No caso dos EUA aconteceu quase um desespero. Capacidade de estoque no limite. Além de reservatórios, oleodutos, navios petroleiros, vagões de trens, etc. tudo lotado. Assim, quem tinha petróleo comprado no passado estava pagando (chegou a pagar mais de US$ 35 dólares, quase R$ 200) o barril, para que alguém pudesse ficar com ele guardar. Todos tentando perder menos.
Repito. Quem comprou no mercado futuro lá atrás, estava tendo dificuldades, para encontrar alguém que quisesse ficar com esse petróleo que vai ser entregue ainda em maio.
Neste caso, não se pode deixar de falar do dessa maluquice do rentismo do "mercado futuro". Mercado futuro é um mecanismo do mercado financeiro que vende a ideia de ser útil para sinalizar preços e investimentos no mundo real das commodities. Porém, na prática, é um instrumento de especulação que captura dinheiro em papeis, chamados de derivativos, que ficam com uma boa parte da renda, neste caso do petróleo.
O mercado futuro acaba sendo o instrumento que tenta trazer o futuro para ser negociado no presente (presentificação), que envolve na sua gênese muita especulação (informações que não se concretizam, quebram pequenos negócios que ficam baratos para serem comprados, etc.), produz uma valorização fictícia (capitalização), que neste caso hoje do barril de petróleo WTI, se perdeu, porque se mostrou muito descolada da economia real.
Os maiores prejudicados são os produtores de xisto americano financiados pelos fundos hedge. Por isso, Trump se desespera com o isolamento que leva a baixo consumo de combustíveis. Os produtores de petróleo de xisto (tight oil e shale gas) são seus apoiadores.
Os EUA é o maior atingido com a redução do consumo e a alta produção de petróleo de xisto. Os EUA era antes o maior produtor mundial de petróleo ( mais de 12 milhões de barris por dia) e também o maior consumidor (disparado).
Porém, esse mesmo movimento não ocorreu com o petróleo tipo brent vendido no resto do mundo, que teve uma queda menor e esteve hoje, na faixa dos US$ 25. Só o tipo WTI americano é que sofreu mais por conta do "mercado futuro".
O circuito econômico do petróleo nos ajuda muito a entender o capitalismo como ele se desenvolveu, lubrificado pelo petróleo, como afirmava o professor Altvater. Ele foi demandando mais capitais (se financeirizando com fundos públicos e privados) e puxando outras cadeias produtivas e sendo puxadas por elas, pela urbanização, etc.
A redução abrupta do seu consumo por conta do isolamento para conter a Covid-19 produz o maior impacto econômico, que se junta ao impacto humanitário da contaminação biológica. Mas este fenômeno em si é simbólico do impacto do modelo em que vivemos, sustentado em crenças e fios de cabelo.
No plano da geopolítica do petróleo, além da violenta redução do consumo global do petróleo, fica ainda mais claro que não se tratava de uma disputa entre a Arábia Saudita e a Rússia como não parava de repetir Trump. O que houve - e agora vai ficando mais claro - foi uma disputa por produção e controle de preços, entre Opep+ x EUA.
Assim, com estas questões simultâneas (disputa por preço, volume de produção e mercados mais as consequências econômicas do coronavírus), a geopolítica do petróleo depois deste vendaval em curso vai produzir alguns fortes movimentos.
A redução abrupta do seu consumo por conta do isolamento para conter a Covid-19 produz o maior impacto econômico que se junta ao impacto humanitário da contaminação biológica.
Mas este fenômeno em si é simbólico do impacto do modelo em que vivemos, sustentado em crenças e fios de cabelo. Se o petróleo lubrifica o capitalismo como afirmou o professor alemão Altvater, o coronavírus também infectou e produziu uma corrosão na graxa do sistema.
