Estou fechando uma etapa de pesquisa (com texto encomendado) que analisa a infraestrutura digital no Brasil e AL, especialmente, entre cabos submarinos e datacenters, cujos indicadores contribuem para reforçar a interpretação sobre a potência da materialidade da digitalização e sua ação sobre a construção social no território.
Aquilo que no senso comum acaba sendo mais conhecido por uma falsa virtualidade imaterial da conectividade e sociabilidade digital das redes sociais, com informações online, entretenimentos com usos de streamings; fake news que geram a manipulação política, etc. há uma colossal e potente infraestrutura material controlada por grandes corporações e capitais de riscos dos fundos financeiros.Sobre a expressiva infraestrutura digital que controla esse processo de dataficação na AL, existem atualmente quase 7 dezenas de sistemas (ou ramais) de cabos submarinos, a maioria interligando aos EUA. 40% do tráfego da AL é internacional sendo 90% para os EUA, enquanto a conectividade inter-regional na AL é de apenas 20% e na Europa e Ásia de cerca de 50%.
Espanta ainda, o fato que entre 15 ramais de cabos submarinos que atendem o Brasil, 8 entraram em operação últimos 6 anos, metade tem destino dos EUA e seus donos são Big Techs (Google e Facebook). Um 16º ramal do cabo Firmina de propriedade da Google terá 14,5 mil km de extensão interligando Brasil, Argentina e Uruguai aos EUA e entrará em funcionamento até o final desse ano. Processo e estratégias de um colonialismo digital e de um extrativismo Hi-Tech.
A centralidade dos EUA só não é maior por conta da decisão da Dilma, depois do caso da espionagem digital da NSA, denunciada por Snowden, que fez surgir 3 ramais de cabos diretos para Europa, passando pela África.
Outro destaque nessa pesquisa (com texto sendo finalizado) é a condição de Fortaleza, no litoral do Ceará como o principal hub nacional de cabos submarinos, que em função de sua localização, está servindo de base (território de passagem) para 11 dos 15 ramais de cabos ópticos que hoje atendem o Brasil e dali segue para outros países e continentes.
Extrativismo Hi-Tech, apropriação, dependência e subordinação que se expandem com a digitalização e a dataficação e se somam ao extrativismo anterior dos minerais e recursos da natureza, repetindo a leitura feita pelo grande escritor Eduardo Galeano, há mais de meio século, agora, não mais pelos portos, mas através das "artérias digitais escancaradas da AL".
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