65 anos, professor titular "sênior" do IFF (ex-CEFET-Campos, RJ) e engenheiro. Pesquisador atuante nos temas: Capitalismo de Plataformas; Espaço-Economia e Financeirização no Capitalismo Contemporâneo; Circuito Econômico Petróleo-Porto; Geopolítica da Energia. Membro da Rede Latinoamericana de Investigadores em Espaço-Economia: Geografia Econômica e Economia Política (ReLAEE). Espaço para apresentar e debater questões e opiniões sobre política e economia. Blog criado em 10 agosto de 2004.
sexta-feira, outubro 17, 2008
Do poema de Gregório de Matos
O Ralf Manhães postou nos comentários:
“Roberto, me lembrei agora de um poema de Gregório de Matos que descreve um pouco a Campos de hoje, foi recitado pelo Dr.Fabrício Soares juiz federal e professor da FDC em uma palestra esse ano.
Trechos do poema Epigrame de Gregório de Matos.
"Que falta nesta cidade?... Verdade.
Que mais por sua desonra?... Honra.
Falta mais que se lhe ponha?... Vergonha.
O demo a viver se exponha,
Por mais que a fama a exalta,
Numa cidade onde falta
Verdade, honra, vergonha.
Quem a pôs neste rocrócio?... Negócio.
Quem causa tal perdição?... Ambição.
E no meio desta loucura?... Usura.
Notável desaventura
De um povo néscio e sandeu,
Que não sabe que perdeu
Negócio, ambição, usura.
(...)
E que justiça a resguarda?... Bastarda.
É grátis distribuída?... Vendida.
Que tem, que a todos assusta?... Injusta.
Valha-nos Deus, o que custa
O que El-Rei nos dá de graça.
Que anda a Justiça na praça
Bastarda, vendida, injusta.
Que vai pela clerezia?... Simonia.
E pelos membros da Igreja?... Inveja.
Cuidei que mais se lhe punha?... Unha
Sazonada caramunha,
Enfim, que na Santa Sé
O que mais se pratica é
Simonia, inveja e unha.
E nos frades há manqueiras?... Freiras.
Em que ocupam os serões?... Sermões.
Não se ocupam em disputas?... Putas.
Com palavras dissolutas
Me concluo na verdade,
Que as lidas todas de um frade
São freiras, sermões e putas.
O açúcar já acabou?... Baixou.
E o dinheiro se extinguiu?... Subiu.
Logo já convalesceu?... Morreu.
À Bahia aconteceu
O que a um doente acontece:
Cai na cama, e o mal cresce,
Baixou, subiu, morreu.
A Câmara não acode?... Não pode.
Pois não tem todo o poder?... Não quer.
É que o Governo a convence?... Não vence.
Quem haverá que tal pense,
Que uma câmara tão nobre,
Por ver-se mísera e pobre,
Não pode, não quer, não vence. "
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3 comentários:
Da leitora e colaboradora do blog, Ana Costa, recebemos a informação abaixo:
"A cidade rica dos amigos do rei - Royalties para Campos dos Goytacazes.
No caso do específico do estado do Rio de Janeiro os orçamentos municipais contam com a forte presença dos royalties, além dos tributos municipais (IPTU, ITBI, ISS e taxas).
A Receita total do município de Campos dos Goytacazes, no ano de 2006, ficou acima de 1 bilhão e 200 milhões de reais, quantitativo somente atrás da capital, Rio de Janeiro, que apresentou receita total acima dos 8 bilhões e 700 milhões. Com população 14 vezes menor que a cidade do Rio de Janeiro, só de Royalties Campos dos Goytacazes recebeu R$ 847.869.662 (mais que 800 milhões) e a capital pouco menos que 66 milhões de reais!
Já na Folha de pagamento de servidores municipais, Campos apresenta 63 servidores para cada mil habitantes, valor 3 vezes superior do que na cidade do Rio de Janeiro (18/mil habitantes) e 2 vezes mais que em Niterói.
Na Educação, a discrepância é ainda maior, o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) de 2005 da Cidade de Campos dos Goytacazes, quinta no ranking de despesa com educação por aluno na rede pública municipal, R$ 4.457,00 por aluno, obteve Ideb igual 2,9, a pior nota entre os municípios fluminenses para a primeira fase do ensino fundamental (4ª série). Também foi muito mal na avaliação na segunda fase (8ª série), com nota 2,7, uma das mais baixas do Estado.
(Finanças dos Municípios Fluminense / Organização de Alberto J. M. Borges e Tânia M. C. Villela. v1 (2007). Vitória, ES: Aequus Consultoria, 2007, Anual)
Esta é mais uma demonstração da competência de nossos representantes políticos em gerenciar milhões de reais provindos dos Royalties
Roberto,
Perfeito o poema.
Foi escrito para ser exibido nos tempos atuais.
É o hoje !
Parabens ralf manhães pelo comentário.
Obrigado Gregório de Matos !
T.
Amigos do blog...
Parece que este poema foi feito sob medida para a nossa Campos dos Goytacazes, que passa por uma crise moral e existencial em todas as luas latitudes e longitudes.
É preciso muita sensibilidade para com o momento atual, onde estamos escolhendo os rumos que nossa cidade tomará nos próximos 4 anos e talvez, diante da escolha feita, estará tomando também um rumo que poderá recolocá-la nos trilhos da moral e do progresso político-econômico.
A "faca de dois gumes" parece estar consolidada na conjuntura política atual e nos faz questionar se no momento atual, o voto nulo ou em branco poderá servir como forma de protesto. Em minha opinião, ao proceder desta forma, estaremos colocando em "xeque" o destino de nossa terra, uma vez que entre os dois candidatos, deveremos escolher o "mais habilitado", pelo menos neste momento onde a moral política de nossa cidade expurga pus maldito que exaure as energias de toda uma geração.
Tornamos-nos "enxadristas", pois temos a responsabilidade de escolher entre o mal já estabelecido e consagrado e a quem sabe, esperança que poderá aflorar-se.
Recadinho para a comentarista "Ana Costa":
Ana, o que ocorre em termos administrativos na PMCG é um assombro, um verdadeiro estupro administrativo, principalmente na área da educação, onde fazem questão de mostrar resultados somente nos períodos dos nababescos congressos educacionais locais, onde palestrantes "pseudo-sofistas", mercenários, são contratados a valores "astronômicos" para inebriar os professores da rede municipal, que alimentados pela política dos 05% de aumento para cada 40 horas de palestras assistidas, calam-se verdadeiramente diante dos assombros cometidos por uma secretaria de educação acéfala e gananciosa, voltada apenas para engrandecer seus gerentes de competência duvidosa e questionável.
A responsabilidade pelo caos educacional de nossa cidade é de todos, pois omissão é crime.
Vou parar por aqui.
Tenho dito.
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