente, até ampliar a capacidade
industrial já existente”.
A Siemens tenta se colocar no mercado de tecnologia,
equipamentos e sistemas concorrendo com a americana GE, oferecendo soluções para
a exploração do pré-sal que envolve tecnologias. Uma inovação é a que incorpora o CO2, presença característica nos campos de petróleo e gás natural do pré-sal. Com uma
tecnologia que diz ser eficiente e batizada como Echogen, a empresa informar que pode utilizar o CO2 aquecido na turbina quando e frio para ser reinjetado nos poços.
A matéria diz ainda que o CEO global da Siemens, o alemão, Joe
Kaeser, afirmou, em recente visita a São Paulo, que a empresa pretende
desembolsar 1 bilhão de euros nos próximos cinco anos no Brasil. “Se
conseguimos acelerar mais, faremos o investimento em menor espaço de tempo".
O executivo ressaltou a importância do petróleo no curto
prazo. “Aparentemente, existe uma janela importante de uso dessas reservas.
Ninguém sabe exatamente como irá se comportar os preços do barril. A janela do
petróleo no Brasil deve ser aproveitada o quanto antes, porque é uma riqueza".
Porém, a Siemens, através do seu presidente no Brasil, André Clarck, faz um discurso direto para o ERJ. "O Rio seria
a capital da transição energética do Brasil, porque grande parte dos
reguladores e pensadores da comunidade da energia elétrica está na cidade. Quando
olhamos para o óleo e gás, é a mesma coisa. Os reguladores, os think tanks e
a Petrobrás estão aqui."
Sobre o avanço da transição entre o óleo, gás e a eletricidade, Clarck diz: "Há três anos atrás, o mundo do petróleo quase não
falava com o setor elétrico. Era raríssimo. E esses mundos estão se encontrando
de uma forma muito relevante. A começar pelos investimentos que estão
acontecendo agora. Quase todos os
players que entraram no pré-sal têm ambições de utilities. Querem jogar o
jogo da energia elétrica ou na conformação dessas duas coisas. Globalmente, os
players como a Shell e a Total já se posicionam como provedores de energia, na
forma que for. Isso virá para o Brasil. A própria Petrobrás começa a discutir
sobre a transição energética”.
A matéria do PetroNotícias diz ainda: " a Siemens trabalha com a hipótese de que essa
transição possa gerar um impulso de crescimento no Brasil bastante
interessante. No radar, estão duas “ondas”: a primeira seria o Repetro, que
dará novo impulso à construção de equipamentos onshore e offshore. A onda
número 2 é a disponibilidade de grande quantidade de fontes (eólica, solar,
gás, biomassa, biogás). “Talvez, vejamos uma reindustrialização da região por
conta desta disponibilidade energia. No longo prazo, é bastante alvissareiro. É
para ser otimista”.
É evidente que a entrevista dá margem para a empresa fazer marketing e propor cenários interessantes que facilitem sua abordagem junto a outras empresa e articulações junto ao poder político (Estado). Porém, ela também permite fisgar um pouco das razões pelas quais a empresa pauta suas estratégias.
Assim, se vê que a Siemens fala em transição energética, mas está de olho nas oportunidades geradas a partir do pré-sal brasileiro visto como grande janela de negócios e oportunidades. O quadro como um todo serve para reforçar a interpretação sobre o potencial que o Brasil tem com suas reservas e com o advento de um novo ciclo petro-econômico.
As oportunidades podem estar sendo entregues para gerar lucros para as grandes corporações e o mercado e pouca serventia à nação, embora se saiba que a própria Petrobras sempre se valeu muito de tecnologias e equipamentos de empresas que chamo de várias para-petroleiras, que são aquelas que vivem de fornecer serviços, equipamentos e tecnologias para o setor de petróleo e gás.
Assim, se vê que a Siemens fala em transição energética, mas está de olho nas oportunidades geradas a partir do pré-sal brasileiro visto como grande janela de negócios e oportunidades. O quadro como um todo serve para reforçar a interpretação sobre o potencial que o Brasil tem com suas reservas e com o advento de um novo ciclo petro-econômico.
As oportunidades podem estar sendo entregues para gerar lucros para as grandes corporações e o mercado e pouca serventia à nação, embora se saiba que a própria Petrobras sempre se valeu muito de tecnologias e equipamentos de empresas que chamo de várias para-petroleiras, que são aquelas que vivem de fornecer serviços, equipamentos e tecnologias para o setor de petróleo e gás.
sexta-feira, agosto 10, 2018
Em que a crise da moeda da Turquia se relaciona com a aproximação da China com a Rússia?
As manobras de Trump que estão ajudando a derrubar hoje, a moeda da Turquia, impactada com o tarifaço americano contra seu aço e o alumínio, empurram para o outro lado, mais um antigo aliado americano na região do Oriente Médio.
O caso não parece isolado das consequência da guerra comercial dos EUA contra a China que vem colocando em xeque o acordo de convivência firmado entre ambos na década de 70.
O caso não parece isolado das consequência da guerra comercial dos EUA contra a China que vem colocando em xeque o acordo de convivência firmado entre ambos na década de 70.
Por conta da guerra comercial a China como maior importador mundial de petróleo, praticamente zerou a compra de petróleo e gás dos EUA, ampliando e tornando agora a Rússia como o seu principal fornecedor.
Para além da aproximação comercial a China e a Rússia ampliaram outras conversações e até os exercícios militares conjuntos, assim como os negócios com armamentos.
No Oriente Médio, os EUA hoje está ficando cada vez mais dependente da Arábia Saudita, que nesta última semana mostrou no Iêmen, com o bombardeio contra dezenas de crianças, para que servem os bilhões de importações de armas americanas.
Ainda no Oriente Médio, a Rússia está hoje, mais que nunca com um pé na Síria junto com o Irã que está sendo retaliado pelos EUA.
