terça-feira, março 26, 2019

Torcedores e banqueiros comemorarão juntos mais depósitos em conta: O que os patrocínios de gestoras financeiras ao Palmeiras e ao Flamengo significa?

Parece um fato natural, a presença crescente do “business” do futebol atual.

Começaram com as empresas que vendiam produtos e tinham interesse em vista como simpática pelos milhões de torcedores de futebol.

Aos poucos o que ocorre no mundo extra-futebol chegou aos clubes.

As empresas financeiras entraram no túnel e chegaram aos gramados.

Assim, nos últimos anos, Caixa Econômica Federal chegou a financiar todos os clubes brasileiros da Série A.

Porém, o estalo sobre o jogo que estava se anunciando ficou mais claro agora em 2019.

O anúncio de que o banco BS2, antigo Banco Bonsucesso, seria o novo financiador (antigamente chamava patrocinador) do Flamengo acendeu uma luz para se tentar entender esse jogo.

O futebol tem centenas de colunistas que veem e comentam os jogos para a gente.

Mas, essa disputa parece necessitar de um outro tipo de análise para se investigar e entender esses “bastidores” dos clubes, como gostavam de falar os repórteres que cobriam os clubes antes das centenas de entrevistas coletivas de hoje.

Assim, o blog também está entrando no gramado para expor o que está vendo nesses dois clubes que esbanjam dezenas e centenas de milhões em contratações a cada ano.

Será que o Flamengo também vai jogar nos fundos?

Será que precisava mesmo do Bonsucesso?

Não sabemos, mas o banco BS2 (ex-Bonsucesso) resolveu bancar o Flamengo. Através da gestora B2Asset o Flamengo vai agora atuar também nos fundos, os financeiros.

O BS2 se propõe a ser um hub de capitais. Assim, junto do Flamengo quer distribuir o jogo pelos fundos.

Pode ser acaso, coincidência, numa época de tantas coincidências também entre a política e as milícias no Rio, mais especialmente, no Recreio (por favor sem metáfora e dupla interpretação).

Assim, se começa a perceber que aqueles dois clubes que mais têm investido (sim já se falava em investimentos), comprando e "branqueando" jogadores milionários (sim de milhões reais, dólares ou euros) estão hoje vinculados mais às gestoras de fundos financeiros do que com os clubes.

O Palmeiras com a Crefisa e agora Flamengo com o BS2 Asset. 

Mais fortemente, desde 2015 a Crefisa vem bancando o Palmeiras e nos dois últimos anos com aportes de mais de R$ 100 milhões anualmente.

Agora, o BS2 colou nos “novos cartolas” do rubro-negro da Gávea com oferta R$ 30 milhões por ano ao clube do Rio, que não paga nem Vitinho, mas é muita grana.

A Crefisa tem mais de 1 milhão de clientes e 1000 pontos de atendimento no país no jogo de crédito pessoal e empréstimos a “afogados”.

Assim, parece que o BS2 quer disputar esse meio campo e jogar a disputa para o campo digital.

O BS2 tinha em 2018, ativos de R$ 5,8 bilhões, tendo captado R$ 2,4 bilhões nesse último ano, quando teve lucro líquido de R$ 35 milhões em 2018, quase o acordado para em investir agora em 2019 no Flamengo. 
Composição Acionária do banco BS2.
Parece até aqueles esquemas táticos dos treinadores.
No ataque Asset, Câmbio e Empresarial, etc.
Só que é um campo redondo porque toda a bola,
(ou dinheiro) volta para o mesmo dono. 

Ao lado a composição acionária do banco BS2 que agora vai para o banco Flamengo. 

O BS2 quer a grande torcida no seu campo financeiro. Assim, se os torcedores abrirem mais contas na plataforma digital, o valor a ser pago pelo banco no "patrocínio" poderá ser ampliado, conforme a quantidade de contas e o volume de captação de recursos.

Pronto tá feito um enrosco ainda maior do futebol, meio campo, fundos, business tudo jogando lá no fundo, o financeiro.

Pode ser que minhas pesquisas andem me fazendo misturar as bolas vendo interesses onde antes havia futebol.

Os fundos financeiros vão assim chegando a todas as frações do capital, como minha intuição de pesquisador mostrava, e assim cada vez me afastando mais da torcida pelo futebol que hoje passa a exigir a abertura de conta no Bonsucesso (BS2).

Assim, é oportuno ainda no campo da finanças, que se investigue de onde vem esse doping (que poderia também ser dumping] no futebol atual do Flamengo. De onde vem o banco BS2 (ex-Bonsucesso) antes dele colar no meio campo do Flamengo.

