domingo, julho 28, 2019

Metrópoles do capitalismo central partem para regular aluguéis residenciais

Enquanto no Brasil o livre mercado dos oligopólios e da especulação se apresentam com discurso e como solução única, Berlim, Londres, Paris, Barcelona e Amsterdã, metrópoles (possivelmente "comunistas") do capitalismo central estão tomando decisões para controlar e regular os aluguéis residenciais.

Em abril milhares de alemães manifestaram em Berlim
e outas dos cidades contra a alta dos alugueis. Fonte: DW.
Estas cidades globais e seus estados nacionais consideram que o crédito da máquina das dívidas, os investimentos transfronteiriços dos fundos globais e o crescimento populacional (e migração) aumentaram a demanda por residências nessas cidades, numa espiral que "tem expulsado a classe média para a periferia", segundo uma boa matéria do jornalista Assis Moreira, correspondente do Valor, em Genebra, na Suíça. [1]

As alternativas que já estão em vigor passa por determinação de congelamento do aluguel por cinco anos, por fixação de preços superiores por bairro, data de construção do imóvel, tamanho e a condição se mobiliado.

As autoridades de Berlim dizem claramente que não querem se transformar numa Londres, onde o preço do aluguel por m² é quase igual de Paris, onde custa EU $26 por m².

Em Berlim, o preço subiu 39% em dez anos e os salários estão praticamente estáveis, segundo as autoridades, mesmo que o aluguem esteja em cerca de EU $ 9/m², um terço de Londres e Paris.
Moreira diz ainda que na "Suíça, país liberal, a alta do aluguel é fortemente regulada e precisa de justificativas".

Interessante que o centro do capitalismo mundial no Ocidente esteja regulando até o valor do aluguel como proteção às pessoas, enquanto na periferia do capitalismo, a ideia em curso é entregar tudo e de graça para o mercado.

O setor imobiliário é um dos que mais movimentam investimentos em todo o mundo. Além de oferecer garantia da propriedade, eles passaram a ter uma liquidez ampliada, na medida em que os fundos imobiliários (FIIs) passaram a se donos de muitos imóveis que eram de pessoas físicas. O fato também eliminou cobrança de impostos sobre aluguéis em muitos países.

O autor da reportagem cita que os imóveis residenciais acumulam é um dos setores que acumulam ativos na economia global, onde se estima um volume entre US$ 100 trilhões e US$ 120 trilhões. Só os investimentos para novas construções alavancam financiamentos de cerca de US$ 30 trilhões. [2]

Além do aumento dos preços dos alugueis residenciais, a nível global, também subiu o valor médio dos imóveis em cerca de 15% desde 2012, embora haja diferenças conformes as economia de diferentes países, onde há países com variações positivas, certa estabilidade em outros e redução de preços em outros grupos de países.

Porém, em meio a este conjunto de informações relevantes sobre essa importante fração capital (setor imobiliário), é interessante constatar que já há quem compreenda - no capitalismo contemporâneo - e esteja agindo para limitar e regular as ações livres do mercado, que aqui no Brasil atual, se passou a julgar que seria a solução para todos os nosso males. Qual o quê.


Referências:
[1] Matéria do Valor em 23 jul. 2019. P. A9. MOREIRA, Assis. Europa amplia controle sobre aluguel residencial: governos locais e nacionais buscam conter alta dos preços. Disponível em: https://www.valor.com.br/internacional/6360647/europa-amplia-controle-sobre-aluguel-residencial

[2] Matéria do Valor em 23 jul. 2019. P. A9. MOREIRA, Assis. Preços de imóveis está crescendo menos no mundo. Disponível em: https://www.valor.com.br/internacional/6360649/preco-de-imoveis-esta-crescendo-menos-no-mundo

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