Esse mundo dos zilhões de dados que nos são capturados é que permite a construção da chamada Inteligência Artificial (IA). A unidade dos dados há muito saiu da casa dos gigabytes para os petabytes, mil vezes o terabytes que é também mil vezes maior que a já grande unidade de gigabytes e segue indefinidamente.
Sem essa captura dos nossos dados para traçar padrões e as tais redes neurais, a IA ainda estaria engatinhando, atrás do que hoje já existe, entre várias utilizações, as que servem ao mundo das finanças.
Com seus milhares robôs e modelagens a partir dos Big Datas, o mundo das finanças já descobriu que as pessoas que apanham empréstimos às quartas-feiras, são melhores pagadores dos seus créditos.
Não há racionalidade nisso. São os dados frios dizem os especialistas que atuam na IA e vão extraindo cada vez mais valor de quem trabalha com essas inovações tecnológica-financeiras.
Há nesse campo muito a ser compreendido. Porém, arrisco dizer que ao contrário do que muitos pensam, a IA não vai controlar os humanos com o aprendizado profundo de máquinas, como sugeriu o marcante filme Matrix de duas décadas atrás.
A ameaça não é da IA e da máquina controlarem e dominarem o homem e sim ampliarem o controle sobre o nosso imaginário e suprimir, paulatinamente, a distância já muito reduzida entre o real e a ilusão, tema que o sociólogo francês, Baudrillard, se ocupou.
Essa linha tênue entre o real e o digital projeta o metaverso, mas já existe entre o capital fictício e a economia real, entre o fato e a versão e entre as tais fake news e as narrativas.
Tudo cada vez mais imbricado, complexo e difícil de ser decifrado. Talvez, fosse mais fácil domar as máquinas do Matrix, do que as ilusões produzidas e disseminadas para alimentar as dispersas bolhas que compõem o mundo contemporâneo.