Este é um volume cerca de 5% maior que a produção do ano passado que foi de 28,7 milhões de bep. Em 2000 a produção de gás natural do Brasil era de 9,3 milhões de bep. Veja abaixo tabela dos volumes de produção de gás natural no Brasil em barris equivalentes de petróleo (bep). Para ver a imagem da tabela em tamanho maior clique sobre ela.
Fonte; ANP. Boletim Mensal de Produção. |
O Gás Natural é considerado um combustível de transição na matriz energética mundial. No Brasil o aumento de sua produção se deve ao colossal potencial dos poços e campos da Bacia de Santos e do Pré-sal. [1]
Hoje já há preocupações com as limitações do escoamento da produção de gás natural pelos atuais ramais de gasodutos. A falta de infraestrutura de escoamento do gás natural poderá também limitar, num futuro logo adiante, a produção também de petróleo que é extraído de forma conjunta nos poços.
Mapa dos gasodutos Rota 1, 2 e 3 que interligam a produção no mar às unidade de processamento em Caraguatatuba, Macaé e Itaboraí. |
Por isso os gasodutos são tão estratégicos como os Rotas 1, 2 e 3 que ligam os poços às Unidades de Processamento de Gás Natural em Caraguatatuba e Macaé e em breve (Rota 3) também junto ao Comperj em Itaboraí. Veja mapa ao lado.
Há que se lamentar que a direção da Petrobras sob a liderança de Parente tenha decidido vender a malha de gasodutos de 2,5 mil km para o fundo financeiro canadense Brookfield, que assim ganhou o direito de exercer tarifas numa renda de monopólio, onde não há outra forma de escoar o gás que não seja por estes dutos.
Em um ano de pagamento de tarifas da Petrobras aos novos donos da subsidiária NTS (Brookfield) a estatal pagou mais da metade do dinheiro que recebeu da venda desta malha de dutos.
A Unidade de gás natural de Caraguatatuba (UTGCA)
Na última semana eu fui novamente ver de perto o município de Caraguatatuba, onde se situa a Unidade de Processamento de Gás Natural Monteiro Lobato (UTGCA), instalada no litoral norte paulista dentro que tenho conceituado como o Circuito Espacial do Petróleo de São Paulo.
Chegada do gasoduto do mar - Baía de Caraguatatuba - ao continente na orla da Praia do Porto Novo |
Como o município fluminense de Macaé, que possui uma base operacional de exploração de petróleo na Bacia de Campos, Caraguatatuba nasceu de uma instância de pescadores na baía com o mesmo nome da cidade que quer dizer terra de grande quantidade de bromélias (caraguatá (planta) + tuba (grande quantidade).
Depois Caraguatatuba se transformou num balneário ao longo do litoral norte paulista até ser enlaçada no circuito espacial do petróleo no estado de SP com uma unidade de processamento de gás natural que teve sua construção inciada em 2006 e começou a funcionar no ano de 2011.
Dutos que chegam da plataforma instalada no campo de Mexilhão, Bacia de Santos em direção à UTGCA. |
A UTGCA começou a operar há 7 anos (2011) com o gás vindo atualmente de 5 plataformas da Bacia de Santos (Mexilhão, FPSOs Cidades Santos; São Paulo; Parati e Angra dos Reis), instaladas a cerca de 145 km quilômetros da costa de Caraguatatuba (SP), através do gasoduto Rota 1 localizado a uma profundidade de 172 metros.
O gás natural processado em
Caraguatatuba é depois transportado pelo gasoduto (Gastau) até Taubaté, onde o mesmo é interligado à malha de distribuição para o consumo. O GLP é enviado para São José dos Campos por meio do gasoduto Caraguatatuba-Vale do Paraíba (Ocvap I).
Origem da ocupação, área, população e royalties em Caraguatatuba, São Sebastião e Ilhabela
Enquanto isso o município vizinho de São Sebastião, com 74 mil habitantes recebeu R$ 86,9 milhões, em função dos terminais portuários que movimentam petróleo e dos campos de petróleo da Bacia de Santos. Em 2018, até 3 setembro, São Sebastião já recebeu R$ 81,8 milhões.
Em 2018 até 3 setembro Ilhabela já recebeu R$ 477,3 milhões, valor que só não é maior do que os recebidos pelos municípios fluminenses de Marica (R$ 928,8 milhões) e Niterói (R$ 818,4 milhões).
UTGCA que fica instalada a 10 km do centro de Caraguatatuba na área da Fazenda Serramar |
Origem da ocupação, área, população e royalties em Caraguatatuba, São Sebastião e Ilhabela
A história mais pregressa da ocupação do litoral norte paulista está ligada aos circuitos dos grupo indígenas. Os tupiniquins desde Santos, Guarujá, Bertioga e até parte de São Sebastião na região da chamada hoje da Riviera Paulista. E os tupinambás em Caraguatatuba, Ubatuba e seguindo par ao atual sul fluminense em Paraty, Angra dos Reis e Mangaratiba. São regiões onde a maioria das cidades tem nomes com origem em tupi. É uma região das mais bonitas do mundo.
