Em especial no caso de Campos dos Goytacazes.
Além dos debates que devem se dar de forma especial nas redes sociais (questão nacional), o ocaso da receita dos royalties e a redução orçamentária ainda mais grave (Campos e região), exigirão que se pense a "cidade pós-petrorrentista".
Querendo ou não, o debate misturará o "fantasma" ainda presente do parentesco dos candidatos mais falados, com o presente da crise democrática nacional e o futuro incerto que ronda as cabeças de quem vai escolher seu (sua) novo(a) prefeito(a).
O jeito de fazer política mudou e os problemas do(s) município se tornaram maiores e com muito menos recursos.
O ocaso dos dias que seguem à abundância dos recursos é dolorido.
E leva a se visitar mais o passado do que pensar o futuro.
Vivemos momentos de transformações profundas na escala global e no capitalismo hegemonicamente financeiro, em meio à gigantesca reestruturação produtiva com repercussões nas escalas nacional, regional e local, onde o município pode fazer pouco, embora sofra muito as consequências. Porque todos nós habitamos o município onde as demais escalas parecem distantes e abstratas.
As referências do emprego industrial de maior qualidade e que arrastava outros setores da economia está submergindo, em meio à informalidade e aos biscates do trabalho nas plataformas digitais, numa região onde no passado as usinas e depois o setor petróleo geraram demandas ocupacionais.
O emprego que sempre foi discurso e tema das campanhas eleitorais, hoje se tornaram fluidos e abstratos, diante da realidade dos desconhecidos algoritmos das plataformas digitais, que por ironia, deve (como em 2018) ajudar a decidir as eleições.
Se já não bastassem essas "novidades" na complexa sociedade em que vivemos, os estratos sociais deixaram de ser divididos entre a pedra (urbano) e o rural (distritos), ou, entre o centro e a periferia, como alguns ainda raciocinam de forma dialógica, sem levar em conta as outras divisões presentes nos municípios.
A presença das igrejas, umbilicalmente ligadas à política, assim como os esquemas milicianos vinculados à importantes atividades das cidades devem ser considerados nos debates que se pretende pensar a sociabilidade no(s) município(s) em sua totalidade.
Sabendo ou não destas (e outras) questões, elas ainda assim estarão presentes quando os candidatos estiverem diante daqueles a quem pretende representar, propondo planos e políticas públicas.
Humildade para ouvir e sensibilidade social aprender serão tão importantes quanto a capacidade de propor projetos, sem perder a noção de que as prioridades devem ser sempre, para aquela para a parcela da população que mais precisa dos governos.
Antes de ser eleitores e candidatos todos somos cidadãos que vivem nos municípios onde as desigualdades precisam ser reduzidas e os direitos básicos reconquistados.
Um comentário:
Salve Roberto.
Como sempre aconteceu ao longo da história, a periferia do capital sempre experimenta os efeitos das mudanças estruturais de forma mais dramática e desajustada.
As eleições não são mais capazes de proporcionar qualquer expectativa de representatividade.
A liquidez pós capitalista, onde o antivalor(rentismo)já sufocou o valor gerado e não mais guarda relação com a produção (ver Robert Kürz), agora se reflete nos esquemas políticos e nas instituições que antes imaginávamos serem capazes de frear (timidamente) a fúria acumulativa e seus efeitos no tecido social.
Um abraço Douglas da Mata.
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