Não sou adepto dessas comparações em termos de análises, porque os municípios possuem suas especificidades, mas observar os dados em termos gerais também ajuda a situar melhor o que se quer observar de vários ângulos e dimensões.
Desde 2015, o orçamento em números absolutos de Macaé é maior que o de Campos. Em termos per capita é mais do dobro.Para 2020, o orçamento previsto para Macaé é de R$ 2,4 bilhões e o de Campos foi estimado em R$ 2 bilhões.
Mesmo no período do auge das receitas dos royalties do petróleo (entre 2022 e 2013), a Prefeitura de Campos recebeu para esse mesmo tempo (uma década) orçamento tão volumoso.
Em Macaé, entre os anos 2014 e 2017, a receita de ISS ultrapassou a receita dos royalties. Em 2015, a receita da cota-parte do ICMS do município também ultrapassou a receita dos royalties.
Mas desde 2018 (e também na previsão orçamentária de 2019) em Macaé a receita dos royalties voltou a ser a maior receita do município.
Esses dados levam a várias reflexões. Cito quatro para abrir a discussão:
1) É muito dinheiro e muito orçamento, mas as reclamações sobre a qualidade dos serviços continuam muito grandes, em especial saúde, saneamento, transporte e desenvolvimento social para um município com enormes desigualdades. O fato parece demonstrar que o problema não parece ser maior do lado das receitas.
2) O município que tem uma uma forte base de empresas daquilo que eu chamo de "economia do petróleo", volta a ser tão dependente quanto os demais municípios petrorrentistas que vivem em especial da "economia e renda dos royalties". A diversificação continua a ser retórica discursiva sem efeitos práticos.
3) De outro lado, Macaé é cada vez mais um município polo e atrativo também para estudos universitários. Macaé sair de 1,3 mil matrículas no ensino superior em 2003 para 9,5 mil em 2017.
4) Mesmo que a realidade regional aponte para a necessidade de uma maior integração regional e o desenvolvimento de políticas públicas consorciadas e colaborativas (supramunicipal) os municípios seguem isolados e com visão concorrencial.
Antes que esquentem as disputas eleitorais do ano que vem, já existem muitas questões que merecem ser conversadas e discutidas. Não apenas em Macaé, mas em todos os nossos municípios.
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