Numa única matéria (abaixo) é possível interpretar um conjunto de fenômenos e relações, sobre o que tratei numa palestra (última semana) na UFC (https://www.youtube.com/watch?v=H0seAHzSKRQ), a respeito da reestruturação produtiva/digitalização, capitalismo de plataformas e financeirização no mundo contemporâneo.
A reportagem (O Globo, 25 mai. 2022, p.17) destaca o desempenho de uma startup mexicana, ligada à área de logística que realiza o que tendo chamado "simbiose entre a virtualidade do digital e a infraestrutura material da logística".
A startup Nowports atua nessa franja, sem criar valor (extrai renda de outras atividades) realizando a intermediação entre produtores e consumidores, reduzindo a etapa de circulação da mercadoria (chamo de uma quase revolução) no Modo de Produção Capitalista (que denomino como Plataformismo).
A mexicana Nowports (nome que exprime bem seu papel de intermediação) é, na verdade, um sistema operacional (empresa-plataforma). Instalada em Monterrey e funcionado há apenas 5 anos, recebeu aportes de fundos financeiros e bancos (o japonês Softbank) seguindo a linha do fenômeno da startupização (capitalismo sem riscos) fortemente vinculado à financeirização.
Em pouco tempo, já se transformou num "unicórcio" (startup com valor de mercado superior a US$ 1 bilhão) e atende um mercado de outras empresa-plataformas de e-commerce, ao mesmo tempo, em que articula a logística de transporte material junto à infraestrutura de modais de portos e ferrovias para entregas +rápidas.
Em síntese, insisto que se observe essa espécie de "quase revolução da etapa de circulação da mercadoria" (encurta a etapa de circulação que retiraria valor da mercadoria produzida), numa atividade iminentemente rentista, que amplia a captura de valor (mais-valia) entre a produção e distribuição para o consumo, a favor destes novos agentes extratores de renda (empresas-plataformas) dos demais setores produtivos e, que estão imbricados à financeirização que se hegemoniza no capitalismo contemporâneo.
Enfim, um caso concreto e empírico que ajuda na compreensão do complexo fenômeno vinculado à interação entre a virtualidade do digital (Big Techs e corporações de tecnologia) e a materialidade da logística de transportes.
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