É um município que é parte de uma região com forte presença dos caiçaras, uma mistura de povos indígenas já extintos, europeus de diversos países e negros, principalmente quilombolas que após processos de ocupação do interior devido aos diversos ciclos econômicos do Brasil colonial, ficaram relativamente isolados nessa estreita faixa de terra entre o mar e a serra. [3]
Hoje, Caraguatatuba é um município com 485 km² (o 174º em extensão do estado de SP) tendo a maior parte de seu território inserido em unidades de conservação com 400 km², cerca de 82% da área do município. Caraguatatuba possui 18 praias em seus 28 quilômetros de litoral e está localizada a 186 km da capital paulista, possuindo hoje uma população de cerca de 120 mil habitantes.
A abertura do tráfego da rodovia ligando São Sebastião-Caraguá-Ubatuba ocorreu em 1938. Antes este fluxo de pessoas era feito por pequenas embarcações pelo mar na Baía de Caraguatatuba. Depois veio a ligação do litoral norte ao Vale do Paraíba atravessando a Serra do Mar com a Rodovia dos Tamoios e a Rio-Santos (BR 101) iniciada no governo JK e concluída na década de 70.
Assim, foi a partir das década de 70 e 80 que o município tem um crescimento da população e expansão da urbanização. Em 1970 Caraguatatuba tinha 15 mil habitantes; nos anos 80 chega a 33 mil habitantes - apenas 1% era considerada rural - até chegar aos atuais 120 mil habitantes em boa parte fruto de fluxos migratórios.
A expansão da urbanização começa no entorno da área na área central e depois vai em direção ao interior - Serra do Mar - e ao longo do litoral, na direção de Ubatuba, já como segundas residências para veraneio. Na década de 90 se iniciam as ocupações desordenadas de encostas de morros e de áreas ribeirinhas por parte da população mais pobre em boa parte. [4] [5]
Os orçamentos do município de Caraguatatuba veio crescendo com a chegada das instalações da Petrobras. Em 2017, o município recebeu um total de 81,9 milhões em royalties do petróleo por conta das instalações da Unidade de Processamento de Gás Natural e à sua localização no litoral na área defronte aos poços e campos, onde há produção de petróleo da Bacia de Santos. Em 2018, até 3 setembro, Caraguatatuba já recebeu R$ 76,9 milhões em royalties do petróleo.
Sala Caiçaras no Museu de Arte e Cultura (MACC) de Caraguatatuba, em 12-09-2018 [3] |
Hoje, Caraguatatuba é um município com 485 km² (o 174º em extensão do estado de SP) tendo a maior parte de seu território inserido em unidades de conservação com 400 km², cerca de 82% da área do município. Caraguatatuba possui 18 praias em seus 28 quilômetros de litoral e está localizada a 186 km da capital paulista, possuindo hoje uma população de cerca de 120 mil habitantes.
A abertura do tráfego da rodovia ligando São Sebastião-Caraguá-Ubatuba ocorreu em 1938. Antes este fluxo de pessoas era feito por pequenas embarcações pelo mar na Baía de Caraguatatuba. Depois veio a ligação do litoral norte ao Vale do Paraíba atravessando a Serra do Mar com a Rodovia dos Tamoios e a Rio-Santos (BR 101) iniciada no governo JK e concluída na década de 70.
Praça Cândido Mota no centro de Caraguá em 12 set 2018 |
A expansão da urbanização começa no entorno da área na área central e depois vai em direção ao interior - Serra do Mar - e ao longo do litoral, na direção de Ubatuba, já como segundas residências para veraneio. Na década de 90 se iniciam as ocupações desordenadas de encostas de morros e de áreas ribeirinhas por parte da população mais pobre em boa parte. [4] [5]
Os orçamentos do município de Caraguatatuba veio crescendo com a chegada das instalações da Petrobras. Em 2017, o município recebeu um total de 81,9 milhões em royalties do petróleo por conta das instalações da Unidade de Processamento de Gás Natural e à sua localização no litoral na área defronte aos poços e campos, onde há produção de petróleo da Bacia de Santos. Em 2018, até 3 setembro, Caraguatatuba já recebeu R$ 76,9 milhões em royalties do petróleo.
Enquanto isso o município vizinho de São Sebastião, com 74 mil habitantes recebeu R$ 86,9 milhões, em função dos terminais portuários que movimentam petróleo e dos campos de petróleo da Bacia de Santos. Em 2018, até 3 setembro, São Sebastião já recebeu R$ 81,8 milhões.