Diante deste quadro, a sensação que se tem é que os blocos de poder mundial estão se formando em duas frentes, para uma disputa por hegemonia.
Esta disputa parecia prevista para mais adiante, mas os líderes e as circunstâncias podem ter antecipado e levado a situações que estariam para além dos blefes e pressões, conhecidos no tabuleiro das disputas geopolíticas.
Na semana passada, em entrevista ao Financial Times, o nonagenário Heny Kissinger disse que “o mundo vive um período muito grave”, isso sendo econômico nas palavras para evitar constrangimentos com os líderes mundiais com quem conversa sistematicamente.
Consta inclusive que em sua última conversa com Trump teria aconselhado a que os EUA evitassem mais movimentos que levassem à reaproximação entre a China e a Rússia. Porém, a confusão deste com a mídia americana com a questão da possível influência russa nas eleições dos EUA não tem permitido nada nesta linha.
No meio de tudo isso o ocidente vive o Brexit, Trump e os embates e desgastes internos de suas democracias, colocadas em xeque e com dificuldades para formar maioria na Alemanha, Espanha e Itália.
A Ásia através, especialmente da China, opera projetos de maior integração com a Europa (Rota da Seda) neste exato momento em que se encontra dividida pelo lado do Atlântico em relação aos EUA.
Enfim, um quadro indigesto, tenso e talvez indesejado, mas possivelmente, não para todas as partes envolvidas.
Para além da aproximação comercial a China e a Rússia ampliaram outras conversações e até os exercícios militares conjuntos, assim como os negócios com armamentos.
No Oriente Médio, os EUA hoje está ficando cada vez mais dependente da Arábia Saudita, que nesta última semana mostrou no Iêmen, com o bombardeio contra dezenas de crianças, para que servem os bilhões de importações de armas americanas.
Ainda no Oriente Médio, a Rússia está hoje, mais que nunca com um pé na Síria junto com o Irã que está sendo retaliado pelos EUA.
Diante deste quadro, a sensação que se tem é que os blocos de poder mundial estão se formando em duas frentes, para uma disputa por hegemonia.
Esta disputa parecia prevista para mais adiante, mas os líderes e as circunstâncias podem ter antecipado e levado a situações que estariam para além dos blefes e pressões, conhecidos no tabuleiro das disputas geopolíticas.
Na semana passada, em entrevista ao Financial Times, o nonagenário Heny Kissinger disse que “o mundo vive um período muito grave”, isso sendo econômico nas palavras para evitar constrangimentos com os líderes mundiais com quem conversa sistematicamente.
Consta inclusive que em sua última conversa com Trump teria aconselhado a que os EUA evitassem mais movimentos que levassem à reaproximação entre a China e a Rússia. Porém, a confusão deste com a mídia americana com a questão da possível influência russa nas eleições dos EUA não tem permitido nada nesta linha.
No meio de tudo isso o ocidente vive o Brexit, Trump e os embates e desgastes internos de suas democracias, colocadas em xeque e com dificuldades para formar maioria na Alemanha, Espanha e Itália.
A Ásia através, especialmente da China, opera projetos de maior integração com a Europa (Rota da Seda) neste exato momento em que se encontra dividida pelo lado do Atlântico em relação aos EUA.
Enfim, um quadro indigesto, tenso e talvez indesejado, mas possivelmente, não para todas as partes envolvidas.
14 anos de blog!
Decorrido mais um ano, em nada eu altero em relação ao que escrevi no ano passado, quando
o blog completou 13 anos, ininterruptos no ar.
Desde o dia 10 de agosto de 2004 até hoje, passamos por fases diversas de um ciclo político e econômico no país. Hoje, vivemos tempos difíceis, visões fragmentadas num cenário terrível nas diferentes escalas de observação. Fases do colapso de um ciclo também em várias dimensões. Fases e ciclos deste período de quatorze anos podem assim serem lidas e vistas no vasto arquivo do blog.
Desde o dia 10 de agosto de 2004 até hoje, passamos por fases diversas de um ciclo político e econômico no país. Hoje, vivemos tempos difíceis, visões fragmentadas num cenário terrível nas diferentes escalas de observação. Fases do colapso de um ciclo também em várias dimensões. Fases e ciclos deste período de quatorze anos podem assim serem lidas e vistas no vasto arquivo do blog.
A vida segue sendo aquilo que acontece enquanto a gente faz
planos. E viver é lutar de forma permanente, em meio às fases e ciclos.
Entre outras coisas, a maturidade traz duas questões antagônicas e quase dialéticas, assim como é a vida em constante movimento.
Com o tempo a gente perde um pouco a capacidade de se iludir com algumas coisas e ideias que fazem a gente viver e se movimentar. Percebo e resisto à esta realidade.
De outro, dialeticamente, observo que a maturação do tempo nos ensina a olhar as fases deste processo que é a vida, como partes de um ciclo mais longo e civilizacional e menos pessoal.
Um olhar meio que de fora, mesmo que seja de quem ainda está dentro do processo, mas se interessa cada vez mais pelo processo e resultados do ciclo longo e histórico, como ensinou Braudel.
E já que falamos de tempo, eu hoje garanto, que se de um lado eu nunca imaginei que o blog durasse tanto
tempo, hoje vejo que o mesmo já tem muito mais passado que futuro. Muito mais. Em que pese
minha decisão de continuar resistindo, pensando e compartilhando tudo de forma
coletiva.
Assim, eu agradeço imensamente o apoio e o convívio de todas e todos, repetindo o nosso lema que reproduz a ideia do movimento da roda da vida: sigamos em frente.
Desta forma, transcrevo abaixo o que publiquei quando este blog completou 13 anos.
13 anos de blog!
