Conheci o crítico americano Jonathan Crary em 2020, a partir do conceito de “cronofagia” como roubo do tempo de sono realizado pelas plataformas digitais com seus inúmeros aplicativos. Essas e outras reflexões do Jonathan já estavam no seu livro “24/7: Capitalismo tardio e fins do sono” que citei em alguns dos meus textos, sobre a plataformização no mundo contemporâneo. Crary é um crítico radical do uso indiscriminado da internet.
Na introdução de seu novo livro “Terra arrasada: Além da era digital rumo a um mundo pós-capitalista”, Jonathan defende um mundo off-line e a retomada da sociabilidade que não envolva a mercantilização em quaisquer de suas formas. Crary contesta a suposição generalizada de que as tecnologias de rede que dominam e deformam nossas vidas vieram para ficar e insiste no fato de que a chamada era digital e o capitalismo tardio são sinônimos e nenhum dos dois pode ser concebido sem o outro”.
Independente de concordar - no todo ou em parte - com a radical crítica de Crary, a leitura deste livro vale muito. Estou ainda no início, mas garanto que suas análises e reflexões permitem ir mais a fundo na interpretação em várias dimensões e escalas sobre o fenômeno da digitalização e do capitalismo de plataformas.
Digitalização de quase tudo como nova etapa da reestruturação produtiva em que a ´fábrica´ no on-line do celular e/ou do notebook segue invadindo nossas casas e, de forma crescente e agressiva, vai tomando conta de nossas vidas. Entrelaçada e imbricada à financeirização (hegemonizada) e baseada no neoliberalismo, passam a constituir as três bases daquilo que tenho chamado, junto com outros pesquisadores, de “tripé do capitalismo contemporâneo”.
PS.: imagens: capa do livro editado pela UBU e (abaixo) entrevista com o autor publicada na P.1 e 2 do 2ª Caderno de O Globo, 08/04/2023. Para ver as imagens em tamanho maior clique sobre elas.
Um comentário:
Muito interessante este post, meus parabéns e obrigado por compartilhar esta reflexão.
Arthur Claro
http://www.arthur-claro.blogspot.com
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