No dia do desmoronamento da Barragem da Vale que matou que produziu 342 vítimas fatais em Brumadinho, MG, a tonelada valia US$ 74,64, como comentei em nota aqui no blog no dia 28 jan.2019.
Trocando isso para números mais simples para ser melhor compreendido, hoje a Vale, mesmo produzindo 10% a menos de minério de ferro, está faturando R$ 51,8 milhões a mais por dia.
Foto da BBC |
Ironia e paradoxos desse tal mercado. Esse ente abstrato chamado mercado ganha até com as desgraças das pessoas e do ambiente.
Detalhando de forma rápida a conta. A produção anual da Vale caiu de cerca de 400 milhões para 360 milhões de toneladas anuais.
Por dia, dividindo a produção anual pelos 365 dias do ano se identifica que a redução da produção diária caiu de 1,09 milhões de toneladas por dia para 0,98 milhões de toneladas por dia.
É com esse número multiplicado pelo valor anterior (1,09 x US$ 74,64) e pelo valor de hoje (0,98 x US$ 96,26) que se chega à diferença a mais no faturamento de US$ 14 milhões, que na cotação do dólar hoje a R$ 3,7, se chega a esse valor a mais de faturamento hoje da Vale de R$ 51,8 milhões a mais por dia.
Num mês esse valor a mais será de R$ 1,5 bilhão e já pagará uma boa parte dos prejuízos da companhia.
Sim, os números são frios, duros e cruéis.
Sim, os números são frios, duros e cruéis.
Mas não será escondendo, ou nos alienando deles, que entenderemos melhor a crueldade disso tudo. Onde, na imensa tristeza, os parentes dos mortos hoje, apenas, esperam desenterrar as vítimas para voltar a enterrá-las.
Portanto, um outro paradoxo. Muito mais cruel e diverso do outro que produziu mais o vil metal, enquanto esse paradoxo é vivido doidamente pelos parentes das vítimas que sofrem a cada dia.
2 comentários:
Com tantas tragédias humanas correndo nos últimos dias cobertas amplamente pela grande mídia, a chacina perpetrada pela PM no Morro de Santa Tereza que deixou 15 jovens mortos na última sexta-feira (08.02) quase passou “em branco”... até porque todos os mortos eram pretos e pobres acusados de traficantes nos morros da Coroa, Fallet-Fogueteiro e dos Prazeres, localizados no Rio Comprido e Santa Tereza.
Foram assassinados a sangue frio no interior de uma casa onde residia uma moradora que nada tem a ver com tráfico. Denúncias de familiares sobre o contexto das mortes apontam que cerca de 20 jovens entre 14 e 22 anos já estavam encurralados dentro de uma casa quando aconteceu a abordagem e não houve troca de tiros.
Obviamente o crime não teve a “cobertura” da morte dos atletas de base do Flamengo ou do jornalista Ricardo Boechat, afinal tombaram a uma ação policial “justificada” pela disputa da zona entre Comando Vermelho e Terceiro Comando Puro, nada mais “natural”. Na comunidade carioca a PM colocou em prática antecipadamente o “pacote anticrime” apresentado pelo Juiz Moro: liberdade total para a polícia matar tendo como álibi o “perigo iminente”, com a nova legislação a ser aprovada garantindo que haverá nenhuma punição legal aos assassinos de farda.
Esta foi a operação policial mais violenta do Rio de Janeiro em mais de 12 anos. Em campanha e já durante o mandato, o governador fascista Wilson Witzel prometeu uma guerra contra os pobres. Ele já está entregando a “promessa”. Os pobres e negros do morro no centro do Rio estirados ao chão ensanguentados não nasceram traficantes de segunda (se é que eram), tinham idades bem parecidas dos “garotos do flamengo”, a sua maneira também eram adolescentes cheios de sonhos como os que perderam a vida no “Ninho do Urubu”, entraram no “time” do crime em meio a barbárie capitalista que assola as grandes metrópoles.
Foram executados dentro de uma casa, quando estavam se rendendo aos policiais, o que fotos, relatos e circunstâncias apontam, inclusive o macabro “socorro” prestado, o de levar os corpos ao hospital, para “desfazer o local” e impedir a perícia. Segundo o relato de uma moradora, quando seu filho virou-se de costas para negociar a rendição com o grupo, agentes atiraram contra ele. “Deram um tiro nas costas. Furaram meu filho todo. Não me respeitaram em momento nenhum, nem meu filho de oito anos. Falou na cara do meu filho: ‘bem feito’.”
A mãe também disse que os policiais tentaram impedir que familiares entrassem na casa para identificar os corpos. Outro familiar de dois jovens mortos afirmou à Folha que ambos eram envolvidos com o tráfico. Contudo, declarou que os dois se entregaram e foram mortos pelos policiais ainda assim. Fica evidente que a licença total para a PM matar entrou em vigor, mesmo antes da legislação do ministro Sérgio Moro, já está sendo operada na prática.
O policial mata sem temor da mínima represália legal com a justificativa de ter sido tomado por “violenta emoção”. O justiceiro da Lava Jato, agora no cargo de Ministro da Justiça, propôs no seu reacionário pacote o item que prevê alterações no Código Penal relativas à legítima defesa, trata-se da possibilidade de redução ou mesmo isenção de pena de policiais que causarem morte durante sua atividade, um verdadeiro "tributo" aos policiais assassinos e milicianos fascistas que integram o aparelho repressor da burguesia.
LA OBSCENIDAD DEL DINERO
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