Nunca tive a pretensão de estender por tanto tempo a
experiência de blogueiro.
O blog, nascido numa época em que seus similares eram raros e as redes sociais ainda engatinhavam, a ideia plantada era apenas, que pudesse ser uma forma de compartilhar ideias e arquivos de assuntos que me interessavam.
Incontáveis foram as vezes que programei a saída, mas o sigamos em frente sugerido no geral, vale também quando entoado para o blogueiro.
O blog começou mais local-regional com algumas abordagens nacionais. Mas, o interesse do blogueiro foi subindo as escalas e assim também os textos e as notas.
O blog, nascido numa época em que seus similares eram raros e as redes sociais ainda engatinhavam, a ideia plantada era apenas, que pudesse ser uma forma de compartilhar ideias e arquivos de assuntos que me interessavam.
Incontáveis foram as vezes que programei a saída, mas o sigamos em frente sugerido no geral, vale também quando entoado para o blogueiro.
O blog começou mais local-regional com algumas abordagens nacionais. Mas, o interesse do blogueiro foi subindo as escalas e assim também os textos e as notas.
Com o meu retorno aos estudos e às pesquisas depois de 2010, eu
também senti necessidade e tentei construir pontes entre o conhecimento que
circula na academia e a população.
Sabia que este seria um esforço sempre de
enorme risco, mas sempre julguei que era menor do que aquele do isolamento nos
espaços estritos da academia. Tratava-se de um esforço diuturno diante da ameaça
de ser mal visto por ambos os lados, que se pretendia ligar.
Decorrida quase a metade do tempo de vida nesta blog, neste esforço de transitar dos dois lados, eu talve, possa avaliar que se tratou de um risco que valeu a pena enfrentar, da mesma forma que se vive e enfrenta a vida.
Não só a escala dos assuntos mais macros foram se ampliando, como as análises também foram ficando mais filtradas e esparsas no tempo.
Assim, a análise do público que acessa o blog - ferramenta disponibilizada pelo Blogger - tem hoje, a maioria de fora da região e até do país.
Neste tempo foram mais de uma dezena de milhões de acessos, numa estatística diária que hoje fica entre 3 e 5 mil visitas por dia, conforme o dia da semana.
Depois de um certo patamar de visitas que o blog adquiriu, já há algum tempo, estas estatísticas importam menos, embora a curiosidade para saber o assunto e a origem do interesse por determinados temas, seja sempre grande.
Nestes 13 anos foram quase 20 mil notas publicadas, repercutidas e comentadas. Hoje, isto acontece mais no perfil do Facebook (que se tornou mais ágil e identificável) do que no espaço próprio do blog, onde os "anônimos" sempre eram maioria.
Há muito deixei de me sentir obrigado a postar diariamente. Só o faço quando sinto que tenho algo a dizer e debater.
Continuo avaliando que aprendo muito e mais do que colaboro. Hoje conheço a maioria dos leitores, colaboradores e debatedores, pelo meio digital, e um número menor de forma presencial ou física, característica cada vez mais comum da contemporaneidade.
Com o tempo, o blog também serviu para me autoavaliar. Assim, lembro da expressão de Marx que dizia não é só o oleiro que faz o pote, mas o pote também faz o oleiro ao produzi-lo.
Assim, treze anos depois, considerando a dialética entre o sujeito e a materialidade das coisas, em que um altera o outro, eu talvez, possa dizer, que mais que fazer o blog, eu fui sendo por ele modificado nesta movimentação.
Não só a escala dos assuntos mais macros foram se ampliando, como as análises também foram ficando mais filtradas e esparsas no tempo.
Assim, a análise do público que acessa o blog - ferramenta disponibilizada pelo Blogger - tem hoje, a maioria de fora da região e até do país.
Neste tempo foram mais de uma dezena de milhões de acessos, numa estatística diária que hoje fica entre 3 e 5 mil visitas por dia, conforme o dia da semana.
Depois de um certo patamar de visitas que o blog adquiriu, já há algum tempo, estas estatísticas importam menos, embora a curiosidade para saber o assunto e a origem do interesse por determinados temas, seja sempre grande.
Nestes 13 anos foram quase 20 mil notas publicadas, repercutidas e comentadas. Hoje, isto acontece mais no perfil do Facebook (que se tornou mais ágil e identificável) do que no espaço próprio do blog, onde os "anônimos" sempre eram maioria.
Há muito deixei de me sentir obrigado a postar diariamente. Só o faço quando sinto que tenho algo a dizer e debater.
Continuo avaliando que aprendo muito e mais do que colaboro. Hoje conheço a maioria dos leitores, colaboradores e debatedores, pelo meio digital, e um número menor de forma presencial ou física, característica cada vez mais comum da contemporaneidade.
Com o tempo, o blog também serviu para me autoavaliar. Assim, lembro da expressão de Marx que dizia não é só o oleiro que faz o pote, mas o pote também faz o oleiro ao produzi-lo.
Assim, treze anos depois, considerando a dialética entre o sujeito e a materialidade das coisas, em que um altera o outro, eu talvez, possa dizer, que mais que fazer o blog, eu fui sendo por ele modificado nesta movimentação.
Desta forma, o blog talvez tenha alterado ainda mais o
sujeito que sou hoje do que o inverso. Em qualquer direção e dimensão que se
queira analisar.
Neste processo, eu também fui percebendo - e já comentei com muitos mais próximos -, que para pensar, de uma forma pouco mais estruturada, eu preciso escrever para as ideias fluírem.
Neste processo, eu também fui percebendo - e já comentei com muitos mais próximos -, que para pensar, de uma forma pouco mais estruturada, eu preciso escrever para as ideias fluírem.
Também para fazer as ligações, que tenta
romper a fragmentação pós-moderna, juntando fatos, temas, autores e ideias.
