O número total de matrículas na modalidade presencial nas Instituições de Ensino Superior (IES) no ERJ segue caindo desde o pico em 2018, quando chegaram a 544 mil matrículas. Em 2021 teve uma queda de 6,6% em 2021, e segue à queda de 4,3 em 2020 e de 5% em 2019.
O blog repete o que vem fazendo nos últimos anos ao divulgar os dados dos números de matrículas nos municípios fluminenses, a partir do microdados do Inep-MEC, tabulados pelo professor José Carlos Salomão Ferreira, a quem o blog agradece pelo dedicado trabalho
Em 2021, o Ensino Superior no ERJ, na modalidade presencial, chegou a 462.047
matrículas, ou 32.569 matrículas a menos que em 2020. Porém, a expansão de
matrículas na rede pública segue avançando e quase que dobrou de tamanho.
Em 2003 eram 82.057 matrículas nas instituições públicas do
ERJ. Já em 2021 foram contabilizadas 158.569, equivalentes a 52,2% do total de 462.047
matrículas, em 40 dos 92 municípios do ERJ. Desde 2003, o número de matrículas nas
instituições privadas no ERJ caiu cerca de 10% de 338 mil para 303 mil
matrículas.
Desde o golpe político-parlamentar-jurídico de 2016, houve
um freio na expansão do número total de universitários, embora o movimento de
crescimento no setor público tenha continuado, por conta do impulso dos
programas das universidades e institutos federais no Estado do Rio de Janeiro
pensado nos governos do PT.
No período de quinze anos, entre 2003 e 2018, houve uma
evolução de 36% no nº de matrículas, saindo de 420 mil para 544 mil matrículas
no ensino superior presencial. Já no ano de 2021, a partir deste último Censo
2021, o ensino superior presencial esteve presente em 40 (43%) dos 92
municípios fluminenses com 462.047 matrículas.
Tabela Nº matrículas ES presencial municípios fluminenses 2003-2021
[Para ver a tabela abaixo em tamanho maior clique sobre ela]
Um total de 40 dos 92 municípios fluminenses possuem matrículas em cursos presenciais no ensino superior. No ano de 2021, em apenas 10 deles, houve aumento no número de matrículas, enquanto outros 30 municípios perderam alunos.
O dado mais significativo a ser ressaltado e analisado, enquanto política pública, é que o crescimento das matrículas de 124 mil matrículas entre 2003 e 2018, se inverteu em 2019, 2020 e manteve a queda também em 2022. Porém, vale destacar que a despeito desta redução no total, os resultados das instituições públicas segue positiva em 2021, em relação a 2020. Enquanto o número de matrículas nas instituições privadas caiu 34.954 matrículas, nas instituições públicas houve um crescimento de 1.756 matrículas.
Tabela evolução matrículas IES Públicas e Privadas nos municípios ERJ
Este esforço é ainda resultado do governo federal no período Lula (1-2) e Dilma (1) que resultou na criação nas universidades públicas de mais 74 mil matrículas nos municípios fluminenses entre 2003 e 2020. Em números absolutos, as instituições públicas aumentaram de 82.057 matrículas em 2003 para 158.569 matrículas em 2021 no ERJ, com um crescimento em números relativos 93%.
É oportuno ainda registrar que essa redução de matrículas nas IES vem ocorrendo de forma seguida na virada de 2017 para 2018. Ou seja, na crise é o Estado que supre a demanda de vagas em todos os níveis de ensino.
Vale registrar que as matrículas no ensino superior nas
instituições públicas (universidades e institutos) crescem ou se mantêm a
despeito das crises econômicas, enquanto no setor privado o ciclo de recessão
se refere imediatamente no número de matrículas, por conta da dificuldade de
pagamento dos estudantes.
Em 2003, 260 mil de 420 mil matrículas estavam na capital,
equivalentes a 62%. Em 2021, a capital tinha 52,4% do total de matrículas em
todo o ERJ. Um percentual ainda muito alto. Em 2003 eram 31 municípios com
cursos superiores e em 2021, um total de 40 dos 92 municípios fluminenses
possuíam cursos de graduação presenciais.
O ERJ possui 8 (oito) municípios com mais de 10 mil matrículas
na modalidade presencial: 1- Rio de Janeiro 242.055 matrículas;2- Niterói 48.681
matrículas; 3- Nova Iguaçu 23.885 matrículas; 4 - Campos dos Goytacazes 17.452
matrículas; 5 - Duque de Caxias 12.948 matrículas; 6 – Volta Redonda 12.524
matrículas; 7 – São Gonçalo 10.820 matrículas; 8 – Seropédica 10.810
matrículas. Como se vê 6 destes 8 municípios estão na região metropolitana. Somadas as matrículas presenciais nestes 8
municípios, elas equivalem a 82% do total no ERJ, evidenciando uma
concentração, que pode também ser observada como polos regionais.
