quinta-feira, dezembro 15, 2022

Nº de matrículas entre 2003 e 2020 no ensino superior presencial nos municípios fluminenses: Instituições públicas dobraram matrículas, enquanto IES privadas perderam 10% de alunos. Em 2 anos matrículas em EaD ultrapassarão presencial no ERJ

O número total de matrículas na modalidade presencial nas Instituições de Ensino Superior (IES) no ERJ segue caindo desde o pico em 2018, quando chegaram a 544 mil matrículas. Em 2021 teve uma queda de 6,6% em 2021, e segue à queda de 4,3 em 2020 e de 5% em 2019.

O blog repete o que vem fazendo nos últimos anos ao divulgar os dados dos números de matrículas nos municípios fluminenses, a partir do microdados do Inep-MEC, tabulados pelo professor José Carlos Salomão Ferreira, a quem o blog agradece pelo dedicado trabalho

Em 2021, o Ensino Superior no ERJ, na modalidade presencial, chegou a 462.047 matrículas, ou 32.569 matrículas a menos que em 2020. Porém, a expansão de matrículas na rede pública segue avançando e quase que dobrou de tamanho.

Em 2003 eram 82.057 matrículas nas instituições públicas do ERJ. Já em 2021 foram contabilizadas 158.569, equivalentes a 52,2% do total de 462.047 matrículas, em 40 dos 92 municípios do ERJ. Desde 2003, o número de matrículas nas instituições privadas no ERJ caiu cerca de 10% de 338 mil para 303 mil matrículas.

Desde o golpe político-parlamentar-jurídico de 2016, houve um freio na expansão do número total de universitários, embora o movimento de crescimento no setor público tenha continuado, por conta do impulso dos programas das universidades e institutos federais no Estado do Rio de Janeiro pensado nos governos do PT.

No período de quinze anos, entre 2003 e 2018, houve uma evolução de 36% no nº de matrículas, saindo de 420 mil para 544 mil matrículas no ensino superior presencial. Já no ano de 2021, a partir deste último Censo 2021, o ensino superior presencial esteve presente em 40 (43%) dos 92 municípios fluminenses com 462.047 matrículas.

Tabela Nº matrículas ES presencial municípios fluminenses 2003-2021

[Para ver a tabela abaixo em tamanho maior clique sobre ela]


Um total de 40 dos 92 municípios fluminenses possuem matrículas em cursos presenciais no ensino superior. No ano de 2021, em apenas 10 deles, houve aumento no número de matrículas, enquanto outros 30 municípios perderam alunos.   

O dado mais significativo a ser ressaltado e analisado, enquanto política pública, é que o crescimento das matrículas de 124 mil matrículas entre 2003 e 2018, se inverteu em 2019, 2020 e manteve a queda também em 2022. Porém, vale destacar que a despeito desta redução no total, os resultados das instituições públicas segue positiva em 2021, em relação a 2020. Enquanto o número de matrículas nas instituições privadas caiu 34.954 matrículas, nas instituições públicas houve um crescimento de 1.756 matrículas. 

Tabela evolução matrículas IES Públicas e Privadas nos municípios ERJ

Este esforço é ainda resultado do governo federal no período Lula (1-2) e Dilma (1) que resultou na criação nas universidades públicas de mais 74 mil matrículas nos municípios fluminenses entre 2003 e 2020. Em números absolutos, as instituições públicas aumentaram de 82.057 matrículas em 2003 para 158.569 matrículas em 2021 no ERJ, com um crescimento em números relativos 93%.

É oportuno ainda registrar que essa redução de matrículas nas IES vem ocorrendo de forma seguida na virada de 2017 para 2018. Ou seja, na crise é o Estado que supre a demanda de vagas em todos os níveis de ensino.

Vale registrar que as matrículas no ensino superior nas instituições públicas (universidades e institutos) crescem ou se mantêm a despeito das crises econômicas, enquanto no setor privado o ciclo de recessão se refere imediatamente no número de matrículas, por conta da dificuldade de pagamento dos estudantes.

 Além disso, vale observar que quase que apenas nas instituições públicas há investimentos e articulação (mesmo que em graus variados) às duas outras duas pernas do tripé que dá qualidade ao ensino superior: a pesquisa e a extensão, para além do ensino. No caso das instituições privadas são raros e pontuais os investimentos em projetos e programas de pesquisas e pós-graduação. Isso em todo o país e não apenas no caso do ERJ.

 Outra questão observável na tabela é que no período entre 2003 e 2020 houve uma significativa interiorização da oferta de matrículas no ensino superior, apesar da ainda enorme concentração das vagas na capital fluminense.

Em 2003, 260 mil de 420 mil matrículas estavam na capital, equivalentes a 62%. Em 2021, a capital tinha 52,4% do total de matrículas em todo o ERJ. Um percentual ainda muito alto. Em 2003 eram 31 municípios com cursos superiores e em 2021, um total de 40 dos 92 municípios fluminenses possuíam cursos de graduação presenciais.

