Em outras ocasiões, ao tratar de temas relativos ao que se chamava de desenvolvimento, eu buscava dados e indicadores que permitissem um diagnóstico sobre a economia, PIB, royalties, empregos e outros sobre a situação das pessoas: educação, saúde, etc.
Agi assim inúmeras vezes julgando estar interpretando o
desenvolvimento regional a partir de cidades polos. Porém, uma indagação
parecia subliminar: o que era efetivamente uma região?
No fundo, dentro do senso comum para a maioria das pessoas, região
é o lugar onde se vive (e de onde você se vê diante da natureza e do mundo) e
o espaço um pouco para além dele.
No caso de Campos seria assim um município e os seus santos
vizinhos: São João, São Francisco, São Fidélis, etc. Desta forma, pensar a
região, ainda para a maioria das pessoas é levantar os dados e indicadores que
reproduzem um instantâneo - retrato - sobre este espaço recortado, a que se
chama de região.
Porém, que região seria essa? Durante um bom tempo, essa
questão me intrigou. O contato mais próximo com os geógrafos ajudou a ampliar a
inquietação sobre esta ideia de região.
As análises sobre a vida nos municípios, assim como a
realidade das gestões públicas, me chamaram a atenção para o isolamento dos
municípios. Como autarquias eles têm poder sobre os usos dos seus solos que é uma
realidade concreta, sem abstração, sendo o nível de governo mais próximo do
cidadão. O que é bom e forte em termos de poder. Porém, insuficiente para a
dinâmica da vida atual das pessoas.
Assim se vê os municípios sempre presos em seus limites territoriais e
em projetos concorrenciais, quando se trata da disputa pela atração de
investimentos (de fora, exógenos), enquanto, as suas populações sofrem
problemas similares que parecem apontar para a necessidade de programas, planos
e ações consorciadas e complementares.
Porém raramente, as questões são assim percebidas. Por que
se vive cada vez mais numa região e continuamos a pensar e agir só localmente?
A escala de governo acima, estadual, em suas crises
política, econômica e fiscal continua presa, quase sempre, aos problemas da
metrópole expandida, mantendo uma relação individual e não regional com os demais
municípios.
Mapa das regiões do ERJ |
Assim, no caso do ERJ a relação, já há décadas, é a do
atendimento das demandas individuais dos municípios. Para isso o governo
estadual utiliza o Padem (Programa de Apoio ao Desenvolvimento dos Municípios),
como instrumento desta relação, não levando em conta a região, a importância da
integração entre os municípios e a necessidade de ações supra municipais ou infra
regionais.
Por estas questões de ordem mais práticas, eu resolvi tratar
do tema sobre o que é região. Região que é vista como parte de um todo. Interessante observar que em termos de nomenclatura – antes de
conceito - a região pode ser uma nação ou um conjunto delas em relação ao mundo.
Região pode ser ainda um estado ou vários em relação a uma nação. Um município, ou vários, em relação ao que nossa federação chama de estado. Ou região pode ser
também e ainda áreas de um município que consideramos como todo.
Para os geógrafos região é um recorte espacial relacionado à problemática da diferença e da integração. Mas, antes disso, é importante se
saber que região é uma construção abstrata como e a de uma nação. Ela existe mentalmente
em nosso intelecto, como nos lembra a professora e geógrafa Sandra Lencioni.
Muitos ainda não percebem, mas paulatinamente as nossas
comunidades vivem menos em cidades e municípios e mais em regiões. Os fluxos
diários de pessoas e coisas (materiais) entre os municípios são cada vez
maiores, mas as gestões públicas continuam insistindo em ver seus problemas
apenas dentro das linhas dos limites territoriais dos municípios.
Até os processos de urbanização são cada vez mais regionais, dispersos, mesmo que em meio a vazios que dão forma ao todo fazem repensar os limites.
Até os processos de urbanização são cada vez mais regionais, dispersos, mesmo que em meio a vazios que dão forma ao todo fazem repensar os limites.
Não temos no Brasil gestão regional ou supra municipal. A escala acima é a estadual, já um pouco distante. Este déficit do
federalismo brasileiro é mais ou menos intenso conforme a gestão da escala de
governo estadual.
Projetos e editais regionais poderiam ajudar no desenvolvimento
de consórcios e outros projetos que pensassem e agissem estimulando a integração
das gestões, assim como as pessoas já faze em seu dia a dia em busca da
sobrevivência. Imaginem o que não se poderia fazer de forma consorciada em termos de saúde, transportes, educação, turismo, comércio de alimentos, etc.
Região é ainda um conceito dinâmico e em constante
movimento. Entendê-lo ajuda também a pensar o que se chama de desenvolvimento
que deve ir para além de crescimento econômico, embutindo as perguntas:
desenvolvimento para quê e para quem?
Não pode se tratar apenas de PIB, orçamentos, royalties, tributos, etc. mas, renda, emprego, condições de vida, direitos sociais, etc. A região também não pode ser lembrada apenas, quando se reúnem os municípios para evitar as reduções dos royalties do petróleo.
Não pode se tratar apenas de PIB, orçamentos, royalties, tributos, etc. mas, renda, emprego, condições de vida, direitos sociais, etc. A região também não pode ser lembrada apenas, quando se reúnem os municípios para evitar as reduções dos royalties do petróleo.
Enfim, se trata de um tema amplo, mas não tão complexo como pode parecer. Assim o tema merece ser um pouco mais explorado, especialmente em momentos de debates sobre
novas escolhas para a gestão estadual. Em especial no devastado ERJ. Ou será que vamos apenas continuar a repetir o atual script?
PS.: Atualizado às 14:10: para breves acréscimos no texto.
PS.: Atualizado às 01:06: para correções e ajustes no texto, sem modificações na essência do mesmo.
PS.: Atualizado às 14:10: para breves acréscimos no texto.
PS.: Atualizado às 01:06: para correções e ajustes no texto, sem modificações na essência do mesmo.
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