Assim as ideias vão sendo linkadas, articuladas e sintetizadas para a
explanação e publicação visando o debate.
Não sei por quanto tempo ainda o blog se manterá ativo neste espaço das redes sociais. Hoje, tenho mais críticas que entusiasmo com a ferramenta. Por vezes, sinto que a fragmentação se tornou a doença pós-moderna por excelência.
A fragmentação está sempre à disposição para desinformar, desorganizar e individualizar tudo e todos. E por várias vezes, eu me sinto responsável por contribuir com esta fragmentação que pode mais desinformar que informar. Mais desorganizar que ajudar a organizar.
Enfim, esta é também a dialética da vida e da luta permanente. Assim, agradeço pelo convívio coletivo com todas e todos e... sigamos em frente!
Não sei por quanto tempo ainda o blog se manterá ativo neste espaço das redes sociais. Hoje, tenho mais críticas que entusiasmo com a ferramenta. Por vezes, sinto que a fragmentação se tornou a doença pós-moderna por excelência.
A fragmentação está sempre à disposição para desinformar, desorganizar e individualizar tudo e todos. E por várias vezes, eu me sinto responsável por contribuir com esta fragmentação que pode mais desinformar que informar. Mais desorganizar que ajudar a organizar.
Enfim, esta é também a dialética da vida e da luta permanente. Assim, agradeço pelo convívio coletivo com todas e todos e... sigamos em frente!
quinta-feira, agosto 09, 2018
Royalties das Participações Especiais serão pagos amanhã: Maricá: R$ 257 milhões; Niterói: R$ 226 milhões e Campos: R$ 64 milhões lideram a receita
Será depositada amanhã a terceira parcela trimestral do ano de 2018, referente às Participações Especiais (PE) decorrentes da produção dos grandes campos de petróleo aos municípios fluminenses.
Os dados são da ANP e foram tabulados e enviados ao blog pelo Wellington Abreu, superintendente de Petróleo e Gás da Prefeitura de São João da Barra. Eles mostram os valores trimestrais recebidos desde o ano passado (2017). Esta nova parcela é na média maior em relação à parcela anterior, depositada em maio deste ano, para a maioria dos municípios chamados de produtores.
Como chamamos a atenção há alguns anos, as maiores parcelas de Participações Especiais (que são referentes aos campos de petróleo com maior produção), se transferiram espacialmente da Bacia de Campos para a Bacia de Santos, que em termos geológicos ganhou esta denominação na direção sul a partir de Cabo Frio.
Assim, os municípios litorâneos que passaram a liderar a percepção desta receita são Maricá (quase o dobro da soma dos demais, excluído Niterói) com o valor de R$ 257 milhões; logo após vem o município vizinho de Niterói com R$ 226 milhões.
A seguir vem o município de Campos dos Goytacazes com R$ 64 milhões, que desta forma viu aumentar em quase R$ 10 milhões a parcela de PE recebida em miao último. Em quarto lugar vem São João da Barra com R$ 15 milhões. A previsão é que os valores sejam depositados pela ANP nas contas dos municípios.
Abaixo a imagem da tabela com os valores das Participações Especiais a que tiveram direito os municípios fluminenses:
Os dados são da ANP e foram tabulados e enviados ao blog pelo Wellington Abreu, superintendente de Petróleo e Gás da Prefeitura de São João da Barra. Eles mostram os valores trimestrais recebidos desde o ano passado (2017). Esta nova parcela é na média maior em relação à parcela anterior, depositada em maio deste ano, para a maioria dos municípios chamados de produtores.
Como chamamos a atenção há alguns anos, as maiores parcelas de Participações Especiais (que são referentes aos campos de petróleo com maior produção), se transferiram espacialmente da Bacia de Campos para a Bacia de Santos, que em termos geológicos ganhou esta denominação na direção sul a partir de Cabo Frio.
Assim, os municípios litorâneos que passaram a liderar a percepção desta receita são Maricá (quase o dobro da soma dos demais, excluído Niterói) com o valor de R$ 257 milhões; logo após vem o município vizinho de Niterói com R$ 226 milhões.
A seguir vem o município de Campos dos Goytacazes com R$ 64 milhões, que desta forma viu aumentar em quase R$ 10 milhões a parcela de PE recebida em miao último. Em quarto lugar vem São João da Barra com R$ 15 milhões. A previsão é que os valores sejam depositados pela ANP nas contas dos municípios.
Abaixo a imagem da tabela com os valores das Participações Especiais a que tiveram direito os municípios fluminenses:
quarta-feira, agosto 08, 2018
A indústria bancária está desesperada com as eleições presidenciais: por que será?
Os bancos e os banqueiros estão em campanha eleitoral. Eles não são candidatos, mas têm aqueles a quem apoiam.
Interessante ver que os banqueiros agem abertamente, exigindo as mesmas coisas que são faladas pelos candidatos do mercado: reforma da previdência; garantias aos investidores e não reversão das medidas do Temer pró-mercado como a reforma trabalhista, limite de gastos na saúde e educação, perdão de multas, manutenção de subsídios e isenções fiscais, privatizações, etc.
Os banqueiros querem ainda a privatização dos bancos públicos (BB e CEF).
Alckmin e Bolsonaro já aceitaram conceder quase tudo isso, mas agora, os banqueiros estão nervosos, porque deixaram de ter a garantia de vitória eleitoral dos seus protegidos e financiados.
Os banqueiros não abrem mão da manutenção dos juros altos e da concentração do sistema bancário em poucos bancos.
O banqueiros temem o impulso ao crescimento econômico a ser dado por um possível vencedor que não sejam os seus financiados.
Os banqueiros reclamam deste cenário de "incerteza política", porque para eles eleição é dar o poder a quem lhe atende suas exigências e interesses. Eleição boa para eles é só com um resultado.
