A guerra comercial EUA x China embute questões que não trata
exatamente de questionamentos sobre práticas comerciais chinesas, como se tenta
passar para incautos, que não possuem elementos para compreender as estratégias
da geoeconomia no mundo atual.
Os EUA de Trump, com seu “América First” (Primeiro a
América), tem interesses mais simples, objetivos e fáceis de serem observados
no campo das exportações agrícolas (agronegócio), onde os EUA disputam com o
Brasil um imenso mercado mundial.
Exportação de soja no Porto Paranaguá, PR. Globo Rural |
Vamos aos dados da Administração Geral das Alfândegas da
China divulgados pela agência Reuters: agora, em agosto, os EUA exportou 1,68
milhão de toneladas de soja para a China, volume 84% acima do que havia sido
exportado em julho último, e pasmem, seis vezes mais (265 mil toneladas) do que
havia exportado em 2018.
Como todos sabem, o Brasil é ainda o maior exportador de
soja do mundo, tendo os EUA em segundo lugar e a Argentina em terceiro. Porém,
os EUA disputa muito de perto com o Brasil a condição de maior produtor mundial
de soja.
Num primeiro momento da contenda comercial entre EUA e
China, o Brasil levou alguma vantagem e ampliou a sua venda de soja aos
chineses e chegou a exportar na safra 2017/2018, um total de 83,6 milhões de
toneladas de soja em grão.
Agora, com as “compras amigáveis” que a China está fazendo
dos EUA, como parte do acordo pós disputa, em troca de outras concessões com a
venda de produtos chineses aos EUA, a previsão dos produtores brasileiros é que
haja uma retração de suas exportações de soja.
A estimativa de queda é da ordem de 18,5%, podendo levar a
uma redução das exportações brasileiras de soja que assim cairiam para 68,1
milhões, lembrando que há um ano elas chegaram a 83,6 milhões de toneladas.
Isso é geopolítica pura e na veia. Uso de pressões do estado
americano a favor dos seus interesses comerciais. Não há nada de ideológico
nessas ações estratégicas dos EUA.
Enquanto isso, a sabujice de Bolsonaro, Guedes e cia. Ltda.,
desse desgoverno, continua com a sabujice de pendurar ainda mais a dependência
e a submissão aos interesses geopolíticos dos EUA.
De forma pueril, esse desgoverno - com os militares ali
pendurados -, imaginam que bajulando os americanos, os EUA possam deixar algum
espaço para o Brasil exercer alguma liderança regional, condição para uma espécie
de “subimperialismo-dependente” que estes entreguistas bolsonarianos sonham.
O caso não difere muito do que se observa no setor de petróleo
e gás, onde também o desgoverno aceitou desmontar toda uma cadeia produtiva
integrada a um dos maiores mercados consumidores de derivados e combustíveis do
mundo.
Assim esse desgoverno (dos ricos e para os ricos), está fatiando
e esquartejando a Petrobras e entregando a preço vil, ao controle de players
petrolíferas e fundos financeiros americanos que ficam assim como a nossa joia
da coroa, incluindo boa parte da colossal reservas do pré-sal.
Sabujice pura que se repetiu na terça-feira no desastrado discurso
do Bolsonaro na Assembleia da ONU em Nova York, EUA.
Ninguém respeita sabujos em lugar nenhum, nem em relações
pessoais e familiares, muito menos nas relações globais entre estados-nação.
A nação brasileira precisa se reencontrar consigo mesmo para
a retomada de um novo projeto de nação, sobre os escombros do que está sendo
destruído.
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