O BS2 tem como controlador a família mineira Petagna Guimarães. Outro ramo da mesma família é dona do BMG. Sendo que um deles já foi presidente do Atlético Mineiro, quando o BMG o patrocinava, já mostrando um elo antigo, em outro estado da região mais rica do Brasil, entre o mundo das finanças e o da bola.

Pouco percebiam esse bastidores entre os cartolas, mesmo que eles já estivessem no túnel das equipes, de olho grande para a quantidade de torcedores nas arquibancadas dos times com os quais trocariam passes e patrocinios.

Voltando, para a história do BS2, os dois ramos da a família Petagna Guimarães (BS2 e BMG) tiveram origem na descendência do coronel Benjamin. Foi ele quem criou o antigo Banco de Minas Gerais, lá no longínquo ano de 1930, década em que o Flamengo no Rio de Janeiro, só conseguiu um título, lá no final, em 1939.

O dinheiro do coronel Benjamin que virou capital e permitiu a criação do Banco de Minas Gerais, como sempre teve como meio de campo a produção material.

O coronel Benjamim em 1906 tinha criado em Minas Gerais, a tecelagem Ferreira Guimarães, que chegou a ser uma das mais conhecidas fabricantes de tecidos em todo País, em função da qualidade de seus produtos, numa época que não havia campeonato nacional de futebol e as camisas dos clubes ainda não tinham valor que possuem hoje.

Com a tecelagem, o coronel Benjamin ganhou muito dinheiro, em especial, nos períodos das duas guerras mundiais. E foi assim, que juntou dinheiro e partiu para o ataque recebendo bolas (e captando depósitos) e distribuindo o jogo lá na frente com os empréstimos que engordaram seus fundos financeiros.

Assim, se observa que a história do dinheiro e a da bola correm sempre pela gramado e entre as várias frações do capital. E ajuda a nos explicar com as atuais camisas dos clubes de futebol vivem também sob a égide de um capitalismo que já foi comercial, industrial e agora é mais fortemente financeiro.

Conta de banco no celular, bola pra frente e barulho nas arquibancadas. O apelo agora é que o povão torcedor, que antes assistia o futebol de seu time na geral do estádio, abra uma conta do banco no banco virtual, através do celular, e se quiser ainda assistir ao jogo, que procure um bar da esquina para ter acesso ao pay-per-view na TV.

O ingresso diferenciado em preço para o sócio torcedor (o que já afasta quem é do interior), agora exigirá mesmo de longe que também coloque o seu dinheirinho na conta do banco. Futebol na arquibancada é agora, mas que antes, só para quem tem dinheiro no banco.

Sim, o BS2 quer entrar nesse varejo de crédito pessoal e disputar com a Crefisa. Assim, o que antes era um Flamengo x Palmeiras, agora será BS2 x Crefisa.

Façam suas apostas, na disputa que será agora noutro tapete verde.

Torcedores e banqueiros comemorarão juntos mais depósitos em conta, mais rendimentos bilionários com empréstimos a juros estratosféricos, porém esses darão lucros, apenas para um lado do campo.

Não há problemas com o fato dos torcedores e banqueiros comemorem juntos os gols e os resultados dos seus times de futebol era assim antes. E era bom, porque isso de ocorria com eles juntos e misturados nos estádios e não com cada um apartado nos seus guetos como é hoje. O pobre nas periferias e os ricos trancados em seus condomínios fortemente protegidos.

As mentes e os corações juntam na torcida aquilo que a divisão de classes colocava em campos opostos.

Os banqueiros em menor quantidade terão mais torcida e muito mais dinheiro.

Oh, transformação cruel, o antigo futebol bretão assim cada terão clientes bancários-torcedores longe dos estádios torcendo e perto daqueles para que levam o seu suado dinheiro.

Éramos feliz e não sabíamos.

“Mais valia” ver o Garrincha brincar de bola a ver o futebol pay-per-view dos banqueiros.


PS.1: Poderia ter na postagem as camisas e os patrocínios dos clubes citados, mas essa mídia "gratuita" custaria caro se fosse jabá e não pagaria nem a cerveja no bar da esquina. Melhor não!

PS.2: E o pior no meio de tanta dinheirama não sobra nada para o meu Goytacaz (que tem a cor da composição acionária do banco BS2) tentar novamente sair da segundona, enquanto vive afogado em dívidas, parte delas também a bancos. Oh, crueldade!

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