PS.: O Globo mudou a manchete e o conteúdo da matéria citada acima. Antes saiu assim; "Petróleo é negociado abaixo de zero nos EUA com corridas para venda de contrato e estoques altos". Depois passaram a atribuir tudo isso à pandemia. Uma verdade parcial. A questão é muito mais ampla como tentamos aqui apenas pontuar.
Repito. Quem comprou no mercado futuro lá atrás, estava tendo dificuldades, para encontrar alguém que quisesse ficar com esse petróleo que vai ser entregue ainda em maio.
Neste caso, não se pode deixar de falar do dessa maluquice do rentismo do "mercado futuro". Mercado futuro é um mecanismo do mercado financeiro que vende a ideia de ser útil para sinalizar preços e investimentos no mundo real das commodities. Porém, na prática, é um instrumento de especulação que captura dinheiro em papeis, chamados de derivativos, que ficam com uma boa parte da renda, neste caso do petróleo.
O mercado futuro acaba sendo o instrumento que tenta trazer o futuro para ser negociado no presente (presentificação), que envolve na sua gênese muita especulação (informações que não se concretizam, quebram pequenos negócios que ficam baratos para serem comprados, etc.), produz uma valorização fictícia (capitalização), que neste caso hoje do barril de petróleo WTI, se perdeu, porque se mostrou muito descolada da economia real.
Os maiores prejudicados são os produtores de xisto americano financiados pelos fundos hedge. Por isso, Trump se desespera com o isolamento que leva a baixo consumo de combustíveis. Os produtores de petróleo de xisto (tight oil e shale gas) são seus apoiadores.
Os EUA é o maior atingido com a redução do consumo e a alta produção de petróleo de xisto. Os EUA era antes o maior produtor mundial de petróleo ( mais de 12 milhões de barris por dia) e também o maior consumidor (disparado).
Porém, esse mesmo movimento não ocorreu com o petróleo tipo brent vendido no resto do mundo, que teve uma queda menor e esteve hoje, na faixa dos US$ 25. Só o tipo WTI americano é que sofreu mais por conta do "mercado futuro".
O circuito econômico do petróleo nos ajuda muito a entender o capitalismo como ele se desenvolveu, lubrificado pelo petróleo, como afirmava o professor Altvater. Ele foi demandando mais capitais (se financeirizando com fundos públicos e privados) e puxando outras cadeias produtivas e sendo puxadas por elas, pela urbanização, etc.
A redução abrupta do seu consumo por conta do isolamento para conter a Covid-19 produz o maior impacto econômico, que se junta ao impacto humanitário da contaminação biológica. Mas este fenômeno em si é simbólico do impacto do modelo em que vivemos, sustentado em crenças e fios de cabelo.
No plano da geopolítica do petróleo, além da violenta redução do consumo global do petróleo, fica ainda mais claro que não se tratava de uma disputa entre a Arábia Saudita e a Rússia como não parava de repetir Trump. O que houve - e agora vai ficando mais claro - foi uma disputa por produção e controle de preços, entre Opep+ x EUA.
Assim, com estas questões simultâneas (disputa por preço, volume de produção e mercados mais as consequências econômicas do coronavírus), a geopolítica do petróleo depois deste vendaval em curso vai produzir alguns fortes movimentos.
A redução abrupta do seu consumo por conta do isolamento para conter a Covid-19 produz o maior impacto econômico que se junta ao impacto humanitário da contaminação biológica.
Mas este fenômeno em si é simbólico do impacto do modelo em que vivemos, sustentado em crenças e fios de cabelo. Se o petróleo lubrifica o capitalismo como afirmou o professor alemão Altvater, o coronavírus também infectou e produziu uma corrosão na graxa do sistema.
PS.: O Globo mudou a manchete e o conteúdo da matéria citada acima. Antes saiu assim; "Petróleo é negociado abaixo de zero nos EUA com corridas para venda de contrato e estoques altos". Depois passaram a atribuir tudo isso à pandemia. Uma verdade parcial. A questão é muito mais ampla como tentamos aqui apenas pontuar.
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