O ERJ possui 8 (oito) municípios com mais de 10 mil matrículas na modalidade presencial: 1- Rio de Janeiro 242.055 matrículas;2- Niterói 48.681 matrículas; 3- Nova Iguaçu 23.885 matrículas; 4 - Campos dos Goytacazes 17.452 matrículas; 5 - Duque de Caxias 12.948 matrículas; 6 – Volta Redonda 12.524 matrículas; 7 – São Gonçalo 10.820 matrículas; 8 – Seropédica 10.810 matrículas. Como se vê 6 destes 8 municípios estão na região metropolitana.  Somadas as matrículas presenciais nestes 8 municípios, elas equivalem a 82% do total no ERJ, evidenciando uma concentração, que pode também ser observada como polos regionais.

 

Polos de ensino superior no ERJ

Por fim, vale observar ainda 3 (treze) municípios-polos, com importância crescente no número de matrículas no Ensino Superior no ERJ que podem ser observados em três diferentes regiões: Metropolitana + Serrana; Norte e Noroeste Fluminense + Baixadas Litorâneas; Sul Fluminense.

São municípios de porte médio que podem ser observados como polos regionais do ensino superior no ERJ. Cinco deles reforçam o peso da quantidade vagas na Região Metropolitana do estado, aumentando a centralização já existente com os 52,4% das matrículas do ensino superior na capital.

Vale observar que nos últimos anos há variações nestes números de matrículas por município, devido à presença majoritária de instituições públicas de ensino superior (que se mantém ou crescem), enquanto as instituições privadas perdem matrículas rapidamente com a chegada das crises e com a expansão de EaD, basicamente adotada pelas instituições privadas como poderá ser visto adiante.

Região Metropolitana + Serrana: 2021 (2020)

Niterói: 48.681 matrículas (52.557 matrículas em 2020) = -3.876 matrículas.
Nova Iguaçu: 23.885 matrículas (24.811 matrículas em 2020) = -926 matrículas;

Duque de Caxias: 12.948 matrículas (14.454 matrículas em 2020) = -1.506 matrículas;

São Gonçalo: 10.820 matrículas (11.142 matrículas em 2020) = -322 matrículas;
Seropédica: 10.810 matrículas (11.855 matrículas em 2020) = -1.045 matrículas;
Petrópolis: 9.262 matrículas (9.961 matrículas em 2020) = -699 matrículas;

 

Região Norte e Noroeste Fluminense + Baixadas Litorâneas

Campos dos Goytacazes: 17.452 matrículas (18.050 matrículas em 2020) = -598 matrículas;
Macaé: 9.455 matrículas (9.509 matrículas em 2020) = -54 matrículas;
Itaperuna: 8.003 matrículas (7.717 matrículas em 2020)= +286 matrículas;
Cabo Frio: 6.882 matrículas (7.632 matrículas em 2020) = -750 matrículas;

Região Sul Fluminense

Volta Redonda: 12.524 matrículas (13.485 matrículas em 2020) = -961 matrículas;
Resende: 5.821 matrículas (6.594 matrículas em 2020) = -773 matrículas;
Barra Mansa: 3.932 matrículas (4.738 matrículas em 2020) = -806 matrículas.

Como pode ser visto na evolução de matrículas do ensino superior entre 2020 e 2021 nestes 13 municípios-polo, apenas um teve aumento de matrículas que foi Itaperuna com aumento de 286 matrículas. Todos os outros tiveram redução. Algumas fortes como Niterói (-3.876 matrículas) e Duque de Caxias (-1.506 matrículas).

O total de perda de matrículas entre 2020 e 2021 nesses 12 municípios-polo chegam a 12.316 matriculas. O fato se explica pela crise econômica, mas em especial com o aumento da oferta na modalidade em EaD nas IES privadas com mensalidades bem menores. Esse tipo de modalidade (EaD) também vai se tornando uma alternativa mais forte moradores de municípios de menor porte e densidade populacional.

 

EaD no ERJ

No quadro abaixo é possível ainda observar a evolução das matrículas em Educação à Distância (EaD) no ensino superior no ERJ nos últimos quatro anos (2017-2021). Neste período, as matrículas em EaD aumentaram em 2,5 vezes, saindo de 142.119 matrículas em 2017 para 355.633 matrículas em 2021. Abaixo a tabela com o número de matrículas presenciais e EaD em 88 dos 92 municípios fluminenses.


Tabela Nº matrículas ES em EaD nos municípios fluminenses 2020 e 2021

[Para ver a tabela abaixo em tamanho maior clique sobre ela]


Observa-se apenas entre 2020 e 2021, um aumento de 22,5%. Esse aumento da oferta de EaD no ERJ é bem maior nas IES privadas, superior a 300% e estão quase estabilizadas nas IES públicas. Com esse crescimento não é difícil prever que em 2 anos (2023), o nº de matrículas em EaD vá ultrapassar o número de matrículas presenciais no ensino superior no ERJ.

No ERJ, as matrículas em EaD estão majoritariamente nas IES privadas (90%) e concentradas espacialmente na capital com 40,1% das matrículas, embora a EaD seja mais pensada para atendimento da população mais afastadas dos polos de ensino superior. C 

O aprofundamento da investigação deste conjunto expressivo de dados permite análise em várias outras dimensões para além da evolução do número de matrículas ao longo dos últimos dezessete anos. 

 

Referência:

[1] Postagem do blog em 20 de abril de 2022. Entre 2003 e 2020, IES públicas do ERJ cresceram 91% das matrículas no ensino superior presencial, enquanto IES privadas perderam alunos. Disponível em: https://www.robertomoraes.com.br/2022/04/entre-2003-e-2020-ies-publicas-do-erj.html

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