Assim, os banqueiros estão pagando cada vez mais pesquisas eleitorais e estudos de cenários às consultorias corporativas para avaliação dos riscos.
Um destes estudos é da consultoria S&P “O que está em jogo para os bancos brasileiros diante das eleições presidenciais” pago pelo que chamam de “indústria bancária” (Brica, na sigla em inglês).
Diante dos riscos, os bancos e fundos financeiros já estão movimentando o capital em estratégias que chamam de mais conservadoras e com menores riscos.
Assim, os bancos já estão priorizando a concessão de empréstimos consignados e financiamentos imobiliários.
Isto explica a decisão do Temer na semana passada para aumentar o limite para financiamento da casa própria.
Não tem nada de atender às pessoas e à população. Bem assim, um governo e candidatos que seguem as ordens dos bancos.
O espanto dos banqueiros já é tão grande, que estão até convencendo os tomadores de crédito a terem cautela e suspendendo e adiando projetos. Fato que vem contribuindo para a redução das operações bancárias. A estratégia é a de assim ajudar a criar um ambiente em que o mercado pressiona o eleitor.
Mesmo que a grande maioria dos eleitores nada tenham a ganhar com esta posição e interesses dos banqueiros.
Porém, a força de convencimento dos banqueiros todos sabemos que é muito grande. Com argumento$ e conteúdo$ de toda $orte.
Enfim, azar de quem seguir esta mesma cartilha. A não ser que seja também banqueiro e/ou forte rentista.
Mas, pensando bem: por que será que os banqueiros estão tão desesperados com as eleições presidenciais?
Interessante ver que os banqueiros agem abertamente, exigindo as mesmas coisas que são faladas pelos candidatos do mercado: reforma da previdência; garantias aos investidores e não reversão das medidas do Temer pró-mercado como a reforma trabalhista, limite de gastos na saúde e educação, perdão de multas, manutenção de subsídios e isenções fiscais, privatizações, etc.
Os banqueiros querem ainda a privatização dos bancos públicos (BB e CEF).
Alckmin e Bolsonaro já aceitaram conceder quase tudo isso, mas agora, os banqueiros estão nervosos, porque deixaram de ter a garantia de vitória eleitoral dos seus protegidos e financiados.
Os banqueiros não abrem mão da manutenção dos juros altos e da concentração do sistema bancário em poucos bancos.
O banqueiros temem o impulso ao crescimento econômico a ser dado por um possível vencedor que não sejam os seus financiados.
Os banqueiros reclamam deste cenário de "incerteza política", porque para eles eleição é dar o poder a quem lhe atende suas exigências e interesses. Eleição boa para eles é só com um resultado.
Assim, os banqueiros estão pagando cada vez mais pesquisas eleitorais e estudos de cenários às consultorias corporativas para avaliação dos riscos.
Um destes estudos é da consultoria S&P “O que está em jogo para os bancos brasileiros diante das eleições presidenciais” pago pelo que chamam de “indústria bancária” (Brica, na sigla em inglês).
Diante dos riscos, os bancos e fundos financeiros já estão movimentando o capital em estratégias que chamam de mais conservadoras e com menores riscos.
Assim, os bancos já estão priorizando a concessão de empréstimos consignados e financiamentos imobiliários.
Isto explica a decisão do Temer na semana passada para aumentar o limite para financiamento da casa própria.
Não tem nada de atender às pessoas e à população. Bem assim, um governo e candidatos que seguem as ordens dos bancos.
O espanto dos banqueiros já é tão grande, que estão até convencendo os tomadores de crédito a terem cautela e suspendendo e adiando projetos. Fato que vem contribuindo para a redução das operações bancárias. A estratégia é a de assim ajudar a criar um ambiente em que o mercado pressiona o eleitor.
Mesmo que a grande maioria dos eleitores nada tenham a ganhar com esta posição e interesses dos banqueiros.
Porém, a força de convencimento dos banqueiros todos sabemos que é muito grande. Com argumento$ e conteúdo$ de toda $orte.
Enfim, azar de quem seguir esta mesma cartilha. A não ser que seja também banqueiro e/ou forte rentista.
Mas, pensando bem: por que será que os banqueiros estão tão desesperados com as eleições presidenciais?
terça-feira, agosto 07, 2018
Para ajudar a entender a explosão do comércio das farmácias
Há quase um ano, eu escrevi aqui no blog, sobre a expansão e disputa do comércio de farmácias no município de Campos dos Goytacazes, RJ. Na ocasião eu e fiz relação deste fato com o que houve com o setor de eletrodomésticos há algumas décadas, quando redes varejistas nacionais, começaram a ocupar espaços de comércios tradicionais nas cidades de médio porte em todo o país.
O processo agora é similar e ajuda a explicar a estrutura com que funciona o comércio e o varejo em todo o país. Neste período de um ano, o fenômeno se intensificou bastante. Importantes farmácias locais que possuíam até suas próprias distribuidoras estão em vias de se retirar da disputa.
Alguns donos de farmácias nos bairros estão sucumbindo, diante do que chamam de concorrência desleal, que no jargão dos economistas é chamado pela expressão em inglês "dumping", quando se pratica preços irreais para controlar o mercado e depois "nadar de braçadas" jogando os preços em níveis mais altos
Estes pequenos comerciantes dizem que eles dependem dos preços dos distribuidores e assim não têm como enfrentar a concorrência das grandes redes de farmácias que compram direto das fábricas/laboratórios. Os grandes volumes de compra e os enormes prazos que tiram das indústrias farmacêuticas permitem que obtenham preços que não têm como ser combatidos. Os economistas chamam isto de oligopólios.
É importante lembrar que este fenômeno já vem ocorrendo nos últimos anos nas metrópoles e depois nas cidades de médio porte, indistintamente. Não há escolhas exclusivas e sim um plano estudados com dados de população e economia dos municípios e objetivam adiante obter o controle completo dos maiores mercados no país.
