A primeira malha e dutos de escoamento de gás natural da
Bacia de Santos e Pré-sal foi toda construída pela Petrobras e através dos
mesmos eles são processados duas unidades uma em São Paulo e outra no Rio de
Janeiro. A esses ramais se deu os nomes de Rota 1, 2 e 3. Vide mapa abaixo.
O Rota 1 foi implantado em 2011 interliga os campos de Libra e Mexilhão e se interligam à unidade de processamento de gás natural no município paulista de Caraguatatuba (UTGCA).
O Rota 2 (implantado em etapas 2014 e 2016) interliga o
campo de Iracema e outros à unidade de processamento de gás natural de Cabiúnas
(UTGCAB) no município de Macaé.
O Rota 3 prevê a interligação do campo de Franco na Bacia de
Santos à outra unidade prevista para junto ao Comperj em Itaboraí que teria capacidade
de processamento de cerca de 21 milhões de metros cúbicos de gás natural.
Tese do autor. P.426/560 [4] |
Vide ao lado um quadro com a malha de gasodutos existentes no Estado do Rio de Janeiro levantados por este autor em sua pesquisa de doutoramento concluída entre 2016/2017.
A EPE informou sobre o estudo de rotas de outros gasodutos
para escoar o grande volume de gás natural do pré-sal. Essas novas rotas seriam
4, 5 e 6. Considerando a entrega das malhas de gasodutos de mais de 10 mil km
decidido pelos governos Temer e Bolsonaro para fundos financeiros estrangeiros,
imagina-se que esses novos gasodutos serão construídos por esses investidores.
Segundo informou a EPE há duas opções para a Rota 4. O
projeto original já projetava o escoamento de gás da Bacia de Santos até à
Praia Grande, no litoral paulista. Agora, a outra alternativa em estudo seria
até junto ao Porto de Itaguaí, na Baía de Sepetiba no litoral sul do ERJ.
Já o ramal Rota 5 pode vir a ser interligada ao Porto do Açu
(RJ) ou também ao Porto de Itaguaí. Enquanto isso, os estudos avaliam que o
Rota 6 teria duas alternativas para escoamento que seria o Porto Central, no
Espírito Santo, ou o Porto do Açu no litoral norte fluminense.
O diretor de Estudos de Petróleo, Gás e Combustíveis da
Empresa de Pesquisa Energética (EPE), José Mauro Coelho, segundo a revista
Brasil Energia, informou que “esses estudos serão detalhados e apresentados na
Rio Pipeline, no final de setembro”.
Outras alternativas de escoamento do gás natural das
reservas do pré-sal no mar, seria através da instalação de unidades de
liquefação offshore, projeto extremamente caro e que depende ainda das condições
do mar, em pontos distantes do continente.
O caso do escoamento do gás natural do pré-sal é estratégico,
porque ele acaba sendo um limitador também para a produção de óleo, na medida
em que esses campos possuem os dois tipos de fluidos e a ANP define um
percentual máximo de queima do gás não escoado. Hoje, um percentual expressivo
de gás natural é re-injetado nos poços auxiliando a expulsão do óleo.
Resta saber agora o que as autoridades que estão desmontando
toda a cadeia produtiva integrada da Petrobras imaginam que será feito por
esses investidores externos. Assim, o Brasil passa a depender de planejamentos
e interesses externos destas grandes corporações e fundos financeiros que atuam
de forma global e podem retardar o quanto quiserem esses projetos em detrimentos
de outras opções.
Além disso, as empresas de engenharia e construção para
execução desses projetos deverão ser escolhidas fora do país, assim, como a escolha
de equipamentos e tecnologias. Enfim, é um outro cenário. Tudo o que foi feito
até aqui foi executado pela Petrobras e que agora está entregue a preço vil. A
conferir!
[1] Mais detalhes sobre o aumento do papel estratégico do uso do LGN no mundo pode ser visto aqui na postagem do blog feita em 11 de jul de 2016, com o título: A ampliação do poder estratégico e geopolítico do Gás Natural (GNL) na matriz energética mundial. No texto que é um artigo há várias referências e outras postagens que falam do aumento do poder estratégico do gás natural na matriz energética mundial e na geopolítica.
Disponível em: http://www.robertomoraes.com.br/2016/07/a-ampliacao-do-poder-estrategico-e.html
[2] Postagem do blog sobre a venda da malha de gasodutos do Nordeste em 3 dez. 2017, com o título
"Outro fundo financeiro (Blackstone) deve levar a rede de gasodutos da Petrobras no Nordeste, em mais um escárnio!" Disponível em: http://www.robertomoraes.com.br/2017/12/outro-fundo-financeiro-blackstone-deve.html
[3] Postagem do blog em 15 de maio de 2016, com o título "Gasoduto que interliga Pré-sal da Bacia de Santos ao Terminal de Cabiúnas em Macaé é simbólico e inverte relação que havia com o óleo entre o RJ e SP". Disponível em: http://www.robertomoraes.com.br/2016/05/gasoduto-que-interliga-
pre-sal-da-bacia.html
[4] Tese do autor defendida em mar. 2017, no PPFH-UERJ: “A relação transescalar e multidimensional “Petróleo-porto” como produtora de novas territorialidades”. Disponível na Rede de Pesquisa em Políticas Públicas (RPP)-UFRJ: http://www.rpp.ufrj.br/library/view/a-relacao-transescalar-e-multidimensional-petroleo-porto-como-produtora-de-novas-territorialidades
[5] Postagem do blog em 18 de dezembro de 2017, com o título "A importância dos gasodutos no escoamento da produção do Pré-sal. Ao mesmo tempo que vende os ramais prontos, a Petrobras banca sozinha, a construção do Rota-3". Disponível em: http://www.robertomoraes.com.br/2017/12/a-importancia-dos-gasodutos-no.html
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