quarta-feira, outubro 18, 2006

Grande Cony fala da “planície da mediocridade humana”

A crônica que o grande Carlos Heitor Cony escreveu ontem no Jornal do Commercio é primorosa. Fala das biografias interessantes que tem lido. Disse que “a biografia vale por um romance no sentido comum da palavra, ou seja, pega a vida do berço ao túmulo, descreve suas glórias, misérias, detalhando ao mesmo tempo o painel humano em que viveu. Donde os personagens são vários, a comparsaria é divertida, as tramas paralelas muitas vezes melhor do que a principal”. Cony continua falando das histórias deste biografados levantando questão sobre os esforços de personagens do tipo Proust, Joyce, Eça de Queirós e Nelson Rodrigues que criavam fatos por necessidade de mídia. Segundo ele: “não poucas vezes, eles próprios escreviam notas, resenhas e até críticas inteiras sobre suas obras e arranjavam amigos que assinassem e outros que as publicassem. Chegavam a inventar adversários e inimigos com os quais pudessem duelar ou serem defendidos por amigos. Faziam de tudo para não deixar a peteca da glória cair.” O grande escritor termina magistralmente questionando: “Se isso aconteceu com alguns gênios de nosso tempo, o que não acontece por aí, na planície da mediocridade humana”.

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