Desde ano 2016, os EUA com as novas reservas e produção de
óleo de xisto (tight oil) foi aumentando sua produção. Assim, saiu do patamar
que naquele ano estava um pouco acima de 8 milhões de barris por dia. Lembrando
que os EUA são os maiores consumidores mundiais com um volume que se aproxima
dos 20 milhões de barris por dia.
Pois bem, nessa semana o Departamento de Energia dos EUA informou
em relatório mensal (sempre dois meses depois) que em agosto, a sua produção
passou à frente da Rússia com o volume de 11,346 milhões de barris por dia.
Enquanto isso, no mesmo mês de agosto, o Ministério de
Energia russo informou que a produção naquele país tinha sido de 11,21 milhões
de barris por dia. Ou seja os EUA produziram na média diária do mês de agosto,
um volume de 136 mil barris por dia à mais que a Rússia. [1]
Em relação a 2017, os EUA aumentou sua produção diária em
cerca de 2,1 milhões de barris por dia. Esse é o maior aumento num século,
desde 1920, para um período tão curto de um ano.
Contribuíram para essa expressiva ampliação da produção americana
do óleo de xisto, em especial, nas regiões do Texas e Colorado e também o
aumento na produção offshore na porção americana no Golfo do México.
Porém, dados ainda preliminares de setembro indicam que a
Rússia também voltou a aumentar sua produção. A Rússia fez esse movimento em
função das demandas do mercado internacional e também da busca de maior exportação
para aproveitar o aumento do valor do barril em setembro, acima dos US$ 80.
A Rússia também busca compensar no mercado mundial, a redução
petroleira da Venezuela e também ocupar os espaços que já existem por conta das
ameaças de sanção dos EUA ao Irã. Assim, esses dados preliminares indicam que a
Rússia ampliou sua produção para 11,37 milhões de barris por dia, ultrapassando
novamente a produção dos EUA, que em agosto em 24 mil barris por dia.
Assim, em função da geopolítica e da forma com os EUA lidam
com o resto do mundo com “tarifaços” e “sanções” contra países e regiões, é
possível identificar um rally daqui para a frente que pode ainda colocar também
na disputa a Arábia Saudita que em todo esse último período mantém sua produção
média acima de 10 milhões de barris por dia.
Vale ainda observar que com toda essa capacidade produtiva, os
EUA ainda tem um déficit e uma demanda de petróleo de cerca de 7 milhões de
barris por dia para atender seu mercado interno.
Com os EUA aumentando assim bruscamente a sua produção está
desta forma queimando mais rapidamente as suas reservas, que não estão sendo
repostas, na mesma velocidade que a agilidade da produção nas áreas de xisto permite.
Por conta de tudo isso, não é difícil compreender porque estrategicamente,
os EUA precisam com frequência anexar politicamente ao seu controle nações que
possuem colossais reservas como a do Pré-sal brasileiro. Sempre o “capitalismo
lubrificado pelo petróleo”.
É com esse viés de análise, no campo da geopolítica do
petróleo, que esse blog vem - há pelo cinco anos - trazendo fatos e
interpretações que ajudam a incorporar à observação sobre a conjuntura da
situação político-econômica do Brasil, as questões que envolvem a
superestrutura no interior da economia global.
Referência:
[1] Informações da Bloomberg em 31 out. 2018 sobre EUA superando a Rússia como maior produtor de petróleo.
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