Polos de ensino
superior no ERJ
Por fim, vale observar ainda 3 (treze) municípios-polos, com
importância crescente no número de matrículas no Ensino Superior no ERJ que
podem ser observados em três diferentes regiões: Metropolitana + Serrana; Norte
e Noroeste Fluminense + Baixadas Litorâneas; Sul Fluminense.
São municípios de porte médio que podem ser observados como polos
regionais do ensino superior no ERJ. Cinco deles reforçam o peso da quantidade
vagas na Região Metropolitana do estado, aumentando a centralização já existente
com os 52,4% das matrículas do ensino superior na capital.
Vale observar que nos últimos anos há variações nestes
números de matrículas por município, devido à presença majoritária de
instituições públicas de ensino superior (que se mantém ou crescem), enquanto
as instituições privadas perdem matrículas rapidamente com a chegada das crises
e com a expansão de EaD, basicamente adotada pelas instituições privadas como
poderá ser visto adiante.
Região
Metropolitana + Serrana: 2021 (2020)
Niterói: 48.681 matrículas (52.557
matrículas em 2020) = -3.876 matrículas.
Nova Iguaçu: 23.885 matrículas (24.811
matrículas em 2020) = -926 matrículas;
Duque de Caxias: 12.948 matrículas (14.454
matrículas em 2020) = -1.506 matrículas;
São Gonçalo: 10.820 matrículas (11.142 matrículas em 2020) = -322 matrículas;
Seropédica: 10.810 matrículas (11.855
matrículas em 2020) = -1.045 matrículas;
Petrópolis: 9.262 matrículas (9.961 matrículas
em 2020) = -699 matrículas;
Região Norte e
Noroeste Fluminense + Baixadas Litorâneas
Campos dos
Goytacazes: 17.452 matrículas (18.050 matrículas em 2020) = -598
matrículas;
Macaé: 9.455 matrículas (9.509 matrículas
em 2020) = -54 matrículas;
Itaperuna: 8.003 matrículas (7.717 matrículas em 2020)= +286 matrículas;
Cabo Frio: 6.882 matrículas (7.632
matrículas em 2020) = -750 matrículas;
Região Sul
Fluminense
Volta Redonda: 12.524
matrículas (13.485 matrículas em 2020) = -961 matrículas;
Resende: 5.821 matrículas (6.594
matrículas em 2020) = -773 matrículas;
Barra Mansa: 3.932 matrículas (4.738
matrículas em 2020) = -806 matrículas.
Como pode ser visto
na evolução de matrículas do ensino superior entre 2020 e 2021 nestes 13
municípios-polo, apenas um teve aumento de matrículas que foi Itaperuna com
aumento de 286 matrículas. Todos os outros tiveram redução. Algumas fortes como
Niterói (-3.876 matrículas) e Duque de Caxias (-1.506 matrículas).
O total de perda de
matrículas entre 2020 e 2021 nesses 12 municípios-polo chegam a 12.316
matriculas. O fato se explica pela crise econômica, mas em especial com o
aumento da oferta na modalidade em EaD nas IES privadas com mensalidades bem
menores. Esse tipo de modalidade (EaD) também vai se tornando uma alternativa
mais forte moradores de municípios de menor porte e densidade
populacional.
EaD no ERJ
No quadro abaixo é possível ainda observar a evolução das matrículas em Educação à Distância (EaD) no ensino superior no ERJ nos últimos quatro anos (2017-2021). Neste período, as matrículas em EaD aumentaram em 2,5 vezes, saindo de 142.119 matrículas em 2017 para 355.633 matrículas em 2021. Abaixo a tabela com o número de matrículas presenciais e EaD em 88 dos 92 municípios fluminenses.
Tabela Nº matrículas ES em EaD nos municípios fluminenses 2020 e 2021
[Para ver a tabela abaixo em tamanho maior clique sobre ela]
Observa-se apenas entre 2020 e 2021, um aumento de 22,5%. Esse aumento da oferta de EaD no ERJ é bem maior nas IES privadas, superior a 300% e estão quase estabilizadas nas IES públicas. Com esse crescimento não é difícil prever que em 2 anos (2023), o nº de matrículas em EaD vá ultrapassar o número de matrículas presenciais no ensino superior no ERJ.
No ERJ, as matrículas em EaD estão majoritariamente nas IES
privadas (90%) e concentradas espacialmente na capital com 40,1% das matrículas,
embora a EaD seja mais pensada para atendimento da população mais afastadas dos
polos de ensino superior. C
O aprofundamento da investigação deste conjunto expressivo de dados permite análise em várias outras dimensões para além da evolução do número de matrículas ao longo dos últimos dezessete anos.
Referência:
[1] Postagem do blog em 20 de abril de 2022. Entre 2003 e 2020, IES públicas do ERJ cresceram 91% das matrículas no ensino superior presencial, enquanto IES privadas perderam alunos. Disponível em: https://www.robertomoraes.com.br/2022/04/entre-2003-e-2020-ies-publicas-do-erj.html
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