Atualmente, neste momento de reacomodação do setor, está em curso duas decisões corporativas
que refletem este movimento e esta disputa. Elas envolvem investimentos em
infraestrutura e mobiliza a economia e as receitas tributárias, hoje, imensamente
disputadas pelos governos estaduais em crise fiscal.
Mapa de localização do campo de Roncador. Fonte EIA/Rima. |
Duas informações veiculadas na semana que passou no jornal capixaba A Gazeta dá conta que o cônsul-geral da Noruega garantiu ao governo do estado
do ES que a petroleira Equinor (ex-Statoil) vai abrir uma base no Espírito Santo,
para desenvolver melhorias tecnológicas a serem utilizadas no campo de Roncador,
que fica no litoral fluminense, em frente dos municípios de São João da Barra e
São Francisco do Itabapoana.
O Espírito Santo tem expectativas de empregos mais qualificados nesta base com este
tipo de atividade. A Equinor adquiriu da Petrobras no final do ano passado, os direitos de 25% do campo de Roncador por US$ 2,9 bilhões. Além disso, a Equinor também convenceu
a Petrobras em atuar na exploração dos campos maduros da Bacia de Campos que
tem a maior parte de sua base operacional instalada no município de Macaé.
De outro lado, a petroleira anglo-holandesa Shell está
avaliando deixar a base operacional de Vila Velha, ES, onde a petroleira armazena materiais,
equipamentos e suprimentos que utiliza no campo do Parque das Conchas, no sul
do litoral capixaba, para o Porto do Açu.
A Shell através da sua subsidiária BG já utiliza o terminal
1 do Porto do Açu para fazer transbordo de petróleo. Assim, poderia expandir
sua base operacional para o porto assim, como fez recentemente a Petrobras, que
utiliza a base de apoio offshore da americana Edison Chouest que funciona no
terminal 2 do Porto do Açu.
Em Vila Velha, a Shell tem um contrato há dez anos com a
empresa Vipetro onde utiliza uma retroárea de 20 mil m². A Shell obteve em leilões
a participação em vários projetos na Bacia de Campos e Santos e está
reavaliando suas operações logísticas e bases de infraestrutura no litoral. A
Shell informa que ainda não tomou a decisão sobre estes contratos, mas
considera utilizar as bases do Porto do Açu no norte do ERJ.
É certo que as empresas petroleiras e para-petroleiras que
atuam no país neste momento estão montando seus planejamentos, tendo em vista
uma nova fase de expansão (boom) do ciclo petro-econômico que estima-se que
aconteça até a metade da próxima década.
A Equinor planeja até 2030 com investimentos de US$ 15
bilhões atingir a produção de 500 mil barris por dia no Brasil. Enquanto isso,
a Shell depois que adquiriu a petroleira britânica BG, já estava produzindo no
Brasil, no final do ano passado mais de 400 mil barris por dia. Assim, a Shell
deve atingir a marca de 500 mil barris por dia ainda este ano, antes do
planejamento original que era de 2020.
Estes dois casos servem para demonstrar a movimentação e a
capacidade de arrasto do setor de petróleo tem no país. Em 2013, antes da crise
a cadeia produtiva do petróleo com os projetos e exigências da Política de
Conteúdo Local (PCL) o setor chegou a atingir mais de 13% de PIB do país.
Estudos de empresas que utilizam dados do bigdata estimam que a cadeia do petróleo
no Brasil envolve um universo de 180 mil empresas, onde já se registra um crescimento do nível de atividades.
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