A estratégia inicial das redes de farmácia é ganhar o mercado que estava nas mãos de comerciantes locais. O passo seguinte, já em curso, é a disputa entre as redes sobre estes espaços. No momento seguinte, as maiores redes devem se ajustar e passar pontos e o controle de cidades ou áreas delas para controle de uma única rede.
A guerra comercial entre as redes envolve descontos que são decididos nacionalmente e online (no sistema, por dia, ou parte destes conforme as vendas); programas de fidelidade com o uso dos CPFs que alimentam os big-data; invasão de mercados controlados pelos concorrentes e ofertas de alguns serviços simples de saúde.
Interessante ainda observar que os novos pontos de farmácia destas redes são construídos também com empresas de engenharia de fora e muitas vezes também com trabalhadores que rodam o país fazendo as construções, instalações e montagens padrões da rede. Assim, elas empregam pouca gente local nesta fase.
Para entender o tamanho deste mercado de produtos farmacêuticos vale lembrar que o Brasil, se trata do 6º maior mercado do mundo. Segundo a Abrafarma (Associação Brasileira de Farmácias) o país possui 24 redes de farmácias que movimentam anualmente quase R$ 50 bilhões. Só no primeiro semestre de 2018, este volume atingiu R$ 22,8 bilhões, que é 7,5% maior do que o de 2017.
Aliás, este índice médio no ano deverá ser maior. O setor deve continuar crescendo em torno de 10% a 15%, percentual maior que a média geral de vendas a varejo no país, o que ajuda a explicar o movimento expansionista do setor que agora avança para um disputa entre as redes, para além da expulsão dos demais comerciantes do setor.
A Abrafarma informa ainda que o total de lojas vinculadas à associação no país, já soma 7.140 com um crescimento, em plena crise de 9,3% em relação à expansão do ano anterior. Muita gente fala que as farmácias vendem de tudo, ou quase. Porém, esta é uma verdade parcial.
Segundo a Abrafarma cerca de 2/3 de suas vendas são de medicamentos que cresce sempre mais do que os não medicamentos colocados em suas gôndolas. Em termos de unidades vendidas elas somaram também no 1º semestre de 2018, o número de 1,17 bilhão, o que permite deduzir que a compra média de cada cliente estaria na faixa de R$ 19,48. (R$ 22,8 bi/1,17).
Porém, o mais significativo a ser compreendido sobre este processo é observar que o avanço das redes nacionais de farmácia (com o aniquilamento do comércio local), significará que boa parte do lucro obtido na venda dos medicamentos, estará cada vez mais sendo repassado para os donos das redes, que hoje são de propriedade e controle dos grandes fundos financeiros (e bancos).
Ou seja, o donos dos capitais deixaram de ganhar apenas com as grandes indústrias e avançam cada vez mais para a distribuição e comércio de varejos, iniciando pelas capitais, avançando para as cidades médias e a seguir para outras cidades menores, mas com capilaridade para localidades com mercados ainda convidativos.
Enfim, o blog reproduz abaixo o texto da nota publicada há quase um ano sobre o mesmo assunto que complementa algumas questões abordadas acima. O assunto é vasto e vem sendo discutido quase diariamente nas cidades.
A população das cidades brasileiras com idade média maior demanda cada vez mais este tipo de medicamento, o que explica que sejamos hoje o sexto maior mercado do mundo.
As pessoas se espantam com a quantidade de novos pontos de comércio de farmácia que surgem no dia-a-dia, num momento em que vários outros comércios fecham, mas é interessante que incorporem em suas interpretações outras informações, como a forma com que o setor financeiro foi chegando ao varejo das cidades do interior.
O processo agora é similar e ajuda a explicar a estrutura com que funciona o comércio e o varejo em todo o país. Neste período de um ano, o fenômeno se intensificou bastante. Importantes farmácias locais que possuíam até suas próprias distribuidoras estão em vias de se retirar da disputa.
Alguns donos de farmácias nos bairros estão sucumbindo, diante do que chamam de concorrência desleal, que no jargão dos economistas é chamado pela expressão em inglês "dumping", quando se pratica preços irreais para controlar o mercado e depois "nadar de braçadas" jogando os preços em níveis mais altos
Estes pequenos comerciantes dizem que eles dependem dos preços dos distribuidores e assim não têm como enfrentar a concorrência das grandes redes de farmácias que compram direto das fábricas/laboratórios. Os grandes volumes de compra e os enormes prazos que tiram das indústrias farmacêuticas permitem que obtenham preços que não têm como ser combatidos. Os economistas chamam isto de oligopólios.
É importante lembrar que este fenômeno já vem ocorrendo nos últimos anos nas metrópoles e depois nas cidades de médio porte, indistintamente. Não há escolhas exclusivas e sim um plano estudados com dados de população e economia dos municípios e objetivam adiante obter o controle completo dos maiores mercados no país.
A estratégia inicial das redes de farmácia é ganhar o mercado que estava nas mãos de comerciantes locais. O passo seguinte, já em curso, é a disputa entre as redes sobre estes espaços. No momento seguinte, as maiores redes devem se ajustar e passar pontos e o controle de cidades ou áreas delas para controle de uma única rede.
A guerra comercial entre as redes envolve descontos que são decididos nacionalmente e online (no sistema, por dia, ou parte destes conforme as vendas); programas de fidelidade com o uso dos CPFs que alimentam os big-data; invasão de mercados controlados pelos concorrentes e ofertas de alguns serviços simples de saúde.
Interessante ainda observar que os novos pontos de farmácia destas redes são construídos também com empresas de engenharia de fora e muitas vezes também com trabalhadores que rodam o país fazendo as construções, instalações e montagens padrões da rede. Assim, elas empregam pouca gente local nesta fase.