Já o município de Ilhabela com 28 mil
habitantes, em 2017 teve a maior petrorrenda com receita de R$ 474,8 milhões.
Valor que foi quase o dobro de dois anos antes, em 2015, quando a receita dos
royalties na cidade tinha sido de R$ 239,7 milhões.
Blogueiro no monumento do 1º centenário (1957), Praça Cândido Mota em 12 set. 2018 |
Orla de Caraguatatuba em 12 set. 2019. |
Em 2018 até 3 setembro Ilhabela já recebeu R$ 477,3 milhões, valor que só não é maior do que os recebidos pelos municípios fluminenses de Marica (R$ 928,8 milhões) e Niterói (R$ 818,4 milhões).
[6] [7].
A interligação de Caraguatatuba com o circuito do petróleo em SP se dá através do gasoduto que chega do mar, oriundo dos campos da Bacia de Santos. Tem ligação de vizinhança com o município de São Sebastião (25 km pela BR-101) que tem um porto e reservatórios para movimentação de petróleo que são direcionados por oleodutos até as refinarias no interior paulista. Caraguatatuba também tem interligação com a malha de dutos de toda a região sudeste na direção de Taubaté e São José dos Campos.
Área urbana e central de Caraguatatuba |
A implantação da unidade de gás (UTGCA) em Caraguá, como é carinhosamente chamada, empregou muita gente na fase de construção, mas agora na operação sem atividades de expansão, envolve pouco mais de mil pessoas. Porém, desde a sua instalação da unidade de processamento de gás natural em Caraguatatuba, houve uma grande contribuição na modificação da vida no município.
A partir daí aumentou o custo de vida e com a chegada da receita e da economia dos royalties do petróleo também se percebeu a ampliação da especulação imobiliária com o aumento do valor dos imóveis.
No município de Caraguatatuba é possível enxergar pistas onde o circuito produtivo do petróleo interligado a outros municípios e regiões produzem mudanças no processo de urbanização e no espaço em geral e também em outras dimensões. Mas este é um assunto que tratarei adiante em outras postagens e num artigo acadêmico.
Mapa da interligação da UTGCA em Caraguatatuba com a malha de gasodutos da NTS em direção a SP, RJ e MG |
Para finalizar é bom que se diga que as bases para este desenvolvimento dependeram de vários projetos de exploração e produção que foram planejados e estiveram nos planos de negócios da Petrobras desde 2012-2013 e que agora estão entrando em produção com as novas unidades de produção que estão paulatinamente entrando em operação.
Referências:
[1] Postagem do blog em 11 jul. 2016. A ampliação do poder estratégico e geopolítico do Gás Natural (GNL) na matriz energética mundial. Disponível em: http://www.robertomoraes.com.br/2016/07/a-ampliacao-do-poder-estrategico-e.html
[2] Estudo de Impacto Ambiental (EIA) da Unidade de Tratamento de Gás de Caraguatatuba. Petrobras - Biodinâmica Engenharia e Meio Ambiente. Abril 2006. Disponível em: http://licenciamento.ibama.gov.br/Dutos/Gasoduto/Unidade%20de%20Tratamento%20de%20Caraguatatuba/EIA%20UTGCA.pdf
[3] Acervo do Museu de Arte e Cultura de Caraguatatuba (MACC). Sala Caiçaras, lendas e histórias. Visita em 12 set. 2018.
[4] Publicação Litoral Sustentável. Instituto Polis e Petrobras. 2012, 23 p. Síntese do Diagnóstico urbano socioambiental participativo do município de Caraguatatuba (Relatório de Caraguatatuba). Disponível em: http://litoralsustentavel.org.br/wp-content/uploads/2013/12/Resumo-executivo-Caraguatatuba-Litoral-Sustentavel.pdf
[5] GIGLIOTTI, Claudilene e SANTOS. Moacir. 2012. A expansão urbana de Caraguatatuba (1950-2010): Uma análise das transformações sócio espaciais. Caminhos de Geografia Uberlândia v. 14, n. 46 Jun/2013 p. 150–159 Página 150. Disponível em: http://www.seer.ufu.br/index.php/caminhosdegeografia/article/download/17794/12817
[6] Postagem do blog em 14 jun. 2018. Ilhabela e outras novas cidades petrorrentistas em SP e no ERJ: o que há de novo e o que se repete? Disponível em: http://www.robertomoraes.com.br/2018/06/ilhabela-e-outras-novas-cidades.html
[7] Postagem no blog em 17 set. 2018. 5 municípios brasileiros com as maiores receitas de royalties do petróleo em 2018. Disponível em: https://www.robertomoraes.com.br/2018/09/5-municipios-brasileiros-com-as-maiores.html
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