65 anos, professor titular "sênior" do IFF (ex-CEFET-Campos, RJ) e engenheiro. Pesquisador atuante nos temas: Capitalismo de Plataformas; Espaço-Economia e Financeirização no Capitalismo Contemporâneo; Circuito Econômico Petróleo-Porto; Geopolítica da Energia. Membro da Rede Latinoamericana de Investigadores em Espaço-Economia: Geografia Econômica e Economia Política (ReLAEE). Espaço para apresentar e debater questões e opiniões sobre política e economia. Blog criado em 10 agosto de 2004.
sexta-feira, março 29, 2024
Resultados da Globo S.A. em 2023: lucros salvos mais uma vez pelas receitas financeiras
quarta-feira, março 20, 2024
IA da Google no futebol: humano como base, mas com avanço da dominação tecnológica
Quem pensou que a tecnologia no futebol ficaria restrita ao VAR e às estatísticas de desempenhos isoladas dos jogadores, apostou na Best errada (sic). O Google, já passou a utilizar uma potente, volumosa e extraordinária base de dados de várias jogadores, partidas e campeonatos que trabalhadas com tecnologia IA podem definir táticas para times de futebol.
O TacTicAI do Google sugere táticas, em especial, em jogadas de bolas paradas. Os seguidos casos de usos ampliados da economia de dados em variados setores, demonstra como é difícil mensurar seu tamanho ou extensão que são cada vez mais utilizados em extensa e enorme cadeia. Jogadores se transformarão em extensões das máquinas? Não. Até porque todos nós já somos ciborgues (ou cyborg – organismo que mistura partes orgânicos e cibernéticas ou digitais) quando não nos desgrudamos (olhos, mentes e dedos) de nossos celulares.
Não deve demorar, para que os
clubes de maiores investimentos, passem a destinar mais dinheiro para aquisição
de softwares e aplicativos desses dados, do que, exatamente, em bons jogadores.
O humano continuará a ser e sempre a base dos dados capturados para serem
depois algoritmizados. O humano prevalece e por isso esse jogo (futebol) vem atraindo
tanto dinheiro.
Assim, os recursos disponíveis
para clubes de grandes fundos investidores ficarão ainda mais fortes, embora o
imponderável possa ainda prevalecer. Nos outros esportes coletivos como
basquete e vôlei, as chances de um clube pequeno (hoje chamado de menor
investimento) ganhar de uma equipe poderosa e com muito recursos é quase nula.
No futebol, ainda não.
Observe na matéria do jornalista
Rafael Garcia, em O Globo (20/03/2024, p.28) que as primeiras táticas sugeridas
pelo aplicativo TacTic do Google são para ações e jogadas mais fáceis de serem programadas,
com estratégias que podem ser treinadas para bolas paradas como faltas,
escanteios, etc. e contra times específicos já mapeados. A tendência é que os
grandes clubes de futebol, ou aqueles de maiores investimentos, fiquem ainda
mais fortes. O que também tende a ampliar a financeirização no futebol, já
grande entre SAF e FC S.A.
Porém, mais que o esporte futebol
em si, a notícia deve despertar nossa observação para o tamanho da economia
digital e para a sua atuação transversal, com fortes impactos sobre praticamente
todos os demais setores econômicos e da vida em sociedade. O que ajuda a
explicar o gigantismo das Big Techs, os maiores oligopólios da história da
humanidade.
Oito a nove (8/9) das dez
empresas de maior valor de mercado mundo são do setor de tecnologia, de onde faço
a leitura sobre a “dominação tecnológica imbricada à hegemonia financeira”,
ambos baseados na racionalidade neoliberal que redundam na interpretação sobre
a estrutura desse fenômeno, que venho denominado, com outros
pesquisadores, como o “tripé do capitalismo contemporâneo”.
PS.: Texto com colaboração de comentários a partir de postagem sobre o tema no perfil nas redes sociais (FB; Instagram e Twitter).
terça-feira, março 05, 2024
Dominação tecnológica no capitalismo contemporâneo
Atualizando dados para uma mesa de debates que envolve a dominação tecnológica no capitalismo contemporâneo, observei que a soma de valores de mercado das 10 maiores corporações de tecnologia já equivale a 4 vezes à soma das 10 maiores petroleiras no mundo.
Há menos de um ano (nove meses) essa relação entre as dez
maiores companhias de tecnologia e as dez maiores petroleiras do mundo era de três vezes.
Observa-se ainda que a maior corporação de tecnologia hoje,
a Microsoft, vale 3,089 trilhões. 50% a mais que a maior petroleira, a Saudi
Aramco que vale 2,023 trilhões. Só a Microsoft vale, ainda, 19% mais que a soma
do valor de mercado das demais nove petroleiras.
Hoje, três das maiores corporações de tecnologia (Microsoft,
Apple e Nvidia) valem, individualmente, mais que a petroleira saudita, Saudi Aramco. E oito das
dez maiores corporações em valor de mercado do mundo são do setor de
tecnologia. Tudo isso, num momento em que a Inteligência Artificial (IA) ainda dá os primeiros passos, em termos de captura e/ou geração de valor na economia em sua totalidade.
Processo que venho chamando de “dominação tecnológica”,
profundamente imbricado à “hegemonia financeira” no capitalismo contemporâneo
com liderança do oligopólio das Big Techs que lutam e disputam dia-a-dia para avançar
para monopólios que já se tornaram reais em alguns subsetores.
Vale ainda observar que se trata de dois setores
transversais com enorme capacidade de atravessar todos os outros setores da
economia e da vida em sociedade.
O setor de tecnologia digital como etapa contemporânea da
reestruturação produtiva possui características multidimensionais e transescalares.
Além disso, tem o predicado de se espalhar e penetrar muito
facilmente em rede nas diversas atividades humanas, seja como meio de produção (negócios
e logística) ou como meio de comunicação, caso das conhecidas mídias digitais onde
exerce a capacidade de influenciar nas potentes relações de poder e política,
para além da economia.
Ou seja, no plano da superestrutura, mediado pela noção de
totalidade, há ainda muito a ser analisado sobre o fenômeno contemporâneo da
digitalização de quase tudo que vem transformando o capitalismo enquanto
sistema nos diferentes espaços do mundo.