Para entender o tamanho deste mercado de produtos farmacêuticos vale lembrar que o Brasil, se trata do 6º maior mercado do mundo. Segundo a Abrafarma (Associação Brasileira de Farmácias) o país possui 24 redes de farmácias que movimentam anualmente quase R$ 50 bilhões. Só no primeiro semestre de 2018, este volume atingiu R$ 22,8 bilhões, que é 7,5% maior do que o de 2017.
Aliás, este índice médio no ano deverá ser maior. O setor deve continuar crescendo em torno de 10% a 15%, percentual maior que a média geral de vendas a varejo no país, o que ajuda a explicar o movimento expansionista do setor que agora avança para um disputa entre as redes, para além da expulsão dos demais comerciantes do setor.
A Abrafarma informa ainda que o total de lojas vinculadas à associação no país, já soma 7.140 com um crescimento, em plena crise de 9,3% em relação à expansão do ano anterior. Muita gente fala que as farmácias vendem de tudo, ou quase. Porém, esta é uma verdade parcial.
Segundo a Abrafarma cerca de 2/3 de suas vendas são de medicamentos que cresce sempre mais do que os não medicamentos colocados em suas gôndolas. Em termos de unidades vendidas elas somaram também no 1º semestre de 2018, o número de 1,17 bilhão, o que permite deduzir que a compra média de cada cliente estaria na faixa de R$ 19,48. (R$ 22,8 bi/1,17).
Porém, o mais significativo a ser compreendido sobre este processo é observar que o avanço das redes nacionais de farmácia (com o aniquilamento do comércio local), significará que boa parte do lucro obtido na venda dos medicamentos, estará cada vez mais sendo repassado para os donos das redes, que hoje são de propriedade e controle dos grandes fundos financeiros (e bancos).
Ou seja, o donos dos capitais deixaram de ganhar apenas com as grandes indústrias e avançam cada vez mais para a distribuição e comércio de varejos, iniciando pelas capitais, avançando para as cidades médias e a seguir para outras cidades menores, mas com capilaridade para localidades com mercados ainda convidativos.
Enfim, o blog reproduz abaixo o texto da nota publicada há quase um ano sobre o mesmo assunto que complementa algumas questões abordadas acima. O assunto é vasto e vem sendo discutido quase diariamente nas cidades.
A população das cidades brasileiras com idade média maior demanda cada vez mais este tipo de medicamento, o que explica que sejamos hoje o sexto maior mercado do mundo.
As pessoas se espantam com a quantidade de novos pontos de comércio de farmácia que surgem no dia-a-dia, num momento em que vários outros comércios fecham, mas é interessante que incorporem em suas interpretações outras informações, como a forma com que o setor financeiro foi chegando ao varejo das cidades do interior.
sábado, setembro 23, 2017
O setor de farmácias repete processo vivido pelo comércio de eletrodomésticos há duas décadas: ameaças e alternativas para a economia regional
O mesmo movimento que se viu em Campos (e outras cidades de porte médio) há cerca de duas décadas, na área de eletrodomésticos, agora acontece com o setor farmacêutico.
A entrada no comércio local dos grandes grupos que atuavam nas regiões metropolitanas como o Ponto Frio, Tele Rio, Casas Bahia e outros, que foram responsáveis por desmontar o comércio local deste segmento com o fechamento da Icaraí Móveis, Distribuidora Mercantil, Tri Som e outras.
Agora este processo avança para um setor onde a característica de varejo – com pequenas e constante compras - é ainda forte, como no caso da venda de medicamentos e materiais de beleza e perfumaria, como é o caso das farmácias, onde se vende de tudo um pouco.
A invasão das lojas de redes como a Pacheco, Droga Raia e outras, já espreme o segmento varejista local do comércio de farmácias, mesmo aqueles que possuem não apenas lojas, mas uma base de distribuição, como é o caso da tradicional Isalvo Lima, grupo cada vez mais vinculado à área de imóveis e menos à de drogarias.
Este movimento não é um fenômeno local, mas atinge todo o interior, inicialmente nas cidades de porte médio em quase todo o Brasil.
Observa-se assim que o comércio no país é cada vez menos local e mais de massa, com grandes grupos e corporações comandando o varejo em boa parte do país. Tudo isto, sem falar nas vendas pela internet (e-commerce).
No máximo, os interessados em investir nos comércios locais, quase que ficam restritos às franquias de marcas mais conhecidas e com os riscos já conhecidos, para quem se dispõe a colocar suas economias no setor. Neste tipo de alternativa, muita gente vem perdendo dinheiro iludido com as promessas das marcas.
Inicialmente, as comunidades tendem a ver neste processo, uma espécie de sinal de modernidade, pelo acesso a estas marcas, porém, mais adiante percebem que elas embutem outros problemas e riscos.
Desta forma, avança-se na oligopolização também ne varejo, em grande parte do comércio nacional. Os grupos ficam de olho nas economias locais/regionais que ganham algum dinamismo, com o objetivo de capturar seus excedentes que são levados para as metrópoles.
Assim, as economias e os comerciantes locais vão sendo ameaçados por um processo difícil de ser detido. Tratam-se de circuitos distintos da economia que merecem ser investigados. Um é ligado às grandes marcas (e fundos financeiros que são seus controladores) e o outro, “inferior”, cada vez mais empurrado para o comércio informal e marginalizado instalado mais próximo do cidadão.
Em alguns pontos eles se cruzam com o uso das informações digitais e buscam disfarces para fugir dos tributos e das fiscalizações governamentais.
Fato é que este movimento tende, no geral, a enfraquecer as economias locais-regionais e favorecer – com a captura de dinheiro e lucros – os maiores grupos econômicos do país.
