A engenharia financeira é decorrente de uma análise de riscos que começou ser feita há cerca de um ano pelo IFC, um braço do Banco Mundial que esteve na região avaliando os riscos que envolvem, inclusive as áreas desapropriadas no Açu.
O crédito de R$ 1,76 bilhão destinado à GNA (Gás Natural Açu) - um consórcio formado pelas corporações Prumo Logística, BP e Siemens - se destina à implantação da UTE-1 com capacidade de geração de 1.700 MW, tem um custo planejado de R$ 4,5 bilhões com previsão de conclusão e entrada em operação em janeiro de 2021.
UTE da GNA que está sendo construída pela Andrade Gutierrez junto ao Porto do Açu |
O fundo financeiro americano EIG Global Partners que controla a Prumo Logística e majoritariamente a GNA está estruturando um acordo com a petroleira Ouro Preto Óleo e Gás, de Rodolfo Landim, para adquirir da Petrobras os ativos dos campos de Pampo e Enchova, na Bacia de Campos, de onde saem os gasodutos que se dirigem a Cabiúnas em Macaé.
Dessa forma a Prumo e a GNA planejam interligar o Hub de Gás do Açu ao ramal de gasodutos Gascav (Cabiúnas-Vitória) na passagem do mesmo na localidade da Tapera no município de Campos dos Goytacazes reforçando assim a potencialidade do seu empreendimento no campo da energia.
Construção da UTE-1 no Porto do Açu |
O controle sobre o trabalho das equipes é grande e com promessas de recompensa por produtividade. Há previsão que o trabalho não seja interrompido entre o Natal e Ano Novo, apesar das obras estarem adiantadas, segundo informações obtidas pelo blog.
Breve análise dos significados da expansão do porto e questionamento sobre ausência de real responsabilidade comunitária e social dos empreendedores que no Açu
Diante desse processo, se pode avaliar que o Complexo Portuário do Açu vai ampliando e adensando sua atuação vinculada ao Circuito Econômico do Petróleo, Gás e Energia, não apenas com apoio offshore à exploração de Petróleo (NOV e Edson Chouest para a Petrobras e Chevron), mas também transbordo de petróleo (T-Oil, através da Oiltanking para a Shell), construção de tubos flexíveis e agora rígidos para instalação da produção nos campos de petróleo (através da Technip) e agora geração de energia elétrica com UTEs à gás natural através da GNA.
Há ainda que se questionar e criticar a relação dos empreendedores com as comunidades locais/regionais. Os empreendedores fazem questão de estarem apartados da comunidade. Seus gestores não criam vínculos e costumam ver a cidade e região como problemas, uma espécie de rugosidade, que têm que aturar para viabilizarem seus ganhos.
Os gestores trabalham por metas e pensam na maior parte do tempo apenas em construir seus portfólios de carreira, e dessa forma atuam de forma ainda mais fria e calculistas que os próprios donos dos negócios.
O porto e os empreendimentos que ali vão sendo instalado buscam apenas fluidez em seus negócios e dessa forma entendem que é melhor não se interagirem com a sociedade local. Entendem que geram empregos e isto é o suficiente.
Essa baixa interação com a comunidade não é apenas fruto dos conflitos que foram criados quando da implantação do porto e do Distrito Industrial (DISJB) com os pequenos proprietários que sofreram as desapropriações até hoje não quitadas.
Aliás, esse ponto foi o mais questionado como problemas pelos consultores do Banco Mundial que fizeram a "Análise de Risco" que acabou gerando esse empréstimo bancário que produziu uma articulação entre o BNDES e o banco alemão, certamente pelo interesse da Siemens que é sócia da GNA, por conta do interesse do fornecimento de equipamentos elétricos (geradores) das usinas termelétricas. Até hoje, pouco mais de 5% do total de 90 Km² dos empreendimentos estão sendo utilizados por todos os empreendimentos.
Esse cruzamento de interesses mostra como o capital se movimenta e se articula com os poderes políticos. Nessa engenharia financeira e "criativa" a população e as comunidades são vistas, quase sempre, como problemas, apesar dos discursos de responsabilidade social e da alcunha de "colaboradores dada aos seus trabalhadores.
O blog segue se esforçando no trabalho de investigar e interpretar de forma crítica o desenrolar desse grande projeto de investimento (GPI) do Porto do Açu (da holding Prumo Logística), buscando analisar os fatos, os agentes e os processo em suas várias dimensões.
PS.: Desde março de 2018, a Prumo Logística deixou de ser S.A.porque fechou seu capital na Bolsa de Valores.
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