Saber o número total desta importante infraestrutura digital é menos importante do que conhecer a sua capacidade de armazenamento e processamento de dados, que implica em enorme consumo de energia para alimentar os racks de computadores e memórias e água para refrigerar o sistema com a troca de calor.
Esse colossal consumo de energia elétrica também se reflete na poluição, apesar da aura de atividade limpa que tem o setor de tecnologia. Segundo os próprios dados das Big Techs, a Google assume que aumentou suas emissões de gases de efeito estufa em cerca 50% desde 2019. A Microsoft em 33% desde 2020. Tudo em função dos datacenters e IA. Alguns especialistas dizem que dados seriam "o novo petróleo", mas podemos ver que isso não se daria apenas pelo valor, mas pelos efeitos para o ambiente.
O aumento da quantidade dessas instalações está ligado de forma especial à algoritmização, extração de padrões que depende de modelagens ligadas à chamada inteligência artificial. Cada vez mais as grandes corporações de tecnologia controlam essas infraestruturas, assim como as redes (cabos submarinos) que as interligam aos usuários intermediados também pelas operadoras de telefonia (comunicação).
O simples acesso a um email, uma busca no Google, acesso ou guarda de uma foto do Drive, um clique numa postagem nas mídias sociais, uma música ou filme no streaming, tudo isso, demanda o uso dessas infraestruturas em velocidades de nanosegundos consumindo energia. Se estima que uma consulta no tal ChatGPT ou similar, pode consumir até 25 vezes mais recursos que uma busca convencional no Google.
Sem controle dessas infraestruturas digitais, pessoas, instituições perdem sua autonomia e as nações, sua soberania.
O mapa acima foi produzido pela empresa de consultoria do setor, a Datacenter Map que informa que o Brasil possuía, em 2023, um total de 135 instalações tipo datacenter, número que é 628% maior do que existia dez anos antes, em 2013 no país. Boa parte deles sob controle de poucos agentes vinculados às Big Techs e a grupos financeiros
PS.: Atualizado às 12:02 de 12 jul. 2024:
Não falei no breve texto, mas é ainda oportuno lembrar que um datacenter ou um serviço de nuvem (cloud) vai muito além de armazenar dados para diversos processos digitais. Uma coleção de serviços digitais já são oferecidos para pessoas, empresas, instituições e governos que contratam esses serviços como: capacidades computacionais, acesso a redes e banco de dados. Usualmente, os especialistas em TI chamam de plataformas como serviços (PaaS), infraestrutura como serviço (IaaS), banco de dados como serviços (DBaaS) e pacotes de serviços já com Inteligência Artificial (IA) desenvolvidas. Sem datacenter ou nuvem (cloud) não se pode falar em Inteligência Artificial que demanda capacidades computacionais.
PS.: Atualizado às 12: 14 de 12 jul. 2024:
Vale ainda comentar um caso do Brasil. Um exemplo de cloud com agente nacional no Brasil é a subsidiária do Magazine Luíza, a empresa MagaluCloud que possui dois datacenters no Brasil, um em São Paulo e outro em Fortaleza. A empresa atende a demanda de serviços digitais do grupo, dos seus "parceiros" que atuam no shopping virtual (marketplace) da empresa de varejo online (e-commerce) da Magalu, mas também outros clientes. Essa subsidiária da holding Magalu é uma das 25 empresas vinculadas aos seus negócios. A MagaluCloud tem relações com o laboratório digital de desenvolvimento chamado LuizaLab que, segundo informações da mídia empresarial, empregaria cerca de 2 mil trabalhadores em desenvolvimento. Boa parte dessas 25 subsidiárias do grupo são resultados de investimentos em startups, aquisições e fusões (F&A) com aportes de recursos próprios e do mercado financeiro e se enquadram nos processos que venho aqui comentando sobre plataformização, startupização e financeirização.
PS.: Atualizado às 12:30, 12 jul. 2024 para breve acréscimo no texto original.
PS.: Atualizado às 12:46, 12 de jul. 2024:
O grupo Magalu informa ter cerca de 38 mil trabalhadores atuando em suas várias subsidiárias e negócios no país, 40 milhões de clientes ativos na sua plataforma de varejo online e teve em 2023, receita total no e-commerce de R$ 46 bilhões, sendo R$ 18 bilhões em seu marketplace (loja virtual com venda de produtos de terceiros) criado há apenas 7 anos. A receita total do grupo em 2023 atingiu o valor de R$ 63 bilhões, o que implica interpretar que 73% de sua receita é oriunda do seu e-commerce. No mês de junho, o grupo Magazine luíza informou um grande acordo na área de marketplace com a gigante plataforma chinesa AliExpress ligada à Alibaba.
PS.: Atualizado às 15:03, 13 jul. 2024: para acréscimo de um parágrafo no texto original.
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