terça-feira, abril 23, 2019

Os benefícios pagos pela Previdência Social movimentam as economias locais. Em 2018 foram pagos R$ 26,5 bilhões na capital; R$ 1,1 bilhão em Campos e R$ 452 milhões em Macaé. Sua redução concentrará recursos no rentismo financeiro

Dados oficiais do Ministério da Previdência Social sobre a quantidade e os valores dos benefícios pagos nos municípios brasileiros, mostram uma realidade distinta do que tem aformado Paulo Guedes e o mercado, a quem representa.

Esses dados servem para contestar a ideia de que retirando os benefícios das pessoas as coisas irão melhorar para todos. Ao inverso, menos benefícios para os cidadãos, significarão dinheiro mais concentrado nas metrópoles e nas mãos dos donos dos dinheiros, os financistas e rentistas. Menor quantidade de dinheiro em circulação no consumo da população de baixa renda afeta a atividade econômica e também a arrecadação de impostos, indo direto para as mãos dos rentistas.

Os governadores, prefeitos e deputados que estão batendo palmas para as alterações na Previdência Social precisam deixar de ser enganados sobre o discurso mercadista. A população que vai perder vai marca-los. Mesmo os gestores locais têm pouca informações sobre a origem do dinheiro que circula nos seus municípios. Esse é um dado que todo vereador e prefeito deveria conhecer.

É possível levantar esses dados rapidamente para todos os 5.571 municípios brasileiros. O blog vai citar no quadro abaixo a realidade da capital fluminense e mais seis municípios da região Norte Fluminense para expor a quantidade de recursos que é injetado mensalmente nas cidades que mexe na vida das pessoas e movimenta a economia local. Esses recursos têm enorme importância para a geração de empregos e movimentação da atividade econômica, mesmo nos municípios petrorrentistas que recebem as colossais receitas dos royalties do petróleo.
















O quadro acima coloca por terra alguns outros argumentos. A de que o interior é o grande vilão destes pagamentos. Isso não é verdade, nem em termos absolutos e nem relativos.

Na capital fluminense, 17,2% da população recebe esses benefícios previdenciários, contra 7,2% no pobre município de São Francisco do Itabapoana; 9% em Macaé; 11% em Quissamã e 14,8% em Campos dos Goytacazes.

Em termos absolutos os valores pagos na capital são expressivos de R$ 26,5 bilhões. Porém, em SJB, o valor de R$ 84,4 milhões equivalem a 28% do orçamento público municipal onde estão as receitas dos royalties do petróleo. No município de Campos dos Goytacazes, em 2018 foram recebidos de benefícios da Previdência Social R$ 1,189 bilhão, que foi equivalente a quase 60% do orçamento público ano passado, também já incluído as receitas dos royalties do petróleo. Em 2018, em todo o país foram pagos R$ 500 bilhões e 30,2 milhões de brasileiros. 

Há muitas outras interpretações possíveis a serem retirados desses dados por município e no geral. Porém, o que se pretendeu aqui, com dados do próprio governo federal que o ministro Paulo Guedes tenta esconder, de todas as formas, é chamar a atenção sobre os impactos que a redução dos benefícios pagos pela Previdência Social trará não apenas para a população mais pobre, mas para a economia e a atividade econômica dos municípios brasileiros.

Depois de ver esses dados e a interpretação aqui exposta, é natural que você se pergunte, por que isso não está sendo discutido em Brasília? Por que o discurso único da aprovação das mudanças nas regras da Previdência Social?

Eu tenho repetido que algum ajuste é necessário, por vários fatores, incluindo a vida média da população, mas a retirada que se quer fazer dessa renda originária do Trabalho para ser concentrada no setor financeiro é absurda e inaceitável.

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