Veja o caso de ontem, em que o resultado das prévias na eleição da Argentina trouxe terrorismo onde a mídia comercial reproduz a concepção desse ente abstrato que o mercado, mas que reproduz os interesses dos ricos, dos donos dos dinheiros.
O arrocho salarial, os cortes de direitos, investimentos públicos e aspiração da renda do trabalho são consequências de políticas contra a maioria trabalhadora e a favor da banca.
O resultado disso saiu no domingo na Argentina, apesar do terrorismo, antes das eleições, durante e a agora depois do pleito.
A maioria rechaçou o governo dos ricos e para os ricos e rejeita a plutocracia que tenta se emplacar no mundo.
Veja bem como o mercado chega quase a induzir a sua repugnância à democracia da maioria e a sua preferência à força do poder econômico para além da que já exerce sobre os partidos e as compras de apoio eleitoral tão conhecidas.
Enquanto isso, o mercado ajudado pela mídia corporativa que é parte dele - e hoje lucra não mais com atividade jornalística e sim com seus ganhos rentistas/financeiros - faz terrorismo aberto, insistindo nas causas e na narrativa derrotada.
Diversos bons autores já chamaram a atenção de que a narrativa neoliberal tem a sua base principal, bem para além da economia.
Trata-se de uma concepção mental, que aliás tenta esconder as razões das crises, quando propõe "uma nova razão do mundo" e assim, tentam fazer crer à maioria que causa é a consequência.
Só esquecem que mais que narrativas, a vida real é muito mais forte. Ela não é rápida e nem ágil como as redes digitais.
A realidade precisa de tempo para se impor. Algumas vezes, necessita até de aposta no contraditório.
Porém, mesmo com todas as contradições da democracia liberal e a enorme e crescente interferência do poder econômico a realidade da maioria se impõe.
Contra isso, o partido global do mercado (disfarçado ou não) reage tão fortemente.
Abandonaram totalmente, a ideia do estado de bem-estar-social (welfare state) com o qual o capitalismo segurava e administrava os conflitos com aqueles do andar de baixo, através de políticas distributivas.
O neoliberalismo como concepção de mundo, da fábrica do sujeito empreendedor que "se faz por si próprio" tem limitações em sua narrativa porque se esbarra na realidade.
Praticam terrorismo, alardeiam pânico tentando assim ter novo apoio da maioria, para seguir praticando arrochos salariais, perda de diretos e vampirização das rendas do trabalho.
Para fechar, é bom ainda recordar que o caso argentino não é original e nem único no tempo e no espaço.
No próprio Brasil, vários já fizeram e continuam a fazer ameças similares.
A disputa pelas narrativas sempre foi parte do jogo do poder, o que é novo é o avanço do partido do mercado sem máscaras, limites e regulação, sobre o Estado controlado em suas várias escalas, dimensões e poderes.
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