A vida na sociedade contemporânea é cada vez mais complexa e o interesse e capacidade de atuação dos grandes grupos é quase avassalador.
O fato chama mais a atenção porque o comércio sempre foi um espaço de atuação da antiga burguesia, num momento pós-rural, nestes negócios de intermediação, que exigia menos investimentos, por exemplo do que a implantação de plantas industriais.
O caso parece ser apenas do comércio, mas ele aponta outras as dificuldades. Analisando mais profundamente este fato, ele mostra que a implantação de projetos regionais de desenvolvimento precisam ser integrados e envolver vários municípios. Será necessário visão de integração regional.
Será necessário um projeto de desenvolvimento regional que vá além do comércio e serviços. Será preciso envolver a produção material (agrícola e industrial), para assim arrastar os demais setores. Sem essa perspectiva, os municípios viverão sempre dependentes.
Não agir pró-ativamente nesta linha reforçará a velha ideia de esperar e estimular os grandes projetos que vêm de fora (exógenos), o chamados “Grandes Projetos de Investimentos” (GPI) que quando acontecem, tendem a se instalar como enclaves, com pouquíssimo diálogo e articulação com as comunidades locais que ficam isoladas.
A entrada no comércio local dos grandes grupos que atuavam nas regiões metropolitanas como o Ponto Frio, Tele Rio, Casas Bahia e outros, que foram responsáveis por desmontar o comércio local deste segmento com o fechamento da Icaraí Móveis, Distribuidora Mercantil, Tri Som e outras.
Agora este processo avança para um setor onde a característica de varejo – com pequenas e constante compras - é ainda forte, como no caso da venda de medicamentos e materiais de beleza e perfumaria, como é o caso das farmácias, onde se vende de tudo um pouco.
A invasão das lojas de redes como a Pacheco, Droga Raia e outras, já espreme o segmento varejista local do comércio de farmácias, mesmo aqueles que possuem não apenas lojas, mas uma base de distribuição, como é o caso da tradicional Isalvo Lima, grupo cada vez mais vinculado à área de imóveis e menos à de drogarias.
Este movimento não é um fenômeno local, mas atinge todo o interior, inicialmente nas cidades de porte médio em quase todo o Brasil.
Observa-se assim que o comércio no país é cada vez menos local e mais de massa, com grandes grupos e corporações comandando o varejo em boa parte do país. Tudo isto, sem falar nas vendas pela internet (e-commerce).
No máximo, os interessados em investir nos comércios locais, quase que ficam restritos às franquias de marcas mais conhecidas e com os riscos já conhecidos, para quem se dispõe a colocar suas economias no setor. Neste tipo de alternativa, muita gente vem perdendo dinheiro iludido com as promessas das marcas.
Inicialmente, as comunidades tendem a ver neste processo, uma espécie de sinal de modernidade, pelo acesso a estas marcas, porém, mais adiante percebem que elas embutem outros problemas e riscos.
Desta forma, avança-se na oligopolização também ne varejo, em grande parte do comércio nacional. Os grupos ficam de olho nas economias locais/regionais que ganham algum dinamismo, com o objetivo de capturar seus excedentes que são levados para as metrópoles.
Assim, as economias e os comerciantes locais vão sendo ameaçados por um processo difícil de ser detido. Tratam-se de circuitos distintos da economia que merecem ser investigados. Um é ligado às grandes marcas (e fundos financeiros que são seus controladores) e o outro, “inferior”, cada vez mais empurrado para o comércio informal e marginalizado instalado mais próximo do cidadão.
Em alguns pontos eles se cruzam com o uso das informações digitais e buscam disfarces para fugir dos tributos e das fiscalizações governamentais.
Fato é que este movimento tende, no geral, a enfraquecer as economias locais-regionais e favorecer – com a captura de dinheiro e lucros – os maiores grupos econômicos do país.
A vida na sociedade contemporânea é cada vez mais complexa e o interesse e capacidade de atuação dos grandes grupos é quase avassalador.
O fato chama mais a atenção porque o comércio sempre foi um espaço de atuação da antiga burguesia, num momento pós-rural, nestes negócios de intermediação, que exigia menos investimentos, por exemplo do que a implantação de plantas industriais.
O caso parece ser apenas do comércio, mas ele aponta outras as dificuldades. Analisando mais profundamente este fato, ele mostra que a implantação de projetos regionais de desenvolvimento precisam ser integrados e envolver vários municípios. Será necessário visão de integração regional.
Será necessário um projeto de desenvolvimento regional que vá além do comércio e serviços. Será preciso envolver a produção material (agrícola e industrial), para assim arrastar os demais setores. Sem essa perspectiva, os municípios viverão sempre dependentes.
Não agir pró-ativamente nesta linha reforçará a velha ideia de esperar e estimular os grandes projetos que vêm de fora (exógenos), o chamados “Grandes Projetos de Investimentos” (GPI) que quando acontecem, tendem a se instalar como enclaves, com pouquíssimo diálogo e articulação com as comunidades locais que ficam isoladas.
É preciso investir nas pessoas da região com os recursos que ainda existem e que vão ficar mais escassos adiante quando a Economia dos Royalties tiver se liquefeito.
Mas, fiquemos por aqui com a análise que acaba levantando outras questões que esta postagem quer apenas provocar.
É preciso pensar saídas, num momento em que há um certo vazio, em termos de se pensar alternativas para a diversificação da economia (para além dos royalties do petróleo) e em implantar Políticas Públicas mais eficientes e de interesse do cidadão.
Mas, fiquemos por aqui com a análise que acaba levantando outras questões que esta postagem quer apenas provocar.
É preciso pensar saídas, num momento em que há um certo vazio, em termos de se pensar alternativas para a diversificação da economia (para além dos royalties do petróleo) e em implantar Políticas Públicas mais eficientes e de